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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Mensagem 5º domingo de Páscoa B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 150; At 8.26-40; 1Jo 4.1-11; Jo 15.1-8 – 5º domingo de Páscoa B 2015
Deus é nosso perfeito agricultor
v. 1: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor”.
A agricultura parece ser a profissão mais antiga do mundo já que, no princípio, quando Deus criou o mundo, qual era o trabalho de Adão e Eva? – Cuidar do jardim. Não é trabalho fácil. É cansativo e sempre tem o que fazer. Mesmo assim, quem já viu um agricultor que realmente se importa com o que planta, com certeza ficou impressionado com o cuidado que ele tem. Prepara a terra, planta com todo o cuidado, coloca os nutrientes, água, acompanha o crescimento e, em cada ramo, cada folha, cada fruto que surge, ali está o agricultor.
Essa é a imagem que Jesus quer transmitir aqui. Dentre suas tantas parábolas, aqui Jesus se compara com uma videira e diz que nós, os que nele cremos, somos os ramos. E Deus é o agricultor.
E da mesma maneira que um agricultor cuida do que planta, assim Deus cuida da sua videira. O seu prazer é cuidar da videira, nutrir, aguar, olhar cada ramo para acompanhar o seu desenvolvimento. Neste sentido, nós somos extremamente confortados por este texto, porque podemos nos ver como a grande alegria de Deus.
E Deus, como o agricultor por excelência, sabe exatamente do que a sua videira precisa, agindo de forma diferente com um ramo e com outro. Mas em tudo visando o bem da videira como um todo.
Isso fica bem claro no versículo 2, quando Jesus diz assim: “Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda”.
Qual é o objetivo de uma árvore frutífera? O que você espera de uma árvore frutífera? Que ela dê frutos, é claro. Ou você ficaria feliz em plantar uma laranjeira no seu quintal, fazer de tudo para que ela crescesse bem e ela não desse frutos?
Assim Deus age com os ramos da sua videira. A videira, que é Cristo, não é uma planta morta, mas viva. De modo que os ramos necessariamente precisam dar frutos. E, sendo Deus o agricultor, a necessidade é maior ainda porque ninguém pode dizer que não produz frutos porque a videira não está sendo bem cuidada.
Aplicando isso à nossa situação com Deus, percebam o seguinte: Nós não produzimos frutos para, então, fazermos parte da videira. Em outras palavras, nossas boas obras não são o que nos tornam parte do corpo de Cristo. Mas o fato de estarmos unidos com Cristo, de fazermos parte dessa videira, implica na produção de frutos.
Por isso é interessante que Jesus diz “todo ramo que, estando em mim, não der fruto”, já que mais adiante ele vai dizer que todo o que está unido com ele é um ramo produtivo. Isso não tem como ser outra coisa senão os hipócritas e os falsos cristãos que se dizem cristãos e até se encontram no seio da igreja, mas é um cristianismo só da boca para fora porque de fé verdadeira e frutos dignos do arrependimento não tem nada.
Esses são aqueles ramos ou galhos que, mais cedo ou mais tarde, são cortados definitivamente da videira. São ramos que sugam a energia da videira, impedem o seu crescimento, mas fruto que é bom, nada.
E, sim, esse corte significa condenação. Porque mais adiante, ali no versículo 6, Jesus diz o que acontece com os ramos que não dão frutos: São cortados, ajuntados e lançados no fogo. Assim serão lançados no fogo eterno aqueles ramos falsos, os falsos cristãos, por mais que, aparentemente, façam parte da videira.
Infelizmente, isso não quer dizer que os ramos bons e produtivos não terão momentos difíceis. Nenhum ramo deixa de ser podado. Desde o ramo preguiçoso, que não dá fruto nenhum, até o ramo mais carregado. Só que com objetivos diferentes.
Enquanto o ramo inútil é cortado porque, como se diz, “quem não ajuda que não atrapalhe”, o ramo produtivo é podado, limpo, numa linguagem bíblica: purificado. O ramo bom é podado para que ele se fortaleça o produza mais frutos ainda.
A poda divina na vida do cristão é o sofrimento, o luto, a enfermidade, a perseguição. Ou seja, todo sofrimento que não vem como consequência dos nossos atos, mas que o próprio Deus envia ou permite sobre o cristão. E por mais que muitas vezes a gente não entenda como o sofrimento pode ser bom para a videira como um todo, podemos confiar que, por trás de tudo isso, está a mão sábia e bondosa do agricultor. Daquele que plantou a videira e que sabe exatamente do que cada ramo precisa.
Na verdade, a gente sabe muito bem que um ramo, por si só, não tem capacidade de produzir nada. Ele depende completamente da vida e dos nutrientes que chegam até ele por meio do tronco. E quando esses nutrientes chegam, os frutos são produzidos.
É o que Jesus diz no versículo 4, aplicando isso à nossa vida: Vocês sozinhos não podem fazer nada; vocês não têm o que precisam para produzir frutos; vocês precisam estar unidos comigo e receberem de mim, da minha palavra, os nutrientes da vida cristã.
E quando esses nutrientes chegam até nós, os frutos começam a aparecer. Voltando ao exemplo da laranjeira: Ninguém precisa dizer à uma laranjeira que ela dê laranjas. Ela vai dar laranjas. Se não der é porque alguma coisa está errada.
Assim é com o verdadeiro cristão, que está realmente unido com Cristo e recebe dele todos os dons necessários para produzir os frutos dignos da vida cristã. Ninguém precisa pedir que ele procure fazer a vontade de Deus porque é para isso que ele está aí e é isso que ele vai fazer.
Por outro lado, se eu só produzo bons frutos quando alguém manda é porque alguma coisa está errada. Pode bem ser que os nutrientes essenciais da palavra de Deus e da Santa Ceia não estejam chegando até os ramos. Não que o agricultor esteja descuidado, mas os ramos podem não estar absorvendo os nutrientes. E é claro que um ramo desnutrido não pode dar frutos.
Ah, mais se a gente prestar a atenção todo mundo produz algum tipo de fruto. Todo mundo pratica boas obras. Pode até ser, só que existem frutos e frutos. Alguns são aceitos por Deus, outros não.
Há, por exemplo, os frutos do descrente que pratica boas ações em busca de uma vida moral exemplar diante das pessoas. Há também os frutos do cristão mal informado que pensa que pode alcançar a salvação com as suas boas obras. Há ainda os frutos do cristão medroso, que só faz o bem porque tem medo do castigo de Deus. E há também os frutos do cristão hipócrita que se preocupa mais com o que as pessoas vão dizer dele do que com a própria salvação.
Todos esses são exemplos de frutos que não valem nada diante de Deus. São laranjeiras produzindo figos ou qualquer outra coisa, menos laranjas. São frutos de ramos mortos que não estão conectados com a videira.
Os bons frutos que têm serventia e que alegram o agricultor são aqueles que brotam naturalmente de corações voluntários e agradecidos. De ramos que produzem frutos simplesmente por estarem unidos com Cristo. Nem por medo, nem por obrigação, nem esperando alguma retribuição. Mas por gratidão, pela alegria de fazer parte desta videira cujo próprio Deus é o agricultor.
Esses ramos podem até ser podados pela tesoura da dor e do sofrimento, mas sempre para o bem deles. Para que eles não se tornem infrutíferos e sejam cortados por completo. Mas para que produzam mais e mais frutos dignos de quem faz parte da videira de Deus.
A agricultura parece ser a profissão mais antiga do mundo. E com certeza vai ser a última a terminar. Isso porque Deus, o nosso perfeito agricultor, vai continuar cuidando de nós. De cada ramo, de cada folha, de cada fruto. E ele mesmo quer ter o prazer de continuar cultivando esta videira, fazendo com que produza muitos frutos até o dia da última colheita quando seremos recolhidos por ele para a grande seara celestial. Amém.

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