Caros leitores. É
gratificante perceber que há um número relativamente constante de visitas a
este blog. Isto reflete o fato de que há pessoas que amam a Palavra de Deus e a
buscam não apenas na Bíblia, mas também em outros livros ou mesmo em sermões, como
é o caso aqui. Como alguém que se deleita em escrever e ensinar, nenhuma
recompensa é maior do que saber que meu trabalho não é em vão. Não me considero
um grande pregador, mas posto meus sermões sabendo que, de alguma forma, o
santo Espírito de Deus poderá agir em corações agradecidos ou aflitos e, por
meio de meras palavras, incutir verdades eternas.
Por isso incentivo-os
a continuarem meditando nas Escrituras e buscando entender sempre mais e melhor
a riquíssima Palavra do nosso Deus que, como alguém já disse em outras palavras,
é tão simples como a orla de um rio onde só o molhar dos pés já refresca, mas onde
também podemos nos aprofundar cada vez mais que, mesmo assim, nunca
alcançaremos o fundo.
Rev. Edenilson Gass
Algumas congregações
desta região não realizam cultos no 5º domingo do mês, por isso esta semana não
escrevi um sermão. Mas vale ao menos uma pequena abordagem.
O texto: Mc 7.14-23
Contexto
Não é possível ler a
supramencionada perícope sem olhar para trás e perceber que ela se inicia com o
término de um acontecimento. Vimos semana passada que os fariseus interpelaram
Jesus porque seus discípulos comiam sem ter lavado as mãos – o que implicava
descumprimento de lei cerimonial. Jesus, então, mostrou que tais leis não são
tão importantes quanto o Decálogo e que, portanto, não são leis que precisam
ser cuidadosamente guardadas. Quando, então, chegava à conclusão de seu ensino,
pediu a atenção de todos e disse: Não é o que entra no homem que o contamina,
mas o que dele sai (v. 15). Portanto, aqui não se inicia um novo ensinamento,
mas a conclusão do assunto abordado sobre purificação cerimonial. Aliás, isso
nos permite depreender corretamente o sentido de “contaminar” que é “tornar
impuro cerimonialmente”.
Progressão de ideias
Marcos (que costuma
ser breve em seus relatos) descreve detalhadamente a situação. Para ele este é
um ponto importantíssimo que precisa ser bem assimilado. Jesus vinha realizando
uma série de atividades que há tempo vinha chamando a atenção dos líderes
religiosos. Neste momento, quando parte para Genesaré, alguns fariseus de
Jerusalém vão ao seu encontro e a discussão acaba com Jesus indo para casa
deixando um último alerta: Não é o que vem de fora, mas o que vem de dentro.
Os apóstolos não
entenderam isso muito bem e, como em outras situações, pediram uma explicação
em particular. Consideravam importante o que Jesus dizia e queriam não só
ouvi-lo, senão também entendê-lo. Jesus abre sua compreensão mostrando que não
faz nenhum sentido dizer que algum alimento pode tornar alguém puro ou impuro,
fazendo dele alguém aceito ou rejeitado por Deus. O verdadeiro problema está no
interior do ser humano: o pecado. Isso sim o torna impuro e desprezível diante
de Deus.
Proclamação
Este é um daqueles
textos onde, quando o pastor termina a leitura e diz “assim termina a leitura
do santo Evangelho” a gente se pergunta: Que evangelho? De fato, para quem
sofre da “pericopite”, ficando preso ao texto do domingo, tem-se aqui um texto
de Lei pura.
E não é para menos. Jesus
não ameniza a situação: O ser humano não só comete pecados, ele é pecador! O
pecado que está em seu coração, em todo o seu ser, deturpa a boa natureza
criada por Deus tornando-a pecadora. Por conseguinte, comete pecados. Pecado é
coisa terrível. Afasta-nos de Deus. E a breve lista que Jesus faz de alguns dos
pecados que cometemos deixa claro que ninguém fica de fora. Todos temos a mesma
propensão ao pecado. Ninguém é mais ou menos santo em relação a outrem. E não
há nada que possamos fazer para alterar esta situação.
No entanto, sabemos
que todo nosso pecado Jesus tomou sobre si, fez-se o pior dos pecadores,
tornou-se maldito em nosso lugar (Gl 3) por que, em seu amor, preferiu isso a
nos deixar entregues à merecida condenação. De modo que “já nenhuma condenação
há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8.1) e somos, mediante a fé,
“herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo” (v.17).
Quer dizer que não
precisamos mais nos preocupar com o pecado e permanecer nos nossos pecados,
afinal, já temos a salvação? É claro que não! O pecado nos afasta de Deus e não
é isso que queremos como cristãos. Além disso, o pecado dá mau testemunho às
pessoas. E mais: quem que foi tão grandemente agraciado com a salvação poderá
viver sem se dedicar ao máximo em guardar os mandamentos de Deus e servi-lo de
boa vontade em toda e qualquer situação?
Se olharmos para
dentro de nós, só encontraremos impureza e imperfeição. Porém Deus nos convida
a olharmos para Jesus que assumiu a nossa culpa e nos cobriu com o seu manto de
pureza e santidade para que, sob o olhar de Deus, possamos servi-lo sem culpa
ou repreensão, mas na alegria da salvação.
Dica: Tu podes cantar
ou ler o hino 373 do Hinário Luterano.