Igreja
Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr.
Edenilson Gass
Sl 150; At 8.26-40; 1Jo 4.1-11; Jo 15.1-8 – 5º domingo de Páscoa B 2015
Deus é nosso perfeito agricultor
v.
1: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor”.
A
agricultura parece ser a profissão mais antiga do mundo já que, no princípio,
quando Deus criou o mundo, qual era o trabalho de Adão e Eva? – Cuidar do
jardim. Não é trabalho fácil. É cansativo e sempre tem o que fazer. Mesmo
assim, quem já viu um agricultor que realmente se importa com o que planta, com
certeza ficou impressionado com o cuidado que ele tem. Prepara a terra, planta
com todo o cuidado, coloca os nutrientes, água, acompanha o crescimento e, em
cada ramo, cada folha, cada fruto que surge, ali está o agricultor.
Essa
é a imagem que Jesus quer transmitir aqui. Dentre suas tantas parábolas, aqui
Jesus se compara com uma videira e diz que nós, os que nele cremos, somos os
ramos. E Deus é o agricultor.
E
da mesma maneira que um agricultor cuida do que planta, assim Deus cuida da sua
videira. O seu prazer é cuidar da videira, nutrir, aguar, olhar cada ramo para
acompanhar o seu desenvolvimento. Neste sentido, nós somos extremamente
confortados por este texto, porque podemos nos ver como a grande alegria de
Deus.
E
Deus, como o agricultor por excelência, sabe exatamente do que a sua videira
precisa, agindo de forma diferente com um ramo e com outro. Mas em tudo visando
o bem da videira como um todo.
Isso
fica bem claro no versículo 2, quando Jesus diz assim: “Todo ramo que, estando
em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que
produza mais fruto ainda”.
Qual
é o objetivo de uma árvore frutífera? O que você espera de uma árvore
frutífera? Que ela dê frutos, é claro. Ou você ficaria feliz em plantar uma
laranjeira no seu quintal, fazer de tudo para que ela crescesse bem e ela não
desse frutos?
Assim
Deus age com os ramos da sua videira. A videira, que é Cristo, não é uma planta
morta, mas viva. De modo que os ramos necessariamente precisam dar frutos. E,
sendo Deus o agricultor, a necessidade é maior ainda porque ninguém pode dizer
que não produz frutos porque a videira não está sendo bem cuidada.
Aplicando
isso à nossa situação com Deus, percebam o seguinte: Nós não produzimos frutos
para, então, fazermos parte da videira. Em outras palavras, nossas boas obras
não são o que nos tornam parte do corpo de Cristo. Mas o fato de estarmos
unidos com Cristo, de fazermos parte dessa videira, implica na produção de
frutos.
Por
isso é interessante que Jesus diz “todo ramo que, estando em mim, não der
fruto”, já que mais adiante ele vai dizer que todo o que está unido com ele é
um ramo produtivo. Isso não tem como ser outra coisa senão os hipócritas e os
falsos cristãos que se dizem cristãos e até se encontram no seio da igreja, mas
é um cristianismo só da boca para fora porque de fé verdadeira e frutos dignos
do arrependimento não tem nada.
Esses
são aqueles ramos ou galhos que, mais cedo ou mais tarde, são cortados
definitivamente da videira. São ramos que sugam a energia da videira, impedem o
seu crescimento, mas fruto que é bom, nada.
E,
sim, esse corte significa condenação. Porque mais adiante, ali no versículo 6,
Jesus diz o que acontece com os ramos que não dão frutos: São cortados,
ajuntados e lançados no fogo. Assim serão lançados no fogo eterno aqueles ramos
falsos, os falsos cristãos, por mais que, aparentemente, façam parte da
videira.
Infelizmente,
isso não quer dizer que os ramos bons e produtivos não terão momentos difíceis.
Nenhum ramo deixa de ser podado. Desde o ramo preguiçoso, que não dá fruto
nenhum, até o ramo mais carregado. Só que com objetivos diferentes.
Enquanto
o ramo inútil é cortado porque, como se diz, “quem não ajuda que não
atrapalhe”, o ramo produtivo é podado, limpo, numa linguagem bíblica:
purificado. O ramo bom é podado para que ele se fortaleça o produza mais frutos
ainda.
A
poda divina na vida do cristão é o sofrimento, o luto, a enfermidade, a
perseguição. Ou seja, todo sofrimento que não vem como consequência dos nossos
atos, mas que o próprio Deus envia ou permite sobre o cristão. E por mais que
muitas vezes a gente não entenda como o sofrimento pode ser bom para a videira
como um todo, podemos confiar que, por trás de tudo isso, está a mão sábia e
bondosa do agricultor. Daquele que plantou a videira e que sabe exatamente do
que cada ramo precisa.
Na
verdade, a gente sabe muito bem que um ramo, por si só, não tem capacidade de
produzir nada. Ele depende completamente da vida e dos nutrientes que chegam
até ele por meio do tronco. E quando esses nutrientes chegam, os frutos são
produzidos.
É
o que Jesus diz no versículo 4, aplicando isso à nossa vida: Vocês sozinhos não
podem fazer nada; vocês não têm o que precisam para produzir frutos; vocês
precisam estar unidos comigo e receberem de mim, da minha palavra, os
nutrientes da vida cristã.
E
quando esses nutrientes chegam até nós, os frutos começam a aparecer. Voltando
ao exemplo da laranjeira: Ninguém precisa dizer à uma laranjeira que ela dê
laranjas. Ela vai dar laranjas. Se não der é porque alguma coisa está errada.
Assim
é com o verdadeiro cristão, que está realmente unido com Cristo e recebe dele
todos os dons necessários para produzir os frutos dignos da vida cristã.
Ninguém precisa pedir que ele procure fazer a vontade de Deus porque é para
isso que ele está aí e é isso que ele vai fazer.
Por
outro lado, se eu só produzo bons frutos quando alguém manda é porque alguma
coisa está errada. Pode bem ser que os nutrientes essenciais da palavra de Deus
e da Santa Ceia não estejam chegando até os ramos. Não que o agricultor esteja
descuidado, mas os ramos podem não estar absorvendo os nutrientes. E é claro
que um ramo desnutrido não pode dar frutos.
Ah,
mais se a gente prestar a atenção todo mundo produz algum tipo de fruto. Todo
mundo pratica boas obras. Pode até ser, só que existem frutos e frutos. Alguns
são aceitos por Deus, outros não.
Há,
por exemplo, os frutos do descrente que pratica boas ações em busca de uma vida
moral exemplar diante das pessoas. Há também os frutos do cristão mal informado
que pensa que pode alcançar a salvação com as suas boas obras. Há ainda os
frutos do cristão medroso, que só faz o bem porque tem medo do castigo de Deus.
E há também os frutos do cristão hipócrita que se preocupa mais com o que as
pessoas vão dizer dele do que com a própria salvação.
Todos
esses são exemplos de frutos que não valem nada diante de Deus. São laranjeiras
produzindo figos ou qualquer outra coisa, menos laranjas. São frutos de ramos
mortos que não estão conectados com a videira.
Os
bons frutos que têm serventia e que alegram o agricultor são aqueles que brotam
naturalmente de corações voluntários e agradecidos. De ramos que produzem
frutos simplesmente por estarem unidos com Cristo. Nem por medo, nem por
obrigação, nem esperando alguma retribuição. Mas por gratidão, pela alegria de
fazer parte desta videira cujo próprio Deus é o agricultor.
Esses
ramos podem até ser podados pela tesoura da dor e do sofrimento, mas sempre
para o bem deles. Para que eles não se tornem infrutíferos e sejam cortados por
completo. Mas para que produzam mais e mais frutos dignos de quem faz parte da
videira de Deus.
A
agricultura parece ser a profissão mais antiga do mundo. E com certeza vai ser
a última a terminar. Isso porque Deus, o nosso perfeito agricultor, vai
continuar cuidando de nós. De cada ramo, de cada folha, de cada fruto. E ele
mesmo quer ter o prazer de continuar cultivando esta videira, fazendo com que
produza muitos frutos até o dia da última colheita quando seremos recolhidos
por ele para a grande seara celestial. Amém.