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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Mensagem 5º domingo de Páscoa B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 150; At 8.26-40; 1Jo 4.1-11; Jo 15.1-8 – 5º domingo de Páscoa B 2015
Deus é nosso perfeito agricultor
v. 1: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor”.
A agricultura parece ser a profissão mais antiga do mundo já que, no princípio, quando Deus criou o mundo, qual era o trabalho de Adão e Eva? – Cuidar do jardim. Não é trabalho fácil. É cansativo e sempre tem o que fazer. Mesmo assim, quem já viu um agricultor que realmente se importa com o que planta, com certeza ficou impressionado com o cuidado que ele tem. Prepara a terra, planta com todo o cuidado, coloca os nutrientes, água, acompanha o crescimento e, em cada ramo, cada folha, cada fruto que surge, ali está o agricultor.
Essa é a imagem que Jesus quer transmitir aqui. Dentre suas tantas parábolas, aqui Jesus se compara com uma videira e diz que nós, os que nele cremos, somos os ramos. E Deus é o agricultor.
E da mesma maneira que um agricultor cuida do que planta, assim Deus cuida da sua videira. O seu prazer é cuidar da videira, nutrir, aguar, olhar cada ramo para acompanhar o seu desenvolvimento. Neste sentido, nós somos extremamente confortados por este texto, porque podemos nos ver como a grande alegria de Deus.
E Deus, como o agricultor por excelência, sabe exatamente do que a sua videira precisa, agindo de forma diferente com um ramo e com outro. Mas em tudo visando o bem da videira como um todo.
Isso fica bem claro no versículo 2, quando Jesus diz assim: “Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto limpa, para que produza mais fruto ainda”.
Qual é o objetivo de uma árvore frutífera? O que você espera de uma árvore frutífera? Que ela dê frutos, é claro. Ou você ficaria feliz em plantar uma laranjeira no seu quintal, fazer de tudo para que ela crescesse bem e ela não desse frutos?
Assim Deus age com os ramos da sua videira. A videira, que é Cristo, não é uma planta morta, mas viva. De modo que os ramos necessariamente precisam dar frutos. E, sendo Deus o agricultor, a necessidade é maior ainda porque ninguém pode dizer que não produz frutos porque a videira não está sendo bem cuidada.
Aplicando isso à nossa situação com Deus, percebam o seguinte: Nós não produzimos frutos para, então, fazermos parte da videira. Em outras palavras, nossas boas obras não são o que nos tornam parte do corpo de Cristo. Mas o fato de estarmos unidos com Cristo, de fazermos parte dessa videira, implica na produção de frutos.
Por isso é interessante que Jesus diz “todo ramo que, estando em mim, não der fruto”, já que mais adiante ele vai dizer que todo o que está unido com ele é um ramo produtivo. Isso não tem como ser outra coisa senão os hipócritas e os falsos cristãos que se dizem cristãos e até se encontram no seio da igreja, mas é um cristianismo só da boca para fora porque de fé verdadeira e frutos dignos do arrependimento não tem nada.
Esses são aqueles ramos ou galhos que, mais cedo ou mais tarde, são cortados definitivamente da videira. São ramos que sugam a energia da videira, impedem o seu crescimento, mas fruto que é bom, nada.
E, sim, esse corte significa condenação. Porque mais adiante, ali no versículo 6, Jesus diz o que acontece com os ramos que não dão frutos: São cortados, ajuntados e lançados no fogo. Assim serão lançados no fogo eterno aqueles ramos falsos, os falsos cristãos, por mais que, aparentemente, façam parte da videira.
Infelizmente, isso não quer dizer que os ramos bons e produtivos não terão momentos difíceis. Nenhum ramo deixa de ser podado. Desde o ramo preguiçoso, que não dá fruto nenhum, até o ramo mais carregado. Só que com objetivos diferentes.
Enquanto o ramo inútil é cortado porque, como se diz, “quem não ajuda que não atrapalhe”, o ramo produtivo é podado, limpo, numa linguagem bíblica: purificado. O ramo bom é podado para que ele se fortaleça o produza mais frutos ainda.
A poda divina na vida do cristão é o sofrimento, o luto, a enfermidade, a perseguição. Ou seja, todo sofrimento que não vem como consequência dos nossos atos, mas que o próprio Deus envia ou permite sobre o cristão. E por mais que muitas vezes a gente não entenda como o sofrimento pode ser bom para a videira como um todo, podemos confiar que, por trás de tudo isso, está a mão sábia e bondosa do agricultor. Daquele que plantou a videira e que sabe exatamente do que cada ramo precisa.
Na verdade, a gente sabe muito bem que um ramo, por si só, não tem capacidade de produzir nada. Ele depende completamente da vida e dos nutrientes que chegam até ele por meio do tronco. E quando esses nutrientes chegam, os frutos são produzidos.
É o que Jesus diz no versículo 4, aplicando isso à nossa vida: Vocês sozinhos não podem fazer nada; vocês não têm o que precisam para produzir frutos; vocês precisam estar unidos comigo e receberem de mim, da minha palavra, os nutrientes da vida cristã.
E quando esses nutrientes chegam até nós, os frutos começam a aparecer. Voltando ao exemplo da laranjeira: Ninguém precisa dizer à uma laranjeira que ela dê laranjas. Ela vai dar laranjas. Se não der é porque alguma coisa está errada.
Assim é com o verdadeiro cristão, que está realmente unido com Cristo e recebe dele todos os dons necessários para produzir os frutos dignos da vida cristã. Ninguém precisa pedir que ele procure fazer a vontade de Deus porque é para isso que ele está aí e é isso que ele vai fazer.
Por outro lado, se eu só produzo bons frutos quando alguém manda é porque alguma coisa está errada. Pode bem ser que os nutrientes essenciais da palavra de Deus e da Santa Ceia não estejam chegando até os ramos. Não que o agricultor esteja descuidado, mas os ramos podem não estar absorvendo os nutrientes. E é claro que um ramo desnutrido não pode dar frutos.
Ah, mais se a gente prestar a atenção todo mundo produz algum tipo de fruto. Todo mundo pratica boas obras. Pode até ser, só que existem frutos e frutos. Alguns são aceitos por Deus, outros não.
Há, por exemplo, os frutos do descrente que pratica boas ações em busca de uma vida moral exemplar diante das pessoas. Há também os frutos do cristão mal informado que pensa que pode alcançar a salvação com as suas boas obras. Há ainda os frutos do cristão medroso, que só faz o bem porque tem medo do castigo de Deus. E há também os frutos do cristão hipócrita que se preocupa mais com o que as pessoas vão dizer dele do que com a própria salvação.
Todos esses são exemplos de frutos que não valem nada diante de Deus. São laranjeiras produzindo figos ou qualquer outra coisa, menos laranjas. São frutos de ramos mortos que não estão conectados com a videira.
Os bons frutos que têm serventia e que alegram o agricultor são aqueles que brotam naturalmente de corações voluntários e agradecidos. De ramos que produzem frutos simplesmente por estarem unidos com Cristo. Nem por medo, nem por obrigação, nem esperando alguma retribuição. Mas por gratidão, pela alegria de fazer parte desta videira cujo próprio Deus é o agricultor.
Esses ramos podem até ser podados pela tesoura da dor e do sofrimento, mas sempre para o bem deles. Para que eles não se tornem infrutíferos e sejam cortados por completo. Mas para que produzam mais e mais frutos dignos de quem faz parte da videira de Deus.
A agricultura parece ser a profissão mais antiga do mundo. E com certeza vai ser a última a terminar. Isso porque Deus, o nosso perfeito agricultor, vai continuar cuidando de nós. De cada ramo, de cada folha, de cada fruto. E ele mesmo quer ter o prazer de continuar cultivando esta videira, fazendo com que produza muitos frutos até o dia da última colheita quando seremos recolhidos por ele para a grande seara celestial. Amém.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Mensagem 4º domingo de Páscoa B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 23; At 4.1-12; 1Jo 3.16-24; Jo 10.11-16 – 4º domingo de Páscoa B 2015
Jesus, o bom pastor
v. 14: “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem”.
O que faz algo ser bom? O que caracteriza uma coisa boa? Talvez alguém diria assim: Ora, se alguma coisa me faz bem, então essa é uma coisa boa. Mas se a gente parar e pensar um pouquinho sobre isso, logo vamos perceber que, na verdade, não existem respostas fixas para essas perguntas. Primeiro porque o que um considera bom pode ser que outro não considere.
Outro fato também é que qualquer um de nós pode se enganar com a sua própria suposição. Por exemplo: Se você perguntar para algumas pessoas se dinheiro é bom, talvez 99% das pessoas, senão todas elas, vão dizer que sim. Mas um aumento salarial, que para um pode ser uma bênção, para outro pode ser o início de uma ganância que vai torna-lo arrogante, que vai afastar ele da igreja, que vai coloca-lo numa corrida desenfreada por poder e reconhecimento, fazendo mais mal do que bem.
Quando Jesus diz aqui em Jo 10 que ele é o pastor e a Igreja são as ovelhas, ele acrescenta que é o bom pastor. E o que caracteriza Jesus como bom? Ele fazia parte de uma banda internacionalmente conhecida, carregava inúmeros títulos acadêmicos, tinha milhões de talentos na conta bancária? Pessoas assim hoje em dia são consideradas boas. Tanto que o grande sonho de muitos é se tornar igual a essas pessoas: Ricas, poderosas, admiradas.
Só que quando Jesus explica por que ele é bom, ele diz: “O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”.
Essa afirmação de Jesus vai totalmente na contramão do que o mundo ensina e é tão forte, tão contundente que a gente pode até se sentir incapaz de fazer qualquer coisa boa. Mas o que Jesus quer mostrar aqui é que só existe um que pode salvar, que pode nos levar da morte para a vida, da condenação para a salvação, e esse alguém é Jesus.
Ao que parece, o que Jesus está querendo dizer com “dar a vida pelas ovelhas” está mais para “se colocar no lugar das ovelhas”. Neste caso, há uma forte ideia de substituição por trás dessa afirmação. Ou seja, Jesus não “morre de amor” como nas histórias românticas, sem trazer nenhum benefício para quem fica.
Ele colocou a sua vida em nosso lugar. A vida de indizível sofrimento e a morte sob o horror da morte que nós deveríamos enfrentar por causa dos nossos pecados, foi isso que o bom pastor tomou para si.
É por isso que logo depois disso Jesus fala do mercenário que foge quando o lobo ataca o rebanho. Qualquer pastor de ovelhas, por mais que amasse o seu rebanho, na hora do perigo daria a sua vida como mais importante – “antes algumas ovelhas do que a minha vida”.
Jesus não faz isso. Sob o ataque do lobo da morte, ele julgou mais valiosa a vida do rebanho. Só Jesus é o bom pastor porque todos nós fomos comprados pelo preço do seu sangue e somos agora sua propriedade para viver no seu aprisco e seguir somente a ele.
É claro que uma coisa dessas não pode ficar sem alguma consequência na nossa vida. Em forma de pergunta: Tudo bem, Jesus é o bom pastor, mas e agora? E agora somos convidados a viver como ovelhas do pastor Jesus. E porque este pastor é diferente, já é de se esperar que sejamos um rebanho diferente também.
Na sua primeira epístola, o mesmo João que aqui escreveu sobre o bom pastor diz que nós, como seu rebanho, devemos seguir o exemplo de Jesus: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos”. (1Jo 3.16)
Isso, no mínimo, quer dizer que o amor de Jesus em nosso coração precisa necessariamente se mostrar em atitudes de amor. E isso com certeza envolve orar pelos irmãos, procurar estar junto com eles, conhecer as suas angústias, oferecer-lhes ajuda. Porque fazer parte do rebanho, viver em comunhão, de forma alguma pode se limitar a participar dos cultos. Existe comunhão no culto nas orações, nos hinos, na Santa Ceia; o próprio fato de estarmos aqui reunidos. Mas o que isso diz a respeito do meu irmão e das suas alegrias e tristezas?
O apóstolo João é bem claro e vai direto ao ponto quando diz: “Não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade”. Dizer que amamos é fácil, só que muitas vezes esquecemos de demonstrar isso. E assim como na nossa família as duas coisas são importantes, podem ter certeza que na família de Deus não é diferente.
Quem é o mercenário senão aquele que não ama a seu irmão nem busca o bem dele? Mercenário é todo aquele que não se importa com o rebanho. De modo de que quem não se coloca ao dispor da sua própria igreja é mercenário porque age de forma egoísta se preocupando apenas com o que é do seu próprio interesse.
Porque somos todos ovelhas de um mesmo rebanho onde Jesus é o pastor é que devemos cuidar uns dos outros. Em nosso mundo, bom é aquele que se destaca, que vai além, que tem capacidade de fazer muito mais do que os outros e deixa todos para trás. Ele é o bom, os outros são os derrotados.
Na igreja não pode ser assim. Seguindo o exemplo de Jesus, bom é aquele que dá meia-volta para levantar o que caiu, que se oferece para ajudar, que não pensa apenas nos próprios interesses, mas no interesse coletivo, congregacional da igreja procurando servir a Deus também na igreja.
Esse sim é o espírito e o desejo de quem percebeu como é maravilhoso o que Deus fez em Jesus, fazendo de todos nós membros do corpo de Cristo. De maneira que estamos unidos uns com os outros e não dá nem para pensar que podemos viver de consciência tranquila se não estamos dispostos a nos dedicar pelo bem e pelo crescimento do corpo de Cristo.
Somos o seu rebanho e queremos cuidar uns dos outros porque o exemplo que temos no nosso pastor é de alguém que deu a vida por nós. Que tomou para si o nosso pecado e o nosso sofrimento para que, nas nossas dores e no sentimento de culpa, possamos ser o esteio e amparo uns dos outros pelo amor de Cristo.
E acima de tudo, a grande mensagem é que Jesus é o pastor que nos conhece perfeitamente. E ele é o bom pastor. Ele sabe o é bom para nós; o que nós precisamos. E é isso que nos permite confiar que em qualquer situação, o pastor Jesus está nos guiando pelo caminho certo.
Nem sempre fica claro na nossa vida que Deus está no controle, especialmente quando a dificuldade bate à porta. Mas ele está. Como nosso bom pastor, Jesus vai na frente. Como seu rebanho, nós não questionamos o caminho. Só o seguimos porque sabemos que o pastor sabe para onde vai.
Pode ser que, na nossa enfermidade, ele precise aplicar uma dolorosa injeção ou nos fazer beber um remédio nem um pouco agradável, mas ainda assim nós podemos confiar que o pastor Jesus sabe o que é melhor para nós muito mais do que nós mesmos. Porque ele é bom e a sua bondade dura para sempre. Amém.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Mensagem 3º domingo de Páscoa B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 4; At 3.11-21; 1Jo 3.1-7; Lc 24.36-49 – 3º domingo de Páscoa B 2015
Testemunhe sempre
v. 46-48: “Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém. Vós sois testemunhas destas cousas”.
Testemunhas sempre foram pessoas que tiveram um papel muito importante. São pessoas que testemunharam um fato, uma conversa, uma decisão, uma cerimônia e podem dizer exatamente o que e como as coisas aconteceram. Se você sofre um acidente no trânsito onde o outro está errado, são as testemunhas que vão garantir às autoridades como tudo aconteceu. Também se olharmos para a Bíblia, vamos perceber que ninguém podia acusar outra pessoa de alguma coisa a não ser que houvesse, no mínimo, duas testemunhas.
E no texto de hoje Jesus diz aos discípulos (e, portanto, também a nós) que somos testemunhas. Mas somos testemunhas de quê? Jesus mesmo responde: Testemunhas da obra divina da salvação concretizada na morte e ressurreição de Jesus.
O problema quando se fala em testemunho é que muita gente, por uma ou outra razão, simplesmente se exclui dessa responsabilidade. Alguns ainda, por entenderem mal o que é testemunho, dizem que não têm condições de testemunhar porque não falam bonito ou porque não têm grande conhecimento bíblico ou mesmo pela pior das desculpas: Já tem quem faça isso.
Só que testemunho, pelo menos quando se trata de testemunho cristão, não tem a ver só com falar do Evangelho, mas é algo que envolve toda a nossa vida. Por isso, a partir dos textos bíblicos que foram lidos hoje, nós vamos refletir sobre três oportunidades onde o cristão testemunha. De forma alguma esses três pontos abrangem todo o exercício do testemunho cristão. Mas, para ficarmos só por dentro do que foi lido hoje, vamos ver só esses três.
Em primeiro lugar, o cristão testemunha com vida devocional. Ler a Bíblia regularmente, fazer uma devoção diária e fazer orações não só são úteis a quem faz, senão que também são, no mínimo, um bom exemplo aos familiares. Além de, é claro, ser um estímulo para que eles façam o mesmo. E, eventualmente, pode ser um bom testemunho a outras pessoas também.
Vocês já devem ter percebido que algumas pessoas gostam de colocar uma Bíblia próxima à porta de entrada da casa. Se naquela casa se lê a Bíblia a gente não sabe, mas com certeza quando um visitante chega, imediatamente ele percebe que ali mora uma família cristã.
Mas claro que as oportunidades vão muito além disso. Se o cristão costuma fazer uma devoção, por exemplo, do Castelo Forte ou do Cinco Minutos com Jesus, ele pode fazer isso enquanto a visita está lá. Antes da refeição, todo cristão que se preze vai fazer uma oração de agradecimento. Isso também é testemunho.
E isso tudo sem contar que a vida devocional, pelo fato do cristão estar constantemente em contato com Deus e com a sua Palavra, vai ter uma repercussão também na sua própria vida. Porque se o cristão estuda a Bíblia e conhece a vontade de Deus, naturalmente que ele vai procurar colocar em prática aquilo que aprendeu.
E isso nos serve de ponte para o segundo ponto: o cristão testemunha com vida santificada. Aqui, sem dúvida alguma, é onde o cristão mais tem chances de dar um bom testemunho ou um mau testemunho. O nosso viver, o que priorizamos, o que fazemos são a primeira coisa que as pessoas veem em nós. Tanto aqueles que moram com a gente quanto as outras pessoas.
Muitas vezes não nos damos conta, mas a nossa vida tem muito mais influência sobre as pessoas do que nós imaginamos, seja essa influência positiva ou negativa. Claro que, sendo nós seres humanos pecadores, as influências negativas sempre são aceitas e seguidas mais facilmente.
Por isso, quando se trata de vida cristã, vida santificada, todo o cuidado é pouco. Isso é coisa que precisa ser levada a sério, desde a roupa que vestimos, a música que escutamos, o vocabulário que usamos até os lugares que frequentamos, como tratamos as pessoas. Enfim, ter sempre diante de si a pergunta: Qual é a vontade de Deus?
Fé não é coisa morta no coração, é coisa viva que aparece na vida cristã. Fazer o que é da vontade de Deus, observar os seus mandamentos, é coisa que o cristão faz naturalmente. Ele busca isso. Claro que nem sempre consegue. Não somos perfeitos, não somos santos. Mas, conhecendo a vontade de Deus, a gente tenta fazer o que é certo.
Só para a gente ter uma ideia do quanto a gente fala mesmo sem abrir a boca: Imagine que você não é de igreja nenhuma e é convidado por uma pessoa para ir à igreja dela. Só que você sempre vê essa pessoa de cara fechada, reclamando de tudo. Provavelmente a sua resposta seria: Por que eu iria na sua igreja? Para ficar de mal com a vida que nem você? Se é assim, prefiro continuar sem religião.
Como diz o ditado: Uma imagem vale mais do que mil palavras. Qual é a imagem que nós temos transmitido às pessoas?
Não é à toa que, na área da missão da Igreja, uma das máximas é aquela frase que diz assim: Testemunhe sempre, se necessário fale. E isso nos leva ao terceiro ponto.
Embora tenhamos acabado de ver que ações pesam muito mais do que palavras, a conversa, o diálogo ainda é a forma mais comum de comunicação e sempre vai ser a mais útil. Por isso, em terceiro lugar, o cristão testemunha com vida dedicada.
Dedicar-se ao bom testemunho começa com o refletir sobre a própria vida e procurar perceber tudo aquilo que pode estar atrapalhando o nosso testemunho. Alguma atitude que as pessoas podem não ver com bons olhos; alguma coisa que pode escandalizar, entristecer ou confundir alguém na sua fé. Enfim, procurar eliminar tudo o que pode atrapalhar ou mesmo impedir a proclamação do Evangelho.
Dedicar-se ao testemunho também é aproveitar as oportunidades que surgem constantemente de dizer às pessoas aquilo que cremos. Contar a elas o motivo da nossa alegria e esperança mesmo em meio às dificuldades.
E mais do que isso, dedicar-se ao testemunho é procurar por oportunidades de anunciar a Jesus Cristo. E isso não quer dizer ir de casa em casa especificamente para isso. Já bastam as oportunidades que Deus coloca na nossa vida.
Só para dar um exemplo: Há algum tempo eu estava conversando com uma pessoa e depois de ele me dizer no que trabalhava eu disse: Então, você deve conhecer o fulano de tal! E ele disse: Claro, é um grande amigo meu. Aí eu disse: Ele é membro lá onde eu sou pastor. E ele respondeu: É mesmo? Nossa, não sabia!
Depois dessa eu fiquei pensando: Onde é que está o nosso testemunho? Nem os nossos amigos sabem que somos cristãos. Claro que eu estaria sendo generalista e injusto se dissesse que isso vale para todos. Mas com certeza vale para todos a importância de pensar sobre o quanto temos aproveitado essas oportunidades.
Como escreveu um teólogo norte-americano: Nosso dever não é tornar o Evangelho aceitável, nosso dever é torna-lo acessível. Nós não temos o dever e nem a capacidade de fazer alguém crer em Jesus e aceitar de bom grado a Palavra de Deus; mas podemos tornar essa mensagem acessível, fazendo com que ela chegue até às pessoas de um ou de outro modo. E para isso, basta um pouco de dedicação.
Deus quer levar salvação às pessoas e ele nos dá a grande honra de fazermos parte desse processo. Deus quer nos usar como seus instrumentos no mundo, suas fiéis testemunhas, para levar adiante esta mensagem que, pela graça de Deus, chegou até nós. E em tudo isso nós temos a promessa da companhia e da ajuda de Deus. Jesus prometeu estar com a gente e também enviar o seu santo Espírito para que, movidos por ele, a gente saiba o que fazer e o que falar.
Que por nosso testemunho mais pessoas venham a crer no salvador Jesus Cristo e também abracem esta sublime causa de levar a salvação a quem ainda está na condenação. Exerçamos bem o papel que Jesus nos deu de testemunhas da salvação e, na vida eterna, teremos a tremenda alegria de compartilhar o céu com pessoas que encontraram por meio das nossas palavras e ações o caminho da salvação.
Só resta a nós aplicarmos à nossa vida as palavras do hino que cantamos: “E nós que conhecemos brilhante luz da fé, nas trevas deixaremos aquele que não crê? Sem mais demora vamos falar-lhe do perdão que por Jesus gozamos: a eterna salvação”. Amém.

Oração:
Ó Deus Espírito Santo, que desde sempre guiaste o teu povo no reto caminho. Que concedes o dom da fé e mostra aos crentes a santa vontade de Deus. Somos-te infinitamente gratos por haveres dado vívida fé aos doze apóstolos, fazendo com que, por meio deles, a mensagem do Cristo crucificado e ressurreto se espalhasse de tal modo que esta mensagem chegou também aos nossos ouvidos e corações. Continua dando aos teus servos fiéis o ânimo e o senso de responsabilidade para que se dediquem completamente a testemunhar a salvação, seja em palavra, seja em ação. Dá que em nossos lares a tua Palavra seja estudada e no dia-a-dia, tenhamos vida santificada. Dá-nos espírito voluntário para que guardemos com alegria os teus mandamentos e nos dediquemos a propagar o Evangelho salvador. Que honra Tu nos dás de sermos testemunhas da salvação. | Santo Espírito, colocamos as nossas vidas nas tuas mãos. A ti, que com o Pai e o Filho é um só Deus de eternidade a eternidade. Amém.
Para refletir mais um pouco, leia abaixo também a pequena história "O último folheto".