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quarta-feira, 26 de março de 2014

Mensagem 4º dom. na Quaresma A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Jo 9.1-7,13-17,34-39 – 4º dom. na Quaresma A 2014
Jesus é a nossa luz
v. 39: “Prosseguiu Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os que veem se tornem cegos”.
Certamente uma das dádivas mais preciosas que Deus deu ao ser humano é a visão. Poder enxergar se algo está no caminho, o que acontece à nossa volta. Poder dirigir, ler, estudar e tantas outras coisas que sem a visão seriam, no mínimo, bem mais difíceis.
Hoje queremos refletir em um dos textos onde Jesus se apresenta como a luz do mundo. Não só a luz em si, mas também aquele que traz a luz ao mundo e que é ele que faz com que as pessoas enxerguem essa sua luz.
Jesus e os discípulos estavam caminhando quando viram um homem que era cego de nascença. Jamais havia visto a luz do dia. Como pessoas assim eram muito desprezadas, pois eram consideradas pecadoras, sendo que o defeito físico era visto como castigo de Deus, os discípulos fizeram uma pergunta a Jesus: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego”?
Quantas são às vezes em que nós também somos tentados a fazer a mesma pergunta? Ao nos depararmos com alguém que sofre por alguma razão, seja ela física, emocional ou mesmo espiritual, somos tentados a ver isso como castigos de Deus. Ficamos, então, a nos perguntar o que será ele ou ela fez para que Deus a castigasse com essa dificuldade, com essa doença ou seja lá o que for.
Exatamente como fizeram os amigos de Jó, que ao verem o seu sofrimento e a sua desgraça queriam de todas as formas forçar Jó a confessar um pecado do qual nem ele se lembrava. E automaticamente, no momento em que julgamos alguém pecador e o colocamos para baixo, nos consideramos mais justos e também superiores.
Nada muito diferente de quando o problema é com a gente mesmo. Então também começo a questionar a Deus: quais foram os meus pecados? O que eu fiz para merecer isso? De jeito nenhum queremos aceitar que o sofrimento possa vir de graça, como foi com Jó. Como foi com aquele cego. Ou eu cometi um pecado e Deus está me castigando, ou eu não fiz nada e Deus está sendo injusto.
É a esses nossos dilemas que Jesus responde quando responde aos discípulos: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus”. Mas como isso acontece? Como as obras de Deus se manifestam no sofrimento das pessoas? E que obras Deus quer manifestar?
Nós temos duas respostas a essa questão. A primeira é a mais óbvia, que é a cura daquele homem. Quando Jesus cura o cego de nascença, trazendo luz aos seus olhos, o poder de Deus se manifesta pelo milagre de Jesus.
E, de fato, não só nesse texto, mas em muitos outros também, os milagres de Jesus sempre causaram admiração nas pessoas. De modo que elas sempre chegavam à mesma conclusão: Este homem não pode ser só um homem. Ele tem que ser mais do que isso.
Então, com a cura do cego, uma das obras de Deus se manifesta: o cuidado de Deus, a preocupação de Deus, a providência divina. Deus não apenas curou aquele homem, mas até hoje continua cuidando de cada um de nós, nos dando saúde, disposição, alegria, família, bens e uma quantia incontável de bênçãos que podemos perceber até de olhos fechados.
O problema é que o pecado que há em nós não nos permite enxergarmos as bênçãos de Deus. Por mais que estejam bem na nossa frente, não enxergamos. E ainda como não bastasse não enxergar nem agradecer por essas bênçãos, nos achamos, muitas vezes, no direito de reclamar quando as coisas não acontecem como nós gostaríamos.
Mas, irmãos, o que é uma doença perto da condenação? O que é uma crise (conjugal, familiar, financeira) perto da condenação? Jesus, com a sua morte, nos livrou de uma coisa tão horrível, mas tão terrível que por nada nesse mundo nós temos o direito de reclamar ou exigir algo de Deus. Por mais difícil que seja. Por mais amargo, dolorido que seja. Nada se compara ao que nós realmente merecemos por causa dos nossos pecados que é a condenação.
E Deus faz a coisa assim de tal forma que em tudo, na alegria ou na tristeza, a Deus demos glória e louvor. Porque na dificuldade e no sofrimento, Deus não quer o nosso mal, mas quer nos chamar para perto dele a fim de que busquemos nele todo o auxílio que precisamos. E não no que nós somos ou possuímos.
Não nas bênçãos. Não no dinheiro, nos bens, na força. Porque tudo isso de uma hora para outra acaba, como aconteceu com o nosso irmão Jó. Mas, pelo menos, nesses momentos, em que percebemos que não há onde se agarrar, em que percebemos que tudo é passageiro, Deus nos acolhe em seus braços e diz: se agarra em mim.
Portanto, deveríamos dar graças a Deus pelas dificuldades na nossa vida. Não estou dizendo que somos capazes disso, mas assim deveria ser. Porque assim somos lembrados que ainda não estamos no céu. E que, por isso, vale todo o esforço necessário para estarmos sempre juntos do Pai celeste.
Juntos desse Deus que nos ama tanto ao ponto de, apesar da nossa ingratidão, das nossas muitas reclamações, se coloca do nosso lado, nos abraça, nos ajuda. E, em Jesus, faz até mais do que isso: Sente a nossa dor. Sente o nosso sofrer. E ainda sente prazer em ouvir os nossos gemidos e lamentações. Por isso, na alegria ou na tristeza, se olharmos bem, só o que podemos encontrar é o amor de Deus.
E a segunda resposta à questão sobre as obras de Deus e como elas se manifestam nós encontramos na incredulidade do perverso e na sua conversão. Jesus não quer apenas dar luz aos cegos, levantar aleijados, alimentar multidões. Na verdade, isso é o de menos. Jesus quer nos dar algo muito maior. E é isso que ele quer nos dar em primeiro lugar.
Diante das obras de Deus muitos creem, muitos não. E com o incrédulo Deus quer nos lembrar a nossa verdadeira natureza. Uma natureza que é inimiga de Deus. Uma natureza que não crê em Deus e nem pode crer assim. Muito menos chegar à fé de que Deus quer dar a salvação de graça entregando o seu Filho à morte em nosso lugar.
Somos todos incapazes de ir até Deus e ver em Jesus o nosso salvador. Somos todos espiritualmente cegos. Não conseguimos enxergar a maravilhosa luz de Cristo. E se não fosse pela infinita misericórdia de Deus em Cristo, continuaríamos nessa mesma condição. Com os olhos da fé completamente escuros.
Graças a Deus que o que ele quer nos dar não serve apenas para esta vida, mas para toda a eternidade. Por isso Jesus continua todos os dias a lavar os nossos olhos para que possamos continuar enxergando as obras de Deus todos os dias.
No que depende de nós, continuaríamos nas trevas do pecado, destinados à condenação. Mas Jesus fez e faz brilhar sobre nós a sua luz e, assim, ilumina os nossos passos com a sua palavra para que, diferente de quem tateia no escuro, saibamos exatamente para onde estamos caminhando.
Jesus disse: “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo”. Assim também nós, enquanto estamos no mundo, estamos para iluminar. Não com a nossa luz buscando a nossa glória. Mas com a luz de Cristo para que as pessoas vejam as nossas boas obras e glorifiquem ao Pai que está nos céus.
Só Jesus pode trazer a luz aos que estão cegos espiritualmente. Só ele pode trazer a luz da salvação. Por isso ele continua, pela sua Palavra e pela sua Igreja, fazendo brilhar a sua luz. Luz de perdão, de orientação e de salvação. Amém.