Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl
72.1-15; Is 60.1-6; Ef 3.1-12; Mt 2.1-12
– Epifania do Senhor B 2015
Jesus é salvação
para todos
v. 1-2: “Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias
do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam:
Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente
e viemos para adorá-lo”.
Sem dúvida, uma tentação aos pregadores nesse texto é
falar sobre oferta aos seus ouvintes. Afinal, os magos não foram até Jesus de
mãos vazias, mas levaram presentes. No entanto, apesar da oferta ser tão importante
e necessária na Igreja, o texto de Mt 2 fala de algo mais importante ainda do
que oferta. O texto fala de salvação.
Com certeza chamou a atenção a quem acompanhou as leituras
de hoje que todas elas falam da universalidade da salvação. Em outras palavras,
que a salvação é para todos. Sem exceção. E essa salvação só tem um lugar onde
pode ser encontrada: em Jesus.
No Sl 72, a oração de Salomão pelo seu reinado está mais
para uma oração pela vinda do reino de Deus – no Messias. Isaías apresenta o
Messias como a glória da Igreja Cristã e diz que a ele muitos virão de todos os
cantos do mundo. O apóstolo Paulo reforça mais uma vez em Efésios que é pela fé
em Jesus que temos a salvação e que, nele, temos o privilégio de anunciar a
salvação a outras pessoas. E Mateus dá um exemplo bem prático de tudo isso
quando fala dos magos do oriente. Daqueles homens sábios que vieram de tão
longe só para ver e estar com Jesus.
Para quem defende a salvação pelas obras humanas, os
textos lidos não muito convidativos. Mas a salvação pela fé é a mensagem correta
e principal da Palavra de Deus.
Desde o Antigo Testamento o povo de Deus é salvo pela fé.
Em Gn 3.15, logo depois da queda de Adão e Eva em pecado, temos a primeira
promessa divina sobre o salvador. Aquele que viria perdoar o pecado de Adão e
também o nosso. E todo aquele que confiava nessa promessa já vivia na salvação.
Nós vivemos em uma época aonde o salvador já veio. Mas o
meio pelo qual Deus nos dá a salvação continua o mesmo: Pela fé em Jesus.
Para nós, que conhecemos a Palavra de Deus e essa
magnífica mensagem do Evangelho, em tudo isso não tem nenhuma novidade. No
entanto, não podemos esquecer que muitos ainda não entenderam a mensagem do
Evangelho, da salvação pela graça, mediante a fé.
Muitos ainda se consideram sábios como aqueles magos, só
que pelo motivo errado: por causa daquilo que eles colocam diante de Jesus.
Pensam que a vida eterna depende não apenas da obra do Messias, mas também em
parte daquilo que nós podemos fazer. Refugiam-se no ouro, incenso e mirra das
suas boas obras como se dali viesse a sua salvação.
Só que, por mais que essas pessoas creiam em Jesus como o
Filho de Deus, o Messias prometido, caminham para a condenação. Não que a
prática do bem e da vontade de Deus não faça parte da nossa vida cristã, claro
que faz, mas se é nisso que depositamos a esperança da vida eterna, então estamos
no caminho errado.
Lembremos que não foram os presentes dos magos que fizeram
Jesus nascer, mas o nascimento de Jesus os motivou a levar presentes. Essa é a
ordem da vida cristã: Primeiro Deus vem a nós em Jesus, trazendo perdão, vida e
salvação. E a alegria de conhecer um Deus tão gracioso nos move a fazer alguma
coisa.
E agora, a partir do presente da fé que Deus nos dá, nós
queremos também presentear a Jesus, ofertando daquilo que ele nos deu em prol
do reino de Deus. Seja o dinheiro, o conhecimento, os dons, e assim toda a
nossa vida. E em tudo isso queremos, como primeiro objetivo, proclamar a
Palavra, o perdão e o amor de Deus às pessoas.
Deus quer chamar pessoas à fé. Assim como ele tem feito
desde sempre, muitas vezes mediante o exemplo e a fé do seu povo, ele quer e
continua chamando pessoas à salvação pela fé. Sem acepção. Deus não faz
distinção entre as pessoas. Ele chama desde os pobres pastores até os mais
sábios astrólogos.
Isso é importante lembrar porque, às vezes, nós somos
tentados a querer adivinhar quem vai crer e quem não vai. Então, diante de
determinada pessoa, nós pensamos: Para este vale a pena anunciar o Evangelho,
provavelmente ele vai crer. E diante de outra pessoa, pensamos: Para este nem
adianta falar nada. Esse não tem mais jeito.
Como nós podemos ter tanta certeza? Quem converte os
corações somos nós ou é o Espírito Santo? Assim como não cabe a nós definir
quem vai ou não ser salvo, também não cabe a nós escolher a quem vamos
testemunhar.
Porque neste último caso estaríamos sendo pessoas
hipócritas, dissimuladas, que na frente de um ou de outro somos os mais santos
da terra, mas na frente de outras pessoas podemos fazer ou falar qualquer
coisa.
Não é assim. Quando Deus nos agracia com a fé no salvador,
ele também faz de nós suas testemunhas. A partir de então, não podemos escolher
entre testemunhar ou não testemunhar. Estamos sempre testemunhando! Por vezes é
um bom testemunho e, por vezes, infelizmente, é um mau testemunho.
Há algum tempo, em um desses “outdoors” aqui de Juína, uma
frase dizia mais ou menos o seguinte: “Dengue. Ou você é contra ou é a favor”.
Ou seja, não tem meio termo. O simples fato de você não combater a dengue já
ajuda para que ela se espalhe.
Assim é o nosso testemunho diário. Assim é a nossa vida
cristã. Não podemos ser como “água morna”. Ou nos esforçamos por um bom
testemunho, ou, naturalmente, estaremos dando um mau testemunho. Porque nisso o
velho homem já é bem treinado.
Com certeza não é isso que nós queremos. De maneira
alguma. Mas por causa do pecado que está em nós, precisamos frequentemente
refletir: Tenho colocado o reino de Deus em primeiro lugar, como a base de toda
a minha vida? A imagem que eu transmito às pessoas é de alguém feliz pela
salvação? A maneira como eu trato as pessoas reflete o amor que Jesus tem por
mim?
Porque se colocamos os nossos interesses em primeiro
lugar, vivemos de cara emburrada e tratamos mal as pessoas, como podemos falar
a elas de Jesus quando surgir a oportunidade?
O apóstolo João escreveu que o nosso amor não pode ser só
de palavra, mas é preciso aparecer. E se esse amor, essa resposta a Deus, pode
aparecer no nosso dia-a-dia, é porque o amor de Deus apareceu naquele menino
que os magos foram visitar.
No infante Jesus se cumpriram todas as profecias do Antigo
Testamento. A universalidade da salvação e do amor de Deus estava ali visível a
todos. E é por causa daqueles que não puderam ver que Deus nos envia como
arautos do Evangelho. Testemunhas da salvação.
O nosso ofertar nada mais é do que a maneira como demonstramos
um pouquinho da nossa gratidão pelo menino Jesus que traz e dá a salvação. De
graça. Sem pedir nada em troca.
Por isso Jesus é e sempre vai ser a razão do nosso viver,
da nossa alegria. É nele que nós vamos sempre encontrar a orientação para esta
vida e viver na certeza e na alegria do perdão da vida eterna. Amém.