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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Mensagem Epifania do Senhor B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 72.1-15; Is 60.1-6; Ef 3.1-12; Mt 2.1-12 – Epifania do Senhor B 2015
Jesus é salvação para todos
v. 1-2: “Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo”.
Sem dúvida, uma tentação aos pregadores nesse texto é falar sobre oferta aos seus ouvintes. Afinal, os magos não foram até Jesus de mãos vazias, mas levaram presentes. No entanto, apesar da oferta ser tão importante e necessária na Igreja, o texto de Mt 2 fala de algo mais importante ainda do que oferta. O texto fala de salvação.
Com certeza chamou a atenção a quem acompanhou as leituras de hoje que todas elas falam da universalidade da salvação. Em outras palavras, que a salvação é para todos. Sem exceção. E essa salvação só tem um lugar onde pode ser encontrada: em Jesus.
No Sl 72, a oração de Salomão pelo seu reinado está mais para uma oração pela vinda do reino de Deus – no Messias. Isaías apresenta o Messias como a glória da Igreja Cristã e diz que a ele muitos virão de todos os cantos do mundo. O apóstolo Paulo reforça mais uma vez em Efésios que é pela fé em Jesus que temos a salvação e que, nele, temos o privilégio de anunciar a salvação a outras pessoas. E Mateus dá um exemplo bem prático de tudo isso quando fala dos magos do oriente. Daqueles homens sábios que vieram de tão longe só para ver e estar com Jesus.
Para quem defende a salvação pelas obras humanas, os textos lidos não muito convidativos. Mas a salvação pela fé é a mensagem correta e principal da Palavra de Deus.
Desde o Antigo Testamento o povo de Deus é salvo pela fé. Em Gn 3.15, logo depois da queda de Adão e Eva em pecado, temos a primeira promessa divina sobre o salvador. Aquele que viria perdoar o pecado de Adão e também o nosso. E todo aquele que confiava nessa promessa já vivia na salvação.
Nós vivemos em uma época aonde o salvador já veio. Mas o meio pelo qual Deus nos dá a salvação continua o mesmo: Pela fé em Jesus.
Para nós, que conhecemos a Palavra de Deus e essa magnífica mensagem do Evangelho, em tudo isso não tem nenhuma novidade. No entanto, não podemos esquecer que muitos ainda não entenderam a mensagem do Evangelho, da salvação pela graça, mediante a fé.
Muitos ainda se consideram sábios como aqueles magos, só que pelo motivo errado: por causa daquilo que eles colocam diante de Jesus. Pensam que a vida eterna depende não apenas da obra do Messias, mas também em parte daquilo que nós podemos fazer. Refugiam-se no ouro, incenso e mirra das suas boas obras como se dali viesse a sua salvação.
Só que, por mais que essas pessoas creiam em Jesus como o Filho de Deus, o Messias prometido, caminham para a condenação. Não que a prática do bem e da vontade de Deus não faça parte da nossa vida cristã, claro que faz, mas se é nisso que depositamos a esperança da vida eterna, então estamos no caminho errado.
Lembremos que não foram os presentes dos magos que fizeram Jesus nascer, mas o nascimento de Jesus os motivou a levar presentes. Essa é a ordem da vida cristã: Primeiro Deus vem a nós em Jesus, trazendo perdão, vida e salvação. E a alegria de conhecer um Deus tão gracioso nos move a fazer alguma coisa.
E agora, a partir do presente da fé que Deus nos dá, nós queremos também presentear a Jesus, ofertando daquilo que ele nos deu em prol do reino de Deus. Seja o dinheiro, o conhecimento, os dons, e assim toda a nossa vida. E em tudo isso queremos, como primeiro objetivo, proclamar a Palavra, o perdão e o amor de Deus às pessoas.
Deus quer chamar pessoas à fé. Assim como ele tem feito desde sempre, muitas vezes mediante o exemplo e a fé do seu povo, ele quer e continua chamando pessoas à salvação pela fé. Sem acepção. Deus não faz distinção entre as pessoas. Ele chama desde os pobres pastores até os mais sábios astrólogos.
Isso é importante lembrar porque, às vezes, nós somos tentados a querer adivinhar quem vai crer e quem não vai. Então, diante de determinada pessoa, nós pensamos: Para este vale a pena anunciar o Evangelho, provavelmente ele vai crer. E diante de outra pessoa, pensamos: Para este nem adianta falar nada. Esse não tem mais jeito.
Como nós podemos ter tanta certeza? Quem converte os corações somos nós ou é o Espírito Santo? Assim como não cabe a nós definir quem vai ou não ser salvo, também não cabe a nós escolher a quem vamos testemunhar.
Porque neste último caso estaríamos sendo pessoas hipócritas, dissimuladas, que na frente de um ou de outro somos os mais santos da terra, mas na frente de outras pessoas podemos fazer ou falar qualquer coisa.
Não é assim. Quando Deus nos agracia com a fé no salvador, ele também faz de nós suas testemunhas. A partir de então, não podemos escolher entre testemunhar ou não testemunhar. Estamos sempre testemunhando! Por vezes é um bom testemunho e, por vezes, infelizmente, é um mau testemunho.
Há algum tempo, em um desses “outdoors” aqui de Juína, uma frase dizia mais ou menos o seguinte: “Dengue. Ou você é contra ou é a favor”. Ou seja, não tem meio termo. O simples fato de você não combater a dengue já ajuda para que ela se espalhe.
Assim é o nosso testemunho diário. Assim é a nossa vida cristã. Não podemos ser como “água morna”. Ou nos esforçamos por um bom testemunho, ou, naturalmente, estaremos dando um mau testemunho. Porque nisso o velho homem já é bem treinado.
Com certeza não é isso que nós queremos. De maneira alguma. Mas por causa do pecado que está em nós, precisamos frequentemente refletir: Tenho colocado o reino de Deus em primeiro lugar, como a base de toda a minha vida? A imagem que eu transmito às pessoas é de alguém feliz pela salvação? A maneira como eu trato as pessoas reflete o amor que Jesus tem por mim?
Porque se colocamos os nossos interesses em primeiro lugar, vivemos de cara emburrada e tratamos mal as pessoas, como podemos falar a elas de Jesus quando surgir a oportunidade?
O apóstolo João escreveu que o nosso amor não pode ser só de palavra, mas é preciso aparecer. E se esse amor, essa resposta a Deus, pode aparecer no nosso dia-a-dia, é porque o amor de Deus apareceu naquele menino que os magos foram visitar.
No infante Jesus se cumpriram todas as profecias do Antigo Testamento. A universalidade da salvação e do amor de Deus estava ali visível a todos. E é por causa daqueles que não puderam ver que Deus nos envia como arautos do Evangelho. Testemunhas da salvação.
O nosso ofertar nada mais é do que a maneira como demonstramos um pouquinho da nossa gratidão pelo menino Jesus que traz e dá a salvação. De graça. Sem pedir nada em troca.
Por isso Jesus é e sempre vai ser a razão do nosso viver, da nossa alegria. É nele que nós vamos sempre encontrar a orientação para esta vida e viver na certeza e na alegria do perdão da vida eterna. Amém.