Igreja
Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr.
Edenilson Gass
Sl 25.1-10; Ez 18.1-4,25-32; Fp 2.1-18; Mt 21.23-32 – 16º dom. após Pentecostes A
2014
Deus
traz arrependimento, fé e mudança
v. 31: “Qual dos dois
fez a vontade do pai? Disseram: O segundo. Declarou-lhes Jesus: Em verdade vos
digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus”.
O que foi que eu fiz?
Onde eu estava com a cabeça? Como eu pude ser tão idiota? Quando bate o
arrependimento, essas são algumas frases que nos vêm à cabeça. Uma palavra, uma
atitude, um gesto indevidos e mais tarde, refletindo sobre aquilo, percebemos:
– Puxa, eu não devia ter dito aquilo; eu não devia ter feito aquilo.
O tema desse culto, a
partir das leituras bíblicas, claramente, é o arrependimento. Vimos no salmo a
oração de Davi pedindo que Deus o guiasse pelos seus caminhos. Só pode orar
assim alguém que se arrependeu de ter andado pelos próprios caminhos.
Em Ezequiel aprendemos
que o arrependimento é coisa que faz parte da vida cristã. O arrependimento e a
confiança no perdão de Deus. Também quando Paulo nos ensina em Filipenses a
termos uma vida de humildade e gratidão. Isso não é coisa que vem de nós, mas
do arrependimento e da fé.
Enquanto isso, Jesus,
no evangelho de Mateus prefere nos ensinar com um exemplo prático do dia-a-dia
e que, com certeza, é coisa que já aconteceu na experiência de muitos pais.
Nessa parábola, Jesus
fala de um pai de dois filhos que pediu a eles que lhe ajudassem no trabalho da
vinha. Um disse que ia, mas não foi. Já o outro disse “não, eu não quero”, mas
depois se arrependeu e foi. E aí vem a pergunta de Jesus: “Qual dos dois fez a
vontade do pai”, o que prontamente disse “sim, eu vou”, mas depois deixou o pai
esperando ou o que primeiramente não queria, mas depois acabou indo?
A resposta, na
verdade, é tão óbvia que os líderes religiosos responderam imediatamente: “o
segundo”. E com isso fica bem claro o seguinte: Deus, o nosso Pai, não espera
que o cristão acerte sempre, fazendo sempre a coisa certa. Isso é impossível
para nós. Mas que, quando arrependido, procure mudar suas atitudes e fazer o
que é certo.
Por isso a pergunta
que fazemos é: O que é arrependimento? Será que o arrependimento é a mudança de
vida? Muita gente pensa desta maneira: Que só quando o fulano mudar de vida é
que nós vamos ter certeza que ele se arrependeu.
Interessante que, no
texto de hoje, Jesus fala de João Batista. Porque a mensagem de João Batista
era exatamente esta: Arrependam-se dos seus pecados. E depois, para aqueles que
se encontravam arrependidos, dava o batismo como uma certificação de que Deus
os havia perdoado.
Por outro lado, para
os líderes religiosos, o que João dizia? – Produzam frutos dignos do
arrependimento. Sim, João Batista também pregava a mudança de vida. Porém esta
vem como consequência; o arrependimento vem antes.
Quando a pessoa chega
a uma conclusão, quando ela tem consciência de que certas coisas em sua vida
não estão corretas, não condizem com o ensino da Palavra de Deus, não são
favoráveis para um bom testemunho cristão, ali há arrependimento. Tão logo o
cristão se dá conta dos seus erros e pecados e os reconhece como erros e
pecados, e não como coisas sem importância, ali há arrependimento.
Ah, mas então não precisa
mudar de vida. Claro que precisa! Quem disse que não? João pregava o
arrependimento, ou seja, o reconhecimento dos pecados; anunciava o perdão; e
depois a mudança de vida. Também Tiago lembra a importância dessa mudança
quando pergunta: De que adianta uma fé sem obras? Uma fé que não se mostra numa
vida condizente com a Palavra de Deus. Uma fé assim está morta.
Por isso Lutero ensina
no catecismo que, desde o batismo, o cristão entra numa luta contra a sua
própria natureza. E, portanto, por contrição e arrependimento diários o cristão
vive na busca de uma melhora de vida.
Um grande auxílio para
essa melhora de vida começa num exame de consciência. Uma coisa tão simples de
fazer. No momento da sua oração, pense nos dez mandamentos e vai passando por
cada um deles. Quais são aqueles que eu não estou dando muita atenção? Quais
são aqueles contra os quais eu peco mais constantemente? E dessa maneira, você
vai poder pedir a Deus exatamente aquilo que precisa. – Deus, me dá mais força
neste mandamento. Porque aqui eu estou me desviando do teu ensino.
Essa é a oração de
Davi. E é e só com sincero arrependimento que podemos orar como ele e pedir que
Deus nos guie pelos seus caminhos, realmente desejando que ele nos guie e não
só, assim, da boca para fora.
É só com sincero
arrependimento que vamos levar a sério a nossa vida cristã e cuidar tanto
quanto possível com o que falamos, com o que fazemos. E isso não só por Deus,
mas também pelo nosso próximo. Para que ele não se escandalize, não caia da fé
ou mesmo que um descrente não chegue à fé por algum mau exemplo nosso. E acreditem:
Cuidando, nós ainda vamos fazer muita bobagem. Imagem se não levarmos a sério a
nossa vida cristã.
Por isso a parábola de
Jesus é tão importante para nós. Como lembrete e advertência, Jesus lembra que
a luta contra o velho homem começa cedo, já no batismo, e dura a vida toda. O
problema é quando essa luta não existe mais. Quando nos acostumamos com os
nossos pecados e nos acomodamos com uma vida de poucos bons exemplos.
Por outro lado, também,
Jesus nos faz olhar para aquilo que nos motiva a essa melhora de vida. A saber,
o perdão que o Pai jamais nega. Por mais que tantas e tantas vezes somos
vencidos pela nossa natureza pecaminosa e caímos em tentação, Deus está sempre
disposto a perdoar os nossos pecados e, assim, nos dar uma nova chance.
Para Deus, quem faz a
sua vontade não é o que diz que faz ou pensa que faz. Mas o que, arrependido,
reconhece os seus pecados. E ali, naturalmente, Deus vai nos encaminhar em uma
nova vida. Uma vida que seja agradável a ele e que possibilite a mais pessoas o
interesse em conhecer o que há de tão bom em ser cristão.
Pecadores todos somos.
E precisamos reconhecer isso. No entanto, também precisamos reconhecer que a
graça de Deus excede até mesmo a nossa confiança no perdão dos pecados.
Quanta gente ainda
sofre amargamente por alguma coisa que fez ou deixou de fazer e depois percebeu
que errou? Pessoas que carregam diariamente o peso da culpa pelo seu pecado
porque não conseguem crer que para elas também há perdão.
Essas pessoas – talvez
muitos de nós – precisam saber que em Cristo todo pecado tem perdão. Porque é
daí que vem a nossa alegria: do perdão de Deus. Do conhecimento de um Deus que
prefere se sujar com o nosso pecado do que abandonar o pecador.
Deus não é deus de
cobrança. Deus não é deus de vingança. Deus não é deus de barganha. Deus é
aquele que nos leva ao arrependimento, perdoa o nosso pecado e nos guia
conforme a sua vontade. E, ao contrário do que nós fazemos, Deus não espera
provas de arrependimento, porque ele conhece o nosso coração. E do perdão
recebido é que vem também a motivação para um viver cristão.
Não precisamos mais
olhar para o passado e ficar lamentando disso ou daquilo. O que precisamos é
confiar que mesmo aquilo do que hoje nos arrependemos Deus utilizou para
cumprir com os seus propósitos. Ele já nos perdoou e agora podemos viver
felizes na alegria da salvação. Amém.