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sexta-feira, 24 de abril de 2015

Mensagem 4º domingo de Páscoa B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 23; At 4.1-12; 1Jo 3.16-24; Jo 10.11-16 – 4º domingo de Páscoa B 2015
Jesus, o bom pastor
v. 14: “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem”.
O que faz algo ser bom? O que caracteriza uma coisa boa? Talvez alguém diria assim: Ora, se alguma coisa me faz bem, então essa é uma coisa boa. Mas se a gente parar e pensar um pouquinho sobre isso, logo vamos perceber que, na verdade, não existem respostas fixas para essas perguntas. Primeiro porque o que um considera bom pode ser que outro não considere.
Outro fato também é que qualquer um de nós pode se enganar com a sua própria suposição. Por exemplo: Se você perguntar para algumas pessoas se dinheiro é bom, talvez 99% das pessoas, senão todas elas, vão dizer que sim. Mas um aumento salarial, que para um pode ser uma bênção, para outro pode ser o início de uma ganância que vai torna-lo arrogante, que vai afastar ele da igreja, que vai coloca-lo numa corrida desenfreada por poder e reconhecimento, fazendo mais mal do que bem.
Quando Jesus diz aqui em Jo 10 que ele é o pastor e a Igreja são as ovelhas, ele acrescenta que é o bom pastor. E o que caracteriza Jesus como bom? Ele fazia parte de uma banda internacionalmente conhecida, carregava inúmeros títulos acadêmicos, tinha milhões de talentos na conta bancária? Pessoas assim hoje em dia são consideradas boas. Tanto que o grande sonho de muitos é se tornar igual a essas pessoas: Ricas, poderosas, admiradas.
Só que quando Jesus explica por que ele é bom, ele diz: “O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”.
Essa afirmação de Jesus vai totalmente na contramão do que o mundo ensina e é tão forte, tão contundente que a gente pode até se sentir incapaz de fazer qualquer coisa boa. Mas o que Jesus quer mostrar aqui é que só existe um que pode salvar, que pode nos levar da morte para a vida, da condenação para a salvação, e esse alguém é Jesus.
Ao que parece, o que Jesus está querendo dizer com “dar a vida pelas ovelhas” está mais para “se colocar no lugar das ovelhas”. Neste caso, há uma forte ideia de substituição por trás dessa afirmação. Ou seja, Jesus não “morre de amor” como nas histórias românticas, sem trazer nenhum benefício para quem fica.
Ele colocou a sua vida em nosso lugar. A vida de indizível sofrimento e a morte sob o horror da morte que nós deveríamos enfrentar por causa dos nossos pecados, foi isso que o bom pastor tomou para si.
É por isso que logo depois disso Jesus fala do mercenário que foge quando o lobo ataca o rebanho. Qualquer pastor de ovelhas, por mais que amasse o seu rebanho, na hora do perigo daria a sua vida como mais importante – “antes algumas ovelhas do que a minha vida”.
Jesus não faz isso. Sob o ataque do lobo da morte, ele julgou mais valiosa a vida do rebanho. Só Jesus é o bom pastor porque todos nós fomos comprados pelo preço do seu sangue e somos agora sua propriedade para viver no seu aprisco e seguir somente a ele.
É claro que uma coisa dessas não pode ficar sem alguma consequência na nossa vida. Em forma de pergunta: Tudo bem, Jesus é o bom pastor, mas e agora? E agora somos convidados a viver como ovelhas do pastor Jesus. E porque este pastor é diferente, já é de se esperar que sejamos um rebanho diferente também.
Na sua primeira epístola, o mesmo João que aqui escreveu sobre o bom pastor diz que nós, como seu rebanho, devemos seguir o exemplo de Jesus: “Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos”. (1Jo 3.16)
Isso, no mínimo, quer dizer que o amor de Jesus em nosso coração precisa necessariamente se mostrar em atitudes de amor. E isso com certeza envolve orar pelos irmãos, procurar estar junto com eles, conhecer as suas angústias, oferecer-lhes ajuda. Porque fazer parte do rebanho, viver em comunhão, de forma alguma pode se limitar a participar dos cultos. Existe comunhão no culto nas orações, nos hinos, na Santa Ceia; o próprio fato de estarmos aqui reunidos. Mas o que isso diz a respeito do meu irmão e das suas alegrias e tristezas?
O apóstolo João é bem claro e vai direto ao ponto quando diz: “Não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade”. Dizer que amamos é fácil, só que muitas vezes esquecemos de demonstrar isso. E assim como na nossa família as duas coisas são importantes, podem ter certeza que na família de Deus não é diferente.
Quem é o mercenário senão aquele que não ama a seu irmão nem busca o bem dele? Mercenário é todo aquele que não se importa com o rebanho. De modo de que quem não se coloca ao dispor da sua própria igreja é mercenário porque age de forma egoísta se preocupando apenas com o que é do seu próprio interesse.
Porque somos todos ovelhas de um mesmo rebanho onde Jesus é o pastor é que devemos cuidar uns dos outros. Em nosso mundo, bom é aquele que se destaca, que vai além, que tem capacidade de fazer muito mais do que os outros e deixa todos para trás. Ele é o bom, os outros são os derrotados.
Na igreja não pode ser assim. Seguindo o exemplo de Jesus, bom é aquele que dá meia-volta para levantar o que caiu, que se oferece para ajudar, que não pensa apenas nos próprios interesses, mas no interesse coletivo, congregacional da igreja procurando servir a Deus também na igreja.
Esse sim é o espírito e o desejo de quem percebeu como é maravilhoso o que Deus fez em Jesus, fazendo de todos nós membros do corpo de Cristo. De maneira que estamos unidos uns com os outros e não dá nem para pensar que podemos viver de consciência tranquila se não estamos dispostos a nos dedicar pelo bem e pelo crescimento do corpo de Cristo.
Somos o seu rebanho e queremos cuidar uns dos outros porque o exemplo que temos no nosso pastor é de alguém que deu a vida por nós. Que tomou para si o nosso pecado e o nosso sofrimento para que, nas nossas dores e no sentimento de culpa, possamos ser o esteio e amparo uns dos outros pelo amor de Cristo.
E acima de tudo, a grande mensagem é que Jesus é o pastor que nos conhece perfeitamente. E ele é o bom pastor. Ele sabe o é bom para nós; o que nós precisamos. E é isso que nos permite confiar que em qualquer situação, o pastor Jesus está nos guiando pelo caminho certo.
Nem sempre fica claro na nossa vida que Deus está no controle, especialmente quando a dificuldade bate à porta. Mas ele está. Como nosso bom pastor, Jesus vai na frente. Como seu rebanho, nós não questionamos o caminho. Só o seguimos porque sabemos que o pastor sabe para onde vai.
Pode ser que, na nossa enfermidade, ele precise aplicar uma dolorosa injeção ou nos fazer beber um remédio nem um pouco agradável, mas ainda assim nós podemos confiar que o pastor Jesus sabe o que é melhor para nós muito mais do que nós mesmos. Porque ele é bom e a sua bondade dura para sempre. Amém.

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