Igreja
Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr.
Edenilson Gass
Sl 23; At 4.1-12; 1Jo 3.16-24; Jo 10.11-16 – 4º domingo de Páscoa B 2015
Jesus, o bom pastor
v. 14: “Eu sou o bom
pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem”.
O que faz algo ser
bom? O que caracteriza uma coisa boa? Talvez alguém diria assim: Ora, se alguma
coisa me faz bem, então essa é uma coisa boa. Mas se a gente parar e pensar um
pouquinho sobre isso, logo vamos perceber que, na verdade, não existem respostas
fixas para essas perguntas. Primeiro porque o que um considera bom pode ser que
outro não considere.
Outro fato também é
que qualquer um de nós pode se enganar com a sua própria suposição. Por
exemplo: Se você perguntar para algumas pessoas se dinheiro é bom, talvez 99%
das pessoas, senão todas elas, vão dizer que sim. Mas um aumento salarial, que
para um pode ser uma bênção, para outro pode ser o início de uma ganância que
vai torna-lo arrogante, que vai afastar ele da igreja, que vai coloca-lo numa
corrida desenfreada por poder e reconhecimento, fazendo mais mal do que bem.
Quando Jesus diz aqui
em Jo 10 que ele é o pastor e a Igreja são as ovelhas, ele acrescenta que é o
bom pastor. E o que caracteriza Jesus como bom? Ele fazia parte de uma banda
internacionalmente conhecida, carregava inúmeros títulos acadêmicos, tinha
milhões de talentos na conta bancária? Pessoas assim hoje em dia são
consideradas boas. Tanto que o grande sonho de muitos é se tornar igual a essas
pessoas: Ricas, poderosas, admiradas.
Só que quando Jesus
explica por que ele é bom, ele diz: “O bom pastor dá a vida pelas ovelhas”.
Essa afirmação de
Jesus vai totalmente na contramão do que o mundo ensina e é tão forte, tão contundente
que a gente pode até se sentir incapaz de fazer qualquer coisa boa. Mas o que
Jesus quer mostrar aqui é que só existe um que pode salvar, que pode nos levar
da morte para a vida, da condenação para a salvação, e esse alguém é Jesus.
Ao que parece, o que
Jesus está querendo dizer com “dar a vida pelas ovelhas” está mais para “se
colocar no lugar das ovelhas”. Neste caso, há uma forte ideia de substituição
por trás dessa afirmação. Ou seja, Jesus não “morre de amor” como nas histórias
românticas, sem trazer nenhum benefício para quem fica.
Ele colocou a sua vida
em nosso lugar. A vida de indizível sofrimento e a morte sob o horror da morte
que nós deveríamos enfrentar por causa dos nossos pecados, foi isso que o bom
pastor tomou para si.
É por isso que logo
depois disso Jesus fala do mercenário que foge quando o lobo ataca o rebanho.
Qualquer pastor de ovelhas, por mais que amasse o seu rebanho, na hora do
perigo daria a sua vida como mais importante – “antes algumas ovelhas do que a
minha vida”.
Jesus não faz isso.
Sob o ataque do lobo da morte, ele julgou mais valiosa a vida do rebanho. Só
Jesus é o bom pastor porque todos nós fomos comprados pelo preço do seu sangue
e somos agora sua propriedade para viver no seu aprisco e seguir somente a ele.
É claro que uma coisa
dessas não pode ficar sem alguma consequência na nossa vida. Em forma de
pergunta: Tudo bem, Jesus é o bom pastor, mas e agora? E agora somos convidados
a viver como ovelhas do pastor Jesus. E porque este pastor é diferente, já é de
se esperar que sejamos um rebanho diferente também.
Na sua primeira
epístola, o mesmo João que aqui escreveu sobre o bom pastor diz que nós, como
seu rebanho, devemos seguir o exemplo de Jesus: “Nisto conhecemos o amor: que
Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos”. (1Jo
3.16)
Isso, no mínimo, quer
dizer que o amor de Jesus em nosso coração precisa necessariamente se mostrar
em atitudes de amor. E isso com certeza envolve orar pelos irmãos, procurar
estar junto com eles, conhecer as suas angústias, oferecer-lhes ajuda. Porque
fazer parte do rebanho, viver em comunhão, de forma alguma pode se limitar a
participar dos cultos. Existe comunhão no culto nas orações, nos hinos, na
Santa Ceia; o próprio fato de estarmos aqui reunidos. Mas o que isso diz a
respeito do meu irmão e das suas alegrias e tristezas?
O apóstolo João é bem
claro e vai direto ao ponto quando diz: “Não amemos de palavra, nem de língua,
mas de fato e de verdade”. Dizer que amamos é fácil, só que muitas vezes
esquecemos de demonstrar isso. E assim como na nossa família as duas coisas são
importantes, podem ter certeza que na família de Deus não é diferente.
Quem é o mercenário
senão aquele que não ama a seu irmão nem busca o bem dele? Mercenário é todo
aquele que não se importa com o rebanho. De modo de que quem não se coloca ao
dispor da sua própria igreja é mercenário porque age de forma egoísta se
preocupando apenas com o que é do seu próprio interesse.
Porque somos todos
ovelhas de um mesmo rebanho onde Jesus é o pastor é que devemos cuidar uns dos
outros. Em nosso mundo, bom é aquele que se destaca, que vai além, que tem
capacidade de fazer muito mais do que os outros e deixa todos para trás. Ele é
o bom, os outros são os derrotados.
Na igreja não pode ser
assim. Seguindo o exemplo de Jesus, bom é aquele que dá meia-volta para
levantar o que caiu, que se oferece para ajudar, que não pensa apenas nos
próprios interesses, mas no interesse coletivo, congregacional da igreja procurando
servir a Deus também na igreja.
Esse sim é o espírito
e o desejo de quem percebeu como é maravilhoso o que Deus fez em Jesus, fazendo
de todos nós membros do corpo de Cristo. De maneira que estamos unidos uns com
os outros e não dá nem para pensar que podemos viver de consciência tranquila
se não estamos dispostos a nos dedicar pelo bem e pelo crescimento do corpo de
Cristo.
Somos o seu rebanho e
queremos cuidar uns dos outros porque o exemplo que temos no nosso pastor é de
alguém que deu a vida por nós. Que tomou para si o nosso pecado e o nosso
sofrimento para que, nas nossas dores e no sentimento de culpa, possamos ser o
esteio e amparo uns dos outros pelo amor de Cristo.
E acima de tudo, a
grande mensagem é que Jesus é o pastor que nos conhece perfeitamente. E ele é o
bom pastor. Ele sabe o é bom para nós; o que nós precisamos. E é
isso que nos permite confiar que em qualquer situação, o pastor Jesus está nos
guiando pelo caminho certo.
Nem sempre fica claro
na nossa vida que Deus está no controle, especialmente quando a dificuldade
bate à porta. Mas ele está. Como nosso bom pastor, Jesus vai na frente. Como
seu rebanho, nós não questionamos o caminho. Só o seguimos porque sabemos que o
pastor sabe para onde vai.
Pode ser que, na nossa
enfermidade, ele precise aplicar uma dolorosa injeção ou nos fazer beber um
remédio nem um pouco agradável, mas ainda assim nós podemos confiar que o
pastor Jesus sabe o que é melhor para nós muito mais do que nós mesmos. Porque
ele é bom e a sua bondade dura para sempre. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário