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quinta-feira, 7 de maio de 2015

Mensagem 6º domingo de Páscoa B 2015




Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína

Pr. Edenilson Gass

Sl 98; At 10.34-48; 1Jo 5.1-8; Jo 15.9-17 – 6º domingo de Páscoa B 2015

O amor de Cristo na vida em comunhão

v. 12: “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei”.
Quando o Seminário Concórdia completou cem anos em 2003, no culto festivo, o professor Vilson Scholz disse o seguinte: De todas as aulas ministradas no Seminário Concórdia, há um assunto que não é trabalhado em nenhuma disciplina de forma específica, mas que, ao mesmo tempo, é trabalhado em todas as aulas todos os dias. E este assunto é o amor de Cristo.
No texto do evangelho deste dia, o próprio salvador Jesus Cristo é quem fala do amor. E o que ele diz é basicamente isto: Eu escolhi vocês, eu amei vocês. Portanto, se vocês são meus discípulos, devem fazer o que eu mando. E o que eu mando é que vocês amem uns aos outros.
Para que a gente possa entender isso direito, é necessário que a gente olhe com atenção para o nosso texto que traz alguns detalhes importantes. E também precisamos definir bem o que é o amor.
Vamos começar por aqui mesmo. O que é o amor? Muitas pessoas têm uma visão muito restrita do amor como aquele sentimento que existe entre marido e mulher. Duas pessoas que se apaixonaram e por causa do amor que foi surgindo, decidiram se unir em casamento.
Mas se esse fosse o único jeito de amar, então Jesus não poderia estar pedindo o que ele está pedindo. O que acontece é que o amor que deve existir entre os cristãos não é amor que leva necessariamente ao casamento, mas aquele amor que os apóstolos chamaram de “amor fraternal”.
É o amor que nos leva a enxergar as outras pessoas que participam da igreja não como estranhos, nem mesmo como conhecidos, mas como irmãos, membros da nossa própria família, unidos a nós pela fé e o amor de Cristo. Pessoas que são responsáveis por nós e por quem nós somos responsáveis.
Depois nós vamos voltar a esta questão para ver quais são as consequências práticas deste amor. O que acontece quando o amor de Cristo se encontra no nosso coração. Mas no momento é importante que a gente reflita sobre algumas coisas que a gente pode perceber no texto.
Em primeiro lugar, Jesus não está dizendo isso abertamente para todos; ele está falando com os discípulos. Ou seja, quando nós olhamos o mundo ao nosso redor, e vemos tanta violência, desonestidade, mentiras, abusos e tantas outras coisas desse tipo, não é nada mais do que o reflexo do pecado original que faz parte de todos nós.
Não é de se esperar que aquele que não crê em Cristo tenha amor pelo seu próximo e busque o bem dele. Quando isso acontece é porque Deus mesmo luta contra todas as forças relutantes ao bem – que é o nosso pecado – e, assim, evita que o ser humano crie um caos mundial.
Mas quando se trata de cristãos, a coisa precisa ser diferente. O cristão é movido pelos mandamentos de Deus e o desejo de Deus para a prática e a busca do bem. E isso só pode acontecer quando existe o amor de Cristo no coração.
O amor de Cristo, que o levou a abandonar a sua glória e vir ao mundo para ser condenado à morte como o pior dos pecadores para a nossa salvação, é este amor que agora habita em nosso coração e nos permite olhar para as pessoas à nossa volta como criaturas de Deus e filhos de Deus e, por isso, desejar a elas todo o bem e fazer o que estiver ao nosso alcance para que elas também conheçam o amor de Cristo e também sejam salvas.
Percebemos, assim, que amor cristão e o discipulado são mutuamente dependentes. Em outras palavras, a vida cristã de dedicação a Deus, à igreja, à família e ao semelhante só existe porque Deus nos escolheu em Cristo para vivermos uma vida cristã. E o combustível dessa dedicação é o amor de Cristo.
Podemos dizer tranquilamente que é uma relação de causa e efeito. A causa é que Cristo derramou o seu amor em nosso coração e o efeito ou a consequência disso é que agora nós também podemos e até devemos amar o nosso próximo, independente de quem ele seja.
Quem parece que entendeu bem essa relação foi o Dr. Leon Morris e eu gostaria de citar duas frases do seu livro Teologia do Novo Testamento. Assim ele diz: “O que é maravilhoso no amor de Deus é que ele é derramado sobre quem não tem méritos e não o merece. E é um amor que custou caro”. O que o Dr. Morris quer deixar bem claro é que não devemos olhar para o amor de Deus pela humanidade como um amor que é condicional como o nosso é.
Nós, seres humanos, pecadores, até podemos ter amor pelo nosso cônjuge, pelos nossos filhos e até alguns amigos. Mas o nosso jeito é de amar é sempre condicional. Nós amamos pessoas específicas ou que nós escolhemos ou que nos trazem algum benefício.
O amor de Deus é completamente incondicional. Como escreveu o apóstolo Paulo, Deus nos amou quando ainda éramos pecadores, ou seja, quando estávamos afundados até à cabeça na lama do nosso pecado. Completamente sujos e imundos sem uma única coisa boa que apresentar diante dele.
E um amor tão grande e sem igual como esse, quando entendido não só pela mente, mas também pelo coração, muda radicalmente o nosso ser. E de pecadores que não podiam amar, agora somos pecadores que não só querem amar, mas buscam junto a Deus que o amor faça parte de toda a nossa vida.
Por isso, um pouco mais adiante, o Dr. Morris diz assim: “Se realmente amamos a Cristo, desejaremos fazer as coisas que lhe agradam, enquanto, se regularmente descartamos suas instruções, a autenticidade do nosso amor é colocada em dúvida”.
A questão é que o amor de Cristo sempre anda acompanhado de ações. Como Jesus está ordenando a nós, como seus discípulos, que nos amemos uns aos outros, então podemos dizer que é esse amor que faz com que seja tão bom quando a gente pode se reunir aqui na igreja e nos faça vir para cá. É esse amor que nos leva a orar pelos irmãos da nossa congregação, paróquia, distrito e mesmo em nível nacional. É esse amor que nos motiva a servir na igreja de uma ou de outra forma, conforme as suas necessidades e as capacidades que Deus dá a cada um.
Hoje mesmo, até podemos lembrar de um amor que pode nos servir de grande exemplo para a nossa vida cristã: o amor de mãe. Desculpem vocês que são pais, mas nós homens nunca vamos entender o que é o amor de mãe. O próprio Deus que se apresenta como Pai em toda a Escritura, quando no livro de Isaías ele diz que vai cuidar do seu povo, ele diz: Assim como uma mãe consola o seu filho, eu vos consolarei.
É amor que se doa completamente. Amor que subsiste por si mesmo. Até porque, pensando de forma lógica, filhos só são para dar gastos e dor de cabeça. Mas nada disso importa porque o amor é maior do que qualquer uma dessas coisas. O quanto uma mãe puder fazer pelo seu filho, ela vai fazer. Imaginem, então, o quanto Deus nos ama e o quanto de amor ele quer derramar no nosso coração para que possamos verdadeiramente amar uns aos outros.
Assim como é no Seminário, na nossa vida cristã também. O amor de Cristo não é uma coisa que a gente aprende e coloca em prática em momentos específicos, mas todos os dias em todos os momentos, buscando servir a Deus servindo ao nosso próximo, seja em casa, na sociedade ou na igreja.
E sempre lembrando que tudo isso só tem valor porque brota do amor de Cristo que foi derramado em nosso coração. E é por isso que Jesus pode dizer: “O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei”. Amém.

Oração:
Amado Pai, que movido por teu infinito amor providenciaste em Cristo a salvação da humanidade. Nossos corações irrompem em júbilo e alegria porque nos elegeste para viver o teu amor em nossa vida. Que o cálice do amor transborde entre os cristãos em atitudes de companheirismo, preocupação, auxílio mútuo e orações. Preenche diariamente o nosso ser com o amor de Cristo para que possamos amar não só de língua e de palavra, mas de fato e de verdade. Seja este amor o combustível para uma vida cristã de constante dedicação ao ti no amor àqueles que Tu colocas ao nosso redor. Agradecemos-te e louvamos-te por todas as mães cristãs que tanto se esmeraram e se esmeram em ensinar aos filhos o amor de Cristo em suas palavras e ações. | Também lembramos com carinho aquelas mães que já não se encontram mais entre nós. Aqui lembramos de forma especial a família do pastor Paulo Frederico Flor, cuja querida esposa fora levada esta semana para estar contigo na glória. Conforta o pastor Paulo, também como os filhos enlutados e demais familiares e amigos. Vivamos nós também com fé, amor e santificação, preparando-nos para o nosso encontro contigo quando e onde desfrutaremos a plenitude do teu amor. Em nome e por amor do nosso Senhor e salvador Jesus Cristo. Amém.

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