Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 43; Mq 3.5-12; 1Ts
4.1-12; Mt 23.1-12 – 21º dom. após
Pentecostes A 2014
Pregamos e vivemos a Palavra de
Deus
v. 8: “Vós, porém, não
sereis chamados mestres, porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos”.
Outubro foi um mês de
muitas datas. Dentre elas, datas importantes para nós luteranos: A Reforma no
dia 31; os 111 anos do Seminário no dia 27. E também lembramos o dia do
professor, no dia 15. Estes que, assim como Lutero fez e o Seminário faz, se
dedicam ao ensino daquilo que é importante para a nossa vida.
Com certeza, cada um
de nós tem para si o seu mestre. Aquela pessoa que você admira muito. Pode ser o
pai ou a mãe; pode ser um professor da escola ou da faculdade; ou mesmo pode
ser uma pessoa simples, mas que tem sabedoria para lidar com as mais diversas
situações da vida. O fato é que cada um tem o seu mestre.
Mas será que isso não
vai contra o ensinamento de Jesus que nós lemos há pouco: “Vós, porém, não
sereis chamados mestres, porque um só é vosso mestre”? Como nós entendemos esse
texto? O que Jesus quer nos ensinar?
Esse é um típico texto
em que nós precisamos começar do começo. Jesus estava falando de homens que se
consideravam e eram considerados pelas pessoas mestres. E estes são os escribas
e os fariseus.
Por isso é
interessante notar que logo antes disso Jesus teve uma conversa com os fariseus
onde estes, mais uma vez, tentaram armar uma cilada para Jesus e se deram mal.
Porque Jesus fez uma pergunta aos fariseus sobre o Antigo Testamento e eles,
que se consideravam mestres das Escrituras, não souberam responder.
E é aí que Mateus dá
início a este novo bloco onde ele diz que Jesus começa a falar à multidão e aos
seus discípulos. Este, muito provavelmente, é o relato onde Jesus fala da forma
mais dura a respeito dos fariseus. E o que ele acusa nos fariseus é a sua
hipocrisia.
O fato de eles não viverem
uma vida condizente com aquilo que ensinavam e exigiam das pessoas. Jesus diz
que eles colocavam fardos enormes sobre as pessoas. Mas esses fardos que eles
colocavam pela pregação das Escrituras eles mesmos não queriam carregar nem com
um dedo.
Para muita gente isso
é motivo para não prestar atenção à mensagem do pastor ou mesmo não participar
mais dos cultos. Quantas vezes a gente já ouviu de cristãos que abandonaram a
igreja porque “não se identificaram” com o pastor? Ou, se ainda participam,
ficam só procurando os defeitos.
Agora, será que Jesus
concordaria com uma pessoa que age assim? Que deixa de ouvir a Palavra de Deus
só porque ela tem um problema com o pastor?
Vejam que Jesus diz
aqui – aliás, antes da bronca aos fariseus – que os escribas e os fariseus estavam
sentados na cadeira de Moisés. E a pergunta que, naturalmente, fazemos é: “quem
os colocou lá”? Ora, Deus os colocou lá. Porque Deus não permite que alguém
assuma o poder a não ser que ele queira.
E Jesus deixa bem
claro o que Deus esperava daquele povo diante do que os fariseus ensinavam:
“Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas
suas obras; porque dizem e não fazem”.
Apesar do ensino dos
fariseus sobre o Antigo Testamento ser insuficiente e, às vezes, equivocado; e
apesar de eles próprios não fazerem aquilo que ensinavam, Deus os mantinha lá
para que a sua Palavra fosse anunciada ao povo. A cadeira de Moisés não é nada menos
do que o Ministério Pastoral.
Em outras palavras, o
que Jesus disse foi o seguinte: Enquanto eles estiverem anunciando a Palavra de
Deus (como lhes cabe fazer) vocês devem ouvir e obedecer. E se o problema está
naquilo que eles fazem ou deixam de fazer, então ignorem o tipo de pessoa que
eles são e olhem para eles apenas no seu ofício que é serem representantes de
Deus pela pregação da sua Palavra.
E o mesmo é válido
para nós. Pastores não são super-homens nem seres superiores, e sim seres
humanos falhos e pecadores como qualquer um. Mas se estão anunciando a Palavra
de Deus (como lhes cabe fazer) devemos ouvi-los e obedecer-lhes. Não por eles,
mas por causa daquele a quem anunciam e que os colocou neste ofício. E este é
Jesus.
Se o pastor vive de acordo
com o que ensina, ótimo, pois as Escrituras pedem isso dele. Porém, mesmo que a
coisa não seja bem assim, enquanto pregadores da Palavra de Deus, devemos
honrá-los e ajuda-los, pois é o que as Escrituras pedem de todos nós como
cristãos.
E a coisa acontece
assim de tal forma que se rejeitamos a pregação, rejeitamos não o pastor, mas o
próprio Cristo que vem a nós na mensagem e, certamente, ele nos rejeitará no último
dia. E se acolhemos a pregação, não é para o pastor que a acolhemos, e sim para
que, por meio da pregação da Palavra de Deus, nós recebamos a Cristo e junto
com ele a vida eterna.
O mal dos fariseus não
era anunciar a Palavra de Deus de forma dura – como, muitas vezes, ela é. O
fardo que eles colocavam sobre as pessoas não vinha deles, vinha da Lei de
Deus. E essa é pesada. Essa ninguém suporta.
O mal dos fariseus era
não fazer isso pensando no bem e na salvação das pessoas, mas no seu próprio
reconhecimento e mérito. Porque quanto mais eles exigiam das pessoas, mais santos
eles pareciam ser.
E nós precisamos ter
esta consciência também. Saber que do púlpito não se anuncia outra coisa que
não seja a Palavra de Deus. E esta Palavra sempre vem para trazer salvação,
mesmo que, por vezes, esta Palavra seja tão dura que nós sejamos tentados a
reclamar do pregador.
Seja como for, com
tudo isso Jesus mostra como as coisas devem funcionar na igreja para que a
igreja funcione. A coisa não é assim: O pastor [no topo], a diretoria [no meio]
e a congregação [em baixo]. Mas o pastor, a diretoria e a congregação, todos
lado a lado com o mesmo objetivo de continuar anunciando a Palavra de Deus.
Por isso, é evidente
que não tem problema nenhum se admiramos esta ou aquela pessoa. Até porque, na
maioria das vezes, essas são pessoas que merecem o nosso reconhecimento.
Porém, o que Jesus
quer lembrar é que, diante de Deus, estamos todos lado a lado. Somos irmãos.
Jesus é o Mestre. Podemos ter funções diferentes, capacidades diferentes como,
de fato, temos. Somos pastor, diretoria e congregação, cada qual com suas
responsabilidades. Porém um mesmo propósito: Manter a pregação da Palavra de
Deus tanto aqui como lá fora.
Porque esta é a
vontade de Deus: continuar usando pessoas falhas e pecadoras para anunciar a
sua Palavra. Falhas para que a glória seja dada a Deus e não a nós. E pecadoras
para que saibam falar como é bom ser alguém perdoado por Deus.
“Vós, porém...” diz
Jesus, diferente dos fariseus, não serão orgulhosos. Pelo contrário, terão um
coração voluntário para se colocar debaixo do próximo para o ajudar na sua
fraqueza, no seu sofrimento e no seu pecado. Sendo, não juízes, mas servos uns
dos outros.
Outubro, mês de datas
importantes das quais lembramos o dia do professor. É com razão que somos
gratos aos nossos mestres que se dedicam ao ensino, pois devemos muito a eles. Mas,
com certeza, mais gratos ainda somos a Jesus, o Mestre de todos nós que, no
ensinar e viver, nos ensinou sobre o amor e a misericórdia de Deus. E, pela
pregação das Escrituras, nos ensina e mantém no caminho da salvação. Amém.