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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Mensagem 21º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 43; Mq 3.5-12; 1Ts 4.1-12; Mt 23.1-12 – 21º dom. após Pentecostes A 2014
Pregamos e vivemos a Palavra de Deus
v. 8: “Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos”.
Outubro foi um mês de muitas datas. Dentre elas, datas importantes para nós luteranos: A Reforma no dia 31; os 111 anos do Seminário no dia 27. E também lembramos o dia do professor, no dia 15. Estes que, assim como Lutero fez e o Seminário faz, se dedicam ao ensino daquilo que é importante para a nossa vida.
Com certeza, cada um de nós tem para si o seu mestre. Aquela pessoa que você admira muito. Pode ser o pai ou a mãe; pode ser um professor da escola ou da faculdade; ou mesmo pode ser uma pessoa simples, mas que tem sabedoria para lidar com as mais diversas situações da vida. O fato é que cada um tem o seu mestre.
Mas será que isso não vai contra o ensinamento de Jesus que nós lemos há pouco: “Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso mestre”? Como nós entendemos esse texto? O que Jesus quer nos ensinar?
Esse é um típico texto em que nós precisamos começar do começo. Jesus estava falando de homens que se consideravam e eram considerados pelas pessoas mestres. E estes são os escribas e os fariseus.
Por isso é interessante notar que logo antes disso Jesus teve uma conversa com os fariseus onde estes, mais uma vez, tentaram armar uma cilada para Jesus e se deram mal. Porque Jesus fez uma pergunta aos fariseus sobre o Antigo Testamento e eles, que se consideravam mestres das Escrituras, não souberam responder.
E é aí que Mateus dá início a este novo bloco onde ele diz que Jesus começa a falar à multidão e aos seus discípulos. Este, muito provavelmente, é o relato onde Jesus fala da forma mais dura a respeito dos fariseus. E o que ele acusa nos fariseus é a sua hipocrisia.
O fato de eles não viverem uma vida condizente com aquilo que ensinavam e exigiam das pessoas. Jesus diz que eles colocavam fardos enormes sobre as pessoas. Mas esses fardos que eles colocavam pela pregação das Escrituras eles mesmos não queriam carregar nem com um dedo.
Para muita gente isso é motivo para não prestar atenção à mensagem do pastor ou mesmo não participar mais dos cultos. Quantas vezes a gente já ouviu de cristãos que abandonaram a igreja porque “não se identificaram” com o pastor? Ou, se ainda participam, ficam só procurando os defeitos.
Agora, será que Jesus concordaria com uma pessoa que age assim? Que deixa de ouvir a Palavra de Deus só porque ela tem um problema com o pastor?
Vejam que Jesus diz aqui – aliás, antes da bronca aos fariseus – que os escribas e os fariseus estavam sentados na cadeira de Moisés. E a pergunta que, naturalmente, fazemos é: “quem os colocou lá”? Ora, Deus os colocou lá. Porque Deus não permite que alguém assuma o poder a não ser que ele queira.
E Jesus deixa bem claro o que Deus esperava daquele povo diante do que os fariseus ensinavam: “Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem”.
Apesar do ensino dos fariseus sobre o Antigo Testamento ser insuficiente e, às vezes, equivocado; e apesar de eles próprios não fazerem aquilo que ensinavam, Deus os mantinha lá para que a sua Palavra fosse anunciada ao povo. A cadeira de Moisés não é nada menos do que o Ministério Pastoral.
Em outras palavras, o que Jesus disse foi o seguinte: Enquanto eles estiverem anunciando a Palavra de Deus (como lhes cabe fazer) vocês devem ouvir e obedecer. E se o problema está naquilo que eles fazem ou deixam de fazer, então ignorem o tipo de pessoa que eles são e olhem para eles apenas no seu ofício que é serem representantes de Deus pela pregação da sua Palavra.
E o mesmo é válido para nós. Pastores não são super-homens nem seres superiores, e sim seres humanos falhos e pecadores como qualquer um. Mas se estão anunciando a Palavra de Deus (como lhes cabe fazer) devemos ouvi-los e obedecer-lhes. Não por eles, mas por causa daquele a quem anunciam e que os colocou neste ofício. E este é Jesus.
Se o pastor vive de acordo com o que ensina, ótimo, pois as Escrituras pedem isso dele. Porém, mesmo que a coisa não seja bem assim, enquanto pregadores da Palavra de Deus, devemos honrá-los e ajuda-los, pois é o que as Escrituras pedem de todos nós como cristãos.
E a coisa acontece assim de tal forma que se rejeitamos a pregação, rejeitamos não o pastor, mas o próprio Cristo que vem a nós na mensagem e, certamente, ele nos rejeitará no último dia. E se acolhemos a pregação, não é para o pastor que a acolhemos, e sim para que, por meio da pregação da Palavra de Deus, nós recebamos a Cristo e junto com ele a vida eterna.
O mal dos fariseus não era anunciar a Palavra de Deus de forma dura – como, muitas vezes, ela é. O fardo que eles colocavam sobre as pessoas não vinha deles, vinha da Lei de Deus. E essa é pesada. Essa ninguém suporta.
O mal dos fariseus era não fazer isso pensando no bem e na salvação das pessoas, mas no seu próprio reconhecimento e mérito. Porque quanto mais eles exigiam das pessoas, mais santos eles pareciam ser.
E nós precisamos ter esta consciência também. Saber que do púlpito não se anuncia outra coisa que não seja a Palavra de Deus. E esta Palavra sempre vem para trazer salvação, mesmo que, por vezes, esta Palavra seja tão dura que nós sejamos tentados a reclamar do pregador.
Seja como for, com tudo isso Jesus mostra como as coisas devem funcionar na igreja para que a igreja funcione. A coisa não é assim: O pastor [no topo], a diretoria [no meio] e a congregação [em baixo]. Mas o pastor, a diretoria e a congregação, todos lado a lado com o mesmo objetivo de continuar anunciando a Palavra de Deus.
Por isso, é evidente que não tem problema nenhum se admiramos esta ou aquela pessoa. Até porque, na maioria das vezes, essas são pessoas que merecem o nosso reconhecimento.
Porém, o que Jesus quer lembrar é que, diante de Deus, estamos todos lado a lado. Somos irmãos. Jesus é o Mestre. Podemos ter funções diferentes, capacidades diferentes como, de fato, temos. Somos pastor, diretoria e congregação, cada qual com suas responsabilidades. Porém um mesmo propósito: Manter a pregação da Palavra de Deus tanto aqui como lá fora.
Porque esta é a vontade de Deus: continuar usando pessoas falhas e pecadoras para anunciar a sua Palavra. Falhas para que a glória seja dada a Deus e não a nós. E pecadoras para que saibam falar como é bom ser alguém perdoado por Deus.
“Vós, porém...” diz Jesus, diferente dos fariseus, não serão orgulhosos. Pelo contrário, terão um coração voluntário para se colocar debaixo do próximo para o ajudar na sua fraqueza, no seu sofrimento e no seu pecado. Sendo, não juízes, mas servos uns dos outros.
Outubro, mês de datas importantes das quais lembramos o dia do professor. É com razão que somos gratos aos nossos mestres que se dedicam ao ensino, pois devemos muito a eles. Mas, com certeza, mais gratos ainda somos a Jesus, o Mestre de todos nós que, no ensinar e viver, nos ensinou sobre o amor e a misericórdia de Deus. E, pela pregação das Escrituras, nos ensina e mantém no caminho da salvação. Amém.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Mensagem culto comemorativo da Reforma Luterana



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 46; Ap 14.6-7; Rm 3.19-28; Jo 8.31-36 – Reforma 2014
A verdade que nos torna livres
v. 32: “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”.
Neste culto festivo, quando comemoramos os 497 anos da Reforma Luterana firmada por Martinho Lutero em 31 de outubro de 1517, é evidente que não poderíamos deixar de lembra-lo. Por outro lado, também não podemos falar só de Lutero e deixar de lado a Palavra de Deus.
E foi tentando unir as duas coisas que eu lembrei deste livrinho escrito por Martinho Lutero. O título é “Do Cativeiro Babilônico da Igreja”. E antes de qualquer coisa, é importante que a gente entenda porque tem esse título.
A ideia de Lutero vem daquele episódio do Antigo Testamento onde o povo de Judá foi atacado pelos babilônicos e foi levado como escravo para a Babilônia. Com isso os judeus, que antes eram livres na terra de Canaã passaram a ser escravos. A sua situação era de cativeiro. E daí o título que Lutero escolhe para este seu livro: “Do Cativeiro Babilônico da Igreja”.
Mas neste livro Lutero não quer falar da história do cativeiro babilônico, e sim, lembrando aquele episódio, falar contra alguns abusos que vinham acontecendo dentro da Igreja da sua época que estavam aprisionando, escravizando o coração, a mente e a consciência das pessoas.
Lutero aponta para várias coisas que precisavam ser reformadas, como também o faz em outros livros. E dentre estas tantas coisas hoje nós queremos pensar especialmente sobre três que estão sempre muito próximas de nós: o Batismo, a Santa Ceia e o culto público.
Em primeiro lugar, o batismo chegou ao ponto de ser visto e realizado como sendo nada mais do que um costume da Igreja. As pessoas nem sabiam mais ao certo porque levavam as crianças para serem batizadas.
E aí entra o primeiro cativeiro, a primeira forma de colocar um jugo sobre as pessoas: o batismo não era entendido como algo que nos liga a Deus, mas que nos liga à igreja. Para que por causa da igreja, através da igreja nós tenhamos acesso a Deus. Em outras palavras, o intermediário entre o homem e Deus já não é Cristo, mas a igreja.
Hoje, em muitas realidades, a coisa não é muito diferente. O batismo continua sendo realizado. Pais continuam levando seus recém-nascidos à pia batismal. E que bom! Que continuem levando. Mas melhor ainda seria se as pessoas realmente soubessem o que elas estão fazendo ao levar uma criança para ser batizada.
E neste ponto Lutero começa muito bem. Ele diz que em primeiro lugar nós devemos olhar para a promessa divina que está por trás do batismo: “Quem crer e for batizado será salvo”. (Está lá no finalzinho de Marcos) O batismo traz salvação. O batismo traz vida eterna.
E se o batismo concede salvação, é evidente que muita coisa vem junto. É como se fosse um pacote onde nós recebemos, já antes do céu, o perdão, a fé e a adoção como filhos de Deus.
No batismo Deus nos leva para dentro da sua casa. Fazemos parte da sua família e isso nos garante que estaremos sempre com ele. Conforme Jesus diz no texto de hoje: o escravo não fica para sempre em casa, mas o filho sim. Porque o filho nunca deixa de ser filho.
E a prova de que tudo isso é verdade, Lutero diz que é a nossa vida. Se existe luta contra o pecado, contra o velho homem, a nossa própria natureza pecaminosa, isso tudo é porque no batismo fomos feitos uma nova criatura que agora vive não para si mesmo, mas para o seu redentor.
É isso que diz o apóstolo Paulo em Rm 6.4, que no batismo a maldade humana é afogada pela água e passamos a ser nova criatura: “Fomos, pois, sepultados com ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida”.
E Lutero diz ainda o seguinte: “Por isso compreenderás que tudo o que fizermos nessa vida para servir à mortificação da carne e à vivificação do espírito diz respeito ao Batismo”. Um único e simples ato, o batismo, nos livra do poder da morte, do pecado e do diabo.
O segundo cativeiro nós temos na Santa Ceia, quando as pessoas entendiam que elas precisavam da permissão da igreja para participar da Santa Ceia. Então eu preciso primeiro me confessar ao padre para que ele faça uma ou mais orações e isso me habilite a tomar a Santa Ceia.
Vamos entender bem isso. Não que tenha algo de errado em confessar ao nosso pastor aquilo que nos pesa no coração. E com certeza se as pessoas desabafassem mais, sofreriam menos. Mas o ponto é o seguinte: não é o pastor quem nos permite ou nos proíbe o participar da Santa Ceia. E sim a nossa fé e a nossa consciência diante de Deus.
Outra coisa interessante também é que nos dias de Lutero apenas a hóstia era distribuída aos fiéis. E a justificativa se resumia a uma frase simples: onde há corpo, há sangue. Infelizmente, a razão parecia ser outra: a Igreja havia se corrompido de tal forma que tinha se tornado uma máquina de acumular dinheiro. E não dar vinho aos fiéis também era uma forma de economizar.
Da mesma forma como quanto ao batismo, certas coisas não mudaram. Ainda hoje, em muitas igrejas, os comungantes recebem apenas o pão. Em outras, a Santa Ceia não acontece em todos os cultos. Mas a pergunta que fica é: Na Santa Ceia, eu preciso tomar o vinho, ou a hóstia já é o suficiente?
“Onde há corpo, há sangue”. Sim, é verdade. Tanto é que um doente ou alguém que toma remédio e não pode ingerir bebida alcoólica pode participar da Santa Ceia, mas vai comer só o pão e não vai ser menos fortalecido por causa disto. No entanto, será que não devemos levar em conta o modo como Jesus instituiu a Santa Ceia? A forma como ele realizou a primeira Santa Ceia?
Claro que sim! Jesus não disse apenas “tomai e comei, isto é o meu corpo” ou “tomai e bebei, isto é o meu sangue”, mas as duas coisas. O corpo que sofreu e morreu em lugar dos pecadores. O sangue suado no Getsêmani, vertido na cruz do Calvário em lugar dos pecadores. É isto que Cristo oferece na Santa Ceia.
Na Santa Ceia nós literalmente comemos, mastigamos e degustamos o sabor do perdão e do amor de Deus. Na Santa Ceia Deus nos serve com um banquete espiritual que nos prepara para o grande banquete que dele receberemos no céu.
Por isso as palavras da nossa liturgia que seguem após a Santa Ceia são as do cântico de Simeão: “Senhor, agora despedes em paz o teu servo... porque os meus olhos já viram a tua salvação”. Isso não significa que depois da Santa Ceia eu já posso ir embora, mas muito mais do que isso, eu posso morrer em paz, na certeza da salvação.
Em terceiro lugar, o culto divino estava sendo negado ao povo de Deus. No tempo de Lutero, se entendia que o culto é um sacrifício que nós realizamos ao nosso Deus. E mesmo o culto sendo realizado em latim, e o povo não entendendo nada do que os padres e bispos falavam, depositavam a confiança da sua salvação no simples fato de irem à igreja.
Na verdade, isso nem parece coisa da Idade Média. Quanta gente hoje ainda pensa que o culto é um sacrifício a Deus. E vão ao culto de má vontade porque pensam que estão só cumprindo com uma obrigação. Há também os que vão no culto, mas não participam efetivamente nos hinos, nas orações. Refletindo, prestando à atenção.
E não raramente se ouve dizer: ah! Mas eu faço a minha parte. Eu vou no culto, eu faço a minha oferta. E caem no grande pecado de depositarem nas suas ações a certeza da sua salvação. Conforme diz Lutero: “O que devem receber como benefício, ofereceram a Deus”. Como se o culto fosse uma obra humana. E, assim, mesmo livres, escravizam a si mesmos.
O culto não é um sacrifício. O sacrifício que era necessário já foi realizado. Cristo se fez sacrifício por nós. E o culto é o momento em que Deus vem até nós e nos supre com todas as bênçãos, dádivas e dons que o sacrifício de Cristo nos concede.
O cristão não precisa carregar em seus ombros o peso de leis e mandamentos porque toda a Lei e todos os mandamentos Jesus cumpriu em nosso lugar. Não somos mais cativos, não somos escravos do poder que o pecado, a morte e o diabo tinham sobre nós.
Agora somos livres e nesta liberdade podemos servir ao nosso Deus com o coração, a mente e a consciência tranquilos de que Deus já nos amou em Cristo e nos aceita mesmo na nossa imperfeição. E, principalmente, somos livres para receber de Deus tudo aquilo que ele nos oferece. Porque conhecemos a Cristo, ele que é a verdade que nos liberta. Amém.

sábado, 18 de outubro de 2014

Dia das Crianças 2014










































































































































     

O Dia das crianças em Juína foi na congregação Cristo. Após o culto, os membros ficaram para um almoço ao meio-dia, que foi seguido por brincadeiras para as crianças (e os pais também). 
Corrida do pezão. É preciso dar um passo de cada vez.

E os vencedores: Michel e Michele.


Vamos ver quem coloca o rabo no burro vendado.
Moral da história: Os pais também precisam ouvir os filhos.
É preciso fôlego para segurar o feijão na ponta do canudo, trazer até o copo e depois ter boa pontaria para acertá-lo.
Mais fôlego ainda para soprar as bolas de algodão para o outro campo sem deixar que nenhuma venha para o próprio.
Agora é vez de estourar o balão.
Pegar uma maçã numa bacia cheia d'água sem usar as mãos não deve ser nada fácil.
... mas alguns conseguiram.
Hora do bolo para comemorar.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Mensagem 19º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 96; Is 45.1-7; 1Ts 1.1-10; Mt 22.15-22 – 19º dom. após Pentecostes A 2014
Bons cristãos e bons cidadãos
v. 21: “Então, lhes disse: Dai a César o que e de César e a Deus o que é de Deus”.
Um dos assuntos que sempre está na boca do povo e que sempre gera muita discussão é a política. Ainda mais agora em época de eleição. Cada um defendendo o seu partido, o seu candidato. E os próprios partidos também, em autodefesa, muitas vezes usam da arma do ataque procurando falhas nos outros partidos e candidatos.
Nada disso é novidade na história. O texto de hoje nos reporta a uma situação bem semelhante a essa: Uma questão política que incomodava muita gente; partidos defendendo o seu posicionamento e Jesus ali no meio.
Nós temos acompanhado nos últimos cultos quatro parábolas que Jesus contou na presença das autoridades religiosas de Jerusalém. Como essas parábolas foram praticamente uma indireta (senão uma direta) aos fariseus, os anciãos, os sacerdotes, enfim, eles se retiraram de perto de Jesus para pensar em algum jeito de, pelo menos, encontrar um motivo para acusar Jesus de alguma coisa.
O texto começa assim, dizendo que os fariseus se reuniram para pensar em como surpreenderiam Jesus. Interessante que essa palavra “surpreender” tem a ideia de armar uma armadilha. O que nos mostra exatamente o que eles queriam: esquematizar uma armadilha para pegar Jesus, mesmo que fosse em uma palavra. Mais ou menos assim: se Jesus dissesse “mas” em vez de “porém”, por mais que seja a mesma coisa, para os fariseus já seria motivo de acusação.
Mas antes de irmos adiante no texto (e para entendermos ele bem) precisamos entender o quadro político e religioso que estava por trás disso tudo. A situação era a seguinte: Toda aquela região da Palestina – e isso, claro, inclui Jerusalém, onde moravam os judeus – estava sendo governada pelo Império Romano que havia conquistado aquela região.
O lado bom era que os romanos realmente investiam nas cidades que eles conquistavam com estradas, praças, estabelecimentos e assim por diante. Por outro lado, para que tudo isso fosse possível, eles precisavam de dinheiro. E esse dinheiro vinha de impostos: Impostos da comida, Impostos da propriedade, impostos, impostos, impostos. Portanto, não muito diferente da realidade em que vivemos.
E isso, naturalmente, gerava divisões no povo. Os fariseus, por exemplo, como parte do povo judeu, se sentiam invadidos e não se sentiam à vontade em pagar impostos a um invasor. E do outro lado, estavam os herodianos que, como o próprio título sugere, apoiavam o Império Romano.
Agora podemos seguir com o texto e nos depararmos com um absurdo: fariseus e herodianos juntos vão falar com Jesus. De início, nós é que ficamos surpreendidos com a notícia. Mas daqui há pouco tudo vai ficar claro.
Eles chegam a Jesus, enchem Jesus de elogios, mas logo vem a pergunta que eles tanto planejaram: O que você pensa a respeito disso: “É lícito pagar tributo a César ou não”?
A armadilha, aparentemente perfeita, estava armada. Se Jesus dissesse que era certo pagar impostos aos romanos, ele teria problema com os fariseus; se dissesse que não era certo pagar impostos aos romanos, ele teria problema com os herodianos. Em outras palavras, qualquer que fosse a resposta de Jesus, ele seria levado a julgamento.
Talvez muitos de nós, como cristãos, já tenhamos nos encontrado em uma situação semelhante à de Jesus. Por exemplo, quando a sociedade ou o Estado defendem certas coisas que a Igreja reprova. E podemos até mesmo ser tentados a questionar o ensino da Igreja e a própria Palavra de Deus pelo fato de tantas pessoas estarem pensando ou agindo de forma diferente do que nós aprendemos.
O que fazer diante dessas situações? Vamos ver o que Jesus fez naquela situação: Depois de lembrar os fariseus e os herodianos que eles são uns hipócritas, Jesus pede que eles tragam uma moeda. E eles trazem um denário – uma moeda de prata com a efígie do imperador romano.
E, com isso, Jesus responde a pergunta deles: “Dai a César o que e de César e a Deus o que é de Deus”.
Alguém até poderia dizer que Jesus ficou com medo e, por isso, não defendeu nem um nem outro. Mas na verdade Jesus fica em cima do muro nem tanto para se livrar da armadilha, e sim porque essa é a coisa certa a ser feita.
Jesus nos faz lembrar que nós temos tanto responsabilidades diante do Estado como diante de Deus. Jesus nos lembra da nossa dupla cidadania: A cidadania brasileira por nascimento e a cidadania cristã pela imigração do batismo. Como cidadãos brasileiros estamos subordinados às autoridades que Deus instituiu e colocou sobre nós.
Isso não significa que esses cargos de autoridade vão ser sempre ocupados por pessoas justas. O que acontece (e isso a gente não pode esquecer) é que Deus os colocou lá. E se não estão fazendo aquilo para o que foram eleitos, é com Deus que eles vão fazer o acerto de contas.
A nós, como cidadãos e, especialmente, como cidadãos cristãos cabe orar por eles e fazer o que está ao nosso alcance pelo bem da sociedade. Começando pelo anúncio da palavra de Deus.
Diante de tanta corrupção, é muito comum a gente ouvir alguém dizendo assim: Se fosse eu, eu não seria corrupto. Só que esse tipo de frase nos faz lembrar dum outro texto bíblico que diz assim: Foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei.
Muitas vezes a pessoa tem a cara-de-pau de roubar vinte centavos no troco da padaria, quem disse que se ela tivesse a chance de desviar alguns milhões para a sua conta bancária, ela não faria? Todos nós somos corruptos por natureza. E se não fosse Deus habitar em nós e lutar contra o nosso pecado nós só saberíamos proceder de forma corrupta – em tudo o que nós fazemos!
Por isso, na nossa dupla cidadania, deveríamos reclamar menos e fazer mais. Começando pelo anúncio da palavra de Deus. Porque só Deus pode lutar contra a corrupção do nosso pecado. Se queremos uma sociedade mais justa, precisamos de uma sociedade cristã.
E, para isso, qual vai ser o nosso partido? Onde nós vamos trabalhar? O nosso partido não deve ser de levantar bandeira e defender interesses. Mas precisa ser aquele do qual o apóstolo Paulo falou em Filipenses – aliás, texto que nós lemos há pouco tempo: O partido de Cristo.
É a ele que nós servimos. E para isso não precisamos procurar nem apontar as falhas de ninguém. É a sua mensagem (de Cristo) e as suas obras que nós queremos que as pessoas conheçam. Nas urnas, não sabemos quem elas vão eleger. Mas, no seu coração, elas precisam ter eleito Jesus como o Rei dos reis.
E naquelas questões onde o Estado e a Igreja estão num cabo de guerra, precisamos lembrar do que diz o livro de Atos: Antes importa obedecer a Deus do que aos homens. Não demos ouvidos ao que tantos e tantos partidos estão defendendo por aí a partir dos seus próprios interesses. Nós somos do partido de Cristo.
E por fazermos parte desse partido é que podemos dar a César o que é de César, vivendo e servindo como bons cidadãos; e dar a Deus o que é de Deus, vivendo e servindo como bons cristãos. Amém.