Páginas

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Mensagem 7º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 125; Dt 7.6-9; Rm 8.28-39; Mt 13.44-52 – 7º dom. após Pentecostes A 2014
O tesouro do reino de Deus
v. 44: “O reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, escondeu. E, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo”.
Não são poucos os filmes, histórias e relatos que falam de pessoas que dedicaram grande parte de suas vidas em busca de um tesouro ou de algo muito desejado. “A grande ambição dele era encontrar tal coisa!” Uma quantia de dinheiro, a conclusão de um experimento científico, uma grande descoberta. Enfim, muitas são as pessoas que dedicam suas vidas a um determinado propósito que, do ponto de vista delas, é a coisa mais importante e valiosa nesse mundo.
E você? Qual é o seu tesouro? Onde você dedica a sua vida? Afinal, poucas coisas são tão certas como o que nós cantamos: “Onde está o seu tesouro, ali estará o seu coração”. E se ali está o seu coração, também está você todo, o seu amor, a sua dedicação.
No texto de hoje, Jesus também fala de coisas muito preciosas. Ele até chega a falar de um tesouro. São três parábolas curtas que Jesus conta de uma vez só. Primeiro de um homem que encontrou um tesouro e vendeu tudo o que tinha para poder ficar com ele; depois de um homem que encontrou uma pérola e também vendeu tudo o que possuía para ficar com aquela pérola. E na terceira parábola, o que é precioso é o fato daqueles peixes bons terem sido pescados e recolhidos. Depois a gente vai ver isso com mais calma.
Como sempre, nas parábolas de Jesus, o que importa não é tanto a história, mas a moral da história. A mensagem que ela transmite. E aqui fica fácil. Como Jesus sempre começa dizendo que “o reino dos céus é semelhante a” tal coisa, não há dúvida de que essas coisas preciosas – o tesouro, a pérola e a pesca – se referem ao reino de Deus.
O que Jesus nos ensina com essas três parábolas é a preciosidade do reino de Deus. E a preciosidade do reino de Deus é algo que excede em muito qualquer coisa que nós consideremos de grande valor. Essa é a razão porque Jesus diz para buscarmos o seu reino em primeiro lugar, nos importando um pouco menos com as outras coisas.
Na verdade, essa é uma consequência natural de quem faz parte do reino de Deus: coloca-lo em primeiro lugar. Colocar ali o nosso coração. Vejamos quais foram as atitudes daqueles dois homens:
O primeiro, que encontrou um tesouro, o escondeu porque de jeito nenhum ele queria perder esse tesouro. Então ele foi, vendeu tudo o que tinha só para comprar aquele pedaço de terra onde o tesouro estava guardado.
O segundo, que encontrou uma pérola preciosa, fez a mesma coisa. Vendeu tudo o que tinha só para comprar aquela pérola.
Claro que a mensagem aqui não é que devemos ser egoístas querendo o reino de Deus só para nós, escondendo dos outros, guardando dos outros. Também não significa que é com o nosso dinheiro que vamos comprar o reino de Deus. Isso seria contrário a todo o restante das Escrituras.
O que Jesus quer mostrar é a atitude natural de alguém que chegou à fé e, assim, passou a fazer parte do reino de Deus: Ele se desfaz daquilo que já não serve mais. Ele se desfaz daquilo que pertencia a uma vida antiga, uma vida sem Deus, uma vida sem Cristo, uma vida sem salvação.
Ele se desfaz dos seus próprios interesses, das suas paixões carnais, dos seus pecados porque tudo isso não faz mais parte da sua vida. Agora ele tem uma nova vida e essa nova vida é completamente diferente. E ele nem se desfaz dessas coisas por obrigação, ou para ganhar alguma coisa, porque ele já ganhou. Ele se desfaz daquilo que não convém mais, e faz isso com alegria, diz o texto “transbordante de alegria”.
Por isso é natural ao cristão essa tentativa, esse desejo todos os dias de recomeçar. De deixar para trás aquilo que já não faz mais sentido, que não tem mais utilidade nessa nova vida no reino de Deus.
E que coisa boa saber que Deus mesmo nos ajuda nessa mudança. É ele quem nos dá forças e todo o necessário para mudar aquilo que tem que mudar e manter aquilo que tem que manter. É ele quem luta contra o pecado por nós e nos guia em uma nova vida de dedicação exclusiva no seu Reino.
O que é diferente dos filmes e das histórias quando falamos do reino de Deus é que lá as pessoas sempre sabem, ou pelo menos têm uma ideia, do que querem encontrar. Já o reino de Deus é algo que não pertence a esse mundo e, portanto, naturalmente, não está ao nosso alcance. É preciso acontecer o que hoje nós podemos pedir na oração do Pai Nosso: que o reino de Deus venha até nós.
E isso Deus fez primeiro em Jesus. Jesus é o reino de Deus. E Deus continua fazendo através da Igreja que continua lançando as redes. Assim como não sabemos quais peixes cairão na rede, mas o importante é pescar, assim também não sabemos quem dará ouvidos à mensagem da salvação, mas o importante é anunciar.
A gente até pode fazer uma comparação interessante aqui. Dizem alguns estudiosos que, naquele tempo, os pescadores só tinham dois tipos de rede: a tarrafa, que se jogava com as mãos, e outra que era de varredura, que eles seguravam entre dois barcos e a rede fazia todo o trabalho, depois era só recolher.
Assim também são duas redes que Deus usa para pescar gente e recolher para dentro do seu Reino: uma se chama Lei e a outra Evangelho. A rede da Lei para mostrar como estamos enleados em nossos pecados e não temos como fugir dali. E a rede do Evangelho para lembrar que Deus, em Cristo, nos resgatou e nos libertou.
As duas redes precisam ser lançadas. E as duas precisam ser levadas a sério. No reino de Deus somos livres pelo Evangelho da salvação. E a Lei de Deus é o que nos orienta. Que nos mantém buscando em primeiro lugar o reino de Deus.
OK, mas como vamos buscar esse reino, servir nesse reino se não sabemos nem onde fica? Onde está o reino de Deus? Na verdade, vocês sabem que o próprio Jesus respondeu essa pergunta. E ele disse que ninguém pode dizer “olha, lá vem o reino de Deus” ou então “o reino de Deus fica ali” porque o reino de Deus está dentro de vós e no meio de vós.
Isso quer dizer que o reino de Deus está em todo lugar. E que se Cristo, que é o reino de Deus, está no meu coração, então também posso olhar para o meu próximo e ver Cristo nele. Eu servir a Deus servindo o meu próximo.
Quando aquela mãe de família capricha no almoço, mantém a casa arrumada, ela serve no reino de Deus. Quando o filho respeita e obedece a seu pai, ele serve no reino de Deus. Quando o empregado ou o empreendedor trabalham de forma honesta, eles servem no reino de Deus. E Deus se alegra com isso.
Não existe lugar nem hora para servir a Deus. Já fazemos parte do seu reino se pela fé cremos em Jesus como nosso Senhor e salvador. Nessa nova vida em Cristo, tudo o que fazemos é para Deus, queiramos nós ou não. E Deus, por causa de Cristo, recebe com grande alegria a nossa tentativa de servir no seu Reino.
E tudo isso acontece pela fé. É pela fé que podemos deixar para trás aquilo que não faz parte dessa nova vida. É pela fé que somos bons peixes recolhidos ao cesto. Não que nós sejamos bons, mas Deus nos fez assim. E a cada dia também quer melhorar ainda mais a nossa vida. Uma vida de fé e consequente amor ao nosso próximo.
É nessa fé que Deus quer nos manter para que sempre possamos reconhecer o seu reino, o próprio Cristo e a salvação, como a coisa mais preciosa que existe. O nosso maior tesouro. Amém.

sábado, 19 de julho de 2014

Mensagem 6º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 119.57-64; Is 44.6-8; Rm 8.18-27; Mt 13.24-30,36-43 – 6º dom. após Pentecostes A 2014
Deus conhece quem somos
v. 30: “Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro”.
Todo início de ano (pelo menos era assim), o Seminário Concórdia distribui um pequeno livreto chamado “quem é quem”. Nesse livreto tem uma foto 3X4 e o nome de todos os alunos, professores e funcionários do Seminário para que todos possam saber quem é quem. Já pensaram se Deus tivesse um livreto desses? Como seria? Ou quem sabe ele já tenha?
O texto do evangelho para este 6º domingo após Pentecostes conta a parábola do joio. Ou, como normalmente se diz: “do joio e do trigo”. Uma das parábolas mais conhecidas, lembradas e contadas na Igreja e também fora. Tanto é que volta e meia se ouve alguém dizer “é preciso separar o joio do trigo”.
Assim como no Seminário Concórdia, essa parábola também tem muitos “personagens”. Um “quem é quem” seria, no mínimo, interessante. E Jesus faz isso. A partir do versículo 36 Jesus faz um quem é quem da parábola quando diz exatamente o que cada coisa ou pessoa significa.
E a partir disso nós podemos pensar em algumas coisas. Em primeiro lugar, quando olhamos para essa parábola e também ao nosso redor, fica claro que o que Jesus diz aqui retrata exatamente a realidade que nos cerca. Temos o campo, o trigo e o joio.
O campo que é o mundo onde vivemos, cujo Senhor é Deus; o trigo que é o que brota de boa semente lançada pelo próprio Jesus, ou seja, a Igreja Cristã; e o joio que é o que brota de semente ruim lançada pelo próprio satanás.
O joio e o trigo, descrentes e cristãos convivem juntos em um mesmo campo. E, por vezes, mal dá para perceber a diferença entre um e outro a não ser, é claro, quando a igreja se reúne no templo e, assim, dá testemunho público da sua fé cristã.
Assim é com o joio e o trigo, embora não sejam a mesma coisa, têm uma certa semelhança. E vocês sabem que essa semelhança pode até ser perigosa. Porque se por descuido ou pressa o agricultor arrancar um pouquinho de joio, desse inço, e processar junto com o trigo já vai comprometer toda a qualidade do produto final. É mais ou menos o que Jesus diz sobre tomar cuidado com o fermento dos fariseus.
Portanto, é de extrema importância que a gente reconheça que existe o joio e o trigo e que cada um seja aquilo para o que foi designado. Se fomos chamados para ser boa semente, sejamos boa semente. Vivamos como trigo e não como joio. Em outras palavras, sejamos úteis com os nossos dons, com o nosso viver, conforme a nossa vocação. Porque o joio, afinal de contas, só serve para atrapalhar.
E de que maneira o joio atrapalha? Bom, assim como todo inço ou mato indesejável o maior problema do joio é que ele acaba por impedir o crescimento do trigo. Primeiro porque rouba os seus nutrientes por estar ali tão perto e depois não deixa que o trigo se espalhe pelo campo. Afinal, o joio já está ocupando uma grande parte.
É isso o que o mundo procura fazer com a Igreja. Primeiro rouba nossos nutrientes quando lança diante de nós inúmeros atrativos que nos fazem descuidar do nosso próprio crescimento espiritual. Tanto no conhecimento da Palavra de Deus, como na fé e na comunhão.
E também rejeita e repreende quando a Igreja anuncia a mensagem da salvação em Jesus. E, como não bastasse, ainda divulga a cada dia novas doutrinas, novos pensamentos, filosofias que desviam as pessoas e acabam transformando até trigo em joio. E, dessa maneira, impedem o crescimento, a expansão da Igreja de Cristo.
O que fazer diante dessa realidade? Nada de mais! Continuar a ser trigo. Viver como trigo. Buscar força em Deus, confiar em Deus e continuar espalhando a mensagem de Cristo. Nada além do que nós já procuramos fazer.
Até porque não há mais o que nós possamos fazer. Não cabe a nós a conversão das pessoas. Não cabe a nós transformar corações. Transformar joio em trigo. Nós fazemos o que está ao nosso alcance, com a ajuda de Deus. E Deus faz aquilo que só ele pode fazer: espalhar o trigo e faze-lo crescer.
Também tem um outro ponto importante aqui. Pela maneira como Jesus conta a parábola, ele dá a entender que mesmo dentro da Igreja não é só trigo que é semeado. Mas também ali o inimigo planta o seu joio.
E se já é difícil diferenciar o joio do trigo no campo aberto, aqui dentro fica mais difícil ainda. Porque no campo aberto, muito joio não tem vergonha de dizer que é joio nem de viver como tal. Já na Igreja, o inimigo é mais cauteloso.
Quem é o joio na Igreja? O joio na Igreja são os hipócritas. Exteriormente extremamente semelhantes ao trigo, mas por dentro são completamente diferentes. Não existe ali uma fé sincera nem boas intenções. Muitas vezes, são pessoas que participam das atividades da igreja, assumem cargos, ajudam com ofertas e trabalho. Mas, ao mesmo tempo, destroem a igreja com fofocas, intrigas, discussões, partidarismos e por aí vai.
Por causa do que fazem publicamente parecem estar ajudando e até ganham a confiança das pessoas. Mas por baixo dos panos as coisas são bem diferentes. E por essas pessoas, o diabo consegue atrapalhar o crescimento da Igreja dentro da própria Igreja.
O que fazer diante dessa realidade não é diferente do que fazemos lá fora: Anunciamos a Palavra de Deus e oramos para que essa Palavra alcance o coração dessas pessoas e as faça perceber o mal que estão fazendo e, então, mudarem suas atitudes.
Não temos o direito nem a capacidade de separar o joio do trigo. Afinal, no fundo somos todos joio por causa da nossa natureza pecaminosa. Se podemos agora ser e viver como trigo é porque a Palavra de Deus já alcançou o nosso coração e nos transformou, fez de nós uma nova criatura que agora procura em tudo viver segundo a vontade de Deus.
Mas cuidado aqui! De maneira alguma podemos descuidar da fé como se agora estivéssemos no controle da situação. Vale a pena lembrar o que Martinho Lutero disse: “O seguinte também é um ponto que é destacado na parábola que temos diante de nós, a saber, que o diabo se apossa dos corações que não prestam atenção à Palavra, e, assim, dia após dia, são mais distanciados dela, e permitem que o diabo os guie e dirija, segundo bem lhe aprouver, a tudo o que é pecado e vergonha”.
E assim como precisamos nos entregar aos cuidados de Deus, reconhecendo nossas fraquezas, também precisamos confiar nele como aquele que cuida da sua seara. Deus pode até permitir que o joio cresça junto para que ele também tenha a oportunidade de vir a ser trigo.
Porém, mesmo que isso não aconteça, mesmo que o joio e o trigo estejam tão próximos e sejam tão semelhantes, Deus sabe exatamente quem é joio e quem é trigo. Sim, Deus também tem o seu “quem é quem”. E isso significa que ninguém vai ser arrancado e lançado no lugar errado. O joio vai para onde merece; o trigo para onde não merece. Pois não merecemos nada, é Deus quem nos dá gratuitamente a salvação.
Nosso conforto também vem das últimas palavras de Jesus aqui. Chegará o dia em que o joio e o trigo serão completamente separados. O descrente e o hipócrita serão lançados na fornalha. Mas nós, que pela fé somos trigo, seremos recolhidos para junto do Senhor da seara.
O hipócrita deve temer aquele dia e se arrepender. O cristão, porém, não precisa ter medo porque confia que Deus sabe muito bem quem é joio e quem é trigo. E naquele dia também nós vamos ver quem é quem diante de Deus. Amém.

sábado, 12 de julho de 2014

Mensagem 5º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 65.9-13; Is 55.10-13; Rm 8.12-17; Mt 13.1-23 – 5º dom. após Pentecostes A 2014
A Palavra de Deus: semente que dá fruto
v. 23: “Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende; este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um”.
Quem trabalha com plantação e colheita sabe que está sempre sujeito a algum imprevisto. Assim como num ano pode dar muita coisa, no outro pode não dar nada. Também pode ser que de 100% do que foi plantado, vingue apenas sessenta ou trinta por cento. E são vários os fatores que podem influenciar na seara e impossibilitar uma boa colheita.
A parábola do semeador que Jesus conta aparece em Mateus, Marcos e Lucas. Portanto, uma parábola que ficou gravada na mente de muitas pessoas. Queremos que também fique gravada na nossa para que lembremos sempre desse ensinamento tão importante que Jesus dá com esta parábola.
Na parábola do semeador o mestre faz uso de uma cena bastante comum ou pelo menos conhecida pelas pessoas para falar do reino de Deus. Com um exemplo da agricultura Jesus fala do semear da Palavra e do colher dos frutos que esta Palavra dá.
Sabendo que a semente significa a Palavra de Deus, o solo só pode ser o lugar onde esta Palavra é semeada, lançada, ou seja, o coração. E nós percebemos que Jesus fala de quatro tipos de solo, mas de uma única semente. A semente que Deus lança é sempre a mesma, a sua Palavra. E o problema nunca está nesta semente. É no cultivo, na colheita ou no solo que podem acontecer alguns imprevistos.
Mas primeiro vamos ver quais são esses tipos de solo que Jesus fala. Primeiro Jesus fala da semente que cai na beira do caminho e as aves acabam comendo. Vocês sabem que o jeito mais comum de semear é lançar a semente com as mãos. Hoje existem máquinas que fazem esse trabalho. Mas naquele tempo, na Palestina, o que tinha? Não tinha nada. O jeito era atravessar a lavoura lançando as sementes.
E, claro, dependendo do lance ou até do vento algumas sementes podiam cair na beirada do caminho e não exatamente onde devia. Jesus vai dizer que assim é com aqueles que recebem a Palavra de Deus, porém não a compreendem.
Por isso Jesus diz que aquele que tem alguma coisa vai ter mais ainda, enquanto o que não tem, o pouco que tiver ainda lhe será tirado. Jesus está falando da fé. Aquele que recebe a Palavra, mas não entende porque não crê, esse mesmo o pouco que foi semeado em seu coração o diabo vem e leva embora para que não exista nem a chance de mais tarde essa semente germinar e a pessoa chegar à fé.
Por isso a Igreja não pode cansar de semear. A Palavra precisa ser lançada sempre de novo porque, às vezes, a semente cai na beira do caminho. E se isso já é tão importante para nós, que cremos, quanto mais para aqueles que não creem.
Aliás, é aí que entra a nossa responsabilidade como cristãos, de sermos constantemente reabastecidos pela Palavra de Deus para que, na hora da semeadura, não falte semente. Mas que estejamos não só carregados de sementes como também preparados para lança-las da melhor forma possível.
O segundo tipo de solo que Jesus fala é um solo rochoso com muito pouca terra. Assim é o coração daquele que recebe a Palavra de Deus com alegria, entusiasmo. Mas logo essa alegria vai embora.
O que acontece é que um solo raso, com pouca terra, permite que o sol penetre ali com mais vigor e a semente germina mais rápido. No entanto, como por baixo só tem pedra, a planta não consegue criar raízes e assim como ela veio também vai.
Normalmente essa é uma pessoa que recebeu a Palavra de Deus só quando adulta. E ela fica muito feliz por conhecer a mensagem do Evangelho que até então não conhecia. Só que o coração ainda é muito duro para compreender e aceitar tudo o que diz a Palavra de Deus. Então essa pessoa se encontra confusa.
É aquela pessoa que a cada domingo está numa igreja diferente. Que pensa que todas as religiões são iguais. Que se escondem atrás daquele “Deus é um só” e acabam fazendo uma salada de frutas com a doutrina bíblica. Realmente não criam raízes, não se firmam nem em lugar nenhum nem em coisa alguma e aí, claro, como diz Jesus, na primeira dificuldade, na perseguição ou no sofrimento da vida cristã já abandona a fé.
Depois Jesus fala de um solo extremamente despreparado para o plantio. Dificilmente alguma coisa vai nascer ali. É um solo cheio de espinhos que sufocam a planta e não permitem que ela se desenvolva.
Esse é aquele coração que recebeu a Palavra. A semente chegou no lugar certo, germinou e está crescendo. Mas parece que há outras prioridades na vida de modo que nunca dá tempo de se preocupar com o crescimento dessa plantinha.
Essa é aquela pessoa que no trabalho não pode faltar. De jeito nenhum! Pode estar morrendo. Mas no culto ela pode e, às vezes, até por razões que não justificam. O culto parece não tem importância porque não me dá aquilo que eu espero ou aquilo que eu quero para esta vida: dinheiro, bens, propriedades e assim por diante.
Esse, sem dúvida, é o pior solo que existe: o solo do amor às riquezas; o solo do amor ao mundo onde as coisas pertencentes a este mundo são mais importantes do que as coisas de Deus. É o solo onde o ser humano se coloca no lugar de Deus e pensa que não precisa de nada nem de ninguém. Afinal ele é autossuficiente demais para precisar de Deus.
Esse é o pior solo que existe porque se trata de um coração que recebeu a Palavra de Deus, que conhece a Palavra de Deus e, mesmo conhecendo, ainda faz o contrário do que ela diz. Enquanto Jesus diz “buscai em primeiro lugar o reino de Deus”, ele busca em primeiro lugar o seu próprio reino.
Por último, finalmente Jesus fala de um solo que deu certo. É quando a semente cai em terra boa e aí ela germina e cresce e dá muito fruto. Aliás, essa é a única situação onde a semente chega ao ponto de dar fruto. Jesus diz que esse é aquele coração que recebeu a Palavra, compreendeu a Palavra e agora produz os frutos que esta Palavra permite dar.
É aquele que chegou à fé verdadeira. Que tem o reino de Deus em primeiro lugar na sua vida. E essa fé, como uma árvore frondosa, dá os seus devidos frutos, é o cristão que realiza as suas boas obras.
E nessa situação, mesmo que o diabo queira levar essa fé embora, mesmo que os caminhos rochosos queiram nos desanimar, mesmo que os espinhos da vida nos sufoquem seremos vitoriosos. Porque o semeador cuida daquilo que planta. E Deus é o semeador da sua Palavra. Ele semeou a sua Palavra em nosso coração, fez germinar a fé, crescer e dar frutos e agora nos cultiva com todo o seu amor e cuidado.
Pela sua Palavra da Lei para o arrependimento, continua sempre preparando o solo do nosso coração, nos fazendo priorizar o que realmente é importante e, assim, nos prepara para recebermos com uma alegria que não tem fim a semente mais preciosa que é a mensagem do Evangelho salvador.
Essa é a mensagem que não queremos esquecer: a mensagem bíblica. A maravilhosa mensagem da salvação. Por isso queremos estudar esta Palavra. Queremos amar esta Palavra. Porque esse não é um livro qualquer, é a Palavra do nosso Deus.
Sim, os imprevistos sempre podem acontecer e acontecem. Pedras, espinhos... Sim, o coração humano é um solo difícil de trabalhar. Porém Deus, pela sua Palavra, e só por ela, pode e quer cuidar de cada um de nós. O solo pode ser afastado, empedernido ou sufocado, a Palavra de Deus é o poder de Deus e sempre pode transformar qualquer solo em terra boa. Só é preciso semear.
Enquanto caminhamos por esta lavoura vamos semeando, vamos lançando as sementes da Palavra de Deus. E Deus, a seu tempo, faz o seu trabalho. Lembremos e confiemos que ele, o grande semeador, sempre cultiva a sua seara e não descuida de nenhuma semente. Amém.

sábado, 5 de julho de 2014

Mensagem 4º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 145.1-14; Zc 9.9-12; Rm 7.14-25a; Mt 11.25-30 – 4º dom. após Pentecostes A 2014
Jesus carrega as nossas cargas
v. 28: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”.
Qual foi o maior peso que você já carregou? Tem gente que, por causa do seu trabalho, passa o dia todo carregando peso de um lado para o outro. Já com outros, isso acontece só de vez em quando: instalando um botijão de gás, trocando algum móvel de lugar.
Mas esse não é o único tipo de peso que existe, um peso físico. Pode ser um peso emocional: Há pessoas que o peso que carregam é a perda de um ente querido; a dor da separação de um casal; a dor causada por um filho desobediente. A culpa também é um peso muito grande. Quando a pessoa não se perdoa.
Outros, ainda, carregam um peso espiritual. Pessoas que não conseguem perceber que Deus está presente em suas vidas; pessoas que tem dúvidas da sua salvação; pessoas que queriam tanto ter mais fé, mas não conseguem. É a todas essas pessoas que Jesus se dirige quando fala em Mt 11 daqueles que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas.
E quantas cargas nós carregamos ao longo da vida? Ora um problema familiar, ora um problema financeiro, ou então de saúde, de fé.
E como é difícil encontrar uma luz no fim do túnel nesses momentos. A tendência, na verdade, é cada vez mais apagar toda e qualquer luz que aparece. Isso porque o sofrimento nos leva a um desespero onde tudo o que já é ruim nós passamos a enxergar pior ainda. Muitas vezes o problema está no nosso medo. O medo de encarar uma dificuldade pode fazer dessa dificuldade muito maior do que ela realmente é.
Cada um tem a sua vida, cada um tem os seus planos, os seus valores, o seu jeito, mais uma coisa todos têm em comum: os problemas, as dificuldades. Ou, na linguagem bíblica, a sua cruz.
Um cuidado que é preciso é que tem gente que procura cargas para carregar. Por exemplo: aquela pessoa que não trabalha para viver, mas vive para trabalhar. É só trabalho, trabalho, trabalho... E aí a gente fica se perguntando: será que o custo-benefício é equilibrado? Será que o retorno financeiro compensa a saúde e o tempo exigidos para uma carga horária tão grande?
Tem gente que se tiver um dia de folga por semana, ainda acha coisa para fazer nesse dia. Parece que não pode parar nunca. E, por estas e outras razões, como exigir demais de si próprio, se estressar demais, não cuidar da saúde, se expor ao perigo, muitos se arrependem amargamente mais tarde por terem feito ou deixado de fazer aquilo que sabiam que deveriam ter feito ou deixado de fazer.
Olhando por este ângulo é que o filósofo cristão C. S. Lewis vai dizer o seguinte: “o sofrimento é um megafone de Deus para acordar um mundo surdo”. Nós sabemos, pela Palavra de Deus, pela nossa própria consciência o que é melhor para nós mesmos. Mas por teimosia, por desobediência, por rebeldia muitas vezes optamos por fazer exatamente o contrário.
O que é a sede? Ora, a sede é um sinal do corpo avisando que alguma coisa está errada. Que está na hora de tomar água? Não! Que já deveríamos ter tomado. O correto seria não esperarmos ter sede para, então, tomarmos água.
Assim também Deus, muitas vezes, precisa chamar a nossa atenção de alguma forma para que olhemos para aquilo que estamos fazendo e que pode nos trazer prejuízos sejam eles físicos, emocionais ou espirituais no futuro.
Por outro lado, se há alguns que procuram cargas para carregar, outros fogem de toda e qualquer carga, por mais leve que seja. E isso também não é bom. E aqui nós podemos pensar em dois tipos de pessoas:
Uma é aquela que não quer saber de nada. Não quer estudar, não quer trabalhar, só quer comer e dormir. A esse o sábio rei Salomão vai pedir que tenha uma conversinha com a formiga para que ele aprenda que trabalhar também faz parte da vida e que não só é importante como é necessário.
A segunda é aquela pessoa que simplesmente não quer se incomodar. Quer viver em paz. Não quer dizer que ela não quer trabalhar, mas quer um trabalho leve, uma vida boa, uma família perfeita, dinheiro à vontade. Mas esses acabam desiludidos porque não é possível uma vida sem dificuldades.
Nós sabemos que, por vezes, o caminho da vida é estreito e pedregoso. E a pessoa que faz só aquilo que lhe agrada, que lhe traz prazer, não está se preparando para as dificuldades da vida.
Jesus não promete uma vida sem problemas. Ele diz: “... a carga que eu ponho sobre vocês é leve”. Ou seja, existe uma carga. Em outra passagem ele vai dizer: “... se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”.
Por falar nisso, havia um homem que vivia reclamando da sua cruz. Ele dizia: ai, Senhor, a minha cruz é tão grande, tão pesada. Por favor, diminua o tamanho e o peso da minha cruz. De tanta insistência Deus atendeu o seu pedido. Certo dia, lá estava ele em algum lugar onde se deparou com um precipício. A única saída era colocar a sua cruz dali até o precipício que havia do outro lado, então ele poderia passar e chegar lá. Só que quando foi fazer isso percebeu que não podia porque a sua cruz era tão pequena que não chegava do outro lado e tão leve que não suportaria nem mesmo o seu próprio peso.
A moral da estória é que os problemas, as dificuldades, as cruzes que precisamos suportar nos dão experiência e forças para enfrentar um momento pelo qual não conseguiríamos passar nem compreender se não tivéssemos antes passado por isso ou por aquilo.
Quantas vezes acontece alguma coisa que a gente fica se perguntando: Por que isso? Por que aquilo? Só que mais tarde a gente se dá conta de que aquilo que nós julgamos desnecessário não só era preciso que acontecesse como também nos deu uma nova visão e experiência para enfrentarmos outras situações.
Às vezes, também, Deus precisa fazer do limão uma limonada. Quantas vezes a gente já viu aquela mesma situação acontecer: da pessoa que se afasta da igreja, mas quando se depara com uma doença ou alguma outra dificuldade, acaba voltando. Foi um mal necessário. Deus usou a doença para trazer de volta essa pessoa para junto de si. Para que ela aprendesse a valorizar mais a igreja, a família e a cuidar mais de si mesma.
E como é importante sempre lembrarmos que não estamos sozinhos, mas que Deus está do nosso lado especialmente nos momentos mais difíceis. Exatamente aqueles momentos onde somos tentados a pensar que Deus nos tem abandonado. A promessa de Jesus continua: “vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”.
Portanto, qual foi o maior peso que você já carregou? Talvez você esteja carregando ele agora. Seja lá qual for a situação, jamais esqueçamos de que, com Jesus, qualquer carga, por mais pesada que seja, fica mais leve porque ele nos ajuda a carregar. Não importa qual é a carga, o convite de Jesus é sempre o mesmo: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”. Amém.

A summary…
Jesus carries our burdens
v. 28: “Come unto me, all ye that labour and are heavy laden, and I will give you rest”.
What was the heaviest weight you have already uploaded? Some people bear physical weight, others bear emotional weight and others yet spiritual weight. To all these people Jesus goes when speaks in Matthew 11 about those are tired of carrying heavy loads.
Two problems we have, specially, in this question. First, there are people who staying looking for loads to load. They does not rest neither even they can do it. All they know is work, work and work. Holiday? Day off? Let us work too. But, in the future, they can have some problems because of it.
Second, there are people who flight from any load. They can only rest. Nothing of study, household chores or work. This is bad as well. The life is not so. Solomon says: “Go to the ant”. And Paul: “The labourer is worthy of his reward”.
And Jesus says: “For my yoke is easy”. Yes, there is yoke. Even in Jesus, there is a yoke. All of us have loads to bear or, in biblical language, our cross. And God has a reason for each one cross. He is with us and help us to bear the yokes of the life.
It does not matter the load. The invite of Jesus is always the same: “Come unto me, all ye that labour and are heavy laden, and I will give you rest”. Amen.