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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Mensagem 12º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 26; Jr 15.15-21; Rm 12.9-21; Mt 16.21-28 – 12º dom. após Pentecostes A 2014
É bom ser cristão?!
v. 24: “Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”.
Se alguém lhe perguntasse se ser cristão é bom o que você responderia? Sim, não ou não faz diferença? Se você disser que sim eu poderia perguntar ainda: Por quê? Por acaso sua vida é uma maravilha e você não tem nada com que se preocupar? E se tem, que diferença faz ser cristão? Se você disser que não, piorou, eu poderia concluir que, definitivamente, não tem porque ser cristão. E agora?
À primeira vista, parece que o versículo destacado nos sugere essa pergunta. Jesus diz: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, (o que significa colocar os próprios interesses em 2º, 3º, 4º lugar...) tome a sua cruz (o que significa entrar na batalha da fé e estar disposto até mesmo a dar a vida pelo nome de Cristo) e siga-me” (o que significa confiar em Jesus e seguir os seus passos a cada minuto de nossas vidas). Estas palavras de Jesus são um tanto duras e, no mínimo, nos dão uma chacoalhada, lembrando-nos que ser cristão não é sinônimo de uma vida sem dificuldades.
E talvez fosse exatamente assim que os discípulos estavam pensando que seria dali para frente. Claro, após terem visto os milagres que Jesus vinha realizando, e vocês viram isso nos cultos anteriores, quando Jesus multiplicou pães e peixes, alimentando uma grande multidão, quando ele andou sobre o mar e fez com que Pedro andasse também.
Com tudo isso, é bastante possível que estivessem pensando: pronto! Nossos problemas chegaram ao fim. Jesus, com todo esse poder, vai nos livrar de todas as dificuldades e nunca mais sofreremos com nada. Daqui para frente as coisas vão ser bem diferentes.
Por incrível que pareça, esse pensamento não é muito diferente do de muitos cristãos. Porque, como os discípulos, também somos tentados a reclamar de Jesus quando os problemas aparecem.
E, assim, passamos tantos e tantos momentos da vida reclamando, vivendo infelizes em vez de simplesmente confiarmos que, mesmo nas cruzes da vida, Jesus está do nosso lado. E isso, a rigor, é tudo o que precisamos.
E se os discípulos estavam tão certos desta nova realidade de paz, alegria, imaginem o que seria do seu mestre? Não podia sofrer nem um arranhão, morrer numa cruz, então, nem pensar. E para surpresa dos doze, Jesus diz que ele precisava ir para Jerusalém, onde teria de sofrer muito e por fim entregar-se à morte.
E aí Pedro, não compreendendo o que Jesus dizia, chama Jesus à parte e diz: Senhor, não fala uma coisa dessas! Nada disso vai te acontecer. E Jesus lhe dá uma bronca dizendo: “Arreda, Satanás”. O mesmo Pedro que pouco tempo antes foi elogiado pelo seu belíssimo testemunho, quando disse “Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo”, agora recebe uma resposta dessas.
Por que será que Jesus foi tão duro com Pedro? Ele não poderia ter dito “olha Pedro, obrigado pela preocupação, mas eu preciso ir para Jerusalém”? Mas não. Jesus dá uma verdadeira bronca: “Arreda, Satanás”. Ou seja, sai para lá. Não fala uma coisa dessas.
Com certeza, não ir a Jerusalém, para Jesus, era uma grande tentação. Porque, como homem, ele também sentiu medo do sofrimento e da morte. Naquele momento, o diabo estava usando o apóstolo Pedro para desviar Jesus do caminho da cruz, o que significa acabar com o plano da salvação. É por isso que Jesus fala tão duro com Pedro. Tanto que a resposta que ele dá a Pedro é a mesma que ele deu ao próprio diabo quando foi tentado no deserto.
Assim, este episódio nos dá um alerta: muitas vezes algo que parece bom, pode não ser e vice-versa. Pedro até queria ajudar, mas ele não sabia o que estava falando. E por não compreender os planos de Deus acabou falando bobagem. Muitas vezes nós não entendemos os planos de Deus e acabamos falando bobagem também. Por isso quando não entendemos certas coisas na vida, por exemplo, as cruzes, muitas vezes é melhor superar a tentação de tentar explicar.
Mas, falando em tentação, e isso, aliás, também é uma cruz, é um obstáculo na vida do cristão, qual é a sua grande tentação? Jesus quer nos mostrar hoje o que precisamos fazer diante das nossas tentações: arreda, sai para lá. Porque as tentações são aquilo que quer nos afastar dos planos que Deus tem para nós. Afastar-nos de Deus. O texto nos lembra que, através de coisas aparentemente boas, é que o diabo quer chamar a nossa atenção e nos desviar do caminho para Jerusalém.
E aí Jesus pergunta: “que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” De que adianta ter tudo que alguém pode querer e perder a vida eterna?
De fato nós, cristãos, queremos colocar Deus em primeiro lugar na nossa vida. Queremos também viver uma vida justa, uma vida honesta, bonita. Mas aí vem alguém e diz: Não seja bobo. Você parece que é de outro planeta. Não é assim que se vive neste mundo. Aqui as coisas não funcionam desse jeito. Quem quer ser honesto e bonzinho não consegue nada. Para com essa coisa de confiar em Deus e vive como tem que viver!
E diante dessas e outras coisas é que somos tentados a questionar se é bom, se vale a pena ser cristão. Com toda essa perturbação, essa perseguição. Muitos nos desprezam por irmos à igreja, por estudarmos a Bíblia. Ou seja, nos desprezam por fazermos o que é certo.
O que acontece é que quem pensa e age assim é porque Deus não está em primeiro lugar em sua vida. Talvez nem faça parte da sua vida. Por isso ele não compreende a nossa maneira de viver. Apesar disso, não podemos desanimar. No texto de hoje o nosso mestre diz: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me”.
Mas isso não quer dizer que precisamos ter uma vida triste, sofrida, com uma visão pessimista de tudo. De fato, os problemas nos acompanham ao longo da vida. Mas mesmo assim, podemos viver felizes porque Jesus nos ajuda na nossa cruz.
Deus não tem prazer no sofrimento ou na morte de quem quer que seja. E a prova disso é ter ele enviado o seu único Filho para sofrer e morrer em nosso lugar. O justo em lugar dos pecadores. E com isso nos dá a certeza do seu amor, da sua misericórdia, da sua companhia e da vida eterna.
Assim como o diabo queria desviar Jesus do caminho da cruz, assim também ele quer nos desviar de Jesus. A grande tentação do cristão não são os pecados, mas o negar a cruz. Claro que tomar a cruz envolve luta contra o pecado, mas isso vem em segundo lugar. É uma consequência. Tomar a cruz é, antes de qualquer coisa, reconhecer a verdade bíblica de que nenhuma cruz pode nos dar a salvação a não ser a cruz do nosso salvador Jesus Cristo. E, portanto, fazer de tudo para não nos desviarmos dessa verdade.
Queremos participar dos cultos, estudar a Palavra de Deus não porque essas obras nos salvam. Mas para que Deus nos mantenha firmes na fé em Jesus e, assim, possamos permanecer firmes diante das cruzes e das tentações. E, por fim, no dia derradeiro, recebermos a coroa da vida eterna.
Deus nos dá essas oportunidades porque ele que se preocupa com a gente. É ele quem nos anima e consola quando estamos desamparados. Quem nos toma pela mão e nos conduz pelo caminho da verdade, o caminho da salvação, o caminho que é Jesus. Ele permite os momentos difíceis, mas também é ele quem nos ajuda a suportar.
Além disso, na maioria das vezes são nos momentos difíceis que a fé mais se fortalece. A fé do apóstolo Pedro ficou mais forte quando ele andou sobre as águas, ou quando Jesus o agarrou quando ele estava afundando e o levou seguro para dentro do barco?
Se ser cristão é bom? Veja se isso é pergunta que se faça! Com um Deus assim, claro que é! É muito bom! “Aquele que entregou o seu próprio e único Filho por nós não nos dará também todas as coisas?”, diz Paulo. Por isso não desanimemos no combate da fé. A cruz e a tentação fazem parte da vida. A diferença é que, em Jesus, nós desde agora, na alegria ou na tristeza, já somos vitoriosos. Amém.

domingo, 17 de agosto de 2014

Mensagem 10º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 67; Is 56.1,6-8; Rm 11.13-15,28-32; Mt 15.21-28 – 10º dom. após Pentecostes A 2014
Deus nos congrega à sua misericórdia
v. 22a: “E eis que uma mulher cananeia, que daquelas regiões viera, clamava: Tenha misericórdia de mim, Senhor Filho de Davi!”
Você já teve um pedido negado? É chato, não é? Muitas vezes, alguma coisa que a gente queria muito, mas ter aquilo não depende de nós, precisamos pedir para alguém outro. E esse pedido pode ser negado. Com certeza, se pensarmos mais sobre isso vamos lembrar de algumas situações da nossa infância quando vivíamos pedindo coisas aos nossos pais. E tinha vezes que o não era não; outras vezes, se você insistisse um pouco, pode ser que até conseguia alguma coisa.
Algo semelhante é o que acontece aqui. Uma mulher cananeia, daquelas regiões de Tiro e Sidom, cidades que costeavam o Mar Mediterrâneo mais ao sul, veio ao encontro de Jesus para pedir uma coisa que ela não podia fazer. Mas ela tinha plena certeza de que Jesus podia.
Esse texto é bastante lembrado pelo exemplo de fé e de persistência daquela mulher. Apesar da indiferença com que Jesus a trata, ela não desiste de pedir que ele a ajude.
Só que olhando assim, uma pergunta fica sem resposta: Qual é a relação desse texto com os outros textos deste 10º domingo após Pentecostes?
Se a gente recapitular, vamos ver que no salmo 67, o salmista pede pela bênção de Deus. Aí até pode ter uma certa semelhança. Mas em Isaías nós lemos que Deus traz a salvação a todos os povos e pela fé congrega pessoas à sua Igreja. Romanos segue nessa mesma linha: Por natureza, nós estamos perdidos; mas Deus vem e nos leva para perto dele.
Pra gente entender melhor, vale a pena lembrar uma característica muito forte dos fenícios, onde aquela mulher se inclui: Eles não adoravam ao Deus verdadeiro, eles adoravam a vários deuses e o principal deles era Baal. Ou seja, a última coisa que se esperaria de um fenício era recorrer a Jesus em busca de socorro.
Portanto, o importante nesse texto não é a mulher, como nós costumamos pensar, mas o que Deus está fazendo com ela. Antes de ser um exemplo de fé, aquela mulher é um exemplo de que Deus cumpre as suas promessas e que ele, pelo seu Espírito Santo, reúne e congrega para si pessoas de todos os cantos do mundo.
De certa forma esse é um texto missionário. Porque, como sempre, Jesus não vai para uma cidade porque decidiu no par ou ímpar. E nesse caso ele foi para Tiro sabendo que lá essa mulher o ia encontrar. Em outras palavras, antes da mulher ir até Jesus, ele já tinha ido ao encontro dela.
O mesmo Jesus espera de nós, como seus discípulos, seguidores: Que por onde andarmos aproveitemos as oportunidades de testemunhar dele, seja em palavra, seja em ação. E não fazer como os apóstolos queriam: Ih, manda essa mulher embora. Afinal, é mais cômodo não se preocupar com a necessidade ou o sofrimento das pessoas. Não é o que Jesus faz. Ele ignora os discípulos e começa a falar com a mulher.
Deus, que quer trazer essas pessoas para junto de si, coloca essas oportunidades em nossa vida. E, muitas vezes, deixamos passar. Agimos como os discípulos e não como Jesus. Mas é o exemplo de Jesus que nós precisamos seguir.
Passar adiante o Informativo do mês passado para que outra pessoa também possa ler a mensagem. Citar um versículo bíblico para alguém que está um pouco abatido. Viver uma vida correta, de acordo com os mandamentos de Deus. Testemunhar nem sempre é tão difícil. Muitas vezes, basta querer e aproveitar as oportunidades.
Um exemplo bastante prático disso é o que lemos em Atos: Que os apóstolos simplesmente faziam o seu trabalho e Deus ia dia após dia acrescentando aqueles que iam sendo salvos.
Nós não podemos criar a fé em ninguém – nem em nós mesmos. Podemos até constranger alguém para participar da igreja. Mas isso não significa muita coisa. Já naqueles que Deus congrega ele cria a fé verdadeira. E é essa fé que se reflete na mulher cananeia. E por essa fé ela pode e quer ir ao encontro de Jesus.
Com sua filha possuída por um demônio, aquela mãe, sem poder fazer nada, em um desespero total, já chega a Jesus pedindo por misericórdia. E a reação de Jesus é, no mínimo, contrária ao que se esperava dele. Jesus parece indiferente. De começo não fala nada. É quando os discípulos pedem que Jesus mande aquela mulher embora.
No entanto, aproveitando o desprezo dos discípulos, Jesus mostra que ele não está indiferente, embora diga algo não muito consolador: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”. É como se ele dissesse: Você não é israelita; você não é do povo de Deus. Portanto, não posso fazer nada por você.
Bom, não é bem o que ela queria ouvir, mas já é uma resposta. Então, com toda a humildade, ela se prostra diante de Jesus e tenta mais uma vez: “Senhor, socorre-me!”.
Nesse momento Jesus vai ainda mais longe e diz que “não é bom tomar o pão dos filhos e lança-lo aos cachorrinhos”. Aqui Jesus encarna um perfeito judeu. Os judeus, como uma forma de desprezo a quem não era israelita, costumavam chamar os gentios de cães. E Jesus não poupa essa palavra aqui. Se ele estava falando com tom de ironia ou não a gente não sabe, o fato é que, de qualquer forma, essas não são palavras fáceis de ouvir.
Mas é interessante notar que, apesar das palavras, Jesus não encerra o assunto. Ele quer que ela continue insistindo. O que nos mostra que, no fundo, Jesus está dizendo mais sim do que não.
E é aí que mais uma vez a mulher insiste, talvez em sua última tentativa: “Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos”.
Nas três situações, embora com palavras diferentes, essa mulher só pede por uma coisa: pela misericórdia de Jesus. Ela pede por misericórdia porque reconhece que, se dependesse dela, ela não receberia nada de Jesus. Mas ela confia na misericórdia de Jesus e confia que, por essa misericórdia, Jesus poderia atender ao seu pedido.
E se tem uma coisa que Deus atende é oração de mãe. Não são poucos os exemplos bíblicos e na história que comprovam isso. É o caso de Ana, em 1Samuel, que não podia ter filhos. E, derramando lágrimas no templo, orou com toda a confiança. E Deus a concedeu não um, mas vários filhos. Sendo que o primeiro, o seu primogênito, foi Samuel, que veio a se tornar um grande profeta de Deus.
Também no século 4º, o que hoje é conhecido como o grande teólogo Agostinho, chamado até de santo Agostinho, na sua juventude era um devasso. Só se envolvia com farra e prostitutas. Sua mãe, católica, sem conseguir fazer nada, se colocava de joelhos e orava todos os dias por aquele que veio a ser um grande cristão.
O que essas mães e tantas outras pessoas, cujas orações foram atendidas, tinham em comum? A fé humilde e sincera de reconhecer que não mereciam nada de Deus. Mas, com persistência, confiaram na misericórdia de Deus. Fé essa que Deus quer gerar em nossos corações.
Porque se isso está escrito é para mostrar até que ponto Deus pode fortalecer a nossa fé. Até ao ponto de que, quando oramos, e Deus parece indiferente, ainda assim continuamos orando com toda a confiança. E, persistentemente, continuar pedindo.
Com certeza, também temos pedidos negados por Jesus. Foram negados até agora por razões que Deus sabe muito bem por que. Mas quem conhece daqui para frente? Por isso, continuemos confiando na sua misericórdia. Amém.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Mensagem 9º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 18.1-16; Jó 38.4-18; Rm 10.5-17; Mt 14.22-33 – 9º dom. após Pentecostes A 2014
Jesus nos socorre na dúvida e no medo
vv. 30-31: “Reparando, porém, na força do vento, teve medo; e, começando a submergir, gritou: Salva-me, Senhor! E, prontamente, Jesus, estendendo a mão, tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste?”
As dúvidas nos acompanham ao longo de toda a vida. É muito comum ficar na dúvida. Mudando um pouco o ditado, nós podemos até dizer que “duvidar é humano”. Às vezes, são dúvidas pequenas e fáceis de serem solucionadas: O que vamos fazer para o almoço? O que vou vestir hoje para o culto? E outras vezes são dúvidas grandes e difíceis de serem solucionadas: Será que vale a pena comprar esse carro? Não vamos mesmo ter mais filhos? A propósito, quantas vezes pais têm dúvidas sobre que decisões tomar a respeito de seus filhos?
O apóstolo Pedro também duvidou quando andava por sobre o mar. E Jesus o repreendeu por isso: “Homem de pequena fé, por que duvidaste?” A sorte de Pedro é que o mesmo Jesus que o repreendeu também estava ali pronto para socorrê-lo. E assim ele fez.
Talvez seja importante notar que o texto de hoje é a sequência direta do texto da semana passada. Isso é importante porque nos mostra pelo menos duas coisas. Primeiro, porque se Jesus ia de qualquer forma despedir aquela multidão, ele não precisava ter realizado a multiplicação dos pães. Ele o fez com o intuito de mostrar às pessoas a sua divindade. O que, com certeza, ficou mais claro para quem conhecia as Escrituras Sagradas. Afinal, o profeta Eliseu já tinha feito isso no Antigo Testamento.
E segundo, mostra que Jesus realmente só parou ali por amor àquela multidão. Porque logo depois de despedir as pessoas, ele vai fazer aquilo que queria ter feito bem antes: ficar sozinho e orar.
Jesus nos dá dois grandes exemplos com essas situações: Levar a sério as necessidades das pessoas e ajuda-las quando possível; e que mesmo em meio à correria e os imprevistos, sempre há tempo para orar e falar com Deus. Valeria a pena refletir sobre isso, mas não dá para falar de tudo de uma vez só. Então vamos adiante.
Antes de subir no monte para orar, Jesus, com todo um plano esquematizado, manda os discípulos para o meio do mar. O texto dá a entender que eles não queriam. O que é compreensível, afinal, já era tarde da noite, senão madrugada. Mas Jesus insistiu até que eles foram.
Algum tempo depois Jesus vai ao encontro dos discípulos, em pleno mar, só que de uma forma totalmente inesperada. Jesus vai caminhando por sobre as águas. Interessante que, voltando mais uma vez ao Antigo Testamento, quando Jó fala, no capítulo 9, ele diz que só Deus pode andar sobre as águas. Portanto, aqui, quando Jesus faz isso, é uma mensagem clara de que ali, diante daqueles homens, estava a revelação do próprio Deus.
Mas não foi assim que os discípulos entenderam. Se eles conheciam ou não a história de Jó, a questão é que já passava das três horas da manhã. E depois de um dia inteiro com Jesus e a noite inteira lutando contra as ondas naquela tempestade era bem mais fácil pensar que Jesus era um fantasma.
Naquela situação, com medo, os discípulos começam a gritar. Mas Jesus não os repreende por isso, ele simplesmente diz com voz calma e paciente: “Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais!”
Assim também nas tempestades da vida, quando a escuridão das dificuldades nos envolvem e as ondas de sofrimento nos assolam, ficamos com medo. Gritamos por socorro. O que é natural quando não conseguimos encontrar a saída. É natural ter dúvidas. É natural ter medo.
Tem gente que acha que sentir medo é pecado. Porque se Deus está sempre presente, então não podemos ter medo de nada. Mas isso é bobagem. Jesus não repreende o medo. Ele não disse: “Por que tiveste medo?” Pelo contrário, é justamente quando sentimos medo e gritamos por socorro que Jesus também vem ao nosso encontro e, com sua palavra, nos consola: Calma, sou eu!
É verdade que Jesus diz “não temais!”. Porém não ter medo não é uma consequência da nossa força de vontade ou tamanho da fé. Não ter medo é consequência da palavra de Jesus que alcança o mais íntimo do nosso coração e cria em nós uma confiança tal que o medo, pelo menos, diminui.
E vejam se não é assim que tantas vezes acontece: Quando estamos com dúvidas, com medo, enfrentando uma tempestade e, então, lemos um trecho bíblico e parece que tem um peso saindo de cima de nós? É a palavra de Jesus que continua confortando corações que sofrem com a dúvida e com o medo.
Aquelas poucas palavras de Jesus tocaram de tal maneira os discípulos que Pedro se enche de coragem e faz até uma proposta com Jesus: Se é você mesmo, então eu também quero andar sobre as águas. E Jesus diz: Então venha.
Em princípio, tudo ia bem, mas logo a natureza humana mostra a sua fraqueza, a sua falta de fé. É só bater um vento mais forte que Pedro perde a confiança e começa a afundar.
É exatamente por isso que tantas vezes nós também afundamos: Não pelo medo, mas pela desconfiança. Quando o vento bate um pouco mais forte do que estamos acostumados, já ficamos desestabilizados e perdemos a confiança de que Jesus tem o poder para nos manter de pé.
As tempestades da vida são tudo aquilo que, de alguma maneira nos aflige: A enfermidade, o sofrimento, o luto, a perseguição. É difícil fazer uma lista porque cada um enfrenta as suas próprias tempestades.
Por isso é preciso que você, individualmente, reflita sobre a sua tempestade. Pare e pense naquilo ou naquelas coisas que mais lhe causam angústia e sofrimento. E agora lembre-se: Jesus não vai te abandonar. Ele sempre está contigo, bem do teu lado. E mesmo que vieres a vacilar e começares a afundar, Jesus vai te tomar pela mão e te encaminhar em segurança de volta para o barco.
Jesus não nos socorre dependendo do tamanho ou força da nossa fé. Claro que é bom fortalecer a fé lendo a Palavra de Deus porque assim compreendemos melhor as tempestades da vida e podemos viver mais felizes. Pais que fazem buscam orientação na Palavra e na oração não precisam temer sobre suas decisões, porque já entregaram a Deus o cuidado dos seus filhos. Jesus nos socorre pela mesma razão porque socorreu aquela multidão: porque ele nos ama. E justamente por não depender de nós o socorro de Jesus é que podemos sempre confiar que ele, por seu infinito amor, vai estar sempre pronto a atender às nossas necessidades.
É por esse amor que ele nos estende a mão. O melhor, de qualquer forma, é não tentar andar sozinho nas tempestades da vida, mas estar sempre de mãos dadas com Jesus. Se estamos sozinhos, podemos até dar alguns passos, mas não vamos muito longe. Mas se estamos com Jesus, que venham as ondas, os ventos e a escuridão. Se estamos com Jesus, sempre estaremos seguros.
As dúvidas nos acompanham ao longo de toda a vida. É comum ter dúvidas. Também é comum ter medo. Mas com Jesus não precisamos duvidar nem temer. Porque nas mais diversas tempestades da vida Jesus sempre vem nos socorrer. Amém.

domingo, 3 de agosto de 2014

Mensagem 8º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 136.1-9,23-26; Is 55.1-5; Rm 9.1-13; Mt 14.13-21 – 8º dom. após Pentecostes A 2014
Deus multiplica a sua graça
v. 19: “E, tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a relva, tomando os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoou. Depois, tendo partido os pães, deu-os aos discípulos, e estes, às multidões”.
“Tudo o que é bom dura pouco” é o que diz o ditado popular. “Tudo que é bom dura pouco” é o que dizem os namorados que se veem só uma vez por mês, a família que vai passear no feriado ou mesmo nas férias. Também nessa correria do dia-a-dia quando tantas vezes mal conseguimos cumprir com nossas obrigações. Nessas e em outras situações gostaríamos de ter a capacidade de multiplicar as horas do dia. Mas não tem jeito. São vinte e quatro horas e o jeito é aprender a aproveitar bem esse tempo que não volta mais.
E por falar em multiplicar, no texto de hoje Jesus multiplica. Não as horas do dia, e sim pães e peixes. Mas a grande questão é: Foi só isso que Jesus multiplicou? Ou então: É só isso que Jesus multiplica?
Tudo começa depois da notícia da morte de João Batista, quando Jesus sai de Nazaré e vai para Betsaida, já que em Nazaré muitos não creram na sua palavra. No entanto, os evangelistas contam que também uma grande multidão queria estar com Jesus. Tudo bem, alguns por curiosidade, outros querendo curar os seus doentes. Mas, no fundo, aquelas pessoas sentiam que estava faltando alguma coisa nas suas vidas. E algo dizia que em Jesus elas iam encontrar isso que estava faltando.
A pressa daquelas pessoas em estar com Jesus era tanta que, enquanto Jesus atravessava de barco o mar da Galileia, elas deram a volta e chegaram antes de Jesus. Por isso quando Jesus vê aquelas pessoas, buscando ajuda, buscando socorro por alguma coisa que nem elas sabiam direito, ele se compadece.
Marcos lembra que Jesus olhou para aquelas pessoas como ovelhas que não têm pastor. Como pessoas que estavam perdidas, desorientadas, sem saber para onde ir, sem saber o que fazer. E, por mais que Jesus tivesse se retirado para ficar sozinho com os discípulos, o que ele sente por aquelas pessoas faz ele mudar os seus planos e colocar o desejo delas em primeiro lugar. Jesus sai do barco e realiza muitas curas.
Esse também é o olhar de Jesus para todos nós quando nos sentimos perdidos, desorientados, ansiosos, em busca de algo que nem sabemos exatamente o que é. Jesus olha com compaixão, ele vem ao nosso encontro e atende às nossas necessidades.
E tem coisa mais comum nessa vida do que isso? Momentos de dor, de angústia, de sofrimento. Problemas no casamento, problemas na família, problemas no trabalho. Situações que nos levam a um estado onde realmente não sabemos mais o que fazer. A cada dia aumenta mais a ansiedade, o medo, o desespero e, finalmente, chegamos ao ponto de perguntar: Deus, onde estás?
Jamais esqueçamos que é nesses momentos que Deus está bem do nosso lado. Se tem uma coisa que obriga Deus a agir é a sua misericórdia. E Deus não suporta o sofrimento daqueles que o amam. Ele tem compaixão. Ele sente a nossa dor. E ele sempre ajuda.
Assim como Jesus olhou para aquelas pessoas é como ele nos olha também na nossa angústia, no nosso sofrimento, no nosso desespero. Por isso nós podemos sempre confiar com todas as forças que em qualquer situação, por mais difícil e dolorosa que seja, Deus está cuidando de nós.
E a benignidade de Jesus não deixa ele simplesmente curar os doentes, mas ele vai além e chega a fazer aquilo que a multidão nem esperava. Quando o dia começa a declinar, os discípulos vão avisar Jesus que não haveria comida para toda aquela gente. André verifica o estoque e vê que eles só tinham cinco pães e dois peixes; Filipe também faz as contas e diz que com aqueles duzentos denários não ia dar para comprar nada.
E essa atitude dos discípulos reflete a nossa atitude diante de algumas situações. Por mais que os discípulos quisessem ajudar, porque eles se preocuparam com aquelas pessoas, não fizeram nada mais do que colocar empecilhos para que elas ficassem ali. – Jesus, despede toda essa gente porque não vai dar. Não tem comida, não tem dinheiro.
Exatamente como nós, muitas vezes, fazemos também. Pode até ser que, em nosso coração, queiramos ajudar, mas não fazemos nada mais do que ressaltar os empecilhos. – Não, isso não vai dar certo. Não vamos conseguir. Vai faltar isso, vai faltar aquilo. Além do mais, eu não sei fazer isso.
E de tanto procurar e encontrar desculpas deixamos de fazer o que devia ser feito. É aquele jovem que não cursa o vestibular porque não tem autoconfiança e já diz séculos antes que não vai passar. Aquele casal que quer abrir um negócio próprio, mas não abre pelo medo de que pode não dar certo. É aquele membro que não participa das atividades da igreja porque acha que não tem capacidade para ser útil em alguma coisa.
Por isso precisamos lembrar do que disse o apóstolo Paulo com toda a clareza: “A nossa suficiência vem de Deus”. Por isso nós podemos estudar, podemos trabalhar e correr atrás daquilo que desejamos porque, em oração, confiamos que Deus vai encaminhar as coisas da melhor maneira.
Jesus não se deixou vencer pelas desculpas que os discípulos deram. Ele pegou aqueles cinco pães e os dois peixes, deu graças a Deus pelo alimento, coisa que em tantos lares cristãos já se perdeu, e, por meio de um milagre, alimenta toda aquela multidão e ainda sobra comida. Cinco mil homens, fora mulheres e crianças, nós podemos calcular tranquilamente umas dez mil pessoas.
E se Jesus fez tudo isso apesar da desconfiança dos discípulos, porque nós ainda vivemos com toda essa ansiedade e preocupação? Não confiamos que Jesus tem todo o poder e que ele pode e vai nos ajudar em toda e qualquer situação?
De fato, assim como os discípulos, nossa fé também é fraca e muitas vezes desconfiamos do cuidado de Deus. Mas que bom que não é disso que depende a ajuda de Jesus, e sim da sua misericórdia, da sua compaixão.
E isso Jesus tem de sobra. É isso o que mais multiplica: a sua misericórdia. Quando, na nossa vida, os problemas se multiplicam, Deus também multiplica a sua graça. Na nossa angústia, no nosso medo, Deus multiplica a sua compaixão.
Por isso não precisamos temer. Jesus já tomou sobre si toda a nossa dor, porque “pelas suas pisaduras fomos sarados”. Em vez de temer, o que cabe a nós é agradecer pelas tantas bênçãos que Deus multiplica a cada novo dia. A exemplo de Jesus, agradecer pelo alimento, mas também pela família, pela roupa, pela casa, por mais um dia e, acima de tudo, pela salvação.
“Tudo o que é bom dura pouco”. Será mesmo? O cristão pode dizer com toda a certeza e alegria: Nem tudo o que é bom dura pouco. Muitas das bênçãos que Deus derrama sobre nós tem um proveito passageiro: nos sustentar por mais um dia, por mais uma semana. Nos alegrar com coisas pequenas e corriqueiras. Mas a sua maior bênção é a vida eterna com ele no céu. Isso não tem fim e é ali que está a razão da nossa alegria e da nossa gratidão. Amém.