Páginas

domingo, 29 de novembro de 2015

Reflexão para o 1º domingo de Advento


Hoje entramos oficialmente no período de Advento. Advento provém do latim adventus e significa chegada. É, por isso, o período em que nos preparamos para a chegada de Jesus no Natal. Um período muito bonito marcado pela cor litúrgica azul que dá o ar de esperança.
Algo que tem importante espaço neste período apenas nas igrejas luterana, católica e algumas reformadas é a coroa de Advento, também chamada grinalda. Grinalda parece nos remeter mais àquela coroa que é colocada na porta de casa - o que, aliás, é testemunho de que ali mora uma família cristã.
A coroa de Advento é composta por elementos simples que carregam importante significado. Há divergências na compreensão de tais significados entre as igrejas. E talvez o que trarei nem seja o mais comum na igreja luterana. Seja como for, foi a que me pareceu mais plausível ou, pelo menos, mais significante.
O círculo verde: O círculo é um dos símbolos cristãos para Deus, pois, não contendo começo nem término, lembra o único e verdadeiro Deus que é eterno. O círculo é verde porque verde é cor de vida. Logo, o círculo verde lembra o Deus eterno, que é vida, que possui vida e de quem provém a vida. A propósito, o mais indicado seriam ramos verdes vivos, o que, por razões óbvias, se torna inviável.
Os laços vermelhos: Vermelho é cor de sangue, do coração, do amor. Os laços precisam ser vermelhos para lembrar do amor de Deus que nos enlaça. O Deus eterno, em seu amor, nos envolve e "dá um nó" ao nosso redor. Ele não nos larga nem por um segundo.
Os enfeites: As bolas que servem de enfeites ficam penduradas à coroa lembrando algo semelhante à parábola da videira: Os enfeites são os "enfeites" da vida cristã, ou seja, os frutos, as boas obras que só existem e acontecem por estarem unidos com o Deus eterno como resultado do seu amor por nós.
As velas: As velas retratam a caminhada do Antigo Testamento no anunciar da luz para o mundo (Is 9.2). A coroa apagada lembra nossa condição sem Cristo: Nas trevas do pecado e da condenação. Ao passo que as velas são acesas, caminhamos com as Escrituras Sagradas para a estrebaria do Menino-Deus.
Visto que o Advento, assim como a Quaresma, é um período de preparação, a maioria das velas são roxas, pois dão aquele ar de arrependimento e penitência.
1ª vela (roxa): A vela do perdão. Quando Adão e Eva caíram em pecado, Deus imediatamente lhes prometeu o salvador, perdoando-lhes o pecado. Assim também ele perdoa a todos nós por amor de Cristo.
2ª vela (roxa):  A vela da promessa. A mesma promessa feita a Adão é reforçada em Abraão. Promessa de Deus é aliança. É certeza de que como Deus disse, assim será. A mesma promessa vale para todo aquele que crê.
3ª vela (rosa): A vela da alegria. Conta-se que um determinado papa, para "quebrar" um pouco daquele ar sombrio da Quaresma, decidiu presentear seus fiéis com uma vela clara. Com o tempo, a vela rosa acabou fazendo parte da coroa de Advento. Aliás, o 3º domingo de Advento é chamado laetare que significa alegria. Assim como Davi se alegrou porque também a ele foi feita a promessa do salvador, também nós nos alegramos com esta promessa.
4ª vela (roxa): A vela dos profetas. Os profetas anunciaram a vinda de Jesus. Igualmente, em Jesus, todo cristão é feito profeta para anunciar a salvação.
5 ª vela (branca): A vela de Natal ou vela de Cristo. É acesa no culto de Natal. A luz para o mundo em trevas chegou! Nasceu Jesus! É Natal!

 Rev. Edenilson Gass

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Mensagem Último domingo do Ano da Igreja B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 93; Dn 7.9-10,13-14; Ap 1.4b-8; Mc 13.24-37 – Último domingo do Ano da Igreja B 2015
Firmes na palavra de Jesus
v. 31: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão”.
Você tem esperança? Qual é a sua esperança? Ainda mais nestes dias em que temos visto tantas catástrofes ao redor do mundo, inclusive aqui no Brasil. É o atentado na França, desastre em Minas Gerais, o Brasil em 7º lugar do mundo no ranking de homicídios. Será que ainda dá para ter esperança?
A resposta da maioria provavelmente é que não. Mas Jesus, aqui no texto de Marcos, diz que sim. Não é o tipo de esperança que muita gente gostaria ainda de ter, mas ele deixa claro que é possível ter esperança.
Jesus, nesta fase do seu ministério, vinha ensinando os seus discípulos que este mundo não vai durar para sempre. Que um dia tudo terá um fim. E, por mais que ele tenha dito que ninguém sabe quando isso vai acontecer, ele deu vários sinais facilmente perceptíveis que nos avisam e lembram que o fim está próximo.
No texto de hoje, inclusive, Jesus começa contando a parábola da figueira para mostrar que assim como você olha para uma figueira e sabe que o verão se aproxima, assim também podemos olhar para o que acontece ao nosso redor e lembrar que o fim está próximo.
Mas que diferença isso faz na nossa vida? Por acaso saber que o dia do Juízo Final cada vez está mais próximo vai fazer alguma diferença? Se não vai, pelo menos, deveria.
Jesus sabe o quanto nossa natureza humana sofre com as consequências do pecado e que não temos paciência no sofrimento. Somos facilmente tentados a questionar Deus sobre as coisas que acontecem ou não acontecem. E, com isso, acabamos nos afastando dele como se fosse menos doloroso viver sem Deus.
– Se tendo Deus do meu lado as coisas vão tão mal, então eu prefiro andar sozinho. Não aceitamos os planos de Deus, não esperamos dele todo o bem e, com isso, pecamos grandemente contra o primeiro mandamento.
Jesus, que conhece e entende a nossa fraqueza, não quer esperar que as coisas cheguem nesse ponto. Não quer esperar que primeiro a gente se revolte com tudo e com todos para só então tomar uma atitude. Ele quer, antes de qualquer coisa, nos preparar para todo e qualquer sofrimento que, infelizmente, é inevitável.
Não é para nos assustar, mas para nos advertir que Jesus diz: “Estai de sobreaviso, vigiai”! Aqui vale a pena a gente ir com mais calma. Como assim “estejam avisados”?
Aqui Jesus não está simplesmente relatando coisas que estão para acontecer. Ele está dizendo “prestem atenção” no sentido de preparar-se para situações futuras mediante o conhecimento daquilo que Jesus está ensinando. Em outras palavras: Se vocês derem atenção às minhas palavras, vocês estarão preparados para o que der e vier.
E, de fato, nós somos obrigados a concordar com isso. Porque de onde mais pode vir consolo, segurança e orientação nas intempéries da vida senão da palavra de Deus? Não é assim que toda vez que meditamos na palavra de Deus sentimos como se alguém estivesse dizendo: Fica tranquilo, vai em frente?
Por isso Jesus diz claramente: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão”. Qualquer outro lugar onde alguém depositar a sua segurança, mais cedo ou mais tarde vai se encontrar desamparado. Mas aquele que deposita sua confiança nas promessas de Deus, esse nunca será desamparado.
Isso, evidentemente, não quer dizer que sempre vamos saber lidar com aquilo que nos aflige. Não quer dizer que sempre vamos ter uma resposta para o sofrimento daquele que sofre. Mas vamos sempre poder lembrar as doces palavras do pastor Jesus dizendo: Mesmo que você não tenha a mínima ideia do que fazer, você pode confiar em mim.
E aí vem o “vigiai”. Ou seja, agora que já atentamos às palavras de Jesus, que conhecemos as suas promessas, que sabemos que podemos confiar nele sempre, podemos olhar as coisas com outros olhos.
Em primeiro lugar, não vemos mais o sofrimento, morte e destruição como provindos de um Deus irado que tem prazer nisso tudo. E sim como um Pai que quer mostrar as consequências de se afastar dele, de viver sozinho, de escolher os seus próprios caminhos.
E, em segundo lugar, podemos perceber que é isso que o diabo não quer, ou seja, que vejamos a Deus como um Pai que nos ama. E é por isso que de tantas e tantas formas ele procura nos afastar de Deus, seja por meio do sofrimento, de tentações ou do pecado.
“Vigiai” Jesus diz por que ele não quer que ninguém se deixe enredar pelas tentações do diabo. O mundo, ao mesmo tempo em que se mostra um lugar tão perigoso, também apresenta muitos caminhos que parecem bem mais agradáveis do que o caminho de Deus. Literaturas mais interessantes do que a Bíblia. De modo que não há quem possa ficar tranquilo pensando que tudo está sob controle. É preciso vigiar. É preciso estar alerta.
Bem, de que maneira devemos ficar alertas? Com certeza Jesus não está dizendo para a gente ficar o tempo todo acordado simplesmente esperando o fim do mundo.
O texto de hoje nos apresenta pelo menos duas maneiras. A primeira já vimos: Estar sempre atento às palavras de Jesus. Podemos buscar a sua Palavra na Bíblia, no culto, nos hinos e ali encontrarmos força, ânimo, consolo e orientação para as mais diversas situações da vida.
E a segunda maneira aparece um pouco mais para a frente quando Jesus conta uma segunda parábola. Imagine que você é dono de uma propriedade e decide fazer uma viagem. Então você dá a cada empregado o trabalho que ele deve fazer e sai de viagem. Depois de um tempo você volta e vê um empregado deitado na rede, o outro assistindo televisão, o outro dormindo. O que você faria com essa gente? Provavelmente demitiria todos eles.
Assim também Deus, em sua graça e bondade, concede a cada um de nós diferentes dons e habilidades, mas com um mesmo propósito: Servir no seu Reino. A fé precisa ser vivida. Vigiar, estar alerta definitivamente não é ficar esperando o fim do mundo de braços cruzados, mas colocando em prática aquilo que aprendemos com Jesus na sua Palavra.
É por isso que cantamos do nosso Hinário: “Andai na luz! E quando enfim chegar o dia do Senhor, bendito o servo que ele então achar servindo-o com amor! Com regozijo os céus entrando, os salvos cantam, triunfando, em plena luz! Em plena luz”.
Você tem esperança? Qual é a sua esperança? O salmista hoje disse que os testemunhos de Deus são fiéis. Por isso sabemos que também a promessa da salvação é fiel. Com Deus ao nosso lado nós sempre vamos bem. Porque mesmo em meio às aflições deste mundo, temos a certeza da sua presença e proteção. E no final, sabemos que a eternidade nos espera com o salvador Jesus. Sim, podemos ter esperança porque Jesus nos oferece uma esperança que vai além desta vida. “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão”. Amém.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Mensagem 25º dom. após Pentecostes B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 16; Dn 12.1-3; Hb 10.11-25; Mc 13.1-13 – 25º dom. após Pentecostes B 2015
Perseverando na batalha da fé
v. 13: “Sereis odiados de todos por causa do meu nome; aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo”.
Perseverança. Sem dúvida está aí o que, para muitas pessoas, ainda é um ingrediente secreto do sucesso de muita gente. Perseverança é persistência. É saber que nada acontece da noite para o dia e que é preciso investir semanas, meses e até anos se queremos conquistar alguma coisa.
No evangelho de Marcos deste domingo, até Jesus fala da importância de ser persistente. De não desistir no meio do caminho. “Aquele... que perseverar até o fim, esse será salvo”.
Claro que se a caminhada cristã neste mundo fosse simples e fácil, não seria necessário um apelo desse tipo. Um apelo que, ao mesmo tempo, mostra que há consequências para quem não perseverar. E se a salvação é o prêmio para quem seguiu em frente, a consequência para quem desistiu só pode ser a condenação.
Jesus, nesse momento da sua missão aqui no mundo, começa a ensinar os seus discípulos sobre o destino deste mundo. Que muitas coisas ruins aconteceriam e que depois disso ele retornará para julgar os vivos e os mortos quanto ao seu destino eterno.
O primeiro momento do texto é aquele em que Jesus e os discípulos estão saindo do templo e os discípulos aproveitam para fazer um comentário sobre a beleza e a magnitude do templo: Olha Jesus! Que pedras! Que construções! Infelizmente, para eles, a resposta de Jesus não foi das mais agradáveis. Jesus, sabendo que tudo aquilo iria abaixo por volta de quarenta anos depois, diz aos discípulos que ali não ficaria nem um pedra sobre a outra.
A primeira lição que recebemos com isso, quando pensamos no retorno de Cristo e no julgamento, é de não ficarmos presos às coisas deste mundo. Muitos são os que se perdem porque são tão presos e apaixonados pela grandiosidade dos feitos humanos, pelo desejo de poder e soberania ou pelo dinheiro, que passam a dedicar todo o seu tempo para conquistar estas coisas, sendo que muito deste esforço deveria estar sendo usado em prol do reino de Deus.
Por isso o texto de Hebreus que lemos hoje ressalta a necessidade de viver em comunhão: Porque é ali que deve acontecer o estímulo mútuo para a persistência na vida cristã. Comunhão não é só se reunir com um monte de gente dentro da igreja e depois ir embora sem se importar com ninguém.
É exatamente o tipo de comunhão que acontece fora da igreja que vai mostrar se realmente estamos sendo Igreja. Mas quantas vezes a gente pergunta a um irmão como anda a sua fé? Quantas vezes a gente se reúne para refletir na palavra de Deus que não seja na hora do estudo bíblico aqui na igreja? Quantas vezes nós temos estimulado uns aos outros ao exercício da fé em uma vida de serviço a Deus no seu Reino?
É para isso que somos congregação: para nos congregarmos e estimularmos uns aos outros a persistir na corrida da fé a fim de que possamos correr juntos essa corrida e alcançarmos todos o grande prêmio da vida eterna. Então, é isso que temos feito ou ainda estamos admirando nossas pedras?
No segundo momento do texto, Jesus aproveita toda esta discussão para continuar ensinando bem defronte do templo, no monte das Oliveiras. A mensagem de Jesus surtiu efeito: os discípulos ficaram preocupados sobre quando essas coisas iriam acontecer. Jesus não dá uma data, pois se ele desse, muitos acabariam se perdendo no pecado.
Mas Jesus fala de alguns sinais que devem nos servir de aviso, como sendo sinais do fim dos tempos. Evidentemente que muitos desses sinais aconteceram por séculos e o fim ainda não veio, então alguém poderia questionar a veracidade do que Jesus disse. Mas para nós não deve haver dúvida de que Deus sempre faz as coisas para nos manter no seu caminho.
Os sinais que Jesus dá precisam necessariamente acontecer em todos os tempos e em todos os lugares, por mais que alguns desses sinais sejam mais notáveis em alguns momentos da história e outros em apenas alguns lugares do mundo. Por que? Porque Deus quer nos manter sempre alertas.
Por isso sempre é bom relembrar quais são esses sinais porque eles nos fazem lembrar que o mundo não é eterno. E que, assim como não ficou pedra sobre pedra no templo de Jerusalém, assim também não vai sobrar nada deste mundo quando Jesus vier novamente.
Vamos então relembrar alguns desses sinais: falsos anunciadores do Evangelho e, como consequência, pessoas sendo espiritualmente enganadas; guerras e rumores de guerras; terremotos; fome; perseguição à Igreja Cristã; homicídios dos mais repugnantes até entre familiares. Não é exatamente o que vemos ao nosso redor?
Dá para entender agora porque não é simples nem fácil a vida cristã? Muitíssimas são as tentações para nos afastar da fé. Somos tentados a questionar “onde está Deus em meio a tanto sofrimento?”, “por que ele não barra os falsos profetas e continua enviando abalos sísmicos que só causam destruição?”. E ainda por cima os próprios cristãos a quem Deus chama de filhos são torturados e mortos diariamente!
Teríamos de ir muito longe para tentar responder a essas perguntas. Mas podemos dizer com certeza que nada disso foge ao controle de Deus e que Deus usa de todas essas coisas para mostrar a gravidade do pecado e o quanto nós necessitamos de um salvador.
E, muitas vezes, é no sofrimento que Deus se mostra. Por vezes nos dando força, consolo e perseverança para seguirmos em frente, outras vezes agindo por meio da sua Igreja para levar comida ao faminto, conforto ao abatido e ânimo ao desanimado.
E também são essas coisas que nos fazem lembrar qual é nosso real papel neste mundo. Sabendo que tudo o que vemos um dia terá um fim, será que estamos no mundo só para trabalhar, ganhar, juntar? Por que insistimos nesse martírio desnecessário de viver em preocupação e ansiedade pelo dia de amanhã se Deus cuida até dos pássaros e das flores do campo?
Por isso não podemos deixar de ler até o final, onde Jesus diz que, apesar de toda essa maldade do ser humano e das consequências do pecado, o Evangelho será anunciado a todas as nações. Ninguém pode calar a Igreja de Deus porque nem mesmo as portas do inferno prevalecerão contra ela – diz Jesus.
Estamos no mundo para anunciar o Evangelho da salvação exatamente a este mundo caído, errante que não conhece a Deus e que não faz a sua vontade. E para todos os que se preocupam com isso, Jesus diz: “Não vos preocupeis com o que haveis de dizer... porque não sois vós os que falais, mas o Espírito Santo”.
É aí que precisa estar a nossa perseverança. Tudo aquilo que podemos fazer pela Igreja de Deus, em termos de oferta, serviço, interesse, dedicação, testemunho significa persistir na confiança de que Deus não foi derrotado pelo pecado.
Essa é a razão porque, mesmo acontecendo o que Jesus disse, “sereis odiados de todos por causa do meu nome”, ainda assim podemos seguir em frente. Porque Deus é vitorioso e, em Jesus, ele também nos dá essa vitória. Como disse o apóstolo Paulo: O prêmio da vida eterna já está preparado, agora é só continuar correndo.
“Aquele... que perseverar até o fim, esse será salvo”. Não importa o quanto o mundo, o diabo e o pecado afligem nossa consciência cristã tentando parar a Igreja de Deus. Sabemos que tudo isso terá um fim porque Deus nos dá a vitória, a salvação por causa de Jesus Cristo, nosso salvador.
A diferença entre o que buscamos neste mundo e o que buscamos nos céus é que tudo o que queremos aqui, precisamos batalhar muito, fazer por merecer para só então receber o prêmio. Já o que buscamos nos céus – a salvação – é um prêmio que já foi conquistado. Já é nosso porque Jesus nos deu. Só não podemos parar no meio da corrida.
É para o céu que nós vamos. Por isso não desanimemos, mas estimulemos uns aos outros na vida cristã, na luta contra o pecado. Buscando sempre, em primeiro lugar, o reino de Deus. É só por este caminho que ao final da jornada estaremos todos com o salvador Jesus Cristo onde não haverá luto, nem pranto, nem dor. Amém.

Culto com Confirmação 2015

O dia 08 de novembro de 2015 foi de grande alegria para a paróquia Cristo. Seis adolescentes receberam seus certificados de Confirmação (quatro da sede e dois da SS. Trindade de Castanheira). Ao bem frequentado templo a mensagem dirigida foi sobre "conhecimento que leva à salvação", ressaltando a importância do conhecimento bíblico para a fé. A mesma pode ser lida no post anterior.
Abaixo, algumas fotos do culto e do ritual de Confirmação.

Deus os abençoe!

sábado, 7 de novembro de 2015

Mensagem 24º dom. após Pentecostes B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 146; 1Rs 17.8-16; Hb 9.24-28; Mc 12.38-44 – 24º dom. após Pentecostes B 2015
Conhecimento que leva à salvação
Hoje é um dia de alegria para esta congregação e paróquia. É o dia em que mais seis adolescentes, que concluíram o seu ensino confirmatório, vão receber o certificado de Confirmação numa cerimônia que não é nada menos do que a reafirmação da promessa batismal de renunciar as obras do diabo, ser fiel a Deus e, como resultado disso, servir na sua Igreja.
Mas até que ponto o conhecimento bíblico e doutrinário é necessário para que professemos publicamente a nossa fé? Será que existe um mínimo que todo cristão deveria saber para se dizer cristão?
Se olharmos só para o texto de hoje pode até parecer que o conhecimento não é importante; que o importante é a fé. Jesus está advertindo as pessoas justamente quanto aos escribas que, como a gente sabe, eram os responsáveis pelo ensino das Escrituras ao povo judeu.
E Jesus até chega a dizer “cuidado com esse pessoal”. Para ficar mais compreensível ainda: Se fosse hoje, Jesus estaria dizendo assim: cuidado com os pastores. E aí se alguém for precipitado em suas conclusões, é capaz de concluir que Deus não gosta de pessoas que tenham grande conhecimento bíblico, mas de pessoas que, mesmo na sua ignorância, tenham uma fé simples, humildade e sincera.
Só que tem um problema: Ninguém pode crer naquilo que não conhece. Podemos até crer em coisas que nunca vimos ou que nunca aconteceram, como a ressurreição de Cristo ou o Juízo Final. Mas jamais poderemos crer naquilo de que nunca tomamos conhecimento.
Por isso o conhecimento bíblico faz parte da fé salvadora. É possível ter a fé salvadora sem conhecer toda a Escritura? Claro que é. Mas se a gente pudesse se contentar com um conhecimento mínimo da palavra de Deus, nem os profetas, nem os apóstolos e nem o próprio Jesus teriam nos advertido a estudar as Escrituras. No entanto, todos esses deixaram claro isso é da vontade de Deus.
O fato de que o conhecimento bíblico é necessário para a fé fica claro quando Paulo diz assim: A fé vem pela mensagem da palavra de Deus. E porque Deus age por meio da sua Palavra, à medida que crescemos no conhecimento desta Palavra, cresce também a fé que vai se fortalecendo na confiança em Deus.
A advertência que Jesus faz em relação aos escribas não é porque eles conheciam as Escrituras. Isso não faz nenhum sentido. Jesus disse o que disse por outras duas razões. Primeira: Porque mesmo sendo mestres da lei, os professores do povo, isso não significa que eles tinham razão em tudo. Por isso sempre é importante filtrar o que a gente ouve sobre a Bíblia; e esse filtro é a própria Bíblia. E segunda: Os escribas nem sempre colocavam em prática o que liam nas Escrituras.
Jesus diz que eles andavam pelas ruas de talar, sempre queriam sentar nos lugares de honra em algum evento e se sentiam o máximo quando as pessoas saudavam eles nas praças com grande respeito e reverência. Só que nem mesmo se importavam com aqueles que passavam necessidade.
Por isso lá na instrução de confirmandos, quando a gente estuda e até memoriza os dez mandamentos, a gente também estuda o significado de cada um deles. E como é que Martinho Lutero explicou o terceiro mandamento? Ele disse assim: “Devemos temer e amar a Deus e, portanto, não desprezar a pregação e a sua Palavra; mas devemos considera-la santa, gostar de a ouvir e estudar”.
Isso não vale só até o dia da Confirmação. É a vontade de Deus para todos os cristãos como disse o próprio Jesus em Jo 5.39: “Examinai as Escrituras”. E aqui, lembrando as palavras do pastor John Piper da Igreja Batista nos EUA, podemos dizer que examinar não é “lamber esse pirulito a cada três dias”, é, de fato, amar esta Palavra e viver de acordo com ela.
Com isso a gente percebe que muitas pessoas formam um conceito errado quando o assunto é conhecimento bíblico. Vamos colocar em palavras práticas esse conceito: Quem estuda medicina? O médico. Quem estuda a mente humana? O psicólogo. Quem precisa estudar sobre finanças? O contador. Logo, quem precisa estudar a Bíblia? O pastor.
Claro que tanto o pastor como o teólogo precisa estudar a Bíblia. Com certeza Deus quer que cada um se aprofunde na sua área de conhecimento para que, assim, possa ajudar melhor as outras pessoas. Ou alguém gostaria de sair com o carro estragado da oficina porque o mecânico não sabe qual é o problema?
Só que quando falamos da Bíblia, não estamos falando de um livro qualquer que transmite um conhecimento qualquer. Sobre outros assuntos é bom que haja aqueles que chamamos de “detentores do conhecimento”, não para se vangloriarem disso, mas para ensinar os outros.
Agora, quando o assunto é salvação, Deus quer que todos sejam detentores desse conhecimento. Deus quer que todos conheçam esta salvação e a conheçam da melhor maneira possível tanto o benefício dos outros como para o próprio benefício.
Sobre o próprio benefício, já falamos: o fortalecimento da fé, a certeza do perdão dos pecados, a alegria e motivação para servir no reino de Deus. E sobre o benefício alheio, basta lembrar que Deus quer a salvação de todos e que é para anunciar esta salvação que ele nos coloca no mundo.
Só que assim como não podemos crer naquilo que não conhecemos, também não conseguiremos falar do que não conhecemos. Tem gente que recebe o certificado de Confirmação como se tivesse recebendo um título de doutor em Teologia porque nunca mais abre a Bíblia e muito menos o catecismo como se já tivesse aprendido tudo o que precisava.
E, por falar em continuar estudando, isso tudo faz lembrar o dia em que a turma de 2007 do Seminário Concórdia – da qual eu faço parte – recebeu o seu diploma de bacharel em Teologia. A certo momento, um dos professores disse aos formandos: Agora vocês estão prontos... prontos para começar a estudar.
O mesmo vale para estes confirmandos que hoje recebem o seu certificado como também para todos nós que já o recebemos ou àqueles que, já adultos, fizeram sua Profissão de fé.
Na primeira instrução que recebemos aprendemos de tudo um pouco e saímos dali sabendo quase nada. Essa gurizada passou quase dois anos estudando o catecismo e mais algumas doutrinas importantes. Se eles não continuarem estudando, isso tudo não vai ter valido muita coisa.
Por isso, como pastor desta congregação, o meu apelo é aos pais – a todos os pais: Sejam exemplo de cristãos que amam a palavra de Deus. Não deixem de lê-la e estuda-la junto com seus filhos, como Deus ordena em Dt 6: Estas palavras estarão no teu coração e tu as inculcarás a teus filhos.
Lembre também de sempre começar a leitura bíblica pedindo a iluminação do Espírito Santo porque é dele que vem a compreensão correta da Palavra de Deus. E depois, nas orações comuns, pedir sua orientação para que este conhecimento não seja conhecimento vazio e sem sentido, mas conhecimento que é vivido.
E lembremos sempre: Ler a Bíblia não é obrigação do cristão. Ler a Bíblia é um privilégio que nós temos porque é onde o próprio Deus fala tudo aquilo que precisamos saber para termos uma vida digna e correta e para alcançarmos a vida eterna mediante Jesus Cristo, nosso salvador.
E, assim, que todos os nossos dias sejam uma reafirmação da promessa batismal, pela renúncia ao pecado e ao diabo e pela oração de que possamos ser úteis onde vivemos servindo a Deus, estudando e anunciado a sua Palavra. Amém.