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sábado, 26 de dezembro de 2015

Mensagem 1º dom. após o Natal C 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 111; Êx 13.1-3a,11-15; Cl 3.12-17; Lc 2.22-40 – 1º dom. após o Natal C 2015
A verdadeira mensagem do Natal
v. 30: “Porque os meus olhos já viram a tua salvação”.
Natal. O que é o Natal? Para muitos o Natal é uma ótima oportunidade para ampliar as vendas e, consequentemente, o lucro. Para outros é só mais um feriado. Outros mais tradicionais entendem o Natal como encontrar os familiares e fazer uma bela ceia em confraternização ao amor e à paz. Para famílias cristãs, Natal é o nascimento de Jesus. Mas será que é só isso mesmo?
As leituras indicadas para este primeiro domingo após o Natal nos sugerem algo mais, de forma especial o evangelho de Lucas que conta de quando Jesus foi levado ao templo logo nos seus primeiros dias devido às cerimônias que a lei exigia.
Nessa situação, um personagem ilustre aparece: Simeão, a quem o próprio Espírito Santo havia prometido que ele não morreria antes de ver Deus cumprindo a sua promessa de enviar o Messias ao mundo.
Por isso é tão importante o fato de que quando ele toma o menino Jesus nos braços, ele diz: Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, pois os meus olhos já viram a tua salvação que é luz para alumiar as gentes de todos os povos.
Simeão reconheceu que, escondido naquele pobre menino, estava o próprio Deus eterno trazendo salvação a todos os que nele creem. Na verdade, ele é a revelação de Deus. É onde Deus se mostra e revela o seu infinito amor pela humanidade. É em Jesus que se cumpre a profecia de Isaías de que ele seria a luz para o mundo que jaz na escuridão do pecado.
Que consolo inigualável essa mensagem traz aos nossos corações. A tantos que sofrem com doença e morte, que são consequências do pecado; a tantos que se punem e se culpam e que não encontram a paz com Deus. Jesus é a certeza de que algo maior e muito mais precioso nos aguarda. Nele nós já temos a paz com Deus, porque nele os nossos pecados são perdoados e fomos restaurados para a vida eterna.
O próprio Jesus, mais tarde, iria dizer que todo o que nele crê não fica na morte, mas passa da morte para a vida. Ou seja, da condenação eterna por causa do pecado para a vida eterna por causa de Cristo Jesus, o nosso salvador.
Por isso sempre que as aflições nos sobrevêm devemos lembrar que Deus sempre age para o nosso bem e a nossa salvação. Devemos confiar na bondade e no cuidado de Deus em toda e qualquer situação, pois ele mesmo disse: Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por nós o entregou, não nos dará juntamente com ele todas as todas e, por fim, a vida eterna?
Os nossos pecados já não nos condenam porque Cristo morreu em nosso lugar para nos conquistar o perdão de Deus e agora nos guia em uma vida completamente diferente. Jesus se fez pobre para que nos tornássemos ricos, disse o apóstolo Paulo. Por isso pobre mesmo é aquele que não crê em Cristo e, assim, vive sem esperança, sem socorro e sem salvação.
É por isso que Simeão profetizou que Jesus viria para o levantamento de muitos e também para a destruição de muitos. Porque todo aquele que rejeita ao menino Jesus não crendo que ele é o salvador ou que esconde a sua fé por vergonha do nome de Cristo faz de si mesmo alvo da ira de Deus. E essa ira acaba em destruição.
Porém todos os que nele creem e, consequentemente, o servem no seu Reino e não omitem a sua fé podem ter firme confiança de que Deus não os abandona em nenhum momento da vida. E que, ao término dessa rápida passagem pelo mundo, serão levados para junto do seu salvador.
É nesta fé que nós também podemos cantar com Simeão que “os meus olhos já viram a tua salvação”. Nossos olhos, pela fé, creem na palavra de Deus e nela enxergam a salvação de Deus que é o próprio Jesus. Ele é a revelação visível de Deus. E é pela fé nele que um dia o poderemos ver face a face e então vamos repetir de novo e de novo: - Os meus olhos estão vendo a salvação de Deus.
Dá para imaginar uma coisa dessas? Se já é bom viver a salvação aqui e agora, mesmo em meio a tanto sofrimento, imagina o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. E isso tudo a gente só encontra naquele menino que há dois mil anos foi concebido pelo Espírito Santo e nasceu para trazer salvação.
Simeão também disse que, por causa daquele menino, os corações seriam revelados. Ou seja, não ficaria mais escondido o que realmente há nos corações.
Muita gente pensa que as pessoas são salvas dependendo daquilo que elas fazem ou deixam de fazer nesta vida. – Nossa! Mas é uma pessoa tão boa, está sempre ajudando a quem precisa, trata todo mundo de igual para igual; essa pessoa, com certeza, merece entrar no céu.
Quando os corações são revelados, só há uma coisa que importa: a nossa situação diante do menino-Deus. O que vale diante de Deus não são as nossas obras, mas se cremos, com a mesma fé de Simeão, que Jesus é o Messias, o salvador e a luz do mundo.
Nossas obras são úteis para o nosso próximo e é por isso que Deus ordena que as pratiquemos. Não é possível cumprir o mandamento de amar o próximo se não estamos dispostos a fazer a vontade de Deus e, desta forma, servir como espelhos de Deus no mundo.
Assim fazia a profetisa Ana que também estava no templo quando Jesus foi levado até lá. Lucas deixou escrito que ela quase não saía do templo e falava às pessoas que Jesus é o salvador.
Isso é muito interessante porque nos faz pensar em duas possibilidades ou, que nos ensina pelo menos duas coisas. Se Ana anunciava a salvação no templo, então podemos dizer que também os que creem precisam continuar ouvindo a mensagem do Evangelho. Muita gente peca contra o terceiro mandamento porque pensa que não precisa ouvir várias vezes a mesma coisa. São tão seguros em si mesmos, como se manter a fé dependesse deles, que dizem assim: - Ah, essa história eu já conheço.
Não pode ser assim. Nossa natureza pecaminosa sempre procura nos afastar de Deus, não importa quantas e quantas vezes já ouvimos sobre arrependimento e fé. E, por isso, necessitamos estar em constante contato com a Palavra de Deus e o sacramento porque são os meios que Deus usa para nos manter na fé e no caminho certo.
E também pode ter mais uma razão para Ana anunciar o Cristo no templo: É possível que pessoas que criam em outros deuses, desiludidas por perceberem que os seus deuses não socorrem nem ajudam estivessem buscando por um outro deus; por um Deus que verdadeiramente se importa com o sofrimento humano.
E Ana aproveitava essas oportunidades para anunciar o verdadeiro Deus. O Deus que, de tanto amor pela humanidade, enviou o seu próprio Filho, na humildade de uma criança, para tomar sobre si os nossos pecados e pagar por eles na cruz.
Assim também cabe a nós, na igreja ou fora dela, anunciar a verdadeira mensagem do Natal. Natal pode sim ser motivo para presentes, para parar um pouco com a correria, para reunir a família e confraternizar. Mas, acima de tudo, Natal é ter no coração a certeza de que Jesus é Emanuel, é Deus estando sempre com a gente. É ter no coração a certeza de que, em Jesus, nós sempre temos um Deus que nos ama e nos socorre e que, ao término desse sopro que é a vida, teremos a plena salvação face a face com o salvador Jesus Cristo. Amém.

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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Mensagem 4º dom. no Advento C 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 80.1-7; Mq 5.2-5a; Hb 10.5-10; Lc 1.39-45 – 4º dom. no Advento C 2015
Felizes os que creem
v. 45: “Bem-aventurada a que creu, porque serão cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor”.
Você, por acaso, se deu conta, quando levantou hoje de manhã, que faltam só cinco dias para o Natal? Chega até a dar um friozinho na barriga, não é? – Nossa! Já está aí! Essa semana vai passar voando.
Sempre que nós aguardamos alguém ou alguma coisa que é importante para nós é normal dar uma certa ansiedade. Há poucos dias, por exemplo, tivemos o nosso programa de Natal aqui na igreja. E tanto para quem apresenta como para quem assiste, a expectativa é a mesma: Como será que vai ser?
E é essa expectativa para o Natal que o texto de hoje acaba criando em nós. A própria situação daquelas duas mulheres já era uma expectativa. As duas, grávidas, aguardavam o nascimento dos seus filhos. Isabel, já de seis meses de João, e Maria que recém tinha recebido a notícia.
Bem, o que este pequeno relato de duas grávidas tem a nos ensinar para a nossa vida cristã? Na verdade, muita coisa. Ou, pelo menos, o suficiente para que não tenhamos tempo de chamar a atenção para cada ensinamento que o texto traz. Vamos, por isso, recapitular a história e só refletir sobre alguns pontos.
Alguns dias depois de ter recebido a notícia do anjo de que seria a mãe do salvador, Maria vai se encontrar com Isabel. E Lucas nos diz que, assim que Maria saudou Isabel, João estremeceu no seu ventre. Não no sentido negativo de medo, mas no positivo de alegria. Mas o que vem a ser esse “estremeceu no ventre”?
Em primeiro lugar é a prova de que a fé não depende de nós. Fé não é algo que nós escolhemos ter ou não, mas é o maior presente que o Espírito Santo nos dá. Maria não tinha nada de especial em si mesma e com certeza não foi por causa dela que João pulou de alegria ainda no ventre da mãe, e sim por causa de Jesus.
Para a nossa razão, claro que isso tudo pode parecer um absurdo. Desde quando crianças que ainda nem nasceram pensam ou têm consciência das coisas que acontecem à sua volta? Se João se balançou todo naquele momento, isso não passa de pura coincidência.
Primeiro: Fé não é uma coisa que depende muito da nossa sanidade ou inteligência. Fé e saúde são duas coisas bem diferentes e uma não precisa da outra para existir. Além disso, se alguém argumentar que criança não pode ter fé porque não tem consciência das coisas, vejamos o seguinte: De fato, uma criança pequena não percebe e depois nem se lembra do que aconteceu nos primeiros anos. Mas quantos exemplos a gente tem de pessoas com fobias ou traumas por causa de coisas que aconteceram nos primeiros anos de vida ou até mesmo durante o período intrauterino? Ela pode não ter consciência das coisas, mas ela tem vida. E onde há vida, ali Deus pode operar a fé.
Segundo: Se fosse coincidência que João estremeceu bem na hora da saudação de Maria, Lucas não teria perdido tempo escrevendo isso. Tudo bem que Lucas sempre foi muito detalhista, mas aqui não tem nada de coincidência. Lembremos que tudo o que os autores bíblicos escreveram foi pela inspiração do Espírito Santo.
Além disso, o texto imediatamente segue dizendo que Isabel foi tomada pelo Espírito Santo. Não tem jeito. Não tem como tirar o Espírito Santo desse episódio. O estremecimento de João no ventre foi, sim, resultado da fé em Jesus.
Assim também precisa acontecer com a gente. A fé em Jesus traz alegria porque é a certeza da nossa eterna salvação. A certeza de que, apesar da nossa indignidade, ainda assim Deus quer nos salvar mediante os méritos de Cristo. Que, apesar dos nossos muitos pecados, Deus foi misericordioso para conosco e não nos deixou entregues à condenação.
Como poderíamos agora viver tristes e angustiados pelas aflições que o mundo e o pecado trazem, se temos do próprio Deus a promessa de salvação? Uma esperança que vai muito além do que vemos ou vivemos.
Assim como João, ainda no ventre de Isabel, estremeceu de alegria pela chegada de Jesus, assim também Deus quer nos ver pulando de alegria, vivendo a fé cristã com familiares, amigos e até desconhecidos porque aquele a quem o povo de Israel tanto esperava, agora já veio. E veio para trazer salvação.
Não deixemos que as dificuldades e sofrimentos que nos sobrevém neste mundo nos tirem a alegria da fé. Mas oremos para que Deus sempre nos socorra na aflição e nos fortaleça o desejo de viver a fé. Como fez Davi que orou assim: Torna a dar-me a alegria da tua salvação e mantém em mim um espírito voluntário.
E também tem um outro ponto que também vale a pena olhar com mais calma, que é lá no versículo 45. Isabel, tendo também recebido o Espírito Santo, reconheceu a sua indignidade, reconheceu Jesus como salvador e disse a Maria: “Bem-aventurada a que creu, porque serão cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor”.
Sabemos que Jesus, em certa ocasião, disse que a fé tem o poder até mesmo para transportar montes. De fato, a fé tem um poder que vai além da nossa compreensão. Mas será que neste texto Isabel estaria dizendo que Deus só cumpre as suas promessas dependendo da fé que nós temos?
Talvez a primeira impressão seja essa. Só que nesse caso muitos cairiam em grande desespero pensando que certas orações não estão sendo atendidas por falta de fé. Como se Deus atender nossas orações dependesse completamente de nós e do tamanho da nossa fé. Isto não é bíblico!
Por isso vamos ter bem claro que Deus não depende de nós, nós é que dependemos de Deus. Ele não age só se nós cremos ou não cremos. Se nossa fé está firme. Se nossa confiança está lá nas alturas. Deus age porque ele é bom e a sua bondade dura para sempre.
Para criar o mundo, Deus não precisou de conselhos de ninguém e não dependeu que alguém cresse que ele tinha o poder para criar tudo isso. Quando nós lemos em 2Co 5 que, em Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo, é porque, de fato, ele se reconciliou com toda a humanidade. A salvação é para todos. Ninguém está excluído da possibilidade de salvação. Mas só aqueles que creem recebem o benefício desta obra salvadora.
Deus cumpre as suas promessas independentemente se cremos ou não. A salvação prometida veio, em Jesus, para todo o mundo. Porém apenas aqueles que, assim como Isabel, reconhecem que Jesus é o salvador e nele creem é que recebem os benefícios desta salvação.
Sim, recebem, não receberão, porque a salvação começa agora. Se cremos em Jesus, então já somos salvos, já somos novas criaturas restauradas pelo Espírito Santo e já vivemos agora a alegria da vida eterna. E, enquanto vivemos esta nova vida por fé, aguardamos a consumação de tudo isso no Dia do juízo de Cristo.
Vivemos nessa expectativa, aguardando ansiosamente pela chegada do salvador. Ficamos tentando imaginar como será que vai ser o céu. A Bíblia só diz que é o lugar perfeito, mas nós nem conseguimos imaginar o que é perfeito. De qualquer forma, uma coisa é certa: Deus sempre cumpre as suas promessas. Ele também prometeu a salvação a todo aquele que crê. E é por isso que podemos nos alegrar desde já, sabendo que, na fé em Jesus, nós vamos para o céu. Amém.


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domingo, 13 de dezembro de 2015

Mensagem 3º dom. no Advento C 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 85; Sf 3.14-20; Fp 4.4-7; Lc 7.18-28 – 3º dom. no Advento C 2015
Apontando para Cristo
v. 22a: “Então, Jesus lhes respondeu: Ide e anunciai a João o que vistes e ouvistes”.
Uma brincadeira comum entre as crianças é aquela chamada de “siga o mestre”. Para quem não conhece, a brincadeira acontece da seguinte forma: Quem é designado mestre vai na frente puxando uma fila e tudo o que o mestre faz os outros devem fazer também. Se ele olhar para a direita, todos olham para a direita; se olhar para esquerda, todos olham para a esquerda. O objetivo é simplesmente fazer o que o mestre faz.
De certa forma essa brincadeira é sugerida no texto do evangelho com a diferença de que não é uma brincadeira e que não vale só para as crianças.
Quem sugere isso é João Batista, sobre o qual lemos semana passada a respeito da sua pregação no deserto. Já neste momento, João se encontra preso e os seus discípulos é que o mantinham informado a respeito da fama de Jesus que cada vez se espalhava mais.
Tanto é que a nossa perícope começa dizendo que “todas estas cousas”, ou seja, a respeito de Jesus, “foram referidas a João pelos seus discípulos”. E aí vai acontecer algo que, à primeira lida, pode até soar estranho. João envia dois discípulos a Jesus com a seguinte pergunta: “És tu aquele que viria ou aguardaremos outro”?
A primeira impressão que dá é que aquele mesmo João que pregou o arrependimento para preparar o caminho entre os corações e o Cristo, que, ao ver Jesus, disse aos seus discípulos “eis o Cordeiro de Deus”, que não hesitou em apontar a hipocrisia dos fariseus, agora, porque estava preso, começou a questionar até mesmo se Jesus era o Messias.
Seria uma interpretação bastante consoladora, afinal, se até João teve dúvidas, então Deus também vai perdoar as nossas dúvidas. Mas parece que não é isso, especialmente porque o próprio Jesus, na continuação do texto, vai elogiar a João dizendo que ele não era como um caniço agitado pelo vento, ou seja, uma pessoa inconstante, com uma pregação inconstante, mas um legítimo profeta de Deus.
Mas então por que João mandou os discípulos fazerem aquela pergunta? Ao que tudo indica João estava simplesmente criando uma oportunidade de fazer os seus discípulos se encontrarem com Jesus.
A gente sabe que lá em Jo 1, quando ele aponta o Cordeiro de Deus, alguns dos seus discípulos o deixaram e foram seguir a Jesus, mas outros não. Talvez porque ainda não tivessem certeza de que Jesus era o Cristo. A pergunta que João manda fazer não é a pergunta dele próprio, é a pergunta que incomodava os discípulos.
Então, o que a gente percebe com isso é que João Batista sempre procurava diversas maneiras de fazer a mesma coisa: Levar as pessoas a Jesus. De uma ou de outra forma, João estava sempre procurando dizer: É a ele que vocês devem seguir. São os seus passos que vocês devem imitar porque ele é o nosso Mestre.
E como já foi dito semana passada, a mensagem de João continua valendo para cada um de nós: Siga o mestre. Abrace esta causa de dedicar a sua vida a seguir o salvador Jesus Cristo. Ele é o salvador. E só ele. Portanto, como seus discípulos, cabe a nós seguirmos os seus passos.
Mas sobre isso nós vamos falar mais depois. Agora voltemos ao texto. Sendo fiéis a João, os dois discípulos imediatamente vão até Jesus e lhe repetem exatamente as mesmas palavras que o seu mestre João tinha usado: “És tu aquele que viria ou aguardaremos outro”?
E aí nós lemos assim: “Então, Jesus lhes respondeu...” Tudo bem, de fato Jesus disse alguma coisa. Mas também poderia ser assim: “E Jesus, tendo respondido, disse”. Mas como assim “tendo respondido”? Quando Jesus tinha respondido à pergunta? Com as suas ações.
A resposta de Jesus não veio por meio de palavras, e sim por meio de ações. Os milagres e as curas que Jesus realizou bem diante dos discípulos de João como provas do seu poder divino foram a resposta à pergunta sobre o seu messianismo. Se a resposta foi satisfatória aos discípulos, isso não sabemos. O texto só diz que eles foram embora. Agora, se voltaram só para se despedir de João ou se aquela foi a sua despedida de Jesus não dá para adivinhar.
O mais importante, de qualquer forma, é aplicar o texto bíblico à nossa vida a fim de sermos orientados, advertidos e consolados por ela. Assim como aqueles discípulos e tantos outros como o próprio Pedro, nós também passamos por momentos de dúvidas. Também temos perguntas a fazer e, muitas vezes, nos encontramos sem respostas satisfatórias.
Mas será que, em muitas destas vezes, diante das incertezas e dificuldades que a vida traz, não ouvimos a resposta de Deus porque não abrimos nossos olhos para ver o que ele tem feito por nós?
Todas as respostas que precisamos podem ser encontradas na Bíblia. Mas, além disso, temos também as respostas de Deus nas próprias dificuldades e, especialmente, nas inúmeras bênçãos que ele derrama sobre nós.
As respostas de Deus não são só “da boca para fora”. As respostas de Deus são concretas. Ele age em nossas vidas constantemente. É dele que vem tudo o que precisamos para o sustento do corpo e da alma. E, acima de tudo, é dele que vem a nossa salvação.
Que resposta mais concreta você pode querer do amor de Deus do que o fato de ele entregar o seu próprio Filho por nós? O Messias não veio só para ser mais um mestre, mas para dar a vida pelos seus discípulos. É da cruz do salvador Jesus que vem todas as respostas ao sofrimento humano. Pois foi naquela cruz que Deus demonstrou o tamanho do seu amor.
Nós, os que cremos especialmente, somos o alvo deste amor de Deus. Foi por nós que ele se entregou; em nosso lugar. E é por isso que a ordem de Jesus aos discípulos de João é ordem também para nós que somos os seus próprios discípulos: Vão e anunciem o que vocês viram e ouviram.
Quando Pedro e João foram proibidos pelos líderes religiosos de anunciar o nome de Cristo, eles responderam: Nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos. Assim também nós não podemos deixar de falar das respostas concretas que Deus realiza em nossas vidas.
Este texto realmente fala muito sobre o “siga o Mestre” da vida cristã. Podemos aprender várias maneiras de como ser um seguidor do mestre Jesus, seguindo o exemplo de João: falando de Jesus, apontando para Jesus, levando as pessoas a Jesus, criando oportunidades de colocar as pessoas em contato com Jesus. A diferença é que não precisamos imitá-lo em sua morte de cruz, porque isso ele fez em nosso lugar.
E o Advento é um período bastante oportuno para refletir sobre isso. Somos enviados a anunciar o Evangelho porque assim como, da primeira vez, Jesus veio para salvar, ele virá novamente, mas para julgar. E que naquele dia, ninguém possa olhar para a gente e dizer: Você sabia e não me disse.
Por isso vamos acatar a ordem de Jesus para que, naquele dia, tenhamos a grande alegria de ver entrar na glória aqueles a quem anunciamos o Evangelho.
Quem segue o mestre Jesus nesta vida pode ter a certeza de que também o seguirá quando ele entrar pelas portas do céu. Essa é a nossa grande alegria, a nossa grande esperança e a nossa grande mensagem. Com Jesus nós vamos para o céu. Amém.

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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Mensagem 2º dom. no Advento C 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 66.1-12; Ml 3.1-7b; Fp 1.2-11; Lc 3.1-18 – 2º dom. no Advento C 2015
Frutos do arrependimento
v. 8a: “Produzi, pois, frutos dignos do arrependimento”.
Quando o final do ano vai chegando, muitas pessoas já começam a fazer planos para o próximo ano. Dar início a um projeto, dedicar mais tempo à família, cuidar melhor da saúde, fazer dieta e assim por diante. Muitas vezes, até, decisões estas tomadas a partir de um certo sentimento de arrependimento por ter feito ou deixado de fazer certas coisas. Seja como for, o fato é que todos esses planos, para darem certo, exigem mudança. E é aí que muita gente empaca.
Estamos ainda no início do período do Advento e a leitura hoje foi a pregação de João Batista. O Advento é esse período bonito em que aguardamos a tão esperada festa do Natal. E, por isso, alguém até poderia questionar: Por que uma leitura tão pesada num período tão esperançoso?
Na verdade, a pregação de João Batista também aponta para a grande esperança do cristão. João Batista é considerado o precursor do Messias ou o último dos profetas porque aquele, de quem todos os profetas falaram, agora estava chegando. E João Batista, com sua pregação, queria preparar os corações para receberem Jesus.
E é bom lembrar que assim como o povo de Israel no Antigo Testamento aguardava o advento do Messias, assim também nós aguardamos a sua segunda vinda. A rigor, toda a Escritura pode ser aplicada à nossa vida. E é por isso que aquela mesma mensagem de João Batista continua valendo para cada um de nós.
Por meio desta mensagem Deus quer nos conclamar ao arrependimento e, assim, preparar nosso coração para a vinda de Cristo. E é por isso que ele precisa de palavras duras que realmente impactem e chamem a nossa atenção. “Raça de víboras”, com certeza, não é um título agradável de se receber. Mas é isso que nós somos: Venenosos por natureza. E por causa deste veneno que é o pecado, nossa tendência é produzir frutos venenosos para nós mesmos e para o nosso próximo.
No entanto, a Bíblia diz que Deus não tem prazer na condenação do perverso, mas em que ele se converta do seu caminho e, assim, tenha vida. Arrependimento, de fato, não é mudança de vida. Mas o arrependimento leva à mudança de vida.
Essa distinção é importante, pelo menos, por dois motivos. Primeiro: Muita gente exige uma mudança radical na vida de alguém outro sem levar em conta que mudança exige vontade, dedicação e tempo. Mudanças não acontecem da noite para o dia. E quando acontecem deixam sequelas.
Além disso, o que muita gente esquece é que ninguém tem o poder para mudar outra pessoa. O que você pode fazer é conversar, advertir, aconselhar, instruir, mostrar exemplos e alertas sobre as consequências, mas a mudança precisa partir do outro. Além disso, normalmente quando você exige muito que a pessoa mude alguma atitude, sempre reclamando da mesma coisa e batendo na mesma tecla, aí é que ela se fecha e não muda mesmo.
Por isso muito cuidado para dizer: – Você diz que está arrependido, por que não muda? Ou então: – Se você estivesse mesmo arrependido já teria feito diferente. Devemos julgar e acusar menos e ajudar mais, estimular as pessoas em suas mudanças sempre lembrando a elas que é assim mesmo, que é difícil, que leva tempo, mas que vale a pena. Afinal, ninguém precisa mudar nada. A não ser, é claro, que isso esteja fazendo mal para si mesma, para o seu próximo ou dando um mau testemunho cristão.
E segundo: Sim, o arrependimento leva à mudança de vida. Então se a pessoa não tem vontade de corrigir os seus erros, não se esforça por isso e, mesmo com o tempo, não muda nada, aí sim já é até de se questionar se ali alguma vez já houve arrependimento.
Porque dizer que está arrependido é fácil. Talvez a gente até possa pensar que está arrependido por causa de um sentimento momentâneo de tristeza. São coisas diferentes. Arrependimento, pelo menos o arrependimento que a Bíblia ensina, é mudança de mentalidade. É enxergar as coisas com outros olhos, ter uma concepção diferente do mundo, de si mesmo, de Deus e, com uma mudança tão radical como essa, naturalmente se dá início também uma mudança de atitudes.
Essa é a razão porque Deus, por meio de João Batista e de tantos outros, encheu a Bíblia de passagem que falam de uma vida nova. Aquele que se diz arrependido, por mais que se diga cristão, se permanece sempre nos seus pecados e não se dedica em fazer a vontade de Deus, na verdade nunca se arrependeu e nem deveria se dizer cristão.
Muitos dos que ouviam João Batista alegavam que eram descendentes de Abraão e, só por isso, já se sentiam seguros diante de Deus, como se não precisassem mais corrigir os seus pecados. Será que, muitas vezes, não tentamos esconder ou ignorar nossos pecados por trás de algumas boas atitudes como quem varre a sujeira para debaixo de um tapete bonito?
Deus não quer preparar só o nosso exterior. Ele quer preparar nosso coração para que Jesus possa entrar, viver e agir. A coisa é séria. Só há dois lugares para ir depois desta vida: O céu e o inferno. Para onde nós estamos caminhando?
As pessoas que entenderam a seriedade da coisa, que levaram a sério a pregação de João, ficaram preocupadas e foram perguntar a João que frutos elas deveriam produzir a partir do arrependimento. E nós percebemos que João não pede nada mais do que corrigir os pecados mais frequentes e que cada um se dedique na sua vocação.
À multidão, de uma forma geral, ele pediu que cada um olhasse com compaixão para a necessidade do seu próximo. Aos publicanos, que tinham fama de cobrar o imposto maior do que deveriam, João disse que não cobrassem mais do que o estipulado. E aos soldados, que ganhavam tão mal quanto um trabalhador brasileiro e por isso torciam a justiça em troca de um dinheiro extra, João diz que agissem corretamente e que se contentassem com o seu salário.
Sim, corrigir os pecados não é uma opção, é uma necessidade. Onde quer que haja verdadeiro arrependimento e fé, ali também devem seguir as boas obras de uma vida cristã procurando em tudo servir a Deus, o Senhor.
Se esta é a fé que há em seu coração, a esta altura você também deve estar se perguntando: – “Mestre, que havemos, pois, de fazer”? Só que esta é uma resposta que ninguém pode dar. Se João deu uma resposta diferente para cada pessoa, por que esperaríamos que ele desse uma só resposta para todos nós?
É necessário que cada um individualmente pare e tenha uma conversa bem sincera com o nosso Pai celestial: Onde eu estou falhando? Tenho reservado tempo e atenção à minha família? Tenho auxiliado meus irmãos no trabalho da igreja? Tenho tido interesse em conhecer melhor a vontade de Deus? Tenho procurado observar todos os seus mandamentos? Tenho ajudado aqueles que precisam de ajuda quando tive oportunidade? Tenho me preocupado em dar bom exemplo às pessoas e anunciar o nome de Cristo?
Essas também são apenas algumas questões gerais que valem para todos. Mas é importante que cada um, em sua oração, examine sua consciência e atitudes e busque o auxílio do Espírito Santo para que possa cada vez mais viver a fé.
Então, o que vai ser diferente? Que diferença esta palavra de Deus vai fazer em nossas vidas? Vamos leva-la a sério e, de fato, nos prepararmos para o dia do juízo em uma vida digna de arrependimento, fé e boas ações ou vamos fazer de conta que podemos ignorar a palavra de Deus e fazer tudo como der vontade?
Lembremos a mensagem de João: O machado está posto à árvore. O Dia vem. E a árvore que não produz frutos será arrancada e lançada ao fogo. Só aquela que se alimenta de Cristo e do Espírito Santo e, por isso, naturalmente produz os bons frutos da vida cristã, esta vai fazer parte do grande jardim celestial que Deus tem preparado para todos os que o amam.
Lembremos também que mesmo quando Deus fala duro, é isso que ele quer. Deus quer a nossa salvação. Ele não quer permitir que o pecado e as tentações nos afastem do caminho, que é Cristo. Mas que, andando constantemente neste caminho, não nos desviemos dele e, assim, alcancemos a vida eterna mediante a fé no salvador Jesus Cristo.
Por isso, que ninguém empaque na hora da mudança. Decidiu que precisa mudar alguma coisa? Assuma, siga em frente e lute por esta mudança. Que assim como aguardamos o natal com enfeites na igreja e em casa também, que também nossas vidas sejam enfeitadas pelo Espírito Santo enquanto aguardamos o advento do nosso salvador. Amém.

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