Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 123; Ez
2.1-5; 2Co 12.1-10; Mc 6.1-13 – 6º dom.
após Pentecostes B 2015
Jesus nos envia a
anunciar a Palavra
vv. 7,12: “Chamou Jesus os doze e passou a enviá-los de
dois a dois... Então, saindo eles, pregavam ao povo que se arrependesse”.
Você já foi incumbido de realizar uma tarefa de grande
importância? Citar exemplos é difícil já que determinadas tarefas que para um
são vistas como um grande privilégio, para outro não passa de uma atividade
qualquer. Vamos pensar, então, em coisas que fazem parte da vida de uma
congregação: fazer uma leitura bíblica no culto, dirigir um culto de leitura ou
estudo bíblico, ajudar na música, recepcionar as pessoas. Enfim, são várias as
oportunidades que temos de servir a Deus com os dons e as habilidades que ele
dá a todos nós.
A partir do texto de Marcos, constatamos que os discípulos
também receberam uma tarefa. O próprio Jesus enviou os seus alunos para que
anunciassem a Palavra de Deus às pessoas. O que podemos aprender com este
texto? O que ele tem a ver com a gente? Na verdade, o texto traz várias
informações muito importantes que nos servem de precaução e de estímulo para a
nossa vida cristã.
Em primeiro lugar, nós temos ali o relato de que Jesus
enviou seus discípulos em uma missão. E mais adiante ele diz que esta missão
nada mais era do que exortar as pessoas a que se arrependessem dos seus pecados
para que, assim, conscientes da sua pecaminosidade, buscassem o perdão junto a
Cristo.
Jesus dá essa ordem aos discípulos. O que significa que se
também nos consideramos discípulos, alunos, seguidores de Jesus, temos que
entender que esta ordem também vale para nós.
Jesus nos envia a anunciar a Palavra de Deus às pessoas. E
ele faz isso colocando a cada um de nós em lugares diferentes, onde nos
encontramos com diferentes pessoas, em diferentes situações. E tudo isso para
que a Palavra de Deus possa ser anunciada ao máximo de gente possível.
Todo cristão, todo discípulo de Jesus é um instrumento nas
mãos de Deus por meio do qual ele realiza a sua obra de levar salvação ao
pecador. Ele faz isso tanto quando falamos da Palavra de Deus como quando
vivemos esta Palavra em uma vida cristã de acordo com os seus mandamentos.
Sem dúvida, é uma tarefa e tanto. E provavelmente você
esteja pensando que não é para qualquer um. Por isso chama a atenção (e talvez
até pareça um pouco estranho) que Jesus disse aos discípulos que não levassem
nada consigo naquela viagem. No máximo, uma bengala diz o texto. Pode parecer
que Jesus quer dificultar as coisas, mas parece mais adequado olhar por outro
ângulo.
Quantos cristãos se agarram tanto na bagagem que
adquiriram aqui no mundo que não conseguem se desfazer disso para servir no
reino de Deus? Estão tão presos a assuntos de propriedade, negócios, dinheiro,
empregados que muitas vezes mal sobra tempo para uma leitura bíblica. Imaginem
então se vão ter tempo ou disposição para se preocuparem com os assuntos
pertinentes ao reino de Deus. Se dizem discípulos, mas não vivem um discipulado.
Mas com certeza Jesus queria nos ensinar mais do que isso.
Ele quer nos ensinar a confiar em Deus. A não vivermos preocupados e ansiosos
como tudo fosse depender do nosso esforço e das nossas decisões.
Podemos até dizer assim que Jesus é a nossa bengala, o
nosso suporte. De modo que se Jesus está com a gente, então não falta mais nada
a não ser confiar que Deus proverá. Que Deus sempre vai nos suprir com todo o
necessário para o nosso corpo e para a nossa alma.
Isso é muito importante que a gente tenha claro e fixo na
nossa cabeça. Porque muitos não servem no reino de Deus não por falta de
vontade, mas porque não se sentem capazes de servir. É como se só os outros
tivessem recebido os dons específicos para o trabalho da Igreja.
Mas isso, antes de qualquer coisa, é um gesto de
ingratidão. Porque a pessoa não reconhece na sua vida as oportunidades que
talvez só ela tenha de servir a Deus. Não existem “dons específicos” para o
trabalho na Igreja.
Outros dizem que não têm conhecimento ou experiência
suficientes. Mas vejam os discípulos: eles estavam recém começando a sua
caminhada com Jesus, o seu discipulado. Que experiência eles tinham? Nenhuma.
Que conhecimento eles tinham? Um conhecimento mínimo.
Claro que se queremos anunciar alguma coisa, é preciso que
haja um conteúdo a ser anunciado. Temos que conhecer a Palavra de Deus. E
quanto melhor a conhecermos, mais e melhor poderemos falar sobre ela. Mas
ninguém precisa entender a Bíblia toda antes de botar a mão na massa. Até
porque, se fosse assim, quando que a gente ia fazer alguma coisa?
E experiência? Experiência se adquire fazendo a coisa.
Colocando em prática aquilo que aprendemos na Bíblia. Quando abraçamos a causa
de Jesus e nos dedicamos a viver e anunciar o que o Senhor tem feito.
- Ah, mas de que adianta tudo isso se a maioria nem quer
saber de Deus? Só que isso Jesus mesmo já previa. Se ele disse aos discípulos
que quando não fossem recebidos que fossem embora, é porque ele sabia muito bem
que muitos não se interessam pela Palavra de Deus.
E isso não é só daquela época. Também em nossos dias,
quantas pessoas, aliás, quantos cristãos vivem afastados de Deus e da sua
Palavra? Mas não é por isso que vamos desistir. Jesus não nos envia para
converter pessoas. Ele nos envia para anunciar o Evangelho. E é isso que
procuramos fazer lá onde Deus nos coloca, seja em casa, no trabalho ou em
qualquer outro lugar.
Queremos anunciar e viver a Palavra de Deus em primeiro
lugar porque é Jesus quem nos envia. E segundo, por causa daqueles que vão
receber o Evangelho com alegria, vão crer na Palavra de Deus e por esta Palavra
serão salvos.
Por isso, o que temos diante de nós é uma tarefa muito
importante. Que é, ao mesmo tempo, um grande privilégio e uma grande
responsabilidade: Jesus faz de nós cooperadores do próprio Deus na sua obra de
levar salvação ao pecador. Foi assim que o Evangelho chegou até nós e é assim
que ele vai alcançar a tantos outros que anseiam por ouvir que Deus, em Cristo,
perdoou os seus pecados e quer lhes dar uma nova vida sob a direção do seu Espírito
Santo.
Sem dúvida, são muitas as tarefas importantes realizadas
por muitas pessoas. Nós, como cristãos, apesar de todas as diferenças, dos dons
tão diferentes, estamos e precisamos estar sempre unidos lutando por realizar
uma única tarefa, a mais importante de todas: a de viver e anunciar a salvação.
Amém.