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sexta-feira, 10 de abril de 2015

Mensagem 2º domingo de Páscoa B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 148; At 4.32-35; 1Jo 1.1-2.2; Jo 20.19-31 – 2º domingo de Páscoa B 2015
Jesus nos livra da dúvida e do medo
v. 19: “Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco”!
Você já teve medo? Você já teve dúvidas? A pergunta melhor é: quem não teve? O medo e a dúvida são sentimentos até comuns, mas também tão fortes que, muitas vezes, nos sentimos até como se estivéssemos aprisionados, de mãos atadas; acorrentados em meio a uma realidade que parece não nos dar escolha. O desespero de não fazer nada quer nos levar a agir, mas o medo das consequências logo nos faz voltar atrás.
Talvez era assim que os apóstolos estavam se sentindo depois da crucificação de Jesus. Sem o nosso Mestre, o que vamos fazer? As mulheres já vieram dizer que Jesus ressuscitou. Mas, quem acredita nas mulheres?
Com medo do que os judeus ou mesmo outros poderiam fazer a eles e com mil e uma dúvidas sobre a morte e ressurreição de Jesus, os discípulos preferiram ficar trancados dentro de casa.
Não somos diferentes dos discípulos. Também somos humanos; também sentimos medo e dúvidas. E assim como eles se prenderam naquela ocasião, assim também nós, muitas vezes, nos trancamos diante das coisas que não sabemos como lidar.
É o sofrimento de pais que fazem de tudo pelo bem e pela educação dos filhos, mas não veem nenhum resultado. Sentem-se de mãos atadas, afinal, já tentaram agir e parece que não adiantou nada.
É a situação daquele jovem cristão que olha o mundo ao seu redor, tão diferente, com outros costumes, com outros valores e não sabe exatamente como se portar. Se ir “na onda” da maioria, vai ir contra sua própria consciência; se não ir, pode ser excluído do seu próprio círculo de amizade.
Seja qual for a situação, o certo é que no medo e na dúvida nós devemos sempre voltar para Deus e colocar diante dele aquilo que nos incomoda e nos angustia e pedir que ele abra nossos olhos para fazer a coisa certa.
O problema é que nem sempre nós fazemos isso. Ou tentamos resolver o problema sozinhos, ou nos achegamos a Deus em tom de indignação e reclamação como se, em última análise, Deus fosse o grande culpado por permitir essas coisas.
Provavelmente uma das maiores ironias na Igreja é que muitos cristãos, quando precisam enfrentar problemas e dificuldades, imediatamente recorrem a especialistas da saúde (médicos, psicólogos, etc.). Não que tenha algo de errado nisso. Mas quando confiamos mais nos nossos especialistas do que no grande especialista da vida, aquele que nos deu a vida e conhece até o mais íntimo do nosso ser, então estamos perdendo a chance de receber o tratamento certo.
Ou então damos uma de Tomé. Desvinculamo-nos do grupo e tentamos resolver as coisas por conta própria. O apóstolo Tomé é muito conhecido pela sua incredulidade, mas o primeiro erro dele foi se desvincular do grupo. Ele não teve medo dos judeus como os outros tiveram, mas, nas suas dúvidas, estando com os pensamentos confusos, saiu para procurar por respostas sozinho.
Todos nós, em algum momento, sofremos essa mesma tentação. E aí você vê gente que, ao enfrentar os seus medos, ao invés de compartilhar isso com a igreja e pedir, pelo menos, por orações, se afasta sem dizer nada e, como se fosse um último guerreiro, vai para a batalha sem ninguém.
E, cá entre nós, se não estamos dispostos nem mesmo a cuidar uns dos outros, então temos mais que fechar as portas e ir embora. Mas isso é assunto para um outro dia.
Agora, o que podemos aprender com tudo isso é que nós nos prendemos em casas que nós mesmos criamos. A pessoa que se preocupa por antecipação, o aluno que fica nervoso para fazer uma prova, alguém que tem medo de falar em público. Esses são alguns exemplos de prisões que nós mesmos criamos.
Aprisionamo-nos em nossos medos, nas nossas dúvidas, inseguranças e acabamos sofrendo sem necessidade. E esse é um grande risco também na vida cristã. E, seja por medo, seja por dúvidas, vivemos uma fé aprisionada que nem sempre carrega a vontade de Deus nas nossas palavras e ações.
E isso é natural do ser humano. Por natureza somos medrosos e, acima de tudo, incrédulos. Mas graças a Deus existe uma boa notícia. A boa notícia de que Jesus veio mudar essa realidade. Assim como ele veio até os discípulos quando eles se encontravam presos na casa dos seus medos, assim ele vem a nós para nos libertar de tudo o que nos aprisiona.
Em primeiro lugar, ele nos livra da incredulidade quando nos dá a fé. Não estamos mais presos no pecado e o pecado mesmo não tem mais poder sobre nós. E isso porque agora podemos crer que Jesus tomou sobre o nosso pecado e o venceu por nós. Agora podemos crer que somos aceitos por Deus porque essa é a paz que Jesus veio trazer: a paz com Deus; o perdão dos nossos pecados; a certeza da salvação.
Em segundo lugar, ele nos livra do medo. Não que agora não vamos mais ter medo. Na enfermidade, nas decisões difíceis, o medo vai estar presente. Mas já não vai mais ter domínio sobre nós. Podemos enfrentar os nossos medos porque Jesus também vai estar presente.
Quando a ansiedade e a preocupação nos sobrevêm, podemos confiar que Jesus vem até nós. E porque Jesus está presente, nós podemos seguir em frente. Quando Jesus apareceu aos discípulos e lhes mostrou as marcas nas mãos e no lado, o texto diz que eles se alegraram e então saíram daquela casa. Nós também podemos nos alegrar e sair da casa onde nos prendemos.
Seja isso para o viver do dia-a-dia como para o viver cristão. Claro que não tem como separar as duas coisas. A vida cristã se mostra justamente no dia-a-dia. E porque Jesus está presente e nos traz a paz e o perdão de Deus é que temos agora a liberdade de servir a Deus, fazendo a sua vontade em qualquer lugar, em qualquer situação.
Essa nova vida de serviço no reino de Deus só é possível ao que crê no salvador Jesus Cristo e no seu perdão. Por isso, Jesus enviou os apóstolos a anunciar esse perdão. E, se somos também seus discípulos, então também somos enviados a fazer o mesmo.
Jesus diz: Assim como eu fui enviado pelo Pai para trazer e mostrar que o perdão de Deus é uma realidade a todos os que creem em mim, assim também eu envio vocês a levarem esse perdão, crerem nesse perdão e viverem esse perdão.
Por que temer ou duvidar, se Jesus está com a gente? Por que nos escravizarmos quando somos livres? Os apóstolos estavam presos naquela casa. Qual é a casa em que você está preso e que lhe impede de sair e crer, viver e anunciar o perdão de Deus?
Todos nós já passamos por momentos de medo e de dúvida. Todos já nos sentimos ou ainda vamos nos sentir de mãos atadas. Por isso precisamos sempre lembrar que em qualquer situação, Jesus está presente. E precisamos confiar nisso com todas as nossas forças.
Nas prisões da vida, é preciso lembrar que em Jesus nós somos livres. Jesus nos livrou da incredulidade. Jesus nos livra do medo. E nos ajuda a viver no caminho que leva ao céu. Por isso, em toda e qualquer situação, no medo ou na dúvida, nós podemos dizer junto com o salmista: Clamei ao Senhor e ele me atendeu. Louvado seja o nome do Senhor. Amém.

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