Igreja
Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr.
Edenilson Gass
Sl 148; At 4.32-35; 1Jo 1.1-2.2; Jo 20.19-31 – 2º domingo de Páscoa B 2015
Jesus nos livra da dúvida e do
medo
v.
19: “Ao cair da tarde daquele dia, o primeiro da semana, trancadas as portas da
casa onde estavam os discípulos com medo dos judeus, veio Jesus, pôs-se no meio
e disse-lhes: Paz seja convosco”!
Você
já teve medo? Você já teve dúvidas? A pergunta melhor é: quem não teve? O medo
e a dúvida são sentimentos até comuns, mas também tão fortes que, muitas vezes,
nos sentimos até como se estivéssemos aprisionados, de mãos atadas;
acorrentados em meio a uma realidade que parece não nos dar escolha. O
desespero de não fazer nada quer nos levar a agir, mas o medo das consequências
logo nos faz voltar atrás.
Talvez
era assim que os apóstolos estavam se sentindo depois da crucificação de Jesus.
Sem o nosso Mestre, o que vamos fazer? As mulheres já vieram dizer que Jesus
ressuscitou. Mas, quem acredita nas mulheres?
Com
medo do que os judeus ou mesmo outros poderiam fazer a eles e com mil e uma
dúvidas sobre a morte e ressurreição de Jesus, os discípulos preferiram ficar
trancados dentro de casa.
Não
somos diferentes dos discípulos. Também somos humanos; também sentimos medo e
dúvidas. E assim como eles se prenderam naquela ocasião, assim também nós,
muitas vezes, nos trancamos diante das coisas que não sabemos como lidar.
É
o sofrimento de pais que fazem de tudo pelo bem e pela educação dos filhos, mas
não veem nenhum resultado. Sentem-se de mãos atadas, afinal, já tentaram agir e
parece que não adiantou nada.
É
a situação daquele jovem cristão que olha o mundo ao seu redor, tão diferente,
com outros costumes, com outros valores e não sabe exatamente como se portar.
Se ir “na onda” da maioria, vai ir contra sua própria consciência; se não ir,
pode ser excluído do seu próprio círculo de amizade.
Seja
qual for a situação, o certo é que no medo e na dúvida nós devemos sempre
voltar para Deus e colocar diante dele aquilo que nos incomoda e nos angustia e
pedir que ele abra nossos olhos para fazer a coisa certa.
O
problema é que nem sempre nós fazemos isso. Ou tentamos resolver o problema
sozinhos, ou nos achegamos a Deus em tom de indignação e reclamação como se, em
última análise, Deus fosse o grande culpado por permitir essas coisas.
Provavelmente
uma das maiores ironias na Igreja é que muitos cristãos, quando precisam
enfrentar problemas e dificuldades, imediatamente recorrem a especialistas da
saúde (médicos, psicólogos, etc.). Não que tenha algo de errado nisso. Mas
quando confiamos mais nos nossos especialistas do que no grande especialista da
vida, aquele que nos deu a vida e conhece até o mais íntimo do nosso ser, então
estamos perdendo a chance de receber o tratamento certo.
Ou
então damos uma de Tomé. Desvinculamo-nos do grupo e tentamos resolver as
coisas por conta própria. O apóstolo Tomé é muito conhecido pela sua
incredulidade, mas o primeiro erro dele foi se desvincular do grupo. Ele não
teve medo dos judeus como os outros tiveram, mas, nas suas dúvidas, estando com
os pensamentos confusos, saiu para procurar por respostas sozinho.
Todos
nós, em algum momento, sofremos essa mesma tentação. E aí você vê gente que, ao
enfrentar os seus medos, ao invés de compartilhar isso com a igreja e pedir,
pelo menos, por orações, se afasta sem dizer nada e, como se fosse um último
guerreiro, vai para a batalha sem ninguém.
E,
cá entre nós, se não estamos dispostos nem mesmo a cuidar uns dos outros, então
temos mais que fechar as portas e ir embora. Mas isso é assunto para um outro
dia.
Agora,
o que podemos aprender com tudo isso é que nós nos prendemos em casas que nós
mesmos criamos. A pessoa que se preocupa por antecipação, o aluno que fica
nervoso para fazer uma prova, alguém que tem medo de falar em público. Esses
são alguns exemplos de prisões que nós mesmos criamos.
Aprisionamo-nos
em nossos medos, nas nossas dúvidas, inseguranças e acabamos sofrendo sem
necessidade. E esse é um grande risco também na vida cristã. E, seja por medo,
seja por dúvidas, vivemos uma fé aprisionada que nem sempre carrega a vontade
de Deus nas nossas palavras e ações.
E
isso é natural do ser humano. Por natureza somos medrosos e, acima de tudo,
incrédulos. Mas graças a Deus existe uma boa notícia. A boa notícia de que
Jesus veio mudar essa realidade. Assim como ele veio até os discípulos quando
eles se encontravam presos na casa dos seus medos, assim ele vem a nós para nos
libertar de tudo o que nos aprisiona.
Em
primeiro lugar, ele nos livra da incredulidade quando nos dá a fé. Não estamos
mais presos no pecado e o pecado mesmo não tem mais poder sobre nós. E isso
porque agora podemos crer que Jesus tomou sobre o nosso pecado e o venceu por
nós. Agora podemos crer que somos aceitos por Deus porque essa é a paz que
Jesus veio trazer: a paz com Deus; o perdão dos nossos pecados; a certeza da
salvação.
Em
segundo lugar, ele nos livra do medo. Não que agora não vamos mais ter medo. Na
enfermidade, nas decisões difíceis, o medo vai estar presente. Mas já não vai
mais ter domínio sobre nós. Podemos enfrentar os nossos medos porque Jesus
também vai estar presente.
Quando
a ansiedade e a preocupação nos sobrevêm, podemos confiar que Jesus vem até
nós. E porque Jesus está presente, nós podemos seguir em frente. Quando Jesus
apareceu aos discípulos e lhes mostrou as marcas nas mãos e no lado, o texto
diz que eles se alegraram e então saíram daquela casa. Nós também podemos nos
alegrar e sair da casa onde nos prendemos.
Seja
isso para o viver do dia-a-dia como para o viver cristão. Claro que não tem
como separar as duas coisas. A vida cristã se mostra justamente no dia-a-dia. E
porque Jesus está presente e nos traz a paz e o perdão de Deus é que temos
agora a liberdade de servir a Deus, fazendo a sua vontade em qualquer lugar, em
qualquer situação.
Essa
nova vida de serviço no reino de Deus só é possível ao que crê no salvador
Jesus Cristo e no seu perdão. Por isso, Jesus enviou os apóstolos a anunciar
esse perdão. E, se somos também seus discípulos, então também somos enviados a
fazer o mesmo.
Jesus
diz: Assim como eu fui enviado pelo Pai para trazer e mostrar que o perdão de
Deus é uma realidade a todos os que creem em mim, assim também eu envio vocês a
levarem esse perdão, crerem nesse perdão e viverem esse perdão.
Por
que temer ou duvidar, se Jesus está com a gente? Por que nos escravizarmos
quando somos livres? Os apóstolos estavam presos naquela casa. Qual é a casa em
que você está preso e que lhe impede de sair e crer, viver e anunciar o perdão
de Deus?
Todos
nós já passamos por momentos de medo e de dúvida. Todos já nos sentimos ou ainda
vamos nos sentir de mãos atadas. Por isso precisamos sempre lembrar que em
qualquer situação, Jesus está presente. E precisamos confiar nisso com todas as
nossas forças.
Nas
prisões da vida, é preciso lembrar que em Jesus nós somos livres. Jesus nos livrou
da incredulidade. Jesus nos livra do medo. E nos ajuda a viver no caminho que
leva ao céu. Por isso, em toda e qualquer situação, no medo ou na dúvida, nós
podemos dizer junto com o salmista: Clamei ao Senhor e ele me atendeu. Louvado
seja o nome do Senhor. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário