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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

1º domingo no Advento - uma breve reflexão

Igreja Evangélica Luterana Cristo - Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 80.1-7; Is 64.1-9; 1Co 1.3-9; Mc 13.24-37 - 1º Domingo no Advento
Sugestão de hinos: Hinário Luterano 240, 245.
Firmes, confiantes e alegres nas palavras de Jesus
v. 31: "Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão".
Uma das sugestões para o texto do Evangelho deste 1º Domingo no Advento é a passagem destacada acima. A outra é Mc 11 com a famosa entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. A princípio, quando lemos um texto como esse, talvez a primeira pergunta que nos venha à mente é: O que esse texto tem a ver com o Advento? Isso tem mais cara de Último Domingo do Ano da Igreja. No entanto, o texto é bastante oportuno, desde que o leiamos com atenção e, de preferência, relacionado aos demais textos indicados.
O advento é um período especial dentro do calendário eclesiástico porque é tempo de preparação para a chegada do salvador Jesus Cristo. O próprio nome já diz tudo: Advento, ou seja, vinda, chegada.
Mas quando falamos da vinda de Jesus, não lembramos de um único evento, ocorrido há mais de dois mil anos, senão também da segunda vinda de Jesus. Nossa preparação, como cristãos, não pode ser apenas de enfeitar o pinheirinho, colocar uma coroa na porta e comprar um pequeno presépio, estando assim preparados para o Natal apenas como uma festa que acontece ao final de cada ano. Precisa - e isso é o mais importante - ser um preparar do coração para receber Jesus todos os dias de todos os anos e, assim, sermos recebidos por ele quando vier novamente.
O próprio Jesus é quem nos deixa de sobreaviso: Vigiai! Vigiar significa estar atento à nossa fé, alimentando-a constantemente para que não enfraqueça ou desapareça. Isso pode ser feito de forma bastante simples quando o cristão abre sua Bíblia e reflete na palavra de Deus.
O profeta Isaías lembra muito bem que nossa justiça é como trapo de imundícia. Naturalmente, afastamo-nos de Deus, vivendo a nosso bel-prazer. Muitas vezes, no pecado. Por isso, não é com as nossas hipócritas e exteriores obras que vamos convencer o Rei Jesus de que merecemos um lugarzinho no céu.
Contudo, o amor de Deus é tão grande que ele nos deu uma nova justiça. Uma justiça que apaga os nossos pecados e nos faz justos e amados de Deus. Essa justiça é o próprio Jesus Cristo, o qual diz o apóstolo Paulo, com toda a confiança, que ele nos guardará até o fim para sermos apresentados irrepreensíveis diante do Pai celeste.
Quem está firme? Quem está vigilante? Aquele que atenta às palavras de Jesus e, pela fé, recebe a sua justiça de plena santidade. Nossas obras, assim como os céus e a terra, hão de passar. A única coisa que não passará, são as palavras de Jesus. E quem está firme nelas, certamente não será abalado.
Assim, montar o pinheirinho e o presépio, pendurar a coroa de advento passam a ser não obras vazias, mas expressão da nossa alegria em lembrar que, em mais um Natal, Jesus vem ao nosso coração. E, no último Dia, quando ele vier novamente, nós é que iremos para o coração de Jesus. Amém.

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Mensagem Último dom. do Ano da Igreja A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 95.1-7a; Ez 34.11-16,20-24; 2Pe 3.3-13; Mt 25.31-46 – Último dom. do Ano da Igreja A 2014
Benditos e salvos pela fé
v. 34: “Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”.
Você é uma pessoa detalhista? Aquela pessoa que, na escola, não entregava um trabalho antes de revisar cada seção, cada ponto? Aquela pessoa que, quando limpa a casa, primeiro vira a casa de ponta cabeça para depois colocar tudo no lugar? Ou então que leva duas horas para se arrumar antes de sair de casa?
Ser uma pessoa perfeccionista tem lá suas vantagens. Mas também tem o seu lado negativo. Parece que o maior problema das pessoas com esse tipo de personalidade é que elas podem se estressar muito facilmente quando não tem tempo suficiente para fazer tudo como gostariam. Ou então elas podem se frustrar muito facilmente quando veem que as outras pessoas não tem o mesmo grau de cuidado com aquilo que fazem.
Mas, como já foi dito, é claro que ser detalhista também traz os seus benefícios. No texto de hoje, por exemplo, nós precisamos prestar a atenção a alguns detalhes se queremos entender bem o que Jesus quer dizer. Por isso, seja você alguém detalhista ou não, neste momento nós vamos refletir justamente sobre esses detalhes.
Na verdade, no caso deste texto e de tantas outras passagens bíblicas, se a gente simplesmente passar correndo por cima, pode ser que a gente entenda exatamente o contrário do que o texto quer dizer.
É muito fácil, num texto como este, acontecer o seguinte: A pessoa está lá em casa fazendo a sua leitura bíblica. E aí ela percebe que Jesus começa a falar do dia em que ele vai voltar, que ele vai separar as pessoas em dois grupos, vai elogiar os que estarão à sua direita pelo que fizeram e vai condenar aqueles que agiram de forma diferente.
Nessa leitura rápida, provavelmente a sua conclusão vai ser mais ou menos assim: Os que fizerem muitas coisas boas serão salvos e os que não fizeram serão condenados.
Mas será que é isso que Jesus está dizendo? O primeiro problema dessa interpretação é que ela se choca diretamente contra outros textos claros que dizem bem o contrário. Romanos 3.28, por exemplo: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei”.
Por isso vamos diminuir a velocidade da nossa reflexão e prestar a atenção a alguns detalhes do texto. Detalhes esses que nada mais são do que palavras.
Jesus começa dizendo de como será a sua vinda. Não será como da primeira vez: em humildade, numa manjedoura, mas com toda a glória e o poder que ele tem. Portanto, um dia glorioso, um dia em que veremos os anjos de Deus.
Todos, sem exceção, vivos e mortos, serão reunidos diante dele como as pessoas se se encontram diante do juiz no tribunal. E, no seu julgamento, ele vai separar a todos em dois grupos, como o pastor separa os cabritos das ovelhas. “E porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda”.
Essa imagem – que envolve pastor e ovelhas – é comum na Bíblia. Na passagem de Ezequiel 34 nós lemos que Deus mesmo é quem busca as suas ovelhas e as reúne fazendo de todas um só rebanho com um só pastor.
Depois, em Jo 10, o próprio Jesus diz ser o Bom Pastor e que as suas ovelhas são aqueles que, ao ouvirem a sua voz, o seguem. Em momento algum a Bíblia diz que aquelas pessoas que praticam muitas e muitas boas obras são as que se tornam ovelhas de Jesus. Assim como ela também não diz que os cabritos (ou, os descrentes) são pessoas devassas que fazem tudo errado, que só vivem em pecado.
Claro que Jesus também diz assim: Aquele que me ama, guarda os meus mandamentos. Mas isso é uma consequência. Como ovelhas do pastor Jesus nós queremos seguir os seus passos, guardar os seus mandamentos. Queremos andar no caminho seguro que é sempre seguir o pastor Jesus.
Então, só isso já seria o suficiente para a gente entender que, quando Jesus fala de cabritos e ovelhas, ele não está falando de maus e bons. E sim daqueles que creram e daqueles que não creram. Os que não creram, serão rejeitados pela sua incredulidade, não pela sua vida; e os que creram, serão recebidos unicamente pela fé em Jesus.
Depois Jesus segue, no versículo 34, dizendo que ele vai chamar os seus fiéis e vai lhes dizer o seguinte: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”.
Em primeiro lugar, a palavra para “benditos” é a mesma palavra que para “abençoados”. E quem é mais abençoado do que aquele que recebeu a fé no salvador Jesus Cristo e, por esta fé, tem a salvação?
Em segundo lugar, Jesus diz que o reino em que os benditos de Deus vão entrar já está preparado desde a fundação do mundo. Isso de maneira alguma indica um “prediletismo”, um “preferencialismo”, como se Deus já houvesse decido desde antes da fundação quem seria salvo e quem seria condenado. Mas que Deus, na sua onisciência, sempre soube quem, no último Dia, vai estar à direita e quem vai estar à esquerda.
E outra coisa: vejam se essa frase não parece estar fora do contexto aqui. Porque Jesus está falando do último Dia e não da Criação do mundo. E, do nada, ele diz que o reino eterno, na verdade, já existe desde antes da fundação do mundo. Parece que Jesus faz questão de dizer isso aqui para fortalecer a nossa fé na salvação. Porque se hoje cremos em Jesus como nosso único e suficiente salvador é porque fazemos parte daquele povo, eleito na sabedoria de Deus desde antes da fundação do mundo para, no último Dia, sermos recebidos na glória eterna.
Agora, vamos lá para o versículo 37 onde os fiéis respondem ao Rei Jesus: “Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber?” E por aí vai.
Em primeiro lugar, as boas obras na vida do cristão – as boas obras que nada mais são do que cuidar das pessoas: dar água, comida, hospedagem e assim por diante – são coisas tão naturais na vida do cristão que, no último Dia, eles vão perguntar a Jesus: Nossa, mas quando foi que nós fizemos tudo isso? É como Lutero escreveu: O cristão não pergunta se há boas obras para fazer, mas, antes que pergunte, já as fez.
Em segundo lugar, percebam que Jesus chama os fiéis de “justos”. E quem são os justos na Bíblia? São aqueles que praticam boas obras? Os fariseus ofertavam no templo com sacolas e nem por isso Jesus os chamou de justos.
Mais uma vez, como quando a gente falou das ovelhas, justo diante de Deus é aquele que está unido com o único Justo e esse é Jesus Cristo. Justo é aquele que, pela fé, toma posse da justiça de Cristo. E por estar unido com Cristo é que Deus o vê como justo e aceita tanto a ele como as suas obras.
Bem, detalhes. Nós poderíamos entrar em mais alguns detalhes, mas daí a coisa iria muito longe. O que podemos concluir é o seguinte: Nas coisas da vida, a gente não precisa perder os cabelos por causa de pouca coisa. Embora, prestar a atenção nos detalhes também possa ser muito útil. Portanto, fiquemos com o equilíbrio. Tentemos perceber quando é necessário ser detalhista e quando não é. E, quando o assunto é salvação, fiquemos sempre com a opção da fé no salvador Jesus Cristo. Porque, quando o assunto é salvação, a fé é o detalhe que faz toda a diferença. Amém.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Mensagem 23º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 90.1-12; Sf 1.7-16; 1Ts 5.1-11; Mt 25.14-30 – 23º dom. após Pentecostes A 2014
Deus nos faz seus administradores
v. 14: “Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens”.
“Com tudo o que somos e temos a ti nos sagramos, Senhor”. O hino escolhido para ser o hino oficial da Liga de Servas Luteranas do Brasil traz palavras muito bonitas. Transmite o desejo de pessoas perdoadas, agraciadas, redimidas de servir a Deus com tudo o que são e com tudo o que têm.
Assim também, na parábola dos talentos que Jesus conta, ele fala de servos que se dedicaram completamente à tarefa de servir ao seu senhor. Cada um, agradecido pela oportunidade, trabalhou com daquilo que havia recebido do seu patrão. Mas um deles simplesmente não fez nada, o que nos leva a perguntar: Por que ele enterrou o seu talento? E qual era a motivação dos outros dois para se empenharem tanto?
Quando nós estudamos o 1º Artigo do Credo Apostólico, uma das primeiras coisas que nós aprendemos é que Deus é o Criador e o mantenedor de todas as coisas. Deus não apenas criou o mundo e o universo e depois foi embora, deixando tudo por nossa conta. Mas também é dele que vem, todos os dias, o nosso sustento e todo o necessário para o corpo e para a alma.
Por mais que o ser humano tenha a tendência arrogante de dizer que tudo vem do seu esforço, do seu trabalho e, por isso, naturalmente, não é grato a Deus por nada, a verdade é que, em última análise, tudo vem de Deus. Porque se temos qualquer saúde, habilidade, disposição, inteligência, que nos permitem levantar de manha e realizar os nossos afazeres é porque Deus nos tem abençoado com tudo isso.
E é isso que precisamos ter claro em nossa mente se queremos compreender a parábola dos talentos. Aquele senhor que confia os seus bens aos seus servos não é nada mais, nada menos do que Deus colocando aos nossos cuidados aquilo que é dele. “Tudo o que somos e temos” não é algo que nós conquistamos, mas é graça de Deus.
E Deus distribui daquilo que é dele conforme a sua sabedoria. O texto diz “conforme a capacidade de cada um”, mas isso não quer dizer que uns merecem mais do que outros. A questão é que Deus planeja para cada um de nós planos diferentes. Ele precisa de nós exatamente como somos e com o que temos para que possamos servi-lo da melhor maneira possível.
De forma que, mesmo aquele que tem menos pode se alegrar em Deus porque o pouco que tem já é graça. Aliás, ter pouco ou ter muito, são características que nós atribuímos. Diante de Deus ninguém tem nada porque tudo é dele.
E parece que Jesus falar de talentos nessa parábola é muito sugestivo. Porque o talento é uma moeda extremamente valiosa. Aquele que tem um talento já tem muito mais do que precisa.
Com isso Jesus mostra que Deus não é Deus de miséria. Ele sempre nos dá tudo o que precisamos e até mais. Nós é que, no nosso egoísmo e ganância, preferimos sempre olhar para aquilo que ainda não temos. E em vez de usar dos nossos talentos no reino de Deus, muitas vezes preferimos enterrá-los com medo de perder alguma coisa.
Mas a que se refere esses talentos? O que são os talentos que Deus distribui, que ele nos confia? Absolutamente tudo o que somos e temos! Tudo o que somos: corpo, alma, caráter, razão. Tudo o que temos: dons, bens, dinheiro, tempo, família. E não nos esqueçamos – nós, que somos Igreja: O Evangelho também está nas nossas mãos.
De tudo somos administradores, não donos. Isso não quer dizer que Deus não está mais cuidando de nós. Deus está sempre do nosso lado. Mesmo assim, ele nos deu uma certa liberdade. E nessa liberdade é que nós, muitas vezes, enterramos os nossos talentos como se fossem nossos e não de Deus. Como se não tivéssemos, um dia, de prestar contas de como administramos tudo o que Deus nos deu.
Que bom que, assim como Deus cuida de nós, ele também nos move pelo seu Espírito Santo a sermos bons administradores. Deus opera na nossa vida uma vida que seja agradável a ele.
E por essa ação contínua do Espírito Santo, é que somos movidos a cuidar de tudo o que somos e temos. E, com gratidão em nossos corações, dedicar, oferecer voluntariamente toda a nossa vida e o nosso coração ao nosso Deus.
É por isso que o patrão não dá nenhuma recomendação aos seus servos. Deus não quer que nós o sirvamos mecanicamente. Simplesmente fazendo isso ou aquilo. Jesus diz que Deus confia a nós os seus bens. É como se ele dissesse: Vocês são os servos em quem eu confio. Eu posso até me ausentar porque eu sei que vocês vão ser responsáveis. Vão ser bons administradores.
A nós cabe refletir: Como tem sido ou está sendo nossa administração? Temos sido agradecidos e usados nossos talentos no reino de Deus ou só no nosso próprio reino?
Infelizmente aqui, como em outras parábolas, nós nos deparamos com a ingenuidade de Deus. Deparamo-nos com um Deus que nos ama de tal maneira que espera de nós alguma resposta.
Precisamos estar cientes de que temos inimigos que querem de todas as formas impedir o nosso trabalho no reino de Deus: o diabo, o mundo e nós mesmos. Mas também cientes de que a fé no salvador Jesus Cristo não é coisa morta e que Deus Espírito Santo luta contra os nossos inimigos e nos leva a sermos bons administradores.
É assim que entendemos a diferença entre os dois servos e o último. Os dois primeiros são aqueles que tem fé e que pela fé conhecem a Deus. Quando recebem os seus talentos, sequer questionam o que é para fazer com aquilo. Simplesmente cuidam, administram sabendo que depois vão devolver a quem pertence.
O terceiro servo é que aquele que não crê. E por não crer não conhece a Deus. Vê Deus como um juiz severo, que ceifa onde não colheu e ajunta onde não espalhou. E, como consequência, não usa os seus talentos no reino de Deus. Guarda para si mesmo.
Em outras palavras, cada um tem Deus como o enxerga. Aquele que vê Deus como juiz vai ter em Deus um juiz. Só que o Deus juiz ninguém pode desejar. Porque ele não aceita desculpas pelas nossas falhas. Mas só condena os nossos erros.
Por outro lado, aquele que enxerga um Deus amoroso tem nele um Deus de amor. Um Deus que conhece as nossas falhas e os nossos pecados e mesmo assim nos ama.
O servo desse Deus sabe que já tem uma recompensa guardada. Ele não trabalha para ver se conquista alguma coisa de Deus. Nós não trabalhamos por isso. Nós, que conhecemos esse Deus de amor e misericórdia, sabemos que esse mundo, essa vida não é o fim em si. E se, mesmo assim, Deus já nos abençoa tanto, o que podemos esperar do que virá depois?
Que honra, que privilégio Deus nos dá de sermos seus administradores. De podermos usar daquilo que nós somos e temos no reino de Deus, para os planos de Deus. Sabendo que Deus não exige além do que ele nos permite dar. Mas atua em nós para que possamos cuidar de nós mesmos, do nosso próximo e da Criação até o dia em que ele nos chamar para as alegrias eternas. E é exatamente isso que nos motiva e nos alegra para servirmos ao nosso Deus “com tudo o que somos e temos”. Amém.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Mensagem 22º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 70; Am 5.18-24; 1Ts 4.13-18; Mt 25.1-13 – 22º dom. após Pentecostes A 2014
Preparados pela fé
vv. 3-4: “As néscias, ao tomarem as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo; no entanto, as prudentes, além das lâmpadas, levaram azeite nas vasilhas”.
Estar preparado. Como é importante estar preparado. Quantas situações acontecem em nossas vidas nas quais precisamos estar preparados? E como é complicado quando não estamos: Aquele filho que não estava nos planos do casal; aquela prova surpresa na instrução de confirmandos, na escola, na faculdade; aquela oportunidade de emprego que exige uma certa experiência ou um grau acadêmico. Esses são apenas alguns exemplos que mostram como é importante estar preparado.
Nós estamos em uma parte da Escritura onde Jesus nos apresenta várias parábolas e fatos que nos fazem pensar se nós estamos preparados. Por exemplo, se nós lermos o sermão profético no capítulo anterior em que Jesus nos aponta sinais do fim dos tempos.
Ou então a parábola da figueira, onde ele compara o juízo final com o episódio de Noé, em que as pessoas só acreditaram quando começou a chover e não parava mais. E o texto lido há pouco não é diferente e nos faz também pensar em vigilância, em estar preparado. Mas, afinal, preparado para quê?
O texto inicia falando de dez noivas que estavam à espera do seu noivo. É importante, para compreendermos bem este texto, saber que um casamento oriental, pelo menos naquela época, acontecia da seguinte forma: o noivo ia até a casa da noiva para recebê-la de seus pais. Então iam até a casa do noivo para a festa nupcial.
E Jesus diz no versículo 2 que “cinco dentre elas eram néscias, e cinco, prudentes”. As néscias ou tolas levaram consigo apenas uma lamparina, mas não tinham azeite de oliva guardado, que era o que mantinha a chama acesa. Já as prudentes, além da lamparina, tinham levado óleo para o caso da lamparina começar a se apagar.
Mas aconteceu que o noivo demorou um pouco mais do que o esperado e as noivas ficaram com sono e acabaram dormindo. Dali há pouco uma voz dizia: “Eis o noivo”. Então elas acordaram e imediatamente foram ao seu encontro. Mas as que foram desprevenidas ficaram sem óleo e a lamparina se apagou.
Foram, então, atrás de óleo, queriam comprá-lo. Bem quando saíram, o noivo chegou e levou consigo as cinco prudentes. Quando as outras cinco chegaram à casa do noivo já era muito tarde e o noivo as mandou embora dizendo que não as conhecia.
Meus irmãos, como em toda parábola, é preciso encontrar os pontos de comparação, ou seja, o que Jesus está querendo dizer com esta ilustração. Nesta parábola nós podemos considerar o seguinte: as dez virgens são a Igreja de Cristo; o noivo é o próprio Cristo; a chama da lamparina é a fé e o azeite, a Palavra de Deus, pois só o Espírito Santo pode manter acesa a chama da nossa fé; e a chegada do noivo se refere à volta de Cristo.
Com isso fica muito mais fácil nós compreendermos como, por que e para que nós precisamos estar preparados. E assim como nós nem sempre sabemos quando determinadas coisas podem acontecer, assim também não sabemos quando Jesus voltará e por isso precisamos estar sempre preparados.
Por falar nisso, há algum tempo, o jornal Correio do Estado trouxe uma reportagem sobre o pregador evangélico Harold Camping que previu que o mundo terminaria em 18 de maio de 2011. Não acontecendo, refez os cálculos e encontrou o dia 21 de outubro. Também não aconteceu nada.
Mas nós já estamos acostumados com esse tipo de especulação. O que mais chama a atenção é que tal proposição partiu de um pregador. É engraçado como alguém que fala da Bíblia não conhece a Bíblia, pois o próprio Jesus disse que ninguém sabe o dia nem a hora em que ele voltará.
Quantos já tentaram, por meio de especulações, adivinhar o dia do Juízo Final? No ano 2000 se falou tanto sobre isso. Depois começaram a falar de 2012. Lançaram filmes e livros – e nada! Mas o que a Bíblia nos diz é que este dia virá como um ladrão: quando menos se espera.
E quando se fala em preparação muitos acreditam que estar preparado é ter um grande acúmulo de boas obras; outros, no outro extremo, acham que ninguém precisa se preocupar porque no final das contas todo mundo vai para o céu
Isto é não levar estoque de azeite. Só Deus pode reabastecer a nossa lamparina. E no momento em que eu começo a olhar mais para mim do que para Deus e não fazer como Davi, no salmo de hoje, que implora pela ajuda de Deus, eu estou impedindo que o Espírito Santo reponha o meu estoque para que a chama da fé se mantenha acesa.
Uma lamparina sem azeite não serve para nada. Assim também é alguém que se diz cristão diante de Deus, mas que no coração não deposita a fé em Jesus.
E vejam se não é a história da igreja o que as cinco virgens néscias foram fazer: comprar azeite. Quando nós olhamos para a Reforma e lembramos das indulgências na Idade Média, onde as pessoas supostamente compravam o perdão para si mesmas e para outras pessoas, até mesmo para os mortos. Hoje tanto se ouve quando você liga a televisão, o rádio ou vai em determinadas igrejas que nós também precisamos pagar pelo favor de Deus.
Gente, o combustível da fé não se compra, não se vende, não se empresta, não se dá, muito menos se merece. O combustível da fé é pura graça de Deus.
Por isso a importância dos cultos, da Santa Ceia, da leitura da Bíblia: primeiro para sermos fortalecidos nesta fé, o que nos mantém preparados; segundo para não nos deixarmos levar por este pessoal que, muitas vezes, faz uso da sua posição e até da palavra de Deus para dizer o que Deus não disse.
Mas, se tudo depende de Deus, por que aquelas cinco virgens não tinham um estoque maior? Deus não queria que elas entrassem na festa? Não é isso. Elas não permitiram a ação de Deus à medida que estavam seguras em si mesmas. Não estavam nem preocupadas com a chegada do noivo.
As outras cinco esperaram em Deus. Confiaram em Deus. Não olharam para si mesmas. Sim, elas também dormiram. Mas muitas são às vezes em que nós também dormimos enquanto aguardamos a vinda do noivo. Quando, por exemplo, olhamos mais para nós mesmos, para as nossas obras ou para os nossos interesses e deixamos de lado a vontade de Deus e as obras de Deus.
Porém este dormir pode se referir não só ao agora, quando “dormimos no ponto”, mas também à morte. E o texto, assim, nos deixa claro que depois da morte não há mais o que fazer. Os estabelecimentos onde se reabastece a fé estarão fechados e quem não tiver azeite no estoque, não entra na festa. Você por acaso sabe quando vai morrer?
Aqueles que estavam muito seguros da salvação pode ser que tenham uma grande surpresa. Isto não quer dizer que não podemos ter certeza da salvação. Pelo contrário, devemos ter esta certeza mesmo que o diabo nos venha dizer o contrário! Mas sempre olhando para Jesus, nunca para nós mesmos.
Por fim, isso tudo faz lembrar uma história, e é verídica, de um soldado que estava de guarda no quartel e dormiu. E não é que um sargento foi lá e o encontrou dormindo? Mas ele não disse nada, só pegou o seu fuzil. Depois, quando o soldado acordou, viu que estava sem fuzil e foi, desesperado, dizer justamente àquele sargento: você não vai acreditar, roubaram o meu fuzil. E o resto vocês já podem imaginar.
Como é importante estar preparado! Se para as coisas terrenas e passageiras já precisamos estar preparados, quanto mais para o futuro eterno na presença de Deus. O soldado além de dormir perdeu o fuzil. Que quando nós dormirmos, não estejamos sem a nossa arma: a fé em Jesus. Como estar preparado? O apóstolo Paulo responde: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo”. Amém.