Igreja
Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr.
Edenilson Gass
Sl 145.10-21; Êx 16.2-15; Ef 4.1-16; Jo
6.22-35 – 9º dom. após
Pentecostes B 2015
Jesus, o pão que sustenta para a
vida eterna
v.
35: “Disse-lhes Jesus: Eu sou o pão da vida. O que vem a mim de modo algum terá
fome, e o que crê em mim jamais terá sede”.
O
que você precisa para viver? Para algumas pessoas, tendo o alimento diário,
vestimenta e abrigo não precisam de mais nada. Outras acrescentariam a família
nesta lista. E ainda há muitos outros que parecem estar sempre na busca de mais
alguma coisa. Se já têm comida, querem variedades; se já tem vestimenta, querem
roupas novas; se já tem dinheiro, querem mais dinheiro. Mas o que é realmente
necessário para a nossa vida?
O
texto de hoje relata o que aconteceu logo depois do milagre da multiplicação
sobre o qual falamos semana passada. Essa relação entre os dois textos nos
ajuda a entender por que aquela multidão queria tanto ver Jesus de novo. Com
certeza esperavam ver mais algum milagre e, de preferência, um milagre que
fosse para o benefício deles, como foi a multiplicação.
Com
um pouco de insistência encontraram Jesus na cidade de Cafarnaum e, tentando
dar início a um diálogo, logo lhe perguntaram: “Mestre, quando chegaste aqui”?
A primeira surpresa do texto talvez esteja aqui. Se vocês acompanharam a
leitura devem ter percebido que Jesus não responde a pergunta deles.
Eles
perguntam sobre quando Jesus chegou em Cafarnaum; Jesus responde dizendo: “Vós
me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos
fartastes”. É como se Jesus estivesse dizendo: “Não me venham com papo furado.
Vocês cometeram um grande erro, vocês estão em perigo, mas não sabem disso”.
E
qual foi o grande erro que eles cometeram? O mesmo erro que todo ser humano
comete até que seja tocado pelo Espírito Santo: Eles não creram. Viram com seus
olhos o milagre da multiplicação, mas eram cegos espiritualmente. Viram que,
graças a Jesus, tiveram muitos pães para comer. Mas não conseguiram ver que
Jesus era o pão da vida.
Assim
também muitos se perdem considerando as bênçãos de Deus mais importantes do que
o próprio Deus. Como alguém que se apaixona por uma obra de arte, mas não
valoriza o artesão, assim muitos gastam suas vidas querendo sempre mais daquilo
que há no mundo, mas se esquecem daquele que é o Doador de todas as coisas.
Por
isso a advertência que Jesus deu àquelas pessoas também vale para todos nós:
“Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida
eterna”. Enquanto não interiorizarmos isso ao mais profundo da nossa mente e do
nosso coração não poderemos ser felizes nem viver cristãmente.
Se
há pessoas que, incansavelmente, trabalham em busca de poder, dinheiro, bens
materiais é porque elas ainda não descobriram o que realmente é necessário para
viver. Vivem no engano de pensar que se tiverem mais dinheiro, mais posses
serão mais felizes. Porém usam seu carro novo por uma ou duas semanas e já são
novamente tomados por aquela sensação de vazio que parece que nunca vai ser
preenchido. E aí começam de novo o ciclo porque aquilo que adquiriram até agora
já não dá mais prazer.
Além
disso, são todos traidores. E quem sabe nós também façamos parte deste grupo que
trai a sua qualidade de vida, os preciosos momentos com a família, as noites de
sono. Queremos sempre mais das coisas do mundo que não conseguimos enxergar as
bênçãos que Deus já nos deu e que não precisamos mais do que isso.
Essas
palavras alcançaram os corações daqueles judeus. E querendo entender isso
melhor eles perguntaram: “que faremos para realizar as obras de Deus”? E de
novo Jesus não responde. Jesus não responde por que de novo eles fizeram a
pergunta errada que partiu de um pressuposto errado.
Como
bons judeus, a lógica deles era a seguinte: existe uma tal de vida eterna que
está em Deus, algo precisa ser feito para que essa vida eterna seja nossa,
logo, se fizermos a vontade de Deus, ele vai nos dar a vida eterna. Portanto:
“que faremos para realizar as obras de Deus”?
E
Jesus responde: Vocês ainda não entenderam nada. Não são as obras de vocês que
contam, mas a obra de Deus. E a obra incansável de Deus é abrir os seus
corações para que vocês creiam em Jesus como seu salvador e coloquem diante
dele todas as suas necessidades.
E
o mesmo ele diz a nós: De nada adianta vocês se fartarem e se esbanjarem com as
bênçãos que eu derramo sobre vocês se não buscarem a mim em primeiro lugar. Se não
enxergarem que eu sou o pão da vida, o pão que subsiste para a vida eterna, que
leva para a vida eterna.
Portanto,
o que cabe a nós agora? A nós que fomos agraciados pela fé em Jesus e a certeza
da salvação: Cabe a nós vivermos esta fé e fazermos o que estiver ao nosso
alcance para não cairmos desta fé. Lembre que você não escolheu crer em Jesus.
E se um dia caísse da fé também não poderia escolher voltar atrás.
Por
isso não podemos fazer de conta que a coisa não é séria e vivermos uma vida que
não é guiada pelos mandamentos de Deus nem procura servir a Deus. E Deus também
escolheu meios pelos quais ele mesmo nos sustenta e fortalece a fé. E esses
meios são a sua Palavra, que encontramos na Bíblia, a batismo e a Santa Ceia.
A
ordem de Jesus, “trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste
para a vida eterna”, mostra que nisso não podemos ser levianos. Buscar a Jesus
envolve trabalho, determinação, compromisso.
Vida
cristã não é participar de um ou outro culto e para por aí. Temos tido bastante
tempo para trabalhar pelas bênçãos, mas quanto tempo temos dedicado ao Doador
de todas as bênçãos?
Alimentamo-nos
pelo menos três vezes por dia com o alimento físico para o sustento do nosso
corpo. Mas quantas vezes nos alimentamos do alimento espiritual, a Palavra de
Deus, que é boa tanto para o corpo como para a alma?
Jesus
já tinha dito quando foi tentado no deserto: “Não só de pão viverá o homem”.
Claro que Jesus não está cometendo o absurdo de dizer que o alimento físico não
é importante ou que aquele que se alimenta da Bíblia não precisa comer nem
beber. O que ele está dizendo é que viver é muito mais do que
simplesmente ter comida.
Jesus
está dizendo assim: O pão que vocês comem aqui os sustenta para esta vida. Mas
esta vida não é tudo. Já quem comer do meu corpo e beber do meu sangue viverá
para sempre porque eu sou o pão da vida.
Interessante
também que em várias línguas – e em português não é diferente – a palavra “pão”
tem um sentido bastante amplo. “Pão” representa aquilo que é básico, essencial,
aquilo sem o que não podemos viver. E é nessa linha que Jesus aproveita para
dizer: Eu sou o pão de que vocês precisam. Eu sou o básico, o essencial, o que
é realmente necessário para que vocês tenham vida, e vida em abundância.
“O
que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede”. Quem crê
em Jesus e vive esta fé no seu dia-a-dia será plenamente satisfeito. A promessa
de Jesus não falha: Mesmo que vocês venham a passar fome e sede, se estiverem
em mim se sentirão os mais ricos e fartos do mundo. Porque a esperança que
vocês têm vai muito além desta vida; é para a vida eterna.
O
que é realmente necessário para a nossa vida? Semana passada falamos do tão
importante pão de cada dia pelo qual devemos dar graças a Deus. Porém Deus nos
oferece um pão que alimenta mais ainda. Para vivermos neste mundo, basta o pão
de cada dia. Mas para a vida verdadeira, a vida eterna precisamos do pão que
desce do céu. Precisamos constantemente e tão-somente de Jesus. Amém.