Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 16; Is
25.6-9; 1Co 15.1-11; Mc 16.1-8 – Domingo
de Páscoa B 2015
Jesus ressuscitou
– a mensagem da Páscoa
v. 6: “Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis;
buscais a Jesus, o Nazareno, que foi crucificado; ele ressuscitou, não está
mais aqui; vede o lugar onde o tinham posto”.
Todos nós lembramos daquele desabamento que aconteceu no
Chile em 2010 e deixou 33 mineiros presos no subsolo a mais ou menos 700 metros
de profundidade. Eles ficaram lá por mais de dois meses. Todos acompanhamos
todo o processo de resgate, a angústia dos mineiros: será que vamos sair daqui?
Quanto tempo isso vai durar? E, finalmente então, a salvação, quando outras
pessoas desceram até eles e os tiraram daquele poço de ansiedade.
Mas hoje é Páscoa. E com certeza ninguém quer saber de
notícia triste. Embora a mensagem da Páscoa seja mais ou menos como o resgate
daqueles mineiros.
E texto é Mc 16.1-8. Ele tem uma ordem bem lógica e clara.
Então nós vamos seguir essa ordem mesmo.
O versículo 1 diz que “passado o sábado” – provavelmente,
então, às seis horas da tarde de sábado – “Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago,
e Salomé compraram aromas” para embalsamar o corpo de Jesus, conforme o costume
daquele contexto.
Vocês não acham maravilhoso como as Escrituras Sagradas
dão testemunho da veracidade daquilo que elas dizem? Vejam os detalhes, as
informações. A Bíblia fala de nomes de pessoas, normalmente acompanhados ainda pelo
sobrenome, pela profissão ou pelo lugar de origem. A Bíblia fala de lugares
específicos que estão aí até hoje. Não são nomes fictícios, são nomes reais de
lugares reais. Além disso, o que a arqueologia já descobriu de ossuários,
artefatos, objetos que nos remetem diretamente aos lugares e aos relatos que nós
encontramos na Bíblia.
Há quem diga que não se pode acreditar na Bíblia porque
ela é só um livro como qualquer outro. Mas a verdade é que quanto mais você
estuda sobre a Bíblia, mais certeza você tem de que ela é a única e verdadeira
Palavra do único e verdadeiro Deus. E esta Palavra é a que hoje nos fala da
ressurreição de um homem que garante a nossa ressurreição no último Dia para a
vida eterna.
Agora, nos versículos 2 e 3 a gente encontra uma situação
interessante também: No outro dia bem cedo as mulheres vão ao sepulcro com os
aromas para embalsamar o corpo de Jesus. E no caminho elas se perguntavam:
“Quem nos removerá a pedra da entrada do túmulo?”
A maneira do texto dizer isso pode significar que essa
pergunta era feita constantemente, durante todo o caminho. Ou seja, essa era a
grande preocupação delas. Mas aí vem o detalhe interessante: mesmo assim elas
foram.
Quantas pessoas você conhece que só de pensar na pedra que
vai ter mais adiante já param de caminhar agora? Desistem daquilo que tanto
sonhavam só de pensar que no caminho vão haver obstáculos. Ou então já ficam
ansiosas desde agora por coisas que podem nem acontecer.
E no campo espiritual e religioso; como isso acontece na
igreja também onde alguns parece que só enxergam as pedras. – Não, isso não vai
dar certo; vai faltar gente, vai faltar dinheiro; o resultado não vai ser como
a gente espera. E, assim, lá se vão embora muitas e grandes oportunidades de
estudo, de comunhão, de missão e de trabalho no reino de Deus.
Essa trajetória das mulheres até o sepulcro parece uma
referência muito apropriada para a nossa caminhada na fé. Por vezes, nós
fraquejamos, duvidamos, questionamos, nos preocupamos, mas a graça de Deus nos
faz ir em frente. Caminhar na fé é confiar na bondade e no cuidado de Deus
mesmo quando tudo indica que no final não vai dar certo.
E por esta fé é que nós cristãos podemos seguir em frente
e encarar as pedras da vida. Sejam as que obstaculizam os nossos sonhos como
aquelas que atrapalham o nosso crescimento individual e coletivo no reino de
Deus.
E, de fato, aquelas mulheres perderam preciosos minutos de
alegria se preocupando à toa, porque Deus solucionou o problema delas. Quando
chegaram lá, eis que a pedra estava removida. Porém a surpresa maior com
certeza foi quando entraram no túmulo e não viram Jesus, mas um anjo.
E, assim como no nascimento de Jesus, as primeiras
palavras desse anjo foram: Não temais! A mensagem da ressurreição não é para
ser mensagem de medo ou espanto, mas de alegria, de louvor e de gratidão.
As poucas palavras do anjo também dão um ar de pressa.
Algo precisa ser feito e rápido. O anjo não dá toda uma aula de teologia do
Antigo Testamento para lembrar às mulheres aquilo que elas tinham esquecido das
Escrituras: Que o salvador haveria de morrer, mas também traria a vida eterna.
No máximo ele diz que o próprio Jesus tinha dito que iria ressuscitar.
– Vocês procuram a Jesus, o Nazareno, o crucificado; ele ressuscitou,
não está mais aqui como vocês podem ver. A mensagem da Páscoa, que é a mensagem
do Evangelho, da salvação, da vida eterna não precisa ser muito elaborada, só
precisa ser anunciada.
E assim como as mulheres não precisaram de nenhuma aula do
anjo para anunciar a ressurreição de Jesus (embora tenham demorado um pouco), assim
também nós somos enviados para anunciar esta mensagem: Jesus ressuscitou! E daí
vem a certeza da nossa ressurreição e da vida eterna a todo o que nele crê.
Por isso, só restava ao anjo dizer “ide, dizei a seus
discípulos”, anunciem que mais uma verdade das Escrituras hoje se cumpriu.
Aquele incidente no Chile, em 2010 foi o alvo de toda a
atenção e todos os esforços foram feitos para que todos os detalhes chegassem ao
conhecimento de todos. Não se falava de outra coisa. Mas e hoje, quantos ainda
falam ou lembram daquilo? Nesse mundo apressado, onde o que é da semana passada
já é velho. Queremos sempre notícias novas.
E a mensagem da cruz e da ressurreição? Qual é o impacto
que ela tem sobre nós? Será que ainda a valorizamos e unimos esforços para
anunciar esta mensagem ou já é mensagem velha que ninguém mais precisa saber?
Lembremos que nunca existiu, nem existe, nem vai existir
mensagem mais atual do que a mensagem da Palavra de Deus. Porque esta é mensagem
de esperança. É mensagem que nos alegra e que nos faz ter ansiedade por uma só
coisa: entrar nos céus.
Mensagem de um coelho que bota ou fabrica ovos de
chocolate pode até alegrar as crianças, mas não traz consolo nem esperança para
quem enfrenta as cruzes desta vida e espera ansiosamente por um final feliz.
Anunciemos que todos nós éramos como os mineiros chilenos,
presos na profundidade do nosso pecado, sem qualquer opção a não ser esperar
pelo resgate e o resgate veio. Jesus desceu abaixo de nós, até o mais profundo
abismo do inferno na sua Paixão e morte, mas agora subiu novamente, ressuscitou
e, assim, nos levou do lugar mais fundo para o lugar mais alto: a presença de
Deus e a esperança de estar com ele nos céus.
Eis a salvação! E ela está ao alcance de todos. Ela é para
todos! Não vamos fazer como as mulheres que, de medo, não falaram nada por
algum tempo. Muito pelo contrário, essa semana, mesmo que seja atrasado, deseje
às pessoas uma feliz Páscoa. Mas deixe claro que não é a Páscoa do coelhinho –
o que, aliás, nem é Páscoa. Mas uma feliz Páscoa porque Jesus ressuscitou e,
nele, nós temos vida que não tem fim. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário