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quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Mensagem 1º dom. na Quaresma B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 25.1-10; Gn 22.1-18; Tg 1.12-18; Mc 1.9-15 – 1º dom. na Quaresma B 2015
Deus nos chama ao arrependimento e fé
v. 15: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”.
Sem dúvida um dos piores sentimentos que alguém possa sentir é a dor de não ser perdoado. Você já passou por isso? Já fez algum mal, depois se arrependeu, pediu desculpas, mas a outra pessoa não quis perdoar? Algumas vezes, dependendo da situação, o perdão pode demorar um pouco, mas vem. O problema é quando temos de conviver com aquele sentimento de culpa como se para aquilo que fizemos não tivesse perdão.
Há alguns dias nós refletimos sobre o batismo de Jesus – o mesmo texto que lemos hoje, com a diferença de que só fomos até o versículo 11. Ali lembramos que o batismo de Jesus marcou o início do seu ministério. Foi quando ele tomou sobre si os nossos pecados e deu início a uma caminhada que só terminaria na cruz, conquistando, assim, o perdão de Deus para os nossos pecados.
Naquele episódio, conforme o relato de Marcos, os céus se rasgaram, o Espírito Santo desceu sobre Jesus, e ouviu-se a voz de Deus que dizia: “Tu és o meu Filho amado, em ti me comprazo”.
É a maneira de Deus dizer que, na obra de Jesus por nós, Deus assina embaixo. “Em ti me comprazo”. É como se o Pai estivesse dizendo: Meu Filho, eu aprovo o que Tu estás a fazer. É algo que me dá muita alegria.
Então, tendo Deus aprovado o ministério que Jesus estava iniciando, imediatamente o guiou para o deserto onde foi tentado por Satanás. Nenhum dos três Evangelhos que relatam a tentação de Jesus deixa dúvida de que Jesus ser tentado pelo diabo fazia parte do plano de Deus.
E assim como Jesus foi tentado, nós também o somos. E, por mais que queiramos fazer a vontade de Deus, se olharmos com sinceridade, honestidade e humildade para a nossa vida, vamos perceber o quanto nós quebramos os mandamentos de Deus. Pecamos contra Deus, pecamos contra o nosso próximo, pecamos até contra nós mesmos.
Se Deus esperasse de nós uma vida santificada a tal ponto de merecermos a salvação, simplesmente estaríamos todos perdidos. Romanos é muito claro: Todos pecaram e carecem da glória de Deus.
A boa notícia é que Jesus foi tentado por causa das nossas tentações. Com a gritante diferença de que onde nós caímos, ele venceu, e venceu por nós.
Percebamos que Marcos, nesse texto, se refere ao diabo como Satanás. Lembrando justamente o que o diabo é: um adversário. O diabo é inimigo de Jesus. E se é inimigo de Jesus, também é inimigo do cristão, porque o cristão é um só com Jesus. Ele tentou Jesus procurando, com isso, acabar com a obra da salvação. Como não conseguiu, agora procura, com suas tantas tentações, pelo menos desviar alguns cristãos do caminho da salvação. E muitas vezes consegue.
Marcos diz ainda que Jesus “estava com as feras” quando foi tentado. O que são essas feras? Literalmente, são animais que nós também chamamos de feras: animais selvagens. É bem possível que num deserto como onde ele estava houvessem animais desse tipo.
Só que mais do que isso, em sentido figurado, a palavra era usada para falar de algum tipo de monstro. E nada impede que Marcos quisesse que seus leitores vissem aqui os dois sentidos da palavra. Nós não temos como responder a essa questão. A única coisa que podemos dizer com certeza é que Jesus foi tentado da forma mais difícil e cruel possível.
Nós somos tentados durante uma semana depois de termos recebido a Santa Ceia – e ainda assim pecamos. Jesus foi tentado num deserto, sem nada, com fome, sede, sozinho, sob o perigo de animais selvagens. Foi também tentado por seus próprios discípulos a abandonar o caminho da cruz. Foi tentado pelos fariseus. Foi tentado pelo seu sofrimento no Getsêmani. Foi desamparado pelo Pai no momento mais decisivo da sua missão. E não tem nada disso que ele não tenha feito por amor a nós.
É da tentação de Jesus que vem a certeza de que os nossos pecados foram perdoados pelo Pai. Se podemos viver – e, de fato, vivemos – sem duvidar do perdão de Deus é porque Jesus venceu o pecado por nós. Onde nós caímos, Jesus se manteve firme para nos colocar de pé.
Porém o texto também diz que os anjos serviam Jesus. Esse “serviço” pode acontecer de várias maneiras. E uma delas é com o cuidado. Jesus foi tentado de uma maneira inimaginável. Mas, em cada momento, ele podia contar com o cuidado de Deus.
Assim também na nossa vida, nas nossas tentações, no nosso sofrimento, nós não podemos duvidar de que Deus cuida de nós. Deus inverte a ordem dos papeis e vem para nos servir. Ele envia seus anjos para nos proteger. Para nos ajudar nas tentações e também nas provações. Nós não temos forças para lutar contra elas. Mas é ali que a força divina se manifesta a todos nós.
Na sequência, Marcos diz que, quando Jesus voltou para a Galileia – isso já depois de João Batista ter sido preso – anunciava o evangelho de Deus dizendo: “O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo”.
Esse “anúncio” ou “pregação”, como aparece no texto, normalmente aparece no Novo Testamento relacionada a uma ação salvadora de Deus. O evangelho que Jesus anuncia é “de Deus” porque é dele que vem a salvação. Ele traz salvação ao mundo quando envia o seu próprio Filho para morrer pelo mundo.
O evangelho, a ação salvadora de Deus que é anunciada por todo cristão é aquela de João, que a gente sabe até de cor: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (Jo 3.16)
Deus poupou o filho de Abraão, um homem pecador como a gente, porém não poupou o seu próprio Filho. Essa foi a maneira que Deus escolheu para mostrar como é grande o seu amor por nós. Essa é a mensagem que precisa tocar o nosso coração. Como lemos no Sl 25, o desejo do cristão é fazer a vontade de Deus; mas Tiago lembra que só vence a provação aquele que está unido com Cristo pela fé.
Por isso a nossa vida acaba por ser um reflexo da nossa união com Cristo. Se existe luta contra o pecado e confiança no perdão de Deus, isso não quer dizer que nós cremos, mas apesar disso somos tentados. Se existem as tentações é justamente porque estamos unidos com Cristo e já temos a salvação.
O diabo não se preocupa tanto com aqueles que já são dele. Com aqueles que não creem, que não se arrependem, que vivem em pecado, que zombam de Deus e riem dos seus mandamentos. Ele está preocupado é em derrubar aqueles que estão de pé, aqueles por quem Jesus venceu.
Por fim, temos a mensagem conclusiva de Jesus: “Arrependei-vos e crede no evangelho”. Ou, para nós que já cremos: Continuem a se arrepender para que possam continuar crendo.
Um dos significados de “arrepender-se” é o que nós costumamos chamar de contrição: Sentir remorso pelo pecado cometido. É claro que, pela certeza do perdão de Deus, Jesus não quer que vivamos angustiados e tristes por causa dos pecados que cometemos. Mas reconhecer os pecados e perceber que, com eles, nós ofendemos o amor de Deus, isso é necessário.
Os de coração duro não sentem pesar pelos seus pecados ou nem mesmo enxergam que cometem pecados. Esses não se arrependem e não podem crer verdadeiramente em Jesus. Afinal, quem precisa de médico é o doente. Esse busca pelo médico porque sabe que está doente e não pode se curar sozinho.
É assim que o cristão fiel busca a Cristo porque sabe que é pecador, mas ao mesmo tempo confia que Jesus pode e quer perdoar os nossos pecados e nos dar a chance de recomeçar a vida cristã. Uma vida formada de constante arrependimento e confiança no perdão de Deus.
Só quem realmente enxerga a gravidade dos seus pecados (não só reconhece que é pecador) vai crer no Evangelho. Ou seja, vai crer em Jesus e entregar-se a ele como seu Salvador. E, assim, buscar nele o perdão e a salvação.
A vitória de Jesus sobre o pecado nos dá a certeza de que os nossos pecados foram perdoados por Deus. Por isso é natural que o cristão sinta tristeza pelos seus pecados e queira mudar de vida. Mesmo assim, nenhum cristão precisa conviver com o peso e a dor da culpa porque, em Jesus, nós já fomos perdoados.
Mesmo que muitos, no seu egoísmo e orgulho, se recusem a perdoar, se nos encontramos arrependidos, temos garantido o perdão mais importante de todos: o perdão de Deus. O perdão que nos dá a chance de recomeçar. Por esse perdão, nós podemos alegremente dedicar nossa vida ao Senhor e viver na plena certeza da vida eterna. Amém.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Mensagem 3º dom. após Epifania B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 62; Jn 3.1-5,10; 1Co 7.29-35; Mc 1.14-20 – 3º dom. após Epifania B 2015
A nossa vocação
v. 17: “Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”.
Qual é a sua vocação? Entre os assuntos que a humanidade mais gosta de abordar, talvez a vocação seja um deles, especialmente no âmbito acadêmico. Várias universidades até fornecem cursos ou, pelo menos, algumas aulas visando ajudar o futuro aluno a descobrir a sua vocação.
A partir daí nós já podemos perceber que muitos relacionam vocação com trabalho. Vocação é trabalhar no que se gosta. Já outros são indiferentes a essa questão. Para esse grupo, a tal da vocação é coisa que não faz nenhum sentido.
O que a Bíblia diz sobre isso? Será que o texto de hoje pode nos ensinar alguma coisa a respeito da vocação?
Independente do que cada um de nós entende por isso, para entendermos o que a Bíblia diz sobre vocação precisamos primeiro recapitular alguns fatos. A Bíblia deixa claro que, por nós mesmos, não temos a mínima capacidade de ir a Deus e de servi-lo. “Todos pecaram e carecem da glória de Deus”.
Deus, por meio da sua Palavra e dos santos sacramentos, muda essa realidade quando vem a nós e nos dá a fé e agora renova diariamente a nossa vida pelo seu perdão e pela ação contínua do seu Espírito Santo. E essa renovação acontece de tal maneira que já não vivemos mais para o pecado ou para nós mesmos, mas para Deus.
Portanto, de acordo com a Palavra de Deus, vocação é isso: Viver uma vida agradável a Deus. A vocação do cristão, independente da sua idade, personalidade, grau acadêmico, profissão, situação financeira, classe social, enfim, em detrimento de todas essas coisas, é essa: Crer em Jesus, seguir o seu exemplo e os seus ensinamentos.
Evidentemente que nós, que nascemos pecadores, não nascemos prontos para exercer uma vocação tão sublime como essa. Somos chamados a viver essa vocação no nosso batismo. No entanto, o batismo é só o começo de um processo que dura a vida toda. O milagre que Deus faz no batismo é o de nos trazer para dentro da sua Igreja. Não é um milagre que nos deixa completamente preparados para exercer um discipulado perfeito.
Não é à toa que Jesus diz que para fazer de alguém seu discípulo é preciso batizar e ensinar. E foi o que ele fez com aqueles que chamou. Foram três anos de aulas teóricas e práticas. E com certeza se Jesus tivesse ficado mais com eles teria continuado ensinando. E os discípulos, com certeza, depois continuaram aprendendo pelo estudo das Escrituras e pelas experiências do dia-a-dia.
E com a gente não tem por que ser diferente. Se ainda estamos vivos, isso significa que ainda estamos nesse processo de aprendizado e aperfeiçoamento. Aprendizado porque o próprio Jesus nos recomendou estudar as Escrituras; e aperfeiçoamento porque de nada adianta conhecer a vontade de Deus se não a colocarmos em prática.
De nada adianta saber que Deus espera que nós nos amemos uns aos outros e nem mesmo orarmos uns pelos outros. No entanto, isso tudo faz parte de um processo que é o que nós chamamos “santificação”. Ninguém é santo e nem vai ser. Mas, como disse o apóstolo Paulo, se estou caminhando rumo à perfeição e santidade dos céus, nada mais correto do que me esforçar por uma vida santificada. Um viver de acordo com a vontade do nosso Deus. E essa vontade nós só conhecemos pela sua Palavra.
Jesus ensinou a Palavra de Deus aos seus discípulos tanto falando como vivendo. E qual era o propósito de Jesus? Que os discípulos pudessem fazer o mesmo depois. Que eles também anunciassem a Palavra de Deus às pessoas tanto falando como vivendo.
Interessante que quando Jesus, no texto que nós lemos hoje, chama os irmãos André e Pedro, que eram pescadores, ele diz que faria deles “pescadores de homens”. Assim também, com certeza Jesus chamou o publicano Mateus não para coletar impostos das pessoas e esvaziar os seus bolsos, mas para coletar um pouco das suas angústias e aliviar o peso dos seus corações.
E hoje podemos dizer que Jesus continua fazendo o mesmo. Ele chama o empresário para administrar os negócios de Deus; chama o mecânico para consertar o relacionamento das pessoas com Deus; chama o médico para anunciar a cura do nosso pecado, que é o amor de Deus pela humanidade.
Quanta gente sente desejo de servir a Deus, mas se sente incapaz porque não tem isso ou aquilo, porque não tem esse dom, aquela habilidade? Deus não precisa de nós diferentes, mas exatamente da maneira como ele nos criou.
Será que tinha gente mais simples na Palestina do que aqueles pescadores? E Jesus, pelo ensino e pelo exemplo, fez deles o que eles vieram a ser.
Talvez dizer que Deus precisa de nós pode ser mal compreendido. Então, vamos dizer isso de outra forma: Deus quer nos usar como seus instrumentos para realizar a sua missão e as suas obras aqui no mundo.
Deus quer nos usar com o nosso andar esquisito, com o nosso sotaque, com as nossas limitações porque ele nos fez assim. É claro que quando percebemos que alguma coisa em nós pode estar atrapalhando o anúncio do Evangelho, vamos orar e tentar mudar isso.
E aí temos o grande consolo de Deus quando falamos em viver a nossa vocação: É Deus quem nos aperfeiçoa. Jonas também se sentia incapaz. Tentou fugir da sua responsabilidade. E hoje nós lemos que grande obra Deus realizou por meio dele, salvando uma cidade inteira.
Por isso não precisamos fugir daquilo que Deus espera de nós como se não tivéssemos capacidade para isso. De fato, nós não temos essa capacidade, mas a “nossa suficiência vem de Deus”.
Não precisamos esperar que um peixe nos engula e nos vomite diante do nosso dever. Aliás, é melhor não esperar. Podemos viver a nossa vocação de anunciar o Evangelho com firmeza e alegria porque Deus está com a gente. O que Deus disse a Josué ele também diz a nós: Não temas, porque eu estou contigo.
Por isso a nossa vocação é exercida quando abraçamos a causa de anunciar o Evangelho. E fazemos isso fazendo bem aquilo para o que fomos chamados. Aprendemos isso na Tábua dos deveres (no Catecismo). O que Deus espera de mim como pai ou mãe, filho ou filha, patrão ou empregado, pastor ou membro da congregação?
Ali vivemos nossa vocação. Ali fazemos o que Deus espera de nós. Sendo bons pais que se dedicam ao ensino e bom exemplo aos filhos. Sendo filhos que cumprem o quarto mandamento, honrando, amando e obedecendo aos pais. Sendo um patrão atencioso, um emprego honesto. De modo que, naquilo que fazemos, lá onde vivemos e convivemos, o amor de Deus seja refletido nas nossas palavras e ações.
Nenhum cristão precisa fazer um curso ou um teste vocacional para saber o que Deus espera dele. Se alguém perguntar “qual é a sua vocação”, nós podemos dizer sem medo de errar: Viver a vida que Deus me deu, com aquilo que ele me deu, do jeito que ele me fez para anunciar a sua Palavra em palavras e ações. E eu tenho plena certeza de que tudo isso vem de Deus que deseja a minha salvação e de todas as pessoas. Amém.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

ERPEDs 2015

Atenção Distrito Rio Aripuanã: Dos 10 ERPEDs que haverão este ano (2015), um será em Sorriso, nos dias 04 e 05 de julho.
Veja também nas postagens anteriores sobre os cursos de capacitação.
Prepare-se e aproveite!

Mensagem 2º dom. após Epifania B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 139.1-10; 1Sm 3.1-10; 1Co 6.12-20; Jo 1.43-51 – 2º dom. após Epifania B 2015
Segue-me: o convite de Jesus
v. 43: “No dia imediato, resolveu Jesus partir para a Galileia e encontrou a Filipe, a quem disse: Segue-me”.
Você já percebeu como nós gostamos de convites? Estamos volta e meia convidando alguém para alguma coisa: para uma celebração de aniversário, um almoço; para um culto ou estudo bíblico; para uma palestra, uma reunião. E por aí segue uma lista nem um pouco pequena de convites que nós frequentemente entregamos ou recebemos.
Mas, com tantos convites e oportunidades, é simplesmente impossível atender a todos. Acabamos filtrando os convites e atendemos só aos que nos são mais importantes.
Jesus começa o texto de hoje com um convite. O texto vai direto ao assunto: No dia seguinte, Jesus foi para a Galileia e encontrou a Filipe, a quem disse: Segue-me.
Ah, como seria bom se houvessem mais “Filipes de Betsaida” na Igreja Cristã. Um simples convite de Jesus (“segue-me”) e ele imediatamente começa a trabalhar pelo reino de Deus. Com certeza Filipe não precisava ficar sendo lembrado que sábado tinha culto na sinagoga. Provavelmente ele era quem lembrava os outros.
E Filipe também entendeu o propósito do chamado de Jesus – que não era só para ir à sinagoga. Ele entendeu que Jesus o chamou não para dentro de mais um grupinho fechado onde, quem quiser fazer parte do grupo, que nos procure. Mas para que ele também chamasse a outros para seguir Jesus. E a isso nós chamamos discipulado.
É o que Jesus fez com cada um de nós. Já desde o batismo Jesus nos chama para segui-lo. Faz de nós seus discípulos. E, como discípulos, procuramos priorizar sempre o convite de Jesus, tanto para o seguir como para o anunciar.
É uma pena que, nesse ponto, nós luteranos não temos ido muito bem. Cada vez parece menor o número de pessoas envolvidas nas atividades da sua congregação, no testemunho diário. Enfim, vivemos um discipulado... assim... de meia-tigela.
É triste pensar que nós encontramos tempo para tanta coisa, porém quando se trata de vir à igreja o dia fica tão curto que não dá tempo. Quando o convite à Fórmula 1 começa a competir com o culto e o futebol com o estudo bíblico é hora de refletir sobre o nosso discipulado.
E o testemunho? É incrível como a gente não tem medo nem vergonha de convidar alguém para ir à nossa casa ou a algum lugar na cidade, mas para vir ao culto a gente treme que nem vara verde.
Alguém poderia dizer: Não são cristãos verdadeiros. No entanto, por mais que a gente saiba que em qualquer igreja cristã neste mundo também participam falsos cristãos, o motivo – ou os motivos – para um testemunho pouco significativo na igreja luterana parecem ser outros: Tornamos esse tipo de discipulado quase como uma cultura nossa. Não temos costume de divulgar a nossa igreja e o Evangelho.
A gente reclama dos Testemunhas de Jeová que batem à nossa porta logo no sábado de manhã para falar um monte de coisas que a gente não concorda. Mas uma coisa não podemos negar: Eles estão anunciando a Jesus.
Quando lemos o Novo Testamento, também reclamamos dos judeus que se consideravam o povo de Deus e não faziam nenhuma questão de que mais pessoas participassem desse povo. O livro de Atos até registra um episódio onde os judeus ficaram com inveja quando viram os gentios indo à sinagoga. Não gostamos da atitude deles, no entanto, agimos da mesma maneira.
Precisamos sempre olhar de novo para a Palavra do nosso Deus para, assim, lembrar do que ele espera de nós como discípulos de Jesus. Jesus nos convida para o seguir e o anunciar. Como fez o Filipe de Betsaida.
Logo depois que ele recebeu o convite de Jesus, “segue-me”, ele encontrou Natanael e, sem perder tempo, com toda a alegria disse que conheceu o salvador: É “Jesus, o Nazareno, filho de José”.
Só que Natanael, diferente do Filipe, era um cara mais difícil. Em princípio, ele duvida. Como natural de Caná e bom judeu, também conhecia as Escrituras. E, no seu conhecimento, sabia muito bem que o Messias devia vir de Belém. E ainda por cima, Caná era cidade vizinha de Nazaré. Então Natanael conhecia o povo de lá e sabia que o pessoal de Nazaré não era lá muito fiel às leis de Deus.
Por fim, ele lança a pergunta: Por acaso em Nazaré tem alguém que presta? Muitos de nós, talvez iríamos ficar um tanto intrigados com Natanael. – Puxa vida, você não acredita em mim? Se eu estou dizendo que eu encontrei o salvador é porque eu encontrei o salvador! Mas não, a atitude de Filipe é impressionante. Ele só diz assim: “Vem e vê”.
O dever cristão no seu discipulado não é ficar discutindo com as pessoas como quem quer convencer por argumento ou querendo obriga-las a seguir Jesus. O dever cristão no seu discipulado é dizer que nós conhecemos o salvador. É dizer às pessoas: “Vem e vê”. Algumas virão, outras não. Mas neste ponto, já não podemos fazer mais nada.
Agora voltemos de novo a Natanael. A atitude de Natanael reflete bem certinho aquela mentalidade judaica do grupinho fechado que olha os de fora de cima para baixo. Natanael se compara com as pessoas de Nazaré e percebe que a sua vida, moral e religiosa, é melhor do que a deles. E, imediatamente, conclui que elas não merecem fazer parte da Igreja de Deus.
É o tipo de atitude que não podemos ter. Como já falamos há duas semanas, no culto de Epifania: Não cabe a nós escolher a quem vamos testemunhar. Porque a obra de Cristo não foi por alguns, mas por todos.
E depois de levarmos as pessoas a Jesus, deixemos que o restante ele faz. Quando Natanael, todo desconfiado, vai chegando perto de Jesus, Jesus de longe já diz assim: Olhem só, finalmente um verdadeiro judeu! Um homem bom, um homem honesto!
E, como Natanael concorda com tudo isso, ele pergunta: Mas espera aí, de onde tu me conheces? E Jesus, dando uma prova da sua divindade, diz que já tinha visto Natanael debaixo da figueira antes mesmo do Filipe ter chegado lá. Finalmente, Natanael também reconhece em Jesus o Messias.
O que nós podemos entender desse texto é que tudo tem início no convite de Jesus: “Segue-me”. Pelo seu convite ele nos traz à fé e por esta fé faz de toda a nossa vida um “segue-me”. Não que queiramos que as pessoas nos sigam, mas nós dizemos: Segue-me porque eu vou te mostrar o salvador.
Como fez João Batista, um dia antes desse episódio, que estava com dois dos seus discípulos e, quando Jesus passou, ele disse: Eis o Cordeiro de Deus! Não é a mim que vocês devem seguir, é a ele. Um daqueles discípulos era André, que chamou o seu irmão Pedro. Filipe chamou a Natanael. E assim, de convite em convite, Deus vai agregando pessoas à sua Igreja.
Convites são coisas tão comuns na nossa vida. Tanto que não podemos atender a todos os convites. Sempre que aceitamos um convite, estamos recusando outro. Mas não há dúvida de que os convites de Jesus sempre são os melhores. Porque os convites do mundo sempre são para coisas passageiras, quando não pecaminosas. Porém os convites de Jesus nos levam para a eternidade. Que, enquanto estivermos aqui no mundo, possamos entregar muitos convites. E, acima de tudo, atender ao chamado de Jesus: “Segue-me”. Amém.