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sábado, 31 de outubro de 2015

Mensagem 23º dom. após Pentecostes B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 119.1-8; Dt 6.1-9; Hb 9.11-22; Mc 12.28-37 – 23º dom. após Pentecostes B 2015
Cumprindo a Lei no amor de Cristo
v. 30: “Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força”.
De uns tempos para cá, temos lido muito por aí aquela frase que diz: Família: quem ama, cuida! Claro que esta afirmação tem como primeiro objetivo fazer as pessoas refletirem sobre o quanto têm dedicado tempo à sua família. Mas ela também reflete uma verdade extremamente importante e que muito facilmente é esquecida mesmo por cristãos: que o amor não é apenas um sentimento inerte. O amor, por sua própria essência, leva à ação. Por isso “quem ama, cuida”.
O que é interessante nesse texto de Marcos é que Jesus une o amor ao cumprimento da Lei. Talvez até mais do que isso: que o amor é o cumprimento da Lei. Só que, nesse caso, a pergunta que fica é: o amor me leva para o céu? Em que sentido o amor é o cumprimento da Lei?
É muito interessante isso que Jesus faz aqui. O escriba chega e pergunta a Jesus qual é o principal dos mandamentos. E, como bons luteranos, a resposta que a gente espera é: Eu sou o Senhor teu Deus; não terás outros deuses diante de mim. Que é uma citação quase direta de Êx 20 ou de Dt 5.
No entanto, o que Jesus faz é uma citação de Dt 6. Ele nem mesmo cita um dos mandamentos. Se fosse alguém outro (um fariseu, quem sabe) talvez já teria dito: Mas esse mestre não sabe de nada. Eu pergunto sobre um dos mandamentos e ele nem mesmo cita um deles.
Mas aquele escriba parece um homem inteligente. Alguém que provavelmente não leu as Escrituras já cheio de pressupostos e opiniões, mas deixando a Bíblia falar. E imediatamente ele entende o porquê da resposta de Jesus.
E o que Jesus quer mostrar é que todos os mandamentos e mesmo toda a lei podem ser resumidos um só mandamento: Amarás o Senhor teu Deus.
Os fariseus (assim como muitos hoje) se contentavam com um mero cumprimento exterior dos mandamentos divinos. Jesus está interessado em algo mais profundo, verdadeiro, sincero. Algo que brota e cresce já dentro, no coração, e que, por causa disso, faça parte de toda a nossa vida.
Quando é que um cristão realmente se dedica em conhecer e cumprir os mandamentos de Deus? Só quando ele ama a Deus de todo o coração. E esse amor não é algo que pode brotar naturalmente em nós, de nós mesmos, mas que vem junto com a fé e o Espírito Santo como a maior dádiva que recebemos de Deus.
Porque é muito fácil dizer da boca para fora que é cristão e que ama a Deus. Mas quantos dos que dizem isso realmente colocam o reino de Deus em primeiro lugar na sua vida? É um cumprimento farisaico da lei. Uma fé de fachada só para agradar aos olhos de um ou outro, mas sempre que possível faz totalmente o contrário do que ele mesmo professa ser correto e verdadeiro.
A seriedade com que encaramos a vontade de Deus vai se refletir em nossas vidas refletindo, assim, a fé que há em nosso coração. Se a fé é verdadeira, a vida cristã é inevitável. Onde quer que exista verdadeiro amor a Deus, ali a fé não fica ociosa.
E Jesus vai mais longe ainda – aliás, de propósito. Porque o escriba tinha perguntado só qual é o principal dos mandamentos. E Jesus diz qual é o principal e o segundo mais importante para mostrar que um não existe sem o outro. Quem diz amar a Deus precisa mostrar isso mediante ao amor ao próximo.
O apóstolo João foi bem claro quando disse: Como alguém pode dizer que ama a Deus, a quem não vê, se nem mesmo ama o seu próximo que está bem do seu lado? E o que é esse amor ao próximo se não o resumo da segunda taboa da lei?
Então nós percebemos que Jesus não está de jeito nenhum fugindo dos mandamentos ou dando algum mandamento novo. Ele só abrange o nosso entendimento para lembrarmos que o amor é a base para o cumprimento de qualquer mandamento. Só vai fazer a vontade de Deus aquele que tem amor.
Mas essa é a lei. E a lei sempre acusa porque ela escancara os nossos pecados e expõe diante de Deus e o mundo que somos cristãos pobres e miseráveis espiritualmente. Que mesmo nos esforçando, não conseguimos guardar perfeitamente nem um dos dez mandamentos.
E isso tem que ser assim. Por isso, por mais que doa, por mais que incomode, nunca podemos fechar os ouvidos para a Lei de Deus. Porque ao mesmo tempo em que ela nos ensina o caminho correto no qual devemos persistir a cada novo dia, também nos livra da tentação de pensar que merecemos a salvação mediante o nosso cumprir dos mandamentos.
Por isso Jesus até parece irônico quando o escriba demonstra que ele tinha entendido perfeitamente que o amor a Deus e ao próximo vale muito mais do que qualquer sacrifício ou obra. E aí Jesus diz: É, não estás longe do reino de Deus.
Isso não é ironia nem sarcasmo. Há alguns dias lemos a passagem do rico que procurava cumprir os mandamentos de Deus e Jesus disse a ele: Só falta uma coisa. Aqui também Jesus está dizendo ao escriba: Você não está longe do reino de Deus, mas ainda falta uma coisa.
E essa uma coisa que falta é enxergar que Jesus é o Cristo. É crer que esse Jesus é o próprio Filho eterno de Deus que veio para pagar o altíssimo preço dos nossos pecados. É crer de todo o coração que nele nós temos completa remissão dos nossos pecados não pelas nossas obras, mas mediante fé.
Ali, em Jesus, está a prova concreta e visível do amor de Deus pela humanidade. É desse amor vem que vem a nossa salvação. E é nesse amor que somos fortalecidos e equipados para perdoar o faltoso e amar até os nossos inimigos.
Nesse amor existe interesse pela vontade de Deus. E, movidos pelo santo Espírito de Deus, queremos amar cada vez mais a Deus e também ao próximo.
Claro que, apesar da fé, nosso cumprimento da Lei continua falho e extremamente imperfeito. A diferença é que agora nós temos alguém que nos defende. Jesus Cristo nos cobre com a sua justiça e perfeição de modo que Deus agora aceita as nossas obras e toda a nossa vida apesar dos nossos muitos pecados.
É nesse sentido que o amor é o cumprimento da Lei. Por Deus nos ter amado tanto é que agora, mediante a fé, também podemos amá-lo e amar ao nosso próximo. E, assim, amando a Deus acima de todas as coisas e ao nosso próximo como a nós mesmos, cumprimos todos os mandamentos. Não que nós tenhamos capacidade para isso; não que o nosso amor seja grande o suficiente para amar assim como deveríamos; mas porque Jesus já cumpriu toda a Lei em nosso lugar.
É só assim que você vai entender textos como “o amor cobre multidão de pecados”, “de sorte que o cumprimento da lei é o amor” ou mesmo “o amor é o vínculo da perfeição” que não é nada mais do que dizer: o amor é a única virtude que pode unir perfeitamente todos os seres humanos.
Se hoje podemos amar e cuidar daqueles que Deus coloca ao nosso redor é que ele mesmo, em seu infinito amor, nos ensinou o que é amar quando entregou o seu Filho por nós. Por isso João também diz: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro”. Afinal de contas, quem ama, cuida! Amém.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Liturgia culto da Reforma 2015



Culto festivo - Reforma Protestante
Par. Evangélica Luterana Cristo
25/10/2015

“CRISTO PARA TODOS”

1. Saudação
O: Neste dia especial em que lembramos o dia 31 de outubro de 1517, data lembrada como o início a Reforma Luterana, queremos fazer uso de uma liturgia elaborada pelo próprio Dr. Martinho Lutero. Em 1523, Lutero passou a se dedicar com mais afinco nas reformas necessárias na área da música e da liturgia. Em novembro de 1524, o pastor da igreja de Zwickau, Nicolau Hausmann, dirigiu-se a Lutero, mais uma vez, pedindo que elaborasse uma liturgia alemã para a celebração dos cultos. Lutero respondeu dizendo não ter conhecimentos musicais suficientes para realizar uma tarefa como essa. Contudo, em 29 de outubro de 1525 sua liturgia já fora oficiada pela primeira vez na igreja de Wittenberg pelo diácono Jorge Rörer. Algo muito significativo que Lutero fez foi trazer de volta aos cultos o canto congregacional. Razão porque algum tempo depois, e por muitos anos, a Igreja Luterana ficou conhecida como “a igreja que canta”.

2. Hino: 298

3. Kyrie eleison
O: Kyrie eleison. Criste eleison. Kyrie eleison.

4. Coleta
O: Ó Senhor Deus, Pai Celestial, derrama, te rogamos, o teu Espírito Santo sobre o teu povo fiel, mantém-nos constantes na tua graça e verdade, protege e consola-nos em todas as tentações, defende-nos de todos os inimigos da tua palavra, e concede à igreja militante de Cristo a tua paz salvadora; mediante Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo e com o Espírito Santo, um só Deus, pelos séculos sem fim.
C: Amém.
 
5. Leitura da Epístola: Rm 3.19-28

6. Hino: 371

7. Leitura do Evangelho: Jo 8.31-36

8. Credo: Hino 232

9. Homilia

10. Ofertas: 166

11. Exortação quanto ao Pai Nosso e Santa Ceia
O: Caros amigos de Cristo, visto que estamos reunidos aqui em nome do Senhor para receber seu Sagrado Testamento, admoesto-vos, em primeiro lugar, que eleveis vosso coração a Deus para comigo orar o Pai nosso como nos ensinou Cristo nosso Senhor, com a confortadora promessa de que será ouvido.
Que Deus, nosso Pai no céu olhe misericordiosamente a nós, seus miseráveis filhos na terra, e nos conceda a graça de que seu santo nome seja santificado entre nós e em todo o mundo por ensinamento puro e correto de sua Palavra e por fervoroso amor de nossa vida; queira graciosamente afastar toda falsa doutrina e vida malvada, pelas quais seu digno nome é blasfemado e profanado.
Que também seu Reino venha e seja aumentado, levando todos os pecadores ofuscados e presos pelo diabo em seu reino ao reconhecimento da fé autêntica em Jesus Cristo, seu Filho, e multiplicando o número dos cristãos. Que também sejamos fortalecidos com seu Espírito a cumprir e sofrer sua vontade na vida como na morte, no bem como no mal, sempre quebrando, sacrificando e aniquilando nossa vontade. Queira dar-nos também nosso pão de cada dia, guardar-nos da cobiça e preocupações do ventre, esperando dele o suficiente de tudo que é bom.
Queira perdoar-nos também nossa culpa, assim como nós perdoamos aos que estão em dívida conosco, para que nosso coração tenha uma consciência tranquila e segura perante ele e não temamos nem nos aterrorizemos jamais por pecado algum.
Que não nos conduza a provações, mas nos ajude por seu Espírito a dominar a carne, a desprezar o mundo com sua natureza e vencer o diabo com todas as suas manhas.
E por fim, queira redimir-nos de todo o mal, físico e espiritual, temporal e eterno. Todos os que sinceramente almejam tudo isso, digam de coração: “Amém”, acreditando sem dúvida alguma que será realmente ouvido no céu, como nos promete Cristo: “O que pedirdes, crede que o tereis, e assim há de suceder. Amém”.
Além disso, eu vos exorto em Cristo que recebais o testamento de Cristo em verdadeira fé e, principalmente, graveis firmemente no coração as palavras em que Cristo nos presenteia com seu corpo e sangue para o perdão; que vos lembreis e agradeçais pelo amor imerecido que ele nos demonstrou ao nos redimir da ira de Deus, do pecado, da morte e do inferno por meio do seu sangue, tomando então exteriormente o pão e o vinho, isto é, seu corpo e sangue, como garantia e penhor. Portanto, tomemos e usemos assim o testamento em seu nome e por sua ordem, por ele mesmo expressa.

12. Pater Noster

13. Verba Sacramenti
O: Nosso Senhor Jesus Cristo, na noite em que foi traído, tomou o pão; e tendo dado graças, o partiu e o deu a seus discípulos, dizendo: Tomai e comei: isto é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, e tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, bebei dele todos; este cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vós para a remissão dos pecados; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim.


14. Agnus Dei: Hino 235

15. Ceia do Senhor

16. Coleta
O: Agradecemos-te, Senhor Deus todo-poderoso, por nos teres saciado com esta dádiva salutar, e pedimos a tua misericórdia, que ela frutifique em nós para vigorosa fé em ti e fervoroso amor entre nós todos, por Jesus Cristo, nosso Senhor.
C: Amém.

17. Bênção
O: O Senhor te abençoe e te guarde. O Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti. O Senhor levante o seu rosto sobre ti e te dê a paz.
C: Amém.

18. Avisos

19. Hino: 165

 “O justo viverá por fé”. (Rm 1.17b)
 
* Para mais informações sobre a liturgia, consultar o volume 7 das Obras Selecionadas de Martinho Lutero.

Mensagem Reforma Protestante B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 46; Ap 14.6-7; Rm 3.19-28; Jo 8.31-36 – Reforma Protestante 2015
A Bíblia, a Reforma e nós
v. 31b: “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos”.
O dia 31 de outubro é sempre um dia muito especial para nós cristãos luteranos. É o dia em que comemoramos a Reforma Protestante, datada do dia 31 de outubro de 1517, graças às 95 teses que Martinho Lutero afixou na porta da igreja de Wittemberg contra as indulgências que estavam sendo vendidas.
Claro que, olhando para trás, nós vemos que o movimento da Reforma já tinha começado uns cem anos antes. Lutero não foi o único que percebeu erros na postura e no ensino da Igreja. Mas, antes de qualquer coisa, é preciso deixar bem claro o que é Reforma.
Muita gente tem o conceito equivocado de que fazer uma reforma é criar algo radicalmente novo. Na verdade, o sentido da palavra Reforma é fazer alguma coisa voltar a ser como era antes. E essa era a intenção de todos os reformadores: Retirar da Igreja tudo aquilo que tinha sido acrescentado com o tempo e que não estava de acordo com a palavra de Deus e tornar a colocar aquelas coisas que estavam de acordo com a palavra de Deus, mas que, com o tempo, foram retiradas.
Mas, e quanto a nós, hoje, qual é o nosso papel como herdeiros da Reforma luterana? Como membros de uma igreja de quase quinhentos anos que surgiu com o propósito de fazer as pessoas olharem para a Bíblia novamente e viverem a partir do que a Bíblia diz?
Tentando responder a essas perguntas, é que hoje vamos refletir sobre o seguinte tema: A Bíblia, a Reforma e nós. E, com isso, queremos ver alguns dos muitos pontos em que é possível fazer uma relação entre o que Deus espera da sua Igreja, o que os reformadores tentaram fazer a respeito e o que cabe a nós como cristãos luteranos.
Uma das coisas que podemos relacionar facilmente é sobre a perseguição à Igreja Cristã. Muitos dos profetas do Antigo Testamento foram desprezados e até mortos porque as pessoas não queriam saber da palavra de Deus. E nesse desprezo a Deus e à sua Palavra quem acabava sofrendo as consequências eram aqueles que a anunciavam.
O mesmo aconteceu com os reformadores. Talvez até possamos dizer que a Reforma só não aconteceu mais cedo porque, simplesmente, não era possível. Especialmente a partir do ano 1000, qualquer um que questionasse a Igreja acabava sofrendo as penas da famosa Inquisição. Então, muitos não se arriscavam. E os que se arriscaram, foram mortos.
E nós, como cristãos, sempre estaremos sendo o alvo de perseguições, de questionamentos. Se queremos ser fiéis a Deus, precisamos estar preparados tanto para as perseguições com uma fé firme que é constantemente fortalecida pelos santos sacramentos. E também ter conhecimento bíblico necessário para responder àqueles que nos questionarem a respeito da nossa fé.
Um outro ponto é com respeito à intenção de Deus. O objetivo primordial de Deus, conforme podemos perceber pela sua Palavra, é tornar conhecida a salvação às pessoas. E ele faz isso por meio do seu povo. Por isso o povo de Deus não pode só servir a Deus quando está dentro da igreja. Ser cristão é assumir uma postura de vida que reflete a vontade e o amor de Deus.
Por isso a grande luta dos reformadores – e Lutero fez muita coisa quanto a isso – foi fazer as pessoas terem acesso à palavra de Deus. Lutero mesmo traduziu a Bíblia para o alemão para que as pessoas pudessem aprender por conta própria tanto o que Deus fez por elas como o que ele espera delas.
As pessoas eram muito assoladas pela Igreja com pavores do inferno, de modo que elas nunca poderiam ter certeza da salvação. E ainda mandavam com que realizassem mil e uma coisas como se, dessa maneira, elas estariam agradando a Deus para, quem sabe, merecer a salvação.
O mesmo você pode ver em nossos dias. As pessoas não tem liberdade para viver nem para servir a Deus. Porque, mesmo tendo acesso à Bíblia, se deixam levar por ensinamentos contrários à palavra de Deus. Depositam sua confiança nas obras que realizam e, sem saber, desprezam a Cristo e a salvação que ele traz.
Por isso nosso papel, como herdeiros da Reforma, é anunciar o Evangelho. O Evangelho da salvação que fala de Cristo como o único salvador. O único que pode salvar.
Às vezes, a gente ouve alguns questionamentos do tipo: Mas se a gente ficar dizendo que a salvação é de graça e que ninguém precisa fazer nada para ser salvo, o cara vai se deitar nas cordas e não vai fazer mais nada pela Igreja.
Pode até ser, mas não importa. A resposta das pessoas à palavra de Deus não é motivo para que mudemos a mensagem bíblica anunciando, como diz Paulo, um “outro evangelho”. As obras são puramente frutos naturais da fé verdadeira. Quem ouve com fé a mensagem do Evangelho e a guarda no coração vai fazer a vontade de Deus da forma que agrada a Deus: Voluntariamente, espontaneamente. Sem coação ou obrigação, mas simplesmente movido pelo amor a Deus e pelo Espírito Santo que nele habita.
E um último ponto que queremos abordar é sobre o louvor a Deus, que é uma forma de manifestar às pessoas a alegria pela salvação que temos em Cristo. A Bíblia mostra que a Igreja desde sempre usou da música como uma forma de exaltar o nome de Deus, anunciar o nome de Deus. Além do fato de que a música serve para fixar conteúdo. Quando um cristão canta, por exemplo, “Deus está presente, Pai onipotente”, ele aprende que Deus tem o poder para fazer todas as coisas, mesmo que nunca alguém tenha dito isso de uma forma sistemática de ensino.
A Igreja cometeu um grande pecado neste ponto. A partir do ano 500, mais ou menos, a música nas igrejas foi ficando tão difícil, tão elaborada que os membros não conseguiam mais cantar. E o louvor do culto acabou se tornando algo exclusivo do oficiante e do coral.
A coisa só foi mudar lá por volta de 1500, graças aos reformadores. Mil anos de silêncio na Igreja. Hoje em dia, graças a Deus, não dá nem para imaginar o que seria do culto sem música. E isso, em grande parte, devemos ao trabalho dos reformadores que compuseram hinos, estimularam o canto congregacional e reintroduziram a participação de toda a congregação no louvor a Deus.
O que cabe a nós hoje é a parte mais fácil: Aproveitar! Temos uma herança riquíssima de hinos que nos transmitem a palavra de Deus nas mais diversas melodias para as mais diversas ocasiões. O que cabe a nós como cristãos luteranos? Cantar e, assim, louvar ao nosso Deus e manifestar às pessoas essa alegria e gratidão que temos pela salvação que vem de Cristo.
Assim como nesses três pontos, teriam várias outras coisas que poderímos fazer uma comparação entre a Bíblia, a Reforma e nós. Mas que o fato de nunca termos aprendido tudo sirva como convite para aprendermos sempre mais sobre a palavra do nosso Deus, a exemplo dos profetas e dos reformadores que tanto se dedicaram nisso.
Sem dúvida, quanto melhor conhecermos a palavra de Deus e entendermos o que significa ser herdeiros da Reforma, tanto melhor e com mais alegria poderemos viver a nossa fé nas perseguições, no anúncio do Evangelho e no louvor a Deus procurando sempre, em tudo isso, levar Cristo para todos. Amém.