Igreja Evangélica Luterana
Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 128; Gn 2.18-25; Hb 2; Mc 10.2-16 – 19º dom. após Pentecostes B
2015
O casamento à luz da vontade de Deus
v. 8: “E, com sua mulher,
serão os dois uma só carne. De modo que já não são dois, mas uma só carne”.
Falar sobre casamento nos
dias em que vivemos é, sem dúvida, um grande desafio para todos nós. O que
vemos no Brasil e no mundo é uma verdadeira bagunça quando se fala sobre isso.
As leis variam de país para país e mesmo entre as igrejas cristãs há
divergências na doutrina e na pregação. Isso tudo leva a, pelo menos, dois
problemas que são evidentes: Ou cria pessoas com convicções erradas sobre o
casamento ou pessoas que, de tantas dúvidas, não sabem nem se podem viver de
consciência tranquila diante de Deus.
Que bom que tudo o que Deus
quer que a gente saiba ele deixou escrito. E nas dúvidas que temos, podemos
recorrer à palavra de Deus que, aliás, é rica sobre esse assunto. Só hoje lemos
em Gn 2 sobre a instituição do casamento; o salmo lembrando que só pode ser
feliz a família que teme a Deus, o Senhor; e também em Marcos alguma coisa
sobre o que Jesus mesmo disse.
A discussão começa quando os
fariseus perguntam a Jesus se é lícito a um homem repudiar a sua mulher. Jesus
responde com outra pergunta: Ora, até parece que vocês não conhecem a Bíblia! O
que Moisés ordenou sobre isso? – Ah, Moisés permitiu a separação desde que se
fizesse uma carta de divórcio.
Nada podia ser mais atual e
brasileiro do que o entendimento judaico de dois mil anos atrás. Na verdade o
que se percebe é que já no tempo de Moisés se cometiam abusos em relação ao
matrimônio. Isso porque muitos homens, naquela visão de superioridade em
relação à mulher, se viam no direito de mandar a sua esposa embora por qualquer
razão que se considerasse justificável.
A gente sabe muito bem que a
única lei divina que permitia o divórcio era em caso de adultério. Quando,
então, a parte inocente tinha o direito de pedir a separação. Mas a coisa foi
se distorcendo com o tempo cada vez que mais que, no tempo de Jesus, já se
considerava que Moisés mesmo tinha dado essa ordem como se, de fato, qualquer
coisa podia ser considerada motivo para divórcio e que não tinha mal nenhum
nisso (desde que se lavrasse a carta de divórcio).
Mas como Jesus interpreta essa
passagem do Antigo Testamento? Ele diz: “Por causa da dureza do vosso coração”
é que ele permitiu o divórcio. Uma pessoa de coração duro é uma pessoa
totalmente inflexível. Por mais que Moisés dissesse que aquilo ia contra a
vontade de Deus eles faziam mesmo assim.
E quando Moisés viu aquele
bando de cabeças-duras que não aceitavam a palavra de Deus como se isso não
valesse nada, a solução que ele encontrou foi essa: Dos males, o menor. – Se
você vai abandonar a sua esposa, pelo menos vai escrever um documento expondo a
razão disso para evitar que ela seja apedrejada por adultério.
Então nós vemos que quando
Moisés ordenou que se escrevesse uma carta de divórcio era para proteger a
parte inocente – que, naquele contexto, sempre era a mulher. Essa carta não foi
instituída com o intuito de facilitar a separação de um casal ou de tornar isso
menos errado diante de Deus.
Por isso é uma pena que,
assim como no tempo de Moisés, também hoje há muitos corações duros que não
deixam a palavra de Deus entrar. Gente que gosta de se dar por entendida quando
na verdade não sabe de nada.
E aí você vê brigas e até
agressões nos casamentos. O número de divórcios cada vez maior (e as
estatísticas estão aí para mostrar isso). Lares sendo destruídos. E quando o
casal já tem filhos: em que situação ficam aquelas crianças? Que exemplo elas
recebem sobre o casamento? Isso sem falar das inúmeras consequências de uma
criança ser criada por um só dos pais.
Só que todos esses se
esquecem – ou nem estão aí para – o que Jesus diz aqui que “desde o princípio
da criação, Deus os fez homem e mulher”. Não adianta querer fugir a essa regra.
Salvo raríssimas exceções, fomos todos criados para viver a dois. E as
estatísticas estão aí para mostrar isso também: que a maioria dos divorciados
se casam de novo ou, pelo menos, convivem com outra pessoa.
Como a gente tem a mania de
pensar que o problema sempre está no outro, muita gente pensa que se
divorciando e casando com outra pessoa não vai mais ter problemas. Bobagem.
Isso não funciona. Não é o outro que tem de ser atacado, é o problema. Por isso
quando um casal discute sobre alguma coisa ele tem que se preocupar em resolver
o problema e não em descobrir quem é o culpado.
Certa vez alguém até usou a
seguinte ilustração: Se a louça da sua casa está suja, você troca de casa para
que esta venha com a louça limpa? Claro que não! Você lava a louça.
E por falar em louça, um
problema que, especialmente, o homem tem é de pensar que na louça suja do
casamento, se você deixar de lado por um tempo magicamente aquela sujeira some.
E não adianta dizer o contrário, todo homem já tentou isso e todo mundo já
percebeu que não funciona. A louça se acumula. Aquela sujeira vai grudando,
vira uma “nhaca”. E cada vez fica mais difícil de limpar. Por isso, se a louça
está suja, a questão não é quem sujou, a questão é que está suja. Vai lá e
limpa.
Não queremos transmitir aos
herdeiros da nossa geração que eles devem se casar porque no casamento não
existe problema. Não querermos iludir ninguém. Mas precisamos transmitir com
toda clareza e confiança que o problema não é o casamento, porque este é coisa
boa, e sim como nos portamos no casamento.
Precisamos ensinar nossos
jovens desde cedo que, embora o mundo tenha o tomado um rumo totalmente
independente, a palavra de Deus continua válida. E nesta palavra Jesus diz que
a busca pela felicidade fora do casamento é uma busca vã. É a ilusão na qual o
mundo vive porque não conhece a Deus e não sabe que Deus estabeleceu o
casamento para que a nossa alegria possa ser completa.
Lembrar também que ninguém
precisa nem mesmo procurar pelo seu parceiro. O pessoal fica nessa de fazer um
“test drive” para ver se os dois combinam. Ficam desesperados até entrando em
sites de relacionamento na internet como se dependesse da gente encontrar a
pessoa certa. É Deus quem providencia. Ele sabe quem é a pessoa certa.
Precisamos ensinar que é no
casamento que Deus faz a maravilha de fazer de duas pessoas uma só carne e que,
por esta razão, o que Deus ajuntou, que ninguém o separe. Precisamos ensinar
que de todas as boas obras que podemos imaginar, todas elas juntas não valem
mais do que o marido que ama e cuida da sua esposa ou a esposa que respeita e
ajuda o seu marido.
Todos nós, infelizmente,
cometemos erros e pecados em nossa vida. Desviamo-nos do caminho e da palavra
de Deus. Muitos ainda precisam chegar ao arrependimento. Mas outros tantos
carregam diariamente o peso da culpa pelos seus erros ou por aquilo que a sua
consciência considera errado.
Por isso, quando o assunto é
casamento, independente de qual seja a sua situação neste momento da vida;
independente de quais sejam os pecados que afligem a sua consciência, lembre
sempre que o perdão de Deus cobre multidão de pecados. E onde há um coração
mole e arrependido, ali também há completa remissão dos pecados.
E o que mais pode ser essa
remissão senão a certeza de que temos paz com Deus e que ele nos dá a chance de
recomeçar a nossa vida? A chance de não repetir os mesmos erros. Quanta gente
procura essa chance! Quanta gente queria voltar no tempo para fazer tudo
diferente. E Deus nos dá essa chance todos os dias.
Por isso, aproveite essa
oportunidade divina. “Coloque os pingos nos is”. Coloque as coisas em ordem e
siga o conselho do rei Salomão: Seja feliz e aproveite os dias com essa pessoa
maravilhosa que Deus colocou na sua vida. Amém.
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