Igreja Evangélica Luterana
Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 119.9-16; Ec 5.10-20; Hb
4.1-13; Mc 10.23-31 – 21º dom. após
Pentecostes B 2015
Jesus é nosso maior tesouro
vv. 29-30: “Disse Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que deixou
casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos por causa de
mim e do Evangelho, que não receba o cêntuplo no tempo presente de casas, e
irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições e, na era
vindoura, vida eterna”.
Em um dos nossos cânticos, nós fazemos a seguinte
pergunta: “Quem é que mora no seu coração”? E logo depois fazemos essa
afirmação: “Onde está o seu tesouro, ali estará o seu coração”. Então... onde
está o seu coração? Ou, a mesma pergunta de outro modo: O que vem em primeiro
lugar na sua vida? O que você busca independente da sua situação de saúde,
financeira, social; independente da sua idade, do local onde você se encontra
ou as pessoas que estão à sua volta?
Muita gente não tem clareza sobre isso. Não sabe
exatamente o que quer da vida ou qual seu objetivo no mundo. Muitos outros
sabem exatamente o que querem e qual seu papel na sociedade, na família, na
igreja, mas, infelizmente, o seu conceito de objetivo é equivocado e, assim, acabam vivendo
uma ilusão. Pensam que seu coração está no lugar certo quando, na verdade, não está.
Esta era a situação, por exemplo, daquele homem do
qual falamos semana passada que foi se encontrar com Jesus para saber como
poderia herdar a vida eterna. Um jovem-adulto que tentava agradar a Deus
cumprindo o seus mandamentos, mas que ainda não tinha encontrado a paz com
Deus. Não tinha certeza da salvação.
É importante lembrar a história já que o texto de
hoje é a continuação. Foi logo depois de ver aquele rico saindo triste da sua
presença que Jesus fez o seu alerta quanto às riquezas que este mundo oferece.
É ali que muitos depositam a sua segurança, a sua confiança, a sua dedicação e
até amor. É ali que está o seu coração.
Na Bíblia toda nós vemos que ricos e pobres sempre
existiram e tudo conforme a permissão de Deus. A Bíblia mostra que o problema
nunca está nas riquezas (dinheiro, bens, propriedades), mas na maneira como
tudo isso é administrado e no valor que nós damos para essas coisas. Muitos dos
profetas prometeram castigo aos ricos. Não por terem riquezas, mas pelo abuso
de poder, pela extorsão dos pobres ou por não ajudar o necessitado.
De forma geral, aprendemos que tudo, absolutamente
tudo mesmo, só tem um proprietário que é Deus, o Criador dos céus e da Terra. E
Deus, na sua graça e bondade, distribui o que é dele entre nós, suas criaturas,
a fim de sermos administradores desses bens. De modo que não há diferença
nenhuma entre o rico e o pobre, porque tanto o que um tem como o que o outro
tem, não lhes pertence. É de Deus.
O mundo sempre cometeu esse grande pecado de
idolatrar mais as bênçãos do que o Benfeitor. Hoje em dia, graças à mídia, à
comunicação em massa e ao monte de gente que parece ter horas de sobra para
ficar na frente da televisão, internet, celular – e, ainda por cima, sem um
pingo de senso crítico – a coisa tem piorado bastante.
Em um mundo onde feliz é aquele que tem dinheiro,
poder e fama, os outros 99% insistem em acreditar na mentira de que não podem
ser felizes. Por que mais você vê tanta gente que já desistiu da vida? Não
fazem nada pelo seu desenvolvimento profissional ou acadêmico e ao mesmo tempo ficam
reclamando que a vida é injusta, que a culpa é do governo e por aí vai.
Essas pessoas não têm prazer na vida. Não têm
objetivo. E como o mundo todo fica dizendo que a felicidade é derivada dos verbos
“comprar” e “possuir”, continuam correndo atrás do vento. Provavelmente não vão
chegar a ser um Bill Gates ou um Ronaldinho Gaúcho, mas no seu entender, se
tiverem mais dinheiro, com certeza vão ser mais felizes do que são agora.
Mas para a gente não acabar fugindo do assunto
vamos voltar ao nosso texto e lembrar o que Jesus está dizendo. A maior
preocupação de Jesus com aqueles que possuem muito mais do que o necessário
para viver é em relação ao seu destino eterno.
Isso porque tanto o dinheiro, como o poder ou a
fama geram aquela falsa sensação de ser um super-herói. Ao mesmo tempo temido e
amado por todos, vive como se fosse um deus em meio a meros mortais. E desde
quando alguém assim precisa ter medo do diabo ou do inferno? Ele tem dinheiro!
“Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os
que têm riquezas”! Esse é o alerta de Jesus para todos os que colocam o seu
coração nas riquezas e nos prazeres deste mundo.
E é interessante perceber a maneira como Jesus chega
neste ponto: Percebam que, na primeira vez que Jesus diz isso, ainda em razão
do rico que tinha saído dali triste, ele diz que é muito difícil um rico entrar
no céu. Porém, na segunda vez, ele diz a mesma coisa para todos. Ele
simplesmente diz: É muito difícil alguém entrar no reino de Deus.
Pode ser que a gente olhe para esse texto e pense
assim: “Ah, isso não tem nada a ver comigo; Jesus está falando isso para os milionários”.
Preste atenção que o que Jesus está dizendo é para todos nós. Tornemos a
lembrar: O problema não são as riquezas, mas o pecado que está no coração
humano.
E todos nós, como pecadores que somos, temos essa
tendência a amar mais as bênçãos do que o Benfeitor. O nosso coração
naturalmente se inclina à Criação e não ao Criador. Vemos aquilo que é nosso
como se fosse nosso e não de Deus e nosso objetivo de vida passa a ser cada vez
ter mais coisas que podemos chamar de “nosso”.
O que muita gente não leva em conta é que a busca
pela felicidade nas riquezas que o mundo tem é um investimento de alto risco.
Porque junto com o dinheiro vêm as preocupações. O infeliz vive dizendo “Ah! Se
eu tivesse isso; ah! Se eu tivesse aquilo”. Quanto mais coisas eu tenho, mais
coisas eu tenho com que me preocupar.
Aí você vai dizer: Nossa, pastor! Falando assim
até parece que é ruim ter dinheiro. Isso é um apelo ao voto de pobreza ou o
quê? Não é nada disso! Sejamos realistas: Nessa precariedade que a gente encara
no Brasil, quanta gente só conseguiu um atendimento decente porque pagou por
uma consulta; porque pagou por uma cirurgia.
Então não entra nessa de se contentar com muito pouca
coisa (“se deu para fechar o mês já está bom!”) porque um dia pode fazer falta.
Sim, Deus cuida. Mas ele pode cuidar melhor de quem administra o que tem. Não é
porque Deus lhe protege que você atravessa a BR sem olhar para os lados.
Não é pecado ter dinheiro no banco. Não é pecado
lutar por uma melhor condição financeira e estabilidade. A Bíblia diz que “o
amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”. O problema não é o dinheiro, é o
amor ao dinheiro que afasta as pessoas do amor de Deus.
A atitude daquele jovem rico, ao sair triste da
presença de Jesus, mostrou que o seu coração estava nas propriedades que
possuía. Pode até ser que ele amava a Deus, caso contrário não estaria preocupado em cumprir
os seus mandamentos. Só que maior do que o amor a Deus era o amor ao dinheiro.
E as nossas atitudes, o que elas têm demonstrado? Onde está o seu coração?
As leituras de hoje mostraram onde deve estar o
nosso coração. O salmista diz que o prazer do cristão está na Palavra de Deus e
nos seus mandamentos. Salomão lembrou que não tem nada de errado em aproveitar
as coisas que Deus nos dá, desde que não se tornem nossa prioridade.
Jesus nos dá um novo conceito de riqueza. Ele nos
faz lembrar que vivemos puramente a partir da graça de Deus de onde vem tudo o
que somos e possuímos. Rico é aquele que reconhece as bênçãos de Deus na sua vida e é agradecido por elas. E também cuida do que tem sabendo que não é dono.
Agindo assim, com gratidão a Deus e auxílio mútuo,
é que estamos sendo bons administradores das coisas de Deus. Amém.
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