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quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Mensagem 18º dom. após Pentecostes B 2015


Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína

Pr. Edenilson Gass

Sl 104.27-35; Nm 11.4-6,10-16,24-29; Tg 5.7-20; Mc 9.38-50 – 18º dom. após Pentecostes B 2015

É preciso manter o foco

v. 50b: “Tende sal em vós mesmos e paz uns com os outros”.
“Foco”! Eis aí uma palavra bastante relevante para os dias em que vivemos. Aqui não estamos falando do foco da câmara fotográfica que precisa ser regulado se você quiser uma foto de qualidade – embora esta também poderia ser uma comparação possível – mas do foco no sentido de alvo, objetivo, onde você quer chegar. As empresas de todos os portes, desde que sejam empresas sérias e que queiram ir adiante, estimulam seus funcionários a manterem o foco, ou seja, a se lembrarem constantemente qual é o objetivo da empresa para que, assim, ser perder o foco, ela possa alcançar as suas metas.
E na Igreja, será que o tal do “foco” também é necessário? Você tem claro em mente qual é o objetivo da Igreja Cristã na terra? Afinal de contas, quem não sabe onde quer chegar nunca chega a lugar nenhum.
Hoje o texto de Marcos nos convida a ajustarmos o foco da nossa vida cristã. Esse é um daqueles textos de onde o pastor pode extrair quatro, cinco sermões diferentes. Mas parece que vale mais a pena acompanhar todo o desenvolvimento do texto, até para que a gente possa entender a relação entre os diferentes assuntos.
Tudo começa quando João fala para Jesus que um homem andava expelindo demônios por aquela região. E, como não era alguém que, pelo menos, seguia Jesus, os discípulos o proibiram porque imaginaram que ele não tinha o direito de fazer isso sem ser um discípulo de Jesus.
Não é possível saber se eles estavam dizendo isso como se tivessem feito grande coisa ou se, simplesmente, estavam relatando a situação. De qualquer forma, a resposta de Jesus nos chama a atenção: Não o proíbam. E eu vou dar duas razões para isso: Primeiro, porque se alguém hoje me anuncia, não vai amanhã estar falando mal de mim. E segundo, se ele não é contra nós, então ele até nos ajuda.
Essa primeira parte nos faz refletir sobre o seguinte: Será que a atitude dos discípulos não reflete um pouco a nossa atitude em relação aos de fora? Quantas vezes nós olhamos para os que são de fora e, em vez de tentarmos trazê-los para dentro do nosso grupo, nos fechamos mais ainda e ficamos de longe a julgar e a criticar?
Por isso o que Jesus ensina aqui é muito importante. Ele está dizendo assim: Paróquia Luterana de Juína, vocês estão vendo como tantas igrejas falam um monte de bobagem e enganam pessoas em meu nome? É triste que seja assim. Mas deixem que seja. Porque, pelo menos, de uma ou de outra forma o meu nome está sendo anunciado.
Também o apóstolo Paulo disse isso: Pelo menos o Evangelho está sendo anunciado.  Se tiverem a oportunidade de conversar com alguém e expor a verdade de que a salvação já foi conquistada por Cristo e que já podemos viver esta salvação mediante a fé, então falem. Não percam a oportunidade. Mas não vão lá levantar bandeira contra essa ou aquela igreja porque pode ser que, no meio de muitos erros, alguém leve para casa simplesmente que Jesus morreu por ela. E essa pessoa encontrou a salvação.
E Jesus vai além para mostrar que não só luteranos vão para o céu: Se alguém vos der um copo de água porque vocês são meus, esse não é contra nós e também ele receberá o seu galardão.
Agora é que a coisa parece complicar, porque parece que Jesus, do nada, muda de assunto. Mas não é nada disso. Na sequência, Jesus só dá um exemplo no outro extremo da coisa. Ele mostra que o contrário também é verdade. Assim como cada um receberá a sua recompensa mesmo por coisas tão simples como dar um copo de água, assim também aquele que levar alguém a cometer pecado receberá a sua recompensa.
Ele diz: “Quem fizer tropeçar a um destes pequeninos” – e os “pequeninos” são os cristãos, não só as crianças como a gente costuma pensar – melhor seria para ele uma morte trágica do que ter de acertar as contas com Deus.
Então aqui nós vemos como é grande a nossa responsabilidade em relação ao ensino e ao testemunho cristão. Alguém até pode pensar: Não, mas isso é fácil. Eu não digo para ninguém cometer pecados. Mas vejamos o seguinte: Dizer para uma pessoa fazer alguma coisa que vai contra os mandamentos de Deus não é a única forma de fazer alguém pecar. Se as minhas atitudes não condizem com a vontade de Deus, a tendência daqueles que convivem comigo ou que me observam é fazer a mesma coisa.
E é por isso que Jesus vai dizer “se a tua mão te faz tropeçar, corta-a”. Ou seja, se alguma coisa te afasta do caminho certo, por mais valioso que seja, arranca isso da tua vida. Não só porque você mesmo pode perder a salvação, mas também aqueles que estão à sua volta podem se escandalizar.
Aliás, qual é o pecado que nos vem à mente quando lemos na Bíblia sobre escandalizar ou tropeçar – como aparece no texto de hoje? A apostasia. O cair da fé. Desviar-se do caminho de Deus até ao ponto de abandonar a fé e a confiança em Jesus.
E é muito interessante perceber como Jesus chega nesse ponto. Ele começa falando lá daquele homem que foi repreendido pelos discípulos; depois ele faz uma transição para qualquer um (não importa quem) que der um copo de água ou que fizer alguém tropeçar; e depois ele começa a dizer: se a tua mão... se o teu pé... se o teu olho te faz tropeçar.
Parece que a intenção de Jesus é tirar o foco daquele homem e colocar sobre os discípulos. É como se ele estivesse dizendo aos discípulos e a nós: Antes de vocês se preocuparem com o que os outros estão fazendo, reflitam sobre o que vocês estão fazendo. Como anda a vossa vida cristã? A vossa luta contra o pecado? O vosso testemunho diante das pessoas?
– Vocês repreenderam aquele homem só porque não era um dos nossos. Só que vocês não levaram em conta que, pelo menos, ele está anunciando o meu nome (em palavras e ações).
E a gente percebe ainda no texto que Jesus usa o mesmo verbo (tropeçar, escandalizar) quando ele faz aquela suposição (“quem fizer tropeçar”) e quando ele fala diretamente aos discípulos (“se a tua mão te faz tropeçar”). A gente sabe que essa é uma palavra muito forte. E com certeza Jesus está querendo, no mínimo, dar o alerta: se vocês não se cuidarem, derem ocasião ao pecado, se afastarem de Deus, vocês mesmos é que daqui a pouco vão estar numa situação difícil.
Por isso o recado final de Jesus não podia ser diferente, lembrando o modo de vida que precisamos ter: “Tende sal em vós mesmos e paz uns com os outros”. Sejam como o sal que tempera e deixa tudo mais gostoso: Busquem a paz entre vocês. Não fiquem ressaltando as diferenças, os problemas; não percam tempo julgando e acusando os outros. Gastem essa energia toda buscando a paz e temperando a vida do seu semelhante.
Aliás, Jesus diz mais do que “sejam sal”. Ele diz “vocês são o sal da terra”. Isso porque não depende de nós o poder e não vem de nós o poder para temperar o mundo com a vontade de Deus. Somos sal porque o Espírito Santo reside em nós e muda o nosso foco.
Muda o nosso foco natural de nos fecharmos no nosso grupinho, de procurarmos só satisfazer nossas vontades para um foco cristão. De modo que nosso objetivo precisa ser acolher e integrar os de fora, levar a todos a palavra de Deus e viver essa Palavra testemunhando que somos discípulos de Jesus.
O foco é importante em qualquer tipo de empreendimento, de projeto. E na Igreja não é diferente. Somos orientados pelo santo Espírito de Deus a concentrarmos nossos esforços no bom testemunho. Como disse Jesus: Pelos seus frutos vocês serão conhecidos.
Esse é foco de Deus: Levar a salvação a toda criatura. Se agora vivemos esta salvação, temperando o mundo com a palavra de Deus é porque esta Palavra já alcançou o nosso coração. E tendo sido o foco da ação de Deus, podemos olhar para o nosso próximo como o foco da nossa ação. E podemos estar sempre certos da companhia do Espírito Santo a nos ajudar e nos orientar todos os dias da nossa vida. Amém.

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