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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Mensagem 20º dom. após Pentecostes B 2015




Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 90.12-17; Am 5.6-7,10-15; Hb 3.12-19; Mc 10.17-22 – 20º dom. após Pentecostes B 2015
Só em Jesus temos vida eterna
v. 21: “E Jesus, fitando-o, o amou e disse: Só uma cousa te falta: Vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; então, vem e segue-me”.
“Que farei para ser salvo”? Esta foi a pergunta que o carcereiro de Filipos fez ao apóstolo Paulo, conforme o relato de At 16. Esta também é a pergunta de milhares de cristãos ao redor do mundo que acertadamente se preocupam com o destino do seu corpo e alma. Assim como aquele carcereiro, muitos, diante do terror da morte, querem saber como alcançar a vida.
Essa também foi a pergunta daquele homem que foi se encontrar com Jesus conforme lemos hoje no evangelho de Marcos. E, a partir deste texto, essa é a pergunta que também nós queremos responder. Afinal, também nós queremos ir para o céu.
O relato do jovem rico (embora tudo indique que ele não era tão jovem assim) tem várias características interessantes e uma delas aparece logo no início. O texto diz que quando ele chega, ele se ajoelha diante de Jesus. Mesmo sendo um homem importante, um líder judeu, ele não lida de igual para igual com Jesus. Ele se mostra inferior a Jesus e ainda o chama de bom mestre.
E essas são atitudes que ele mantém até o final. Então, se você é um daqueles que aprendeu a olhar para o jovem rico como alguém arrogante, que se achava o bom, talvez esteja na hora de rever alguns conceitos. E aí vem a tal pergunta: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna”?
Antes de a gente ver qual foi a resposta de Jesus (como se a gente já não soubesse!) nós percebemos que tem uma contradição nessa pergunta. “Que farei para herdar a vida eterna”? Como assim “que farei”? Se é uma herança, então não tem que fazer nada, é só esperar!
A não ser que ele estava dizendo “herdar” no sentido de conquistar. Mas parece que não é isso. A impressão que dá é a seguinte: Como um homem instruído, ele conhecia as Escrituras e com certeza sabia das tantas promessas do Antigo Testamento sobre a vinda do Messias e a salvação.
É como se lá no fundo algo dissesse que a salvação é uma herança. Que a salvação já está preparada. Que não falta nada. Mas ao mesmo tempo essa certeza, essa crença não podia emergir porque estava soterrada pelo ensinamento que tinha recebido. Uma fé que não podia aparecer porque conflitava diretamente com tudo aquilo que, desde a infância, tinha aprendido de que a salvação precisa ser conquistada.
E quem alcança esse estágio da vida espiritual e religiosa confiando em si mesmo, nas suas obras, nas leis que cumpre, nas cerimônias que guarda, só pode ter dois finais. Um é o da hipocrisia: Quando a pessoa acha mesmo que é digna de receber a vida eterna por causa daquelas coisas que faz ou deixa de fazer. Cristo é colocado de lado ou, no máximo, é alguém que ajuda na salvação. Mas ter a salvação é um mérito de quem faz por merecer. O outro final é o do desespero: Quando a pessoa já fez tudo aquilo que pensava ser necessário para receber a salvação, mas ainda não encontrou a paz com Deus. É o momento em que a pessoa entra no desespero de se perguntar constantemente: Será que eu já fiz o suficiente pela minha salvação?
Já parou para pensar que coisa terrível é viver com essa dúvida? Quanta gente ao nosso redor será que não vive nesse mesmo desespero! Fazer de tudo pelo reino de Deus e, ainda assim, não sentir a paz de Deus, não se sentir amado por Deus, não sentir o consolo e a alegria da salvação.
É a essas pessoas que Jesus nos envia para anunciar o Evangelho. Não que não devemos anunciar a todos sempre que houver possibilidade. Mas a mensagem precisa ser adequada a quem a recebe. Ao hipócrita, que está seguro em si mesmo, a pergunta a ser feita é: E onde fica Cristo nessa história toda? Paulo diz que se a salvação depende de nós, então Cristo morreu em vão. Além do mais, a Bíblia diz que todos pecaram e só merecem a condenação. Será que nós podemos mesmo ser tão bons assim para mudar essa situação?
Já ao aflito e desesperado, que sofre porque teme a Deus, mas não sente o amor de Deus, a esse é preciso dizer com todas as letras que Deus já nos amou desde antes da fundação do mundo. Que Deus nos ama mesmo com o nosso pecado porque a salvação vem de Cristo e ele lava o nosso coração todos os dias.
Com aquele homem, como Jesus sabia que ele firmava sua esperança nos mandamentos, Jesus nem exatamente dá um resposta, ele só faz uma afirmação: Você conhece os mandamentos. E como era isso mesmo que ele esperava ouvir de Jesus, não se espanta, não reclama, não muda de assunto, simplesmente concorda: Sim, eu conheço os mandamentos. E não só conheço, mas também vivo de acordo com eles.
O que imediatamente a gente percebe quando lê esse texto é que Jesus só cita os mandamentos da segunda taboa da Lei. Isso por uma razão nem tão difícil de entender: São os mandamentos que se referem à nossa relação com o nosso próximo. São mandamentos que qualquer pessoa pode cumprir, mesmo que imperfeitamente. E são mandamentos que são fáceis de analisar se estamos cumprindo ou não.
Dessa maneira Jesus conseguiu estender mais um pouco a conversa porque ele sabia que aquele homem era realmente uma pessoa temente a Deus. Alguém que realmente valorizava os mandamentos de Deus e se esforçava para os cumprir. Só que cumprir a maioria dos mandamentos parece que não era o suficiente. Ainda estava faltando alguma coisa. E era bem essa a preocupação daquele homem.
E como Jesus encerra a conversa? – Bom, então só falta uma coisa: Se desfaça de tudo o que você tem em benefício dos pobres e depois me siga.
O que acontece aqui também não é difícil perceber. Como ele perguntou a Jesus o que precisava ser feito para ter a vida eterna, Jesus disse o que precisava ser feito. Em outras palavras: Se é lei que você quer, é lei que você vai ter. Se é possível guardar essa lei toda, aí já é outra história.
A questão é que, como já foi dito, os mandamentos da segunda taboa qualquer pessoa tem capacidade de guardar uma boa parte – claro, desde que os leve a sério. Mas os mandamentos da primeira taboa – não falar o nome de Deus à toa, amar a Palavra de Deus e querer saber mais sobre ela, temer e amar a Deus acima de todas as coisas – esses são mandamentos que só podem ser cumpridos pela fé. A rigor, a única coisa que importava de tudo o que Jesus disse era apenas uma palavra: Segue-me.
O que Jesus quis mostrar àquele jovem é que ninguém alcança a salvação pela Lei. Em primeiro lugar porque ninguém consegue. Além de cometermos pecados, já nascemos pecadores. E em segundo lugar, porque não foi esse o caminho que Deus escolheu para salvar a humanidade.
Mas se é assim a coisa, então quem pode ficar tranquilo? Ora, aquele que crê em Jesus. Aquele que, em vista dos seus muitos pecados, se agarra em Jesus na certeza de que ele morreu pelos nossos pecados e assim já conquistou por nós o perdão de Deus, a paz com Deus, o amor de Deus e a certeza da vida eterna.
Por isso, quando você também se perguntar “que farei para ser salvo?” lembre do seguinte: A Lei de Deus é importante porque nos ensina a fazer a sua vontade. Além de apontar as nossas falhas, mas isso também é bom. Quem não enxerga os seus pecados nunca vai entender o chamado para seguir Jesus. Jesus não mostra que somos pecadores para o nosso desespero, mas porque ele quer que busquemos nele o perdão dos pecados, a verdadeira vida cristã e a esperança da salvação. E tudo isso Jesus nos dá gratuitamente mediante a fé e a confiança de que nele nós temos a salvação. Amém.

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