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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Mensagem Reforma Protestante B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 46; Ap 14.6-7; Rm 3.19-28; Jo 8.31-36 – Reforma Protestante 2015
A Bíblia, a Reforma e nós
v. 31b: “Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos”.
O dia 31 de outubro é sempre um dia muito especial para nós cristãos luteranos. É o dia em que comemoramos a Reforma Protestante, datada do dia 31 de outubro de 1517, graças às 95 teses que Martinho Lutero afixou na porta da igreja de Wittemberg contra as indulgências que estavam sendo vendidas.
Claro que, olhando para trás, nós vemos que o movimento da Reforma já tinha começado uns cem anos antes. Lutero não foi o único que percebeu erros na postura e no ensino da Igreja. Mas, antes de qualquer coisa, é preciso deixar bem claro o que é Reforma.
Muita gente tem o conceito equivocado de que fazer uma reforma é criar algo radicalmente novo. Na verdade, o sentido da palavra Reforma é fazer alguma coisa voltar a ser como era antes. E essa era a intenção de todos os reformadores: Retirar da Igreja tudo aquilo que tinha sido acrescentado com o tempo e que não estava de acordo com a palavra de Deus e tornar a colocar aquelas coisas que estavam de acordo com a palavra de Deus, mas que, com o tempo, foram retiradas.
Mas, e quanto a nós, hoje, qual é o nosso papel como herdeiros da Reforma luterana? Como membros de uma igreja de quase quinhentos anos que surgiu com o propósito de fazer as pessoas olharem para a Bíblia novamente e viverem a partir do que a Bíblia diz?
Tentando responder a essas perguntas, é que hoje vamos refletir sobre o seguinte tema: A Bíblia, a Reforma e nós. E, com isso, queremos ver alguns dos muitos pontos em que é possível fazer uma relação entre o que Deus espera da sua Igreja, o que os reformadores tentaram fazer a respeito e o que cabe a nós como cristãos luteranos.
Uma das coisas que podemos relacionar facilmente é sobre a perseguição à Igreja Cristã. Muitos dos profetas do Antigo Testamento foram desprezados e até mortos porque as pessoas não queriam saber da palavra de Deus. E nesse desprezo a Deus e à sua Palavra quem acabava sofrendo as consequências eram aqueles que a anunciavam.
O mesmo aconteceu com os reformadores. Talvez até possamos dizer que a Reforma só não aconteceu mais cedo porque, simplesmente, não era possível. Especialmente a partir do ano 1000, qualquer um que questionasse a Igreja acabava sofrendo as penas da famosa Inquisição. Então, muitos não se arriscavam. E os que se arriscaram, foram mortos.
E nós, como cristãos, sempre estaremos sendo o alvo de perseguições, de questionamentos. Se queremos ser fiéis a Deus, precisamos estar preparados tanto para as perseguições com uma fé firme que é constantemente fortalecida pelos santos sacramentos. E também ter conhecimento bíblico necessário para responder àqueles que nos questionarem a respeito da nossa fé.
Um outro ponto é com respeito à intenção de Deus. O objetivo primordial de Deus, conforme podemos perceber pela sua Palavra, é tornar conhecida a salvação às pessoas. E ele faz isso por meio do seu povo. Por isso o povo de Deus não pode só servir a Deus quando está dentro da igreja. Ser cristão é assumir uma postura de vida que reflete a vontade e o amor de Deus.
Por isso a grande luta dos reformadores – e Lutero fez muita coisa quanto a isso – foi fazer as pessoas terem acesso à palavra de Deus. Lutero mesmo traduziu a Bíblia para o alemão para que as pessoas pudessem aprender por conta própria tanto o que Deus fez por elas como o que ele espera delas.
As pessoas eram muito assoladas pela Igreja com pavores do inferno, de modo que elas nunca poderiam ter certeza da salvação. E ainda mandavam com que realizassem mil e uma coisas como se, dessa maneira, elas estariam agradando a Deus para, quem sabe, merecer a salvação.
O mesmo você pode ver em nossos dias. As pessoas não tem liberdade para viver nem para servir a Deus. Porque, mesmo tendo acesso à Bíblia, se deixam levar por ensinamentos contrários à palavra de Deus. Depositam sua confiança nas obras que realizam e, sem saber, desprezam a Cristo e a salvação que ele traz.
Por isso nosso papel, como herdeiros da Reforma, é anunciar o Evangelho. O Evangelho da salvação que fala de Cristo como o único salvador. O único que pode salvar.
Às vezes, a gente ouve alguns questionamentos do tipo: Mas se a gente ficar dizendo que a salvação é de graça e que ninguém precisa fazer nada para ser salvo, o cara vai se deitar nas cordas e não vai fazer mais nada pela Igreja.
Pode até ser, mas não importa. A resposta das pessoas à palavra de Deus não é motivo para que mudemos a mensagem bíblica anunciando, como diz Paulo, um “outro evangelho”. As obras são puramente frutos naturais da fé verdadeira. Quem ouve com fé a mensagem do Evangelho e a guarda no coração vai fazer a vontade de Deus da forma que agrada a Deus: Voluntariamente, espontaneamente. Sem coação ou obrigação, mas simplesmente movido pelo amor a Deus e pelo Espírito Santo que nele habita.
E um último ponto que queremos abordar é sobre o louvor a Deus, que é uma forma de manifestar às pessoas a alegria pela salvação que temos em Cristo. A Bíblia mostra que a Igreja desde sempre usou da música como uma forma de exaltar o nome de Deus, anunciar o nome de Deus. Além do fato de que a música serve para fixar conteúdo. Quando um cristão canta, por exemplo, “Deus está presente, Pai onipotente”, ele aprende que Deus tem o poder para fazer todas as coisas, mesmo que nunca alguém tenha dito isso de uma forma sistemática de ensino.
A Igreja cometeu um grande pecado neste ponto. A partir do ano 500, mais ou menos, a música nas igrejas foi ficando tão difícil, tão elaborada que os membros não conseguiam mais cantar. E o louvor do culto acabou se tornando algo exclusivo do oficiante e do coral.
A coisa só foi mudar lá por volta de 1500, graças aos reformadores. Mil anos de silêncio na Igreja. Hoje em dia, graças a Deus, não dá nem para imaginar o que seria do culto sem música. E isso, em grande parte, devemos ao trabalho dos reformadores que compuseram hinos, estimularam o canto congregacional e reintroduziram a participação de toda a congregação no louvor a Deus.
O que cabe a nós hoje é a parte mais fácil: Aproveitar! Temos uma herança riquíssima de hinos que nos transmitem a palavra de Deus nas mais diversas melodias para as mais diversas ocasiões. O que cabe a nós como cristãos luteranos? Cantar e, assim, louvar ao nosso Deus e manifestar às pessoas essa alegria e gratidão que temos pela salvação que vem de Cristo.
Assim como nesses três pontos, teriam várias outras coisas que poderímos fazer uma comparação entre a Bíblia, a Reforma e nós. Mas que o fato de nunca termos aprendido tudo sirva como convite para aprendermos sempre mais sobre a palavra do nosso Deus, a exemplo dos profetas e dos reformadores que tanto se dedicaram nisso.
Sem dúvida, quanto melhor conhecermos a palavra de Deus e entendermos o que significa ser herdeiros da Reforma, tanto melhor e com mais alegria poderemos viver a nossa fé nas perseguições, no anúncio do Evangelho e no louvor a Deus procurando sempre, em tudo isso, levar Cristo para todos. Amém.

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