Igreja
Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr.
Edenilson Gass
Sl 46;
Ap 14.6-7; Rm 3.19-28; Jo 8.31-36 – Reforma
Protestante 2015
A Bíblia, a Reforma e nós
v. 31b: “Se vós
permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos”.
O
dia 31 de outubro é sempre um dia muito especial para nós cristãos luteranos. É
o dia em que comemoramos a Reforma Protestante, datada do dia 31 de outubro de
1517, graças às 95 teses que Martinho Lutero afixou na porta da igreja de
Wittemberg contra as indulgências que estavam sendo vendidas.
Claro
que, olhando para trás, nós vemos que o movimento da Reforma já tinha começado
uns cem anos antes. Lutero não foi o único que percebeu erros na postura e no
ensino da Igreja. Mas, antes de qualquer coisa, é preciso deixar bem claro o
que é Reforma.
Muita
gente tem o conceito equivocado de que fazer uma reforma é criar algo
radicalmente novo. Na verdade, o sentido da palavra Reforma é fazer alguma
coisa voltar a ser como era antes. E essa era a intenção de todos os
reformadores: Retirar da Igreja tudo aquilo que tinha sido acrescentado com o tempo
e que não estava de acordo com a palavra de Deus e tornar a colocar aquelas
coisas que estavam de acordo com a palavra de Deus, mas que, com o tempo, foram
retiradas.
Mas,
e quanto a nós, hoje, qual é o nosso papel como herdeiros da Reforma luterana?
Como membros de uma igreja de quase quinhentos anos que surgiu com o propósito
de fazer as pessoas olharem para a Bíblia novamente e viverem a partir do que a
Bíblia diz?
Tentando
responder a essas perguntas, é que hoje vamos refletir sobre o seguinte tema: A
Bíblia, a Reforma e nós. E, com isso, queremos ver alguns dos muitos pontos em
que é possível fazer uma relação entre o que Deus espera da sua Igreja, o que
os reformadores tentaram fazer a respeito e o que cabe a nós como cristãos
luteranos.
Uma
das coisas que podemos relacionar facilmente é sobre a perseguição à Igreja Cristã.
Muitos dos profetas do Antigo Testamento foram desprezados e até mortos porque
as pessoas não queriam saber da palavra de Deus. E nesse desprezo a Deus e à
sua Palavra quem acabava sofrendo as consequências eram aqueles que a
anunciavam.
O
mesmo aconteceu com os reformadores. Talvez até possamos dizer que a Reforma só
não aconteceu mais cedo porque, simplesmente, não era possível. Especialmente a
partir do ano 1000, qualquer um que questionasse a Igreja acabava sofrendo as
penas da famosa Inquisição. Então, muitos não se arriscavam. E os que se
arriscaram, foram mortos.
E
nós, como cristãos, sempre estaremos sendo o alvo de perseguições, de
questionamentos. Se queremos ser fiéis a Deus, precisamos estar preparados
tanto para as perseguições com uma fé firme que é constantemente fortalecida
pelos santos sacramentos. E também ter conhecimento bíblico necessário para
responder àqueles que nos questionarem a respeito da nossa fé.
Um
outro ponto é com respeito à intenção de Deus. O objetivo primordial de Deus,
conforme podemos perceber pela sua Palavra, é tornar conhecida a salvação às
pessoas. E ele faz isso por meio do seu povo. Por isso o povo de Deus não pode
só servir a Deus quando está dentro da igreja. Ser cristão é assumir uma postura
de vida que reflete a vontade e o amor de Deus.
Por
isso a grande luta dos reformadores – e Lutero fez muita coisa quanto a isso –
foi fazer as pessoas terem acesso à palavra de Deus. Lutero mesmo traduziu a
Bíblia para o alemão para que as pessoas pudessem aprender por conta própria
tanto o que Deus fez por elas como o que ele espera delas.
As
pessoas eram muito assoladas pela Igreja com pavores do inferno, de modo que
elas nunca poderiam ter certeza da salvação. E ainda mandavam com que
realizassem mil e uma coisas como se, dessa maneira, elas estariam agradando a
Deus para, quem sabe, merecer a salvação.
O
mesmo você pode ver em nossos dias. As pessoas não tem liberdade para viver nem
para servir a Deus. Porque, mesmo tendo acesso à Bíblia, se deixam levar por
ensinamentos contrários à palavra de Deus. Depositam sua confiança nas obras
que realizam e, sem saber, desprezam a Cristo e a salvação que ele traz.
Por
isso nosso papel, como herdeiros da Reforma, é anunciar o Evangelho. O
Evangelho da salvação que fala de Cristo como o único salvador. O único que
pode salvar.
Às
vezes, a gente ouve alguns questionamentos do tipo: Mas se a gente ficar
dizendo que a salvação é de graça e que ninguém precisa fazer nada para ser
salvo, o cara vai se deitar nas cordas e não vai fazer mais nada pela Igreja.
Pode
até ser, mas não importa. A resposta das pessoas à palavra de Deus não é motivo
para que mudemos a mensagem bíblica anunciando, como diz Paulo, um “outro
evangelho”. As obras são puramente frutos naturais da fé verdadeira. Quem ouve
com fé a mensagem do Evangelho e a guarda no coração vai fazer a vontade de
Deus da forma que agrada a Deus: Voluntariamente, espontaneamente. Sem coação
ou obrigação, mas simplesmente movido pelo amor a Deus e pelo Espírito Santo
que nele habita.
E
um último ponto que queremos abordar é sobre o louvor a Deus, que é uma forma
de manifestar às pessoas a alegria pela salvação que temos em Cristo. A Bíblia
mostra que a Igreja desde sempre usou da música como uma forma de exaltar o
nome de Deus, anunciar o nome de Deus. Além do fato de que a música serve para
fixar conteúdo. Quando um cristão canta, por exemplo, “Deus está presente, Pai
onipotente”, ele aprende que Deus tem o poder para fazer todas as coisas, mesmo
que nunca alguém tenha dito isso de uma forma sistemática de ensino.
A
Igreja cometeu um grande pecado neste ponto. A partir do ano 500, mais ou
menos, a música nas igrejas foi ficando tão difícil, tão elaborada que os
membros não conseguiam mais cantar. E o louvor do culto acabou se tornando algo
exclusivo do oficiante e do coral.
A
coisa só foi mudar lá por volta de 1500, graças aos reformadores. Mil anos de
silêncio na Igreja. Hoje em dia, graças a Deus, não dá nem para imaginar o que
seria do culto sem música. E isso, em grande parte, devemos ao trabalho dos
reformadores que compuseram hinos, estimularam o canto congregacional e
reintroduziram a participação de toda a congregação no louvor a Deus.
O
que cabe a nós hoje é a parte mais fácil: Aproveitar! Temos uma herança
riquíssima de hinos que nos transmitem a palavra de Deus nas mais diversas
melodias para as mais diversas ocasiões. O que cabe a nós como cristãos
luteranos? Cantar e, assim, louvar ao nosso Deus e manifestar às pessoas essa
alegria e gratidão que temos pela salvação que vem de Cristo.
Assim
como nesses três pontos, teriam várias outras coisas que poderímos fazer uma
comparação entre a Bíblia, a Reforma e nós. Mas que o fato de nunca termos
aprendido tudo sirva como convite para aprendermos sempre mais sobre a palavra
do nosso Deus, a exemplo dos profetas e dos reformadores que tanto se dedicaram
nisso.
Sem
dúvida, quanto melhor conhecermos a palavra de Deus e entendermos o que
significa ser herdeiros da Reforma, tanto melhor e com mais alegria poderemos
viver a nossa fé nas perseguições, no anúncio do Evangelho e no louvor a Deus
procurando sempre, em tudo isso, levar Cristo para todos. Amém.
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