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quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Mensagem 21º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 43; Mq 3.5-12; 1Ts 4.1-12; Mt 23.1-12 – 21º dom. após Pentecostes A 2014
Pregamos e vivemos a Palavra de Deus
v. 8: “Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos”.
Outubro foi um mês de muitas datas. Dentre elas, datas importantes para nós luteranos: A Reforma no dia 31; os 111 anos do Seminário no dia 27. E também lembramos o dia do professor, no dia 15. Estes que, assim como Lutero fez e o Seminário faz, se dedicam ao ensino daquilo que é importante para a nossa vida.
Com certeza, cada um de nós tem para si o seu mestre. Aquela pessoa que você admira muito. Pode ser o pai ou a mãe; pode ser um professor da escola ou da faculdade; ou mesmo pode ser uma pessoa simples, mas que tem sabedoria para lidar com as mais diversas situações da vida. O fato é que cada um tem o seu mestre.
Mas será que isso não vai contra o ensinamento de Jesus que nós lemos há pouco: “Vós, porém, não sereis chamados mestres, porque um só é vosso mestre”? Como nós entendemos esse texto? O que Jesus quer nos ensinar?
Esse é um típico texto em que nós precisamos começar do começo. Jesus estava falando de homens que se consideravam e eram considerados pelas pessoas mestres. E estes são os escribas e os fariseus.
Por isso é interessante notar que logo antes disso Jesus teve uma conversa com os fariseus onde estes, mais uma vez, tentaram armar uma cilada para Jesus e se deram mal. Porque Jesus fez uma pergunta aos fariseus sobre o Antigo Testamento e eles, que se consideravam mestres das Escrituras, não souberam responder.
E é aí que Mateus dá início a este novo bloco onde ele diz que Jesus começa a falar à multidão e aos seus discípulos. Este, muito provavelmente, é o relato onde Jesus fala da forma mais dura a respeito dos fariseus. E o que ele acusa nos fariseus é a sua hipocrisia.
O fato de eles não viverem uma vida condizente com aquilo que ensinavam e exigiam das pessoas. Jesus diz que eles colocavam fardos enormes sobre as pessoas. Mas esses fardos que eles colocavam pela pregação das Escrituras eles mesmos não queriam carregar nem com um dedo.
Para muita gente isso é motivo para não prestar atenção à mensagem do pastor ou mesmo não participar mais dos cultos. Quantas vezes a gente já ouviu de cristãos que abandonaram a igreja porque “não se identificaram” com o pastor? Ou, se ainda participam, ficam só procurando os defeitos.
Agora, será que Jesus concordaria com uma pessoa que age assim? Que deixa de ouvir a Palavra de Deus só porque ela tem um problema com o pastor?
Vejam que Jesus diz aqui – aliás, antes da bronca aos fariseus – que os escribas e os fariseus estavam sentados na cadeira de Moisés. E a pergunta que, naturalmente, fazemos é: “quem os colocou lá”? Ora, Deus os colocou lá. Porque Deus não permite que alguém assuma o poder a não ser que ele queira.
E Jesus deixa bem claro o que Deus esperava daquele povo diante do que os fariseus ensinavam: “Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem”.
Apesar do ensino dos fariseus sobre o Antigo Testamento ser insuficiente e, às vezes, equivocado; e apesar de eles próprios não fazerem aquilo que ensinavam, Deus os mantinha lá para que a sua Palavra fosse anunciada ao povo. A cadeira de Moisés não é nada menos do que o Ministério Pastoral.
Em outras palavras, o que Jesus disse foi o seguinte: Enquanto eles estiverem anunciando a Palavra de Deus (como lhes cabe fazer) vocês devem ouvir e obedecer. E se o problema está naquilo que eles fazem ou deixam de fazer, então ignorem o tipo de pessoa que eles são e olhem para eles apenas no seu ofício que é serem representantes de Deus pela pregação da sua Palavra.
E o mesmo é válido para nós. Pastores não são super-homens nem seres superiores, e sim seres humanos falhos e pecadores como qualquer um. Mas se estão anunciando a Palavra de Deus (como lhes cabe fazer) devemos ouvi-los e obedecer-lhes. Não por eles, mas por causa daquele a quem anunciam e que os colocou neste ofício. E este é Jesus.
Se o pastor vive de acordo com o que ensina, ótimo, pois as Escrituras pedem isso dele. Porém, mesmo que a coisa não seja bem assim, enquanto pregadores da Palavra de Deus, devemos honrá-los e ajuda-los, pois é o que as Escrituras pedem de todos nós como cristãos.
E a coisa acontece assim de tal forma que se rejeitamos a pregação, rejeitamos não o pastor, mas o próprio Cristo que vem a nós na mensagem e, certamente, ele nos rejeitará no último dia. E se acolhemos a pregação, não é para o pastor que a acolhemos, e sim para que, por meio da pregação da Palavra de Deus, nós recebamos a Cristo e junto com ele a vida eterna.
O mal dos fariseus não era anunciar a Palavra de Deus de forma dura – como, muitas vezes, ela é. O fardo que eles colocavam sobre as pessoas não vinha deles, vinha da Lei de Deus. E essa é pesada. Essa ninguém suporta.
O mal dos fariseus era não fazer isso pensando no bem e na salvação das pessoas, mas no seu próprio reconhecimento e mérito. Porque quanto mais eles exigiam das pessoas, mais santos eles pareciam ser.
E nós precisamos ter esta consciência também. Saber que do púlpito não se anuncia outra coisa que não seja a Palavra de Deus. E esta Palavra sempre vem para trazer salvação, mesmo que, por vezes, esta Palavra seja tão dura que nós sejamos tentados a reclamar do pregador.
Seja como for, com tudo isso Jesus mostra como as coisas devem funcionar na igreja para que a igreja funcione. A coisa não é assim: O pastor [no topo], a diretoria [no meio] e a congregação [em baixo]. Mas o pastor, a diretoria e a congregação, todos lado a lado com o mesmo objetivo de continuar anunciando a Palavra de Deus.
Por isso, é evidente que não tem problema nenhum se admiramos esta ou aquela pessoa. Até porque, na maioria das vezes, essas são pessoas que merecem o nosso reconhecimento.
Porém, o que Jesus quer lembrar é que, diante de Deus, estamos todos lado a lado. Somos irmãos. Jesus é o Mestre. Podemos ter funções diferentes, capacidades diferentes como, de fato, temos. Somos pastor, diretoria e congregação, cada qual com suas responsabilidades. Porém um mesmo propósito: Manter a pregação da Palavra de Deus tanto aqui como lá fora.
Porque esta é a vontade de Deus: continuar usando pessoas falhas e pecadoras para anunciar a sua Palavra. Falhas para que a glória seja dada a Deus e não a nós. E pecadoras para que saibam falar como é bom ser alguém perdoado por Deus.
“Vós, porém...” diz Jesus, diferente dos fariseus, não serão orgulhosos. Pelo contrário, terão um coração voluntário para se colocar debaixo do próximo para o ajudar na sua fraqueza, no seu sofrimento e no seu pecado. Sendo, não juízes, mas servos uns dos outros.
Outubro, mês de datas importantes das quais lembramos o dia do professor. É com razão que somos gratos aos nossos mestres que se dedicam ao ensino, pois devemos muito a eles. Mas, com certeza, mais gratos ainda somos a Jesus, o Mestre de todos nós que, no ensinar e viver, nos ensinou sobre o amor e a misericórdia de Deus. E, pela pregação das Escrituras, nos ensina e mantém no caminho da salvação. Amém.

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