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quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Mensagem 17º dom. após Pentecostes A 2014



Leia os textos indicados para uma melhor compreensão da mensagem. Boa leitura!

Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 80.7-19; Is 5.1-7; Fp 3.4b-14; Mt 21.33-46 – 17º dom. após Pentecostes A 2014
Deus nos dá o seu Reino
v. 43: “Portanto, vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos”.
Se você tivesse uma vinha e você contratasse alguns lavradores para trabalhar nela a fim de ampliar a vinha e a renda, mas esses lavradores não estivessem trabalhando como deveriam. A vinha quase não dá uvas e você já começa a ter prejuízo. O que você faria para mudar esta situação?
Essa suposição, na verdade, nada mais é do que a parábola de Jesus de forma resumida. Nesta parábola, onde mais uma vez Jesus fala do reino de Deus, ele acusa alguns trabalhadores da vinha que não estavam fazendo aquilo para o que foram chamados e, por isso, seriam substituídos.
Jesus vinha passando por um período bastante ativo do seu ministério. Ele continuava ensinando, especialmente por parábolas. Cada vez mais pessoas o seguiam. Ele foi aclamado quando entrou em Jerusalém. Expulsou aqueles que estavam usando a casa de Deus como lugar de comércio. Realizou curas no templo. E isso tudo, evidentemente, chamou a atenção das autoridades religiosas de Jerusalém.
O texto de hoje é sequência do texto da semana passada, quando nós lemos que “tendo Jesus chegado ao templo, estando já ensinando, acercaram-se dele os principais sacerdotes e os anciãos do povo, perguntando: Com que autoridade fazes estas cousas? E quem te deu essa autoridade”? Em resposta, Jesus contou a parábola dos dois filhos e depois a dos lavradores maus.
Com certeza o que mais chamou a atenção daqueles líderes religiosos é que Jesus vinha fazendo e ensinando coisas que eram diferentes do que eles entendiam das Sagradas Escrituras. E é justamente aí que reside o problema.
Nós sabemos muito bem da promessa que Deus fez a Abraão e que foi cumprida em Israel. Israel, conforme a promessa, era o povo de Deus. Mais tarde, com a divisão dos reinos, sabemos que só a tribo de Judá permaneceu fiel a Deus.  Só que mesmo os judeus acabaram se desviando do propósito de Deus os ter escolhido.
Em vez de viverem o amor, a misericórdia, a compaixão, servindo, assim, de exemplo aos outros povos, passaram a se agarrar nos sacrifícios que ofereciam a Deus pensando que isso já era o suficiente. E, quando questionados se eram, de fato, o povo de Deus, sempre tinham a resposta na ponta da língua: Somos filhos de Abraão.
Jesus, com o seu ensino, com as suas atitudes e também com essa parábola, alerta que se eles continuassem assim, o dono da vinha teria de manda-los embora. Estavam tão cegos em sua religiosidade de sacrifícios que esqueceram de produzir os outros frutos da vinha do Senhor: o amor ao próximo, o fazer o bem e, assim, servir de exemplo às outras pessoas.
Será que às vezes não somos tentados a agir da mesma forma? E aí a pessoa começa a pensar assim: Por que eu preciso respeitar a pessoa do caixa do supermercado? Por que eu tenho que dizer “bom dia” para as pessoas com um sorriso no rosto? Eu participo dos cultos, eu vou nos estudos bíblicos. Então, eu já faço o que Deus espera de mim.
Pois Jesus está dizendo que se é assim que nós pensamos e agimos, estamos vivendo uma religiosidade cega onde nos apegamos a certas coisas que consideramos mais importantes do que outras, quando na verdade estamos deixando de produzir frutos que Deus também espera de nós.
Não que Deus não se importa se participamos ou não dos cultos. O que Jesus quer lembrar é que vida cristã não é só isso. O trabalho da vinha vai muito além das portas da igreja.
Podemos dizer que o culto é onde nos animamos, nos reconfortamos, recebemos o perdão de Deus, aprendemos sobre a sua Palavra. Mas onde nós vamos viver tudo isso? Nós estamos aqui uma horinha, uma vez por semana. E os outros seis dias e vinte e três horas?
Estamos em casa, na sociedade, no trabalho, na escola ou faculdade. E é lá que Deus quer produzir os frutos que ele nos ensinou aqui: a bondade, o amor, o perdão. E tudo isso começa a ser trabalhado dentro de casa. Se em nossos lares não conseguimos colocar em prática esses e outros dons do Espírito Santo, dificilmente vamos conseguir fazer isso na sociedade.
Portanto o culto, embora tão importante, é só uma pequena parcela da nossa vida cristã. Não podemos ter isso como suficiente. Aliás, essa não deveria ser a única vez na semana em que abrimos nossa Bíblia. Como já dissemos, o trabalho da vinha vai muito além das portas da igreja.
Jesus, no encontro com a mulher samaritana, nos lembra que não existe um lugar específico para servirmos a Deus, mas lá onde Deus nos leva, no nosso dia-a-dia, é o lugar de produzir os frutos de quem trabalha na vinha do Senhor.
Claro que aqui nós precisamos tomar cuidado para não pensarmos que permanecer ou não na vinha do Senhor depende do nosso trabalho. Claro que, no caso da parábola, aqueles lavradores seriam substituídos porque não estavam produzindo os devidos frutos. Mas a pergunta que precisamos fazer é: Por que não estavam produzindo os devidos frutos?
Porque eles não estimavam o seu patrão. Eles não o amavam, pelo contrário, queriam ser os donos da vinha. Dispostos até a matar os servos e o próprio filho do patrão para ficarem com ela.
O que Jesus quer dizer é que foi isso o que o povo de Israel acabou fazendo. Queriam matar os profetas que Deus enviava – muitos foram mortos – e agora estavam prestes a matar o próprio filho do dono da vinha.
Os frutos na vida cristã são consequência direta da fé. Quando cremos, também agimos. Com nossas imperfeições, com nossas falhas, com nossos pecados. Mas, de alguma forma, Deus produz em nós os frutos que ele quer.
A vinha já foi transferida para outros trabalhadores. Agora nós, pela fé, fazemos parte desta vinha. E nisso nós podemos enxergar a graça de Deus. O que foi que nós fizemos para receber essa imensa honra de podermos trabalhar na vinha do Senhor? Nada! Deus veio até nós, nos chamou, nos deu a fé e só por isso nós fazemos parte do seu Reino.
Importante também reparar, tanto nessa parábola quanto no texto de Isaías, o cuidado de Deus com a sua vinha. Ele construiu tudo direitinho, colocou uma cerca, colocou uma torre, chamou os trabalhadores. Em outras palavras, o que isso quer dizer é que Deus nos dá tudo que nós precisamos e ainda cuida de nós.
E quando percebemos as tantas bênçãos que derrama sobre nós, como ficar ociosos? Como não querer servir a Deus em uma vida de gratidão por tudo que ele fez e faz por nós?
Por isso todo fruto é resultado da fé. O cristão não precisa ser forçado a trabalhar na vinha. Pelo contrário, ele procura o que ainda pode ser feito. Porque, como diz Paulo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.
Só o que não podemos é querer ser os donos da vinha. A vinha é de Deus. O trabalho também é dele. Mas Deus quer nos dar esse privilégio de fazermos parte do seu plano de salvação. Vivendo como povo de Deus e testemunhando do seu amor. Amém.

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