Leia os textos indicados para uma melhor compreensão da mensagem. Boa leitura!
Igreja Evangélica
Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 80.7-19; Is 5.1-7; Fp 3.4b-14; Mt 21.33-46 – 17º dom. após Pentecostes A 2014
Deus nos dá o seu
Reino
v. 43: “Portanto, vos digo que o reino de
Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos
frutos”.
Se você tivesse uma vinha e você
contratasse alguns lavradores para trabalhar nela a fim de ampliar a vinha e a
renda, mas esses lavradores não estivessem trabalhando como deveriam. A vinha
quase não dá uvas e você já começa a ter prejuízo. O que você faria para mudar
esta situação?
Essa suposição, na verdade, nada mais é
do que a parábola de Jesus de forma resumida. Nesta parábola, onde mais uma vez
Jesus fala do reino de Deus, ele acusa alguns trabalhadores da vinha que não estavam
fazendo aquilo para o que foram chamados e, por isso, seriam substituídos.
Jesus vinha passando por um período
bastante ativo do seu ministério. Ele continuava ensinando, especialmente por
parábolas. Cada vez mais pessoas o seguiam. Ele foi aclamado quando entrou em
Jerusalém. Expulsou aqueles que estavam usando a casa de Deus como lugar de
comércio. Realizou curas no templo. E isso tudo, evidentemente, chamou a
atenção das autoridades religiosas de Jerusalém.
O texto de hoje é sequência do texto da
semana passada, quando nós lemos que “tendo Jesus chegado ao templo, estando já
ensinando, acercaram-se dele os principais sacerdotes e os anciãos do povo, perguntando:
Com que autoridade fazes estas cousas? E quem te deu essa autoridade”? Em
resposta, Jesus contou a parábola dos dois filhos e depois a dos lavradores
maus.
Com certeza o que mais chamou a atenção
daqueles líderes religiosos é que Jesus vinha fazendo e ensinando coisas que
eram diferentes do que eles entendiam das Sagradas Escrituras. E é justamente
aí que reside o problema.
Nós sabemos muito bem da promessa que
Deus fez a Abraão e que foi cumprida em Israel. Israel, conforme a promessa,
era o povo de Deus. Mais tarde, com a divisão dos reinos, sabemos que só a
tribo de Judá permaneceu fiel a Deus. Só
que mesmo os judeus acabaram se desviando do propósito de Deus os ter
escolhido.
Em vez de viverem o amor, a misericórdia,
a compaixão, servindo, assim, de exemplo aos outros povos, passaram a se
agarrar nos sacrifícios que ofereciam a Deus pensando que isso já era o
suficiente. E, quando questionados se eram, de fato, o povo de Deus, sempre
tinham a resposta na ponta da língua: Somos filhos de Abraão.
Jesus, com o seu ensino, com as suas
atitudes e também com essa parábola, alerta que se eles continuassem assim, o
dono da vinha teria de manda-los embora. Estavam tão cegos em sua religiosidade
de sacrifícios que esqueceram de produzir os outros frutos da vinha do Senhor:
o amor ao próximo, o fazer o bem e, assim, servir de exemplo às outras pessoas.
Será que às vezes não somos tentados a
agir da mesma forma? E aí a pessoa começa a pensar assim: Por que eu preciso
respeitar a pessoa do caixa do supermercado? Por que eu tenho que dizer “bom
dia” para as pessoas com um sorriso no rosto? Eu participo dos cultos, eu vou
nos estudos bíblicos. Então, eu já faço o que Deus espera de mim.
Pois Jesus está dizendo que se é assim
que nós pensamos e agimos, estamos vivendo uma religiosidade cega onde nos
apegamos a certas coisas que consideramos mais importantes do que outras,
quando na verdade estamos deixando de produzir frutos que Deus também espera de
nós.
Não que Deus não se importa se
participamos ou não dos cultos. O que Jesus quer lembrar é que vida cristã não
é só isso. O trabalho da vinha vai muito além das portas da igreja.
Podemos dizer que o culto é onde nos
animamos, nos reconfortamos, recebemos o perdão de Deus, aprendemos sobre a sua
Palavra. Mas onde nós vamos viver tudo isso? Nós estamos aqui uma horinha, uma
vez por semana. E os outros seis dias e vinte e três horas?
Estamos em casa, na sociedade, no
trabalho, na escola ou faculdade. E é lá que Deus quer produzir os frutos que
ele nos ensinou aqui: a bondade, o amor, o perdão. E tudo isso começa a ser
trabalhado dentro de casa. Se em nossos lares não conseguimos colocar em
prática esses e outros dons do Espírito Santo, dificilmente vamos conseguir
fazer isso na sociedade.
Portanto o culto, embora tão importante,
é só uma pequena parcela da nossa vida cristã. Não podemos ter isso como
suficiente. Aliás, essa não deveria ser a única vez na semana em que abrimos
nossa Bíblia. Como já dissemos, o trabalho da vinha vai muito além das portas
da igreja.
Jesus, no encontro com a mulher
samaritana, nos lembra que não existe um lugar específico para servirmos a
Deus, mas lá onde Deus nos leva, no nosso dia-a-dia, é o lugar de produzir os
frutos de quem trabalha na vinha do Senhor.
Claro que aqui nós precisamos tomar
cuidado para não pensarmos que permanecer ou não na vinha do Senhor depende do
nosso trabalho. Claro que, no caso da parábola, aqueles lavradores seriam
substituídos porque não estavam produzindo os devidos frutos. Mas a pergunta
que precisamos fazer é: Por que não estavam produzindo os devidos frutos?
Porque eles não estimavam o seu patrão.
Eles não o amavam, pelo contrário, queriam ser os donos da vinha. Dispostos até
a matar os servos e o próprio filho do patrão para ficarem com ela.
O que Jesus quer dizer é que foi isso o
que o povo de Israel acabou fazendo. Queriam matar os profetas que Deus enviava
– muitos foram mortos – e agora estavam prestes a matar o próprio filho do dono
da vinha.
Os frutos na vida cristã são consequência
direta da fé. Quando cremos, também agimos. Com nossas imperfeições, com nossas
falhas, com nossos pecados. Mas, de alguma forma, Deus produz em nós os frutos
que ele quer.
A vinha já foi transferida para outros
trabalhadores. Agora nós, pela fé, fazemos parte desta vinha. E nisso nós
podemos enxergar a graça de Deus. O que foi que nós fizemos para receber essa
imensa honra de podermos trabalhar na vinha do Senhor? Nada! Deus veio até nós,
nos chamou, nos deu a fé e só por isso nós fazemos parte do seu Reino.
Importante também reparar, tanto nessa
parábola quanto no texto de Isaías, o cuidado de Deus com a sua vinha. Ele
construiu tudo direitinho, colocou uma cerca, colocou uma torre, chamou os
trabalhadores. Em outras palavras, o que isso quer dizer é que Deus nos dá tudo
que nós precisamos e ainda cuida de nós.
E quando percebemos as tantas bênçãos que
derrama sobre nós, como ficar ociosos? Como não querer servir a Deus em uma
vida de gratidão por tudo que ele fez e faz por nós?
Por isso todo fruto é resultado da fé. O
cristão não precisa ser forçado a trabalhar na vinha. Pelo contrário, ele
procura o que ainda pode ser feito. Porque, como diz Paulo, já não sou eu quem
vive, mas Cristo vive em mim.
Só o que não podemos é querer ser os
donos da vinha. A vinha é de Deus. O trabalho também é dele. Mas Deus quer nos
dar esse privilégio de fazermos parte do seu plano de salvação. Vivendo como
povo de Deus e testemunhando do seu amor. Amém.
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