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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Mensagem 16º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 25.1-10; Ez 18.1-4,25-32; Fp 2.1-18; Mt 21.23-32 – 16º dom. após Pentecostes A 2014
Deus traz arrependimento, fé e mudança
v. 31: “Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram: O segundo. Declarou-lhes Jesus: Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus”.
O que foi que eu fiz? Onde eu estava com a cabeça? Como eu pude ser tão idiota? Quando bate o arrependimento, essas são algumas frases que nos vêm à cabeça. Uma palavra, uma atitude, um gesto indevidos e mais tarde, refletindo sobre aquilo, percebemos: – Puxa, eu não devia ter dito aquilo; eu não devia ter feito aquilo.
O tema desse culto, a partir das leituras bíblicas, claramente, é o arrependimento. Vimos no salmo a oração de Davi pedindo que Deus o guiasse pelos seus caminhos. Só pode orar assim alguém que se arrependeu de ter andado pelos próprios caminhos.
Em Ezequiel aprendemos que o arrependimento é coisa que faz parte da vida cristã. O arrependimento e a confiança no perdão de Deus. Também quando Paulo nos ensina em Filipenses a termos uma vida de humildade e gratidão. Isso não é coisa que vem de nós, mas do arrependimento e da fé.
Enquanto isso, Jesus, no evangelho de Mateus prefere nos ensinar com um exemplo prático do dia-a-dia e que, com certeza, é coisa que já aconteceu na experiência de muitos pais.
Nessa parábola, Jesus fala de um pai de dois filhos que pediu a eles que lhe ajudassem no trabalho da vinha. Um disse que ia, mas não foi. Já o outro disse “não, eu não quero”, mas depois se arrependeu e foi. E aí vem a pergunta de Jesus: “Qual dos dois fez a vontade do pai”, o que prontamente disse “sim, eu vou”, mas depois deixou o pai esperando ou o que primeiramente não queria, mas depois acabou indo?
A resposta, na verdade, é tão óbvia que os líderes religiosos responderam imediatamente: “o segundo”. E com isso fica bem claro o seguinte: Deus, o nosso Pai, não espera que o cristão acerte sempre, fazendo sempre a coisa certa. Isso é impossível para nós. Mas que, quando arrependido, procure mudar suas atitudes e fazer o que é certo.
Por isso a pergunta que fazemos é: O que é arrependimento? Será que o arrependimento é a mudança de vida? Muita gente pensa desta maneira: Que só quando o fulano mudar de vida é que nós vamos ter certeza que ele se arrependeu.
Interessante que, no texto de hoje, Jesus fala de João Batista. Porque a mensagem de João Batista era exatamente esta: Arrependam-se dos seus pecados. E depois, para aqueles que se encontravam arrependidos, dava o batismo como uma certificação de que Deus os havia perdoado.
Por outro lado, para os líderes religiosos, o que João dizia? – Produzam frutos dignos do arrependimento. Sim, João Batista também pregava a mudança de vida. Porém esta vem como consequência; o arrependimento vem antes.
Quando a pessoa chega a uma conclusão, quando ela tem consciência de que certas coisas em sua vida não estão corretas, não condizem com o ensino da Palavra de Deus, não são favoráveis para um bom testemunho cristão, ali há arrependimento. Tão logo o cristão se dá conta dos seus erros e pecados e os reconhece como erros e pecados, e não como coisas sem importância, ali há arrependimento.
Ah, mas então não precisa mudar de vida. Claro que precisa! Quem disse que não? João pregava o arrependimento, ou seja, o reconhecimento dos pecados; anunciava o perdão; e depois a mudança de vida. Também Tiago lembra a importância dessa mudança quando pergunta: De que adianta uma fé sem obras? Uma fé que não se mostra numa vida condizente com a Palavra de Deus. Uma fé assim está morta.
Por isso Lutero ensina no catecismo que, desde o batismo, o cristão entra numa luta contra a sua própria natureza. E, portanto, por contrição e arrependimento diários o cristão vive na busca de uma melhora de vida.
Um grande auxílio para essa melhora de vida começa num exame de consciência. Uma coisa tão simples de fazer. No momento da sua oração, pense nos dez mandamentos e vai passando por cada um deles. Quais são aqueles que eu não estou dando muita atenção? Quais são aqueles contra os quais eu peco mais constantemente? E dessa maneira, você vai poder pedir a Deus exatamente aquilo que precisa. – Deus, me dá mais força neste mandamento. Porque aqui eu estou me desviando do teu ensino.
Essa é a oração de Davi. E é e só com sincero arrependimento que podemos orar como ele e pedir que Deus nos guie pelos seus caminhos, realmente desejando que ele nos guie e não só, assim, da boca para fora.
É só com sincero arrependimento que vamos levar a sério a nossa vida cristã e cuidar tanto quanto possível com o que falamos, com o que fazemos. E isso não só por Deus, mas também pelo nosso próximo. Para que ele não se escandalize, não caia da fé ou mesmo que um descrente não chegue à fé por algum mau exemplo nosso. E acreditem: Cuidando, nós ainda vamos fazer muita bobagem. Imagem se não levarmos a sério a nossa vida cristã.
Por isso a parábola de Jesus é tão importante para nós. Como lembrete e advertência, Jesus lembra que a luta contra o velho homem começa cedo, já no batismo, e dura a vida toda. O problema é quando essa luta não existe mais. Quando nos acostumamos com os nossos pecados e nos acomodamos com uma vida de poucos bons exemplos.
Por outro lado, também, Jesus nos faz olhar para aquilo que nos motiva a essa melhora de vida. A saber, o perdão que o Pai jamais nega. Por mais que tantas e tantas vezes somos vencidos pela nossa natureza pecaminosa e caímos em tentação, Deus está sempre disposto a perdoar os nossos pecados e, assim, nos dar uma nova chance.
Para Deus, quem faz a sua vontade não é o que diz que faz ou pensa que faz. Mas o que, arrependido, reconhece os seus pecados. E ali, naturalmente, Deus vai nos encaminhar em uma nova vida. Uma vida que seja agradável a ele e que possibilite a mais pessoas o interesse em conhecer o que há de tão bom em ser cristão.
Pecadores todos somos. E precisamos reconhecer isso. No entanto, também precisamos reconhecer que a graça de Deus excede até mesmo a nossa confiança no perdão dos pecados.
Quanta gente ainda sofre amargamente por alguma coisa que fez ou deixou de fazer e depois percebeu que errou? Pessoas que carregam diariamente o peso da culpa pelo seu pecado porque não conseguem crer que para elas também há perdão.
Essas pessoas – talvez muitos de nós – precisam saber que em Cristo todo pecado tem perdão. Porque é daí que vem a nossa alegria: do perdão de Deus. Do conhecimento de um Deus que prefere se sujar com o nosso pecado do que abandonar o pecador.
Deus não é deus de cobrança. Deus não é deus de vingança. Deus não é deus de barganha. Deus é aquele que nos leva ao arrependimento, perdoa o nosso pecado e nos guia conforme a sua vontade. E, ao contrário do que nós fazemos, Deus não espera provas de arrependimento, porque ele conhece o nosso coração. E do perdão recebido é que vem também a motivação para um viver cristão.
Não precisamos mais olhar para o passado e ficar lamentando disso ou daquilo. O que precisamos é confiar que mesmo aquilo do que hoje nos arrependemos Deus utilizou para cumprir com os seus propósitos. Ele já nos perdoou e agora podemos viver felizes na alegria da salvação. Amém.

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