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sexta-feira, 25 de abril de 2014

Mensagem 2º dom. de Páscoa A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 148 – 2º dom. de Páscoa A 2014
Deus nos convida ao louvor
v. 14: “Ele exalta o poder do seu povo, o louvor de todos os seus santos, dos filhos de Israel, povo que lhe é chegado. Aleluia!”
Uma das músicas que nós luteranos já cantamos muito e ainda cantamos é aquela que diz assim: “Cantar, louvar, todos juntos ao Senhor; cantar, louvar, ao nosso salvador”. Com certeza todos conhecem. E, muito provavelmente, todos já cantamos essa música.
Mas, afinal de contas, o cantar, o louvar são coisas que fazem parte da vida cristã? E será que o louvor é uma coisa que pertence a todos ou que é restrito a alguns poucos que têm o dom da música mais desenvolvido? São essas as perguntas que nós queremos responder nessa mensagem.
O salmo 148 faz parte de um conjunto de salmos que vai do 146 ao 150. Portanto, o salmo 148 é o salmo central deste conjunto. E em todos esses salmos o que mais chama a atenção, sem dúvida é o convite ao louvor estendido pelo rei Davi que várias vezes repete o mesmo imperativo: Louvai! Louvai a Deus!
E o salmo 148 também é o texto que melhor mostra quem Deus convida para o louvor. Vamos relembrar? Ali diz: Anjos, sol, lua, estrelas, céus, águas, abismos, fogo, saraiva, neve, vapor, ventos, montes, outeiros, árvores, feras, gados, répteis, voláteis, reis, príncipes, rapazes, donzelas, velhos e crianças.
Em outras palavras: toda a criação é chamada a louvar a Deus porque Deus é o Criador de todas as coisas. Todos os astros do universo e suas características, os animais e todos os seres humanos da alta ou baixa sociedade, de idade mais ou menos avançada. Todos são chamados a louvar o Deus Criador.
E a razão porque nós louvamos a Deus o próprio autor do salmo, na sua vida, nos mostra. Davi, quando pecou, sentiu na sua vida a desgraça que o pecado lhe trouxe. E a dor do arrependimento era tanta que ele foi parar no fundo do poço.
Mas foi no fundo do poço que ele encontrou Deus. Quando nada era maior do que a tristeza e o arrependimento, Deus lhe mostrou algo maior ainda. Maior, inclusive, do que o seu pecado: Davi recebeu o perdão de Deus. E ali ele conheceu um Deus de amor e misericórdia que tem compaixão do pecador e que está sempre disposto a perdoar.
A alegria de ter um Deus assim, automaticamente, leva a uma vida de louvor e gratidão. Não tem como ser diferente. Por isso o louvor a Deus nunca parte de nós. Se parte de nós é falso. E se louvamos visando que isso nos faça bem, então a motivação está errada. O louvor a Deus sempre parte dele mesmo quando ele desce até o fundo do poço para anunciar o seu perdão e, assim, nos dá a alegria da salvação. E essa alegria, como algo que quer explodir dentro de nós, explode no canto, no louvor e na gratidão.
Por isso já no Sl 146, o salmista diz: “Louvarei ao Senhor durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus, enquanto eu viver”. Mas Davi não quer cantar sozinho. Deus não quer ser louvado por um só, mas por toda a criação. E no 147 Deus também convida a nós quando diz: “Louvai ao Senhor, porque é bom e amável cantar louvores ao nosso Deus; fica-lhe bem o cântico de louvor”.
Ou, como lemos em Cl 3.16: louvem “a Deus, com salmos, e hinos e cânticos espirituais, com gratidão em vosso coração”. O cristão louva porque ele tem gratidão no seu coração. Ele sente a necessidade, o desejo de cantar a bondade de Deus em tudo aquilo que Deus fez e faz por ele.
Quando o louvor é motivado pelo amor de Deus, como sinal e resposta de gratidão é, como foi dito, “bom e amável” tanto para nós que cantamos como diante de Deus que recebe o nosso louvor.
Ah, mas e aquela pessoa que, por algum motivo, não pode cantar, então ela não louva a Deus? Claro que louva, de outras maneiras. Com outros louvores que Deus estimula através dela. Deus nunca pede além do que ele nos permite dar. Por isso a pergunta é outra: E aquele que pode, mas não canta, por que não o faz?
A desculpa mais comum (e também a mais esfarrapada) é aquela: Não sei cantar. Mas gente, a pessoa que diz isso está com uma compreensão errada sobre o louvar a Deus. Como se a igreja fosse um lugar de apresentações, onde um ou outro canta para mostrar que sabe enquanto os outros só assistem. Não é assim. Não pode ser assim.
O canto da Igreja cristã sempre foi e sempre vai ser um canto congregacional. Porque na Igreja ninguém canta para louvar a si próprio, mas todos louvamos para a glória do nosso Deus. Ele que merece todo o louvor.
E Deus não só convida ao louvor toda a sua criação, ele também aceita o nosso louvor da maneira que nós conseguimos. O que é “louvar bem” se o texto de hoje diz que é Deus quem exalta o louvor dos seus santos. Ele faz com que nosso louvor seja agradável diante dele.
Só o que Deus pede é que haja louvor porque ele mesmo nos leva a louvar. E porque Deus aceita o nosso louvor é que queremos fazer o máximo, não o mínimo. Cuidando apenas para ter a certeza de que este louvor é sinal da nossa gratidão.
Toda a criação é chamada a louvar a Deus. Porém, ninguém mais do que o cristão tem mais motivos para louvar a Deus. Porque o cristão é aquele que foi agraciado com o perdão e a salvação em Cristo. O cristão sabe que pode contar com a providência de um Deus que não só criou todas as coisas, como também cuida de tudo. O cristão pode ver na sua vida as grandiosas obras de Deus.
Se isso tudo ainda não nos estimula ao louvor, então nada vai estimular. Por isso, assim como o cristão cultua, oferta, testemunha, ora, e nada disso por obrigação, mas por gratidão, pelo desejo de servir a Deus, assim também ele quer louvar a Deus pelos seus maravilhosos feitos na criação e na sua própria vida.
Claro que o canto não é a única forma de louvor. Nós louvamos a Deus, na verdade, com a nossa vida. Mas dentro dessa vida de louvor, cantar hinos a Deus também sempre fez parte.
E vejam que maravilha o que acontece no culto. Assim como Davi não queria cantar sozinho, nós não cantamos sozinhos. E isso quem nos lembra é o salmo 148 e também a nossa liturgia quando nós cantamos que “com todos os anjos e arcanjos e com toda a companhia celeste, louvamos e magnificamos o teu glorioso nome, exaltando-te sempre cantando”... E aí vem o canto dos anjos: “Santo, santo, santo é o Senhor Deus dos exércitos”.
Dá para imaginar que no culto toda a multidão celestial canta com a gente? Louva com a gente? Todos os anjos e arcanjos; todos aqueles que já partiram, todos os apóstolos e os mártires cantam louvores ao Deus eterno. E como isso nos anima mais ainda.
Se desse para imaginar um pouquinho dessa cena com certeza faltariam pulmões para tanta força com que nós iríamos querer cantar. Ou, como diria Lutero, todos os órgãos do mundo precisariam ser tocados ao mesmo tempo.
“Cantar, louvar, todos juntos ao Senhor” é exatamente o que a Igreja faz. Não tem nada que a gente possa fazer além disso. Lembrando que, até isso, Deus é quem nos move a fazer. E não tem nada que agrade mais a Deus do que um coração agradecido. E melhor ainda é saber que o próprio Deus aceita e exalta o louvor do seu povo – “povo que lhe é chegado. Aleluia!” Amém.

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