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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Mensagem Sexta-feira Santa A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Jo 19.17-30 – Sexta-feira Santa A 2014
A morte de Jesus consuma a salvação
v. 30: “Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! E, inclinando a cabeça, rendeu o espírito”.
No último domingo – Domingo de Ramos ou Domingo da Paixão – nós refletimos sobre a caminhada de Jesus para a cruz. O momento em que ele foi acusado pelos sacerdotes, pelos anciãos e pelo povo. Lembramos que tudo aquilo Jesus teve de sofrer porque ele havia assumido o nosso lugar, tomando sobre si a nossa culpa, os nossos pecados.
E concluímos com uma pergunta: Que fim levou essa caminhada de Jesus? A resposta é o próprio texto de hoje onde lemos o claro relato da crucificação de Jesus.
Especialmente aqueles que tiveram acesso ao Mensageiro Luterano ano passado, talvez se lembrem do tema do último Congresso Nacional da JELB [Juventude Evangélica Luterana do Brasil], que aconteceu em janeiro de 2013. O tema foi: “Tetélestai: A consumação do amor de Deus”. E todo o Congresso girou em torno desta palavra: Tetélestai.
Mas o que o é Tetélestai? Depois nós vamos falar um pouco mais sobre essa palavra, agora só o que importa é saber que Tetélestai é a penúltima palavra que Jesus disse antes de morrer. Tetélestai significa “está consumado”, “está completo”, “está concluído”. Tetélestai indica a vitória de Jesus.
E sobre o que foi essa vitória? Embora todos nós saibamos a resposta, hoje certamente é um dia que vale relembrar e refletir sobre o que Jesus venceu. Basicamente nós poderíamos dizer que toda a obra de Jesus, desde a sua vinda ao mundo até a sua morte, foi para vencer o pecado. A única razão porque Jesus teve de vir ao mundo é porque o mundo caiu em pecado e por ele estava contaminado, indo rumo à autodestruição.
Assim nós percebemos como o pecado é coisa séria. E como Deus leva a sério a luta contra o pecado. Uma luta que ele mesmo travou. O pecado não é uma coisa qualquer que sobreveio à humanidade. O pecado é um intruso na Criação de Deus. Deus não criou o pecado e ele não quer o pecado porque é isso que nos afasta dele e que ofende a sua santidade. Como escreveu o profeta Isaías: Os nossos pecados nos separam de Deus. E não só separam como ainda conduzem à morte e à condenação.
Por isso a vitória sobre o pecado sempre implicou em derramamento de sangue. E isso explica os tantos sacrifícios do Antigo Testamento. Porque o ser humano não tem forças contra o pecado. Muito pelo contrário, quando o pecado entrou no mundo passou a fazer parte da nossa natureza de forma que nós agora amamos o pecado. Nós somos perdidamente apaixonados por quebrar os mandamentos de Deus.
O povo de Israel oferecia sacrifícios, holocaustos, ofertas voluntárias, ofertas pela culpa, ofertas pelo pecado porque o ser humano, como tal, não tem o que oferecer a Deus em paga pelo pecado. Ele precisa de um substituto. Ele precisa de alguém que faça isso no lugar dele.
Deus sempre soube disso. E Deus quis ser o nosso substituto. Na pessoa do seu Filho Jesus Cristo ele tomou sobre si todos os pecados da humanidade e pagou por eles com o seu próprio sangue. Sangue puro, inocente. Por isso na nossa liturgia nós imploramos pelo perdão de Deus por causa da santa, inocente e amarga paixão e morte de seu amado Filho Jesus Cristo.
Nada é pelo nosso merecimento ou dignidade porque em nós não há mérito ou dignidade. E é essa consciência, esse reconhecimento da nossa completa indignidade que nos permite enxergar como é grande o amor do nosso Deus.
Deus não quer empecilhos que nos afastem dele. Mas já que havia, ele se propôs a tirar do caminho esses empecilhos. A misericórdia de Deus o levou a se banhar no sangue e no pecado com o único propósito de que nós não tivéssemos de sofrer as consequências do pecado que é a ira de Deus. Porque maior do que a ira de Deus é a sua misericórdia. É o amor que Deus tem pelo pecador que o leva a ser injusto consigo mesmo, entregando à morte o inocente, para que nós, apesar dos nossos pecados tivéssemos, em Cristo, a justiça de Deus e a vida eterna.
E se Jesus tomou sobre si todos os pecados, isso significa que Jesus também tomou sobre si todas as consequências do pecado. Como lemos em Isaías, ele tomou sobre si toda doença, toda enfermidade, dor, a angústia, o sofrimento, o desespero da humanidade. De modo que só em Jesus nós encontramos aquele que conhece a nossa dor, que participa do nosso sofrimento e no qual nós temos a força para enfrentar esses momentos da nossa vida.
Jesus é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Por isso nós lemos em Apocalipse: Quem são esses que serão salvos? São os que tiveram os seus pecados lavados no sangue do Cordeiro de Deus.
E pela sua vitória sobre o pecado, Jesus venceu também os outros dois inimigos: a morte e o diabo. A morte que entrou no mundo como castigo pelo pecado. Como Deus avisou antes da Queda; como o apóstolo Paulo escreveu em Romanos.
Porém também a morte Jesus carregou, a enfrentou e venceu da forma mais contraditória possível: morrendo. Quando Jesus enfrenta a morte cara a cara ele mostra que tem o poder de ser vitorioso sobre ela. E assim Jesus nos livrou também do poder da morte. Agora o apóstolo Paulo pergunta: Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?
Também foi na morte que Jesus venceu o diabo, nos comprando com o seu santo e precioso sangue para que sejamos só dele e, assim, possamos viver novamente em obediência a Deus.
O pastor Rudi Zimmer, que palestrou naquele Congresso mencionado anteriormente, disse assim: “Qual era a intenção do diabo? Tudo o que o diabo queria, em todas as suas artimanhas, era impedir que Jesus consumasse a vitória sobre o pecado, a morte e ele próprio. Para isso, o diabo usou a mesma tática que utilizou com Adão e Eva: o caminho da exaltação. Quando lhes sugeriu que seriam ‘como Deus’, os olhos deles brilharam e eles comeram da fruta. Portanto, o diabo só poderia ser derrotado pelo caminho [contrário] da humilhação, da total obediência a Deus... E foi esse o caminho que Jesus escolheu andar, até o final”.
Normalmente vemos a Sexta-feira Santa como um dia de tristeza; um dia de lamentação. E é compreensível já que lembramos da morte do Filho de Deus. E mais do que isso, a razão da sua morte, que foi por causa dos nossos pecados.
Porém, Tetélestai não foi um grito de terror. Acabou! Não tem mais jeito! Não há esperança! Pelo contrário: Acabou! Está consumado! Tudo está completado! Não falta nada! A salvação está consumada na morte de Jesus de uma vez por todas!
Agora sim, vale a pena, também, ir um pouco mais fundo na palavra Tetélestai. Essa palavra se encontra no texto de modo a nos indicar que a morte de Jesus não foi simplesmente uma coisa que aconteceu no passado, mas uma coisa que aconteceu no passado e que tem uma repercussão por toda a eternidade.
Portanto, vejam que, em tudo, até na palavra que Jesus escolheu, ele queria garantir, certificar que tudo o que era necessário para a nossa salvação estava completo na sua morte.
A obra de Jesus foi completa. Foi perfeita. Por isso Deus não pede mais sacrifícios. Jesus já fez tudo. Ele foi o sacrifício de uma vez por todas. Com sua morte, Jesus conquistou a paz com Deus e a vida eterna. Não foi consumado. Está consumado! Amém.

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