Páginas

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Mensagem 5º dom. na Quaresma A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Jo 11.1-53 – 5º dom. na Quaresma A 2014
Jesus é a ressurreição e a vida
vv. 25-26: “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?”
Certamente um dos maiores tabus do ser humano (senão o maior deles) é a morte. Ninguém conhece a morte. Ninguém explica a morte. Ninguém sabe como é morrer. Por isso a morte, naturalmente, amedronta. Mesmo aqueles que dizem não ter medo da morte, quando veem que a hora se aproxima, muitos desesperam de medo, de incertezas e, porque não, de desconfiança.
De certa forma, a leitura do evangelho nos apresenta um contraste entre a morte e a vida. E não só o evangelho, mas, como nós lemos, todos os textos. O salmista clama “das profundezas” (mas com confiança). O profeta Ezequiel anuncia a Palavra de Deus a um monte de ossos (que ganham vida). E o apóstolo Paulo lembra que o Espírito Santo nos livrou do pecado e da morte (e assim nos trouxe para a vida).
Tudo começa, aqui no evangelho, quando Marta e Maria mandam avisar Jesus que o irmão delas, Lázaro, amigo de Jesus, estava doente. Mas a notícia não parece abalar Jesus. Tanto é que ele fica mais dois dias no lugar onde estava. E se enrola tanto que, quando chega em Betânia, Lázaro já estava morto há quatro dias.
Mas vejam, por que Jesus não teve pressa? Jesus não teve pressa porque ele tinha um plano. Jesus tinha uma razão para demorar tanto. No caso de Jesus, chegar quatro dias depois do velório não foi chegar atrasado. Foi chegar bem na hora.
É verdade que a primeira impressão que podemos ter é que Jesus estava indiferente àquela situação. Como se não estivesse nem aí para aquele acontecimento ou para o sofrimento dos familiares.
Não é essa também a impressão que, muitas vezes, temos na nossa vida? Como se Deus não estivesse preocupado com as nossas dúvidas, com a nossa dor, com o nosso luto? É como se Jesus estivesse sempre atrasado para nos atender, para nos ajudar.
Quando a dificuldade bate à porta queremos que Deus aja, e aja agora. Não queremos que Deus “se atrase”. E quando não acontece assim, pensamos que nossos planos são melhores ou mais elaborados do que os planos de Deus e tanto mais exigimos que Deus tome uma providência imediata.
Mas o que acontece é que Deus já tem tudo planejado. O que acontece é que Deus tem uma razão até mesmo para aquele momento de angústia, de medo. Muito pelo contrário do que costumamos pensar, Deus já está ouvindo nossas orações de súplicas antes mesmo de abrirmos a boca.
Jesus não ficou abalado com a notícia sobre Lázaro, primeiro, porque ele já sabia. E, segundo, porque ele sabia também exatamente o que ele devia fazer. Por mais que Marta, assim como nós, também pensou que Jesus chegou tarde.
E quando ele se aproxima de onde Lázaro estava sepultado não se contém e chora. Mesmo sabendo que minutos depois o ressuscitaria. Jesus chora. Jesus chorou porque amava Lázaro. E assim também Jesus chora quando vê a nossa dor porque ele também nos ama.
Em momento algum podemos pensar que Deus não tem propósitos para os momentos difíceis. Nós é que não entendemos os planos de Deus. E, muitas vezes, Deus nem quer que saibamos dos seus propósitos para que não creiamos nele sabendo do que vai acontecer. Mas para que creiamos com os olhos vendados. Em uma entrega completa de confiança. Para que creiamos em Deus e o busquemos sempre, em qualquer situação. Especialmente, quando somos tentados a pensar que Deus não está preocupado.
E quando falamos da morte, tanto mais a coisa se torna importante. Porque é naquela hora, na hora da nossa fragilidade, na hora do nosso maior medo que o diabo ataca com todas as forças.
É naquela hora que o diabo vai jogar na nossa cara a multidão dos nossos pecados para que não creiamos que Cristo pagou por todos esses pecados. E vamos nos entregar ao desespero total. Ou então, o que o diabo vai fazer é lembrar de todas as boas obras que fizemos. Vai nos fazer ver como fomos bons uns com os outros. E assim vamos pensar que merecemos o céu por causa das nossas boas obras.
E como vai ficar aquele que, quando tinha tempo, não buscou a Deus. Não procurou manter acesa e firme a sua fé pelos meios que Deus oferece, e todos sabem quais são: a Palavra e os sacramentos. Essa pessoa vai se entregar ao desespero por não confiar na obra de Cristo em lugar dela ou vai confiar nas suas boas ações e, assim, do mesmo jeito, desprezar a obra de Cristo?
Por isso Jesus deixa bem claro quem vai ter a vida eterna: “todo o que vive e crê em mim”. Quem crê vai ter a vida eterna e não só depois da morte, mas já agora. Por isso é preciso viver em Jesus. Ou seja, não é uma fé “da boca para fora”, mas uma vida dedicada a Jesus e orientada pela Palavra de Jesus.
Se a pessoa vai ao culto, presta atenção só na metade das coisas, depois volta para casa do mesmo jeito que veio, isso não parece um viver de quem vive em Jesus. E quando isso sempre acontece assim, é de se questionar até se essa pessoa realmente crê ou se ela acha que crê. Porque Jesus também disse em outra ocasião: Quem crê em mim ouve a minha Palavra e a guarda, a leva a sério, procura viver de acordo com ela.
É verdade que nós não temos a mínima condição de viver cristãmente. Precisamos constantemente que Deus, que nos deu fé, mantenha, alimente, fortaleça essa fé. Para que, no último dia, não sejamos levados nem pelo desespero, nem pela autoconfiança. Mas que simplesmente sejamos levados por Jesus.
Essa é a maior bênção que Jesus quer nos dar: a ressurreição para a vida eterna. Por isso viver ou não com Jesus não é uma decisão qualquer como comprar uma camiseta preta ou branca. É, literalmente, uma questão de vida ou morte.
Em Jesus nós temos a vida. E Jesus chegou “atrasado” nesse texto justamente para nos dar essa certeza. No versículo 25, ele diz: “Quem crê em mim, ainda que morra, viverá”. E ao que parece, Jesus queria dizer algo como: Quem crê em mim, ainda que morresse, viverá. E essa pequena mudança pode fazer uma grande diferença.
Porque assim Jesus parece estar falando do próprio Lázaro, como exemplo. Como se ele não tivesse morrido. Mas, espera aí, Lázaro não morreu? A Marta até disse que já estava cheirando mal, por causa da putrefação.
Mas, então, a que conclusão chegamos? Concluímos que não existe a morte para quem está em Cristo Jesus. Quem vive e crê em Jesus não conhece a morte mesmo que tenha de passar por ela. Porque Jesus venceu a morte e, assim, nos conquistou a ressurreição e a vida eterna.
E é nessa confiança que nós vivemos até que Jesus venha dizer a cada um de nós também: “Vem para fora”. Vem para fora desse mundo de pecado, de sofrimento, de morte para um lugar onde não haverá mais luto, nem pranto, nem dor.
O apóstolo Paulo disse que todos nós éramos mortos em nossos delitos e pecados. Mas Jesus veio trazer a vida verdadeira, que é uma vida na sua companhia desde agora e para sempre. Com a vida que nós temos em Jesus nem a morte pode acabar.
A morte continua sendo um tabu. Para descrentes e também cristãos. Mas nós, que vivemos e cremos em Jesus, temos uma esperança que vai muito além da morte. Em Jesus, e só em Jesus, nós temos a salvação. “Crês isto?” Amém.

Nenhum comentário:

Postar um comentário