Igreja Evangélica
Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Jo 11.1-53 – 5º dom. na
Quaresma A 2014
Jesus é a ressurreição e a vida
vv. 25-26: “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a
vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim
não morrerá, eternamente. Crês isto?”
Certamente um dos maiores tabus do ser humano (senão o
maior deles) é a morte. Ninguém conhece a morte. Ninguém explica a morte. Ninguém
sabe como é morrer. Por isso a morte, naturalmente, amedronta. Mesmo aqueles
que dizem não ter medo da morte, quando veem que a hora se aproxima, muitos desesperam
de medo, de incertezas e, porque não, de desconfiança.
De certa forma, a leitura do evangelho nos apresenta um
contraste entre a morte e a vida. E não só o evangelho, mas, como nós lemos,
todos os textos. O salmista clama “das profundezas” (mas com confiança). O
profeta Ezequiel anuncia a Palavra de Deus a um monte de ossos (que ganham
vida). E o apóstolo Paulo lembra que o Espírito Santo nos livrou do pecado e da
morte (e assim nos trouxe para a vida).
Tudo começa, aqui no evangelho, quando Marta e Maria
mandam avisar Jesus que o irmão delas, Lázaro, amigo de Jesus, estava doente.
Mas a notícia não parece abalar Jesus. Tanto é que ele fica mais dois dias no
lugar onde estava. E se enrola tanto que, quando chega em Betânia, Lázaro já
estava morto há quatro dias.
Mas vejam, por que Jesus não teve pressa? Jesus não teve
pressa porque ele tinha um plano. Jesus tinha uma razão para demorar tanto. No
caso de Jesus, chegar quatro dias depois do velório não foi chegar atrasado. Foi
chegar bem na hora.
É verdade que a primeira impressão que podemos ter é que
Jesus estava indiferente àquela situação. Como se não estivesse nem aí para
aquele acontecimento ou para o sofrimento dos familiares.
Não é essa também a impressão que, muitas vezes, temos na
nossa vida? Como se Deus não estivesse preocupado com as nossas dúvidas, com a
nossa dor, com o nosso luto? É como se Jesus estivesse sempre atrasado para nos
atender, para nos ajudar.
Quando a dificuldade bate à porta queremos que Deus aja, e
aja agora. Não queremos que Deus “se atrase”. E quando não acontece assim,
pensamos que nossos planos são melhores ou mais elaborados do que os planos de
Deus e tanto mais exigimos que Deus tome uma providência imediata.
Mas o que acontece é que Deus já tem tudo planejado. O que
acontece é que Deus tem uma razão até mesmo para aquele momento de angústia, de
medo. Muito pelo contrário do que costumamos pensar, Deus já está ouvindo
nossas orações de súplicas antes mesmo de abrirmos a boca.
Jesus não ficou abalado com a notícia sobre Lázaro,
primeiro, porque ele já sabia. E, segundo, porque ele sabia também exatamente o
que ele devia fazer. Por mais que Marta, assim como nós, também pensou que
Jesus chegou tarde.
E quando ele se aproxima de onde Lázaro estava sepultado
não se contém e chora. Mesmo sabendo que minutos depois o ressuscitaria. Jesus
chora. Jesus chorou porque amava Lázaro. E assim também Jesus chora quando vê a
nossa dor porque ele também nos ama.
Em momento algum podemos pensar que Deus não tem
propósitos para os momentos difíceis. Nós é que não entendemos os planos de
Deus. E, muitas vezes, Deus nem quer que saibamos dos seus propósitos para que
não creiamos nele sabendo do que vai acontecer. Mas para que creiamos com os
olhos vendados. Em uma entrega completa de confiança. Para que creiamos em Deus
e o busquemos sempre, em qualquer situação. Especialmente, quando somos tentados
a pensar que Deus não está preocupado.
E quando falamos da morte, tanto mais a coisa se torna
importante. Porque é naquela hora, na hora da nossa fragilidade, na hora do
nosso maior medo que o diabo ataca com todas as forças.
É naquela hora que o diabo vai jogar na nossa cara a
multidão dos nossos pecados para que não creiamos que Cristo pagou por todos
esses pecados. E vamos nos entregar ao desespero total. Ou então, o que o diabo
vai fazer é lembrar de todas as boas obras que fizemos. Vai nos fazer ver como
fomos bons uns com os outros. E assim vamos pensar que merecemos o céu por
causa das nossas boas obras.
E como vai ficar aquele que, quando tinha tempo, não
buscou a Deus. Não procurou manter acesa e firme a sua fé pelos meios que Deus
oferece, e todos sabem quais são: a Palavra e os sacramentos. Essa pessoa vai
se entregar ao desespero por não confiar na obra de Cristo em lugar dela ou vai
confiar nas suas boas ações e, assim, do mesmo jeito, desprezar a obra de
Cristo?
Por isso Jesus deixa bem claro quem vai ter a vida eterna:
“todo o que vive e crê em mim”. Quem crê vai ter a vida eterna e não só depois
da morte, mas já agora. Por isso é preciso viver em Jesus. Ou seja, não é uma
fé “da boca para fora”, mas uma vida dedicada a Jesus e orientada pela
Palavra de Jesus.
Se a pessoa vai ao culto, presta atenção só na metade das
coisas, depois volta para casa do mesmo jeito que veio, isso não parece um
viver de quem vive em Jesus. E quando isso sempre acontece assim, é de
se questionar até se essa pessoa realmente crê ou se ela acha que crê. Porque
Jesus também disse em outra ocasião: Quem crê em mim ouve a minha Palavra e a
guarda, a leva a sério, procura viver de acordo com ela.
É verdade que nós não temos a mínima condição de viver
cristãmente. Precisamos constantemente que Deus, que nos deu fé, mantenha,
alimente, fortaleça essa fé. Para que, no último dia, não sejamos levados nem
pelo desespero, nem pela autoconfiança. Mas que simplesmente sejamos levados
por Jesus.
Essa é a maior bênção que Jesus quer nos dar: a
ressurreição para a vida eterna. Por isso viver ou não com Jesus não é uma
decisão qualquer como comprar uma camiseta preta ou branca. É, literalmente,
uma questão de vida ou morte.
Em Jesus nós temos a vida. E Jesus chegou “atrasado” nesse
texto justamente para nos dar essa certeza. No versículo 25, ele diz: “Quem crê
em mim, ainda que morra, viverá”. E ao que parece, Jesus queria dizer algo como:
Quem crê em mim, ainda que morresse, viverá. E essa pequena mudança pode
fazer uma grande diferença.
Porque assim Jesus parece estar falando do próprio Lázaro,
como exemplo. Como se ele não tivesse morrido. Mas, espera aí, Lázaro não
morreu? A Marta até disse que já estava cheirando mal, por causa da putrefação.
Mas, então, a que conclusão chegamos? Concluímos que não
existe a morte para quem está em Cristo Jesus. Quem vive e crê em Jesus não
conhece a morte mesmo que tenha de passar por ela. Porque Jesus venceu a morte
e, assim, nos conquistou a ressurreição e a vida eterna.
E é nessa confiança que nós vivemos até que Jesus venha
dizer a cada um de nós também: “Vem para fora”. Vem para fora desse mundo de
pecado, de sofrimento, de morte para um lugar onde não haverá mais luto, nem
pranto, nem dor.
O apóstolo Paulo disse que todos nós éramos mortos em
nossos delitos e pecados. Mas Jesus veio trazer a vida verdadeira, que é uma
vida na sua companhia desde agora e para sempre. Com a vida que nós temos em
Jesus nem a morte pode acabar.
A morte continua
sendo um tabu. Para descrentes e também cristãos. Mas nós, que vivemos e cremos
em Jesus, temos uma esperança que vai muito além da morte. Em Jesus, e só em
Jesus, nós temos a salvação. “Crês isto?” Amém.
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