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quinta-feira, 10 de abril de 2014

Mensagem Domingo da Paixão A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Mt 27.11-32 – Domingo da Paixão A 2014
O justo pelo injusto
v. 26: “Então, Pilatos lhes soltou Barrabás; e, após haver açoitado a Jesus, entregou-o para ser crucificado”.
Você já foi acusado injustamente? Já teve de pagar por algo que você não fez? Talvez isso, de uma ou de outra forma já tenha acontecido com todos nós. Quantas vezes alguém acaba sofrendo ou tendo de pagar por algo que não lhe cabe? Um apronta, mas é outro quem leva a culpa.
Na verdade, nesse tipo de coisa o ser humano já nasce com o título de mestre. A coisa mais fácil é notar como as crianças custam a admitir o que fizeram de errado. Sempre tentando empurrar a culpa para cima de outro. E se voltarmos à nossa infância vamos perceber a mesma atitude.
É o que nós vimos também no capítulo 27 de Mateus. E não numa coisa de criança, mas em uma decisão judicial. E aqui, mais uma vez, o culpado fica livre e o inocente é condenado.
Esse tipo de injustiça é uma das coisas mais comuns sobre a face da terra porque ninguém quer se dispor a assumir a própria culpa. Ninguém quer ter o mínimo esforço nem mesmo de reconhecer que errou. Muito menos de admitir.
E como essa atitude egoísta pode implodir uma amizade, pode implodir um casamento. Porque ninguém quer dar o braço a torcer. Cada qual só pensa em defender o seu ponto de vista e lutar para que o outro também enxergue as coisas como ele enxerga. Não há um colocar-se no lugar do outro. Não há um assumir o lugar do outro.
No final, a própria família acaba virando um “cada um por si e Deus por todos”. Porque ali não se pratica o perdão, a compreensão, o bom senso. E dessa forma, todos bem sabem que a coisa só pode ir de mal a pior.
E se, muitas vezes, não conseguimos ou não queremos assumir a nossa própria culpa, que dirá, então, assumir a culpa de outrem. Colocar-se no lugar de outra pessoa e, se necessário, pagar por algo que não fizemos em defesa do nome e da integridade daquela pessoa.
O Antigo Testamento mostra que essa atitude é coisa velha. Para falar a verdade, muito velha. Se quisermos chegar na origem desse egoísmo precisamos voltar até Adão e Eva e perceber como já lá, no paraíso, cada um passava a culpa adiante. Adão pôs a culpa na mulher, a mulher na serpente e ambos em Deus.
Assim vemos que a causa de tudo isso é o pecado que está dentro de todos nós. O pecado que me leva a fazer tudo o que vem na cabeça, sem medir as consequências, mas depois não querer assumir nem um dos meus erros. E quando não há como negar, então logo tentamos inventar uma desculpa para justificar o que fizemos. – Tá, é verdade, eu fiz tal coisa. Mas foi por causa disso e daquilo e por aí vai.
Enquanto isso o que Deus espera de nós é exatamente o contrário. Na sua Palavra, Deus nos ensina a viver em comunhão, se preocupando com o bem de todos; o auxílio mútuo: que cada cristão seja um refúgio e fortaleza do outro; Deus nos ensina a levar as cargas uns dos outros, ajudando, animando e orando por eles.
Por isso uma igreja que leva a sério a Palavra de Deus se reflete, em primeiro lugar, em uma vida congregacional ativa. Porque viver em congregação, como igreja, vai muito além de estar filiado a uma igreja. Tem a ver com reuniões, encontros, visitas, como formas pelas quais mostramos que somos cristãos não individuais, mas congregacionais, como Deus quer, e que nos preocupamos tanto com o nosso próprio crescimento espiritual como com o bem-estar dos nossos irmãos na fé.
E, assim, viver como admoesta a Palavra de Deus: em amor fraternal, em amor verdadeiro. Até o ponto de, caso necessário, e se parecer a melhor escolha, assumir a culpa para livrar de mais uma acusação aquela pessoa que talvez já esteja carregando um fardo maior do que ela consegue suportar.
Isso também é tomar da cruz. Não estamos aqui para apontar e divulgar pecados. Estamos aqui para encobrir e perdoar.
E não só podemos como precisamos agir assim. Importando-se uns com os outros e fazendo o que estiver ao nosso alcance pelo bem e pela honra de cada um.
E isso certamente não acontece espalhando os erros e os pecados de determinada pessoa. Mas, bem o contrário, encobrindo ao máximo e arguindo aquela pessoa para que corrija a sua vida, tenha uma vida cristã e dê bom exemplo aos demais.
Pois é o que Deus faz com a gente. Nós conhecemos o Sl 32 que diz: “Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto”. E também em Mt 18, Jesus diz: “Se teu irmão pecar, vai argui-lo entre ti e ele só”.
Portanto, a atitude cristã, nesse sentido, envolve três coisas. Primeiro, aprender a perdoar. Segundo, encobrir o pecado para proteger o nome e a honra da pessoa. E em terceiro lugar, ajudar a pessoa a corrigir a sua vida pecaminosa para que o pecado não a leve para longe de Deus e até mesmo à condenação.
E queremos fazer assim porque queremos seguir o exemplo do nosso salvador Jesus Cristo. Ele, que sempre buscou em primeiro lugar o perdão e a salvação das pessoas. Que direito nós temos de agir diferente de Jesus se ele, que é santo, não desprezou os pecadores?
E essa é a grande mensagem da Palavra de Deus: Que Jesus vem ao encontro do pecador, perdoa os seus pecados e o orienta em uma nova vida. Foi o que ele fez com todos nós e é por isso que nós estamos aqui como congregação, como filhos de Deus que querem louvar a Deus pela sua misericórdia.
Como poderia ser diferente? Como poderíamos deixar de dedicar nossas vidas a Jesus, se o texto de hoje nos compara com Barrabás? Você e eu, cada um individualmente é aquele por quem Jesus assumiu o lugar. Por quem Jesus se entregou à morte, sem dizer uma palavra, para que fôssemos libertados dos nossos pecados e da culpa que tantas vezes carregamos.
Somos nós que merecemos a condenação por causa dos nossos pecados. Mas Jesus assumiu o nosso lugar, a nossa culpa, a nossa dívida. E não por obrigação ou como que por armação. Mas de forma espontânea, movido unicamente pelo amor que Deus tem por cada um nós.
Agora, livres do peso do pecado e da culpa, queremos fazer como Simão e carregar cada qual a sua cruz com o mesmo entusiasmo do apóstolo Paulo que diz: “Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo e não somente de crerdes nele”.
Ter de sofrer e pagar por algo que não fez pode ser injusto. Mas é uma das virtudes mais belas na vida do cristão. E Jesus é o nosso exemplo por excelência. Ele que assumiu o nosso lugar, tomou sobre si os nossos pecados e os carregou até a morte.
Por isso Jesus não quer ser só um exemplo de vida. Ele quer, antes de qualquer coisa, ser o nosso salvador e nos confortar com a certeza do perdão e da salvação que ele nos conquistou.
E como isso aconteceu? Isso já é assunto para o nosso próximo encontro. Até lá, que Deus nos abençoe com a certeza do perdão e da salvação que nós temos em Jesus. Amém.

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