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segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Mensagem 2º dom. no Advento C 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 66.1-12; Ml 3.1-7b; Fp 1.2-11; Lc 3.1-18 – 2º dom. no Advento C 2015
Frutos do arrependimento
v. 8a: “Produzi, pois, frutos dignos do arrependimento”.
Quando o final do ano vai chegando, muitas pessoas já começam a fazer planos para o próximo ano. Dar início a um projeto, dedicar mais tempo à família, cuidar melhor da saúde, fazer dieta e assim por diante. Muitas vezes, até, decisões estas tomadas a partir de um certo sentimento de arrependimento por ter feito ou deixado de fazer certas coisas. Seja como for, o fato é que todos esses planos, para darem certo, exigem mudança. E é aí que muita gente empaca.
Estamos ainda no início do período do Advento e a leitura hoje foi a pregação de João Batista. O Advento é esse período bonito em que aguardamos a tão esperada festa do Natal. E, por isso, alguém até poderia questionar: Por que uma leitura tão pesada num período tão esperançoso?
Na verdade, a pregação de João Batista também aponta para a grande esperança do cristão. João Batista é considerado o precursor do Messias ou o último dos profetas porque aquele, de quem todos os profetas falaram, agora estava chegando. E João Batista, com sua pregação, queria preparar os corações para receberem Jesus.
E é bom lembrar que assim como o povo de Israel no Antigo Testamento aguardava o advento do Messias, assim também nós aguardamos a sua segunda vinda. A rigor, toda a Escritura pode ser aplicada à nossa vida. E é por isso que aquela mesma mensagem de João Batista continua valendo para cada um de nós.
Por meio desta mensagem Deus quer nos conclamar ao arrependimento e, assim, preparar nosso coração para a vinda de Cristo. E é por isso que ele precisa de palavras duras que realmente impactem e chamem a nossa atenção. “Raça de víboras”, com certeza, não é um título agradável de se receber. Mas é isso que nós somos: Venenosos por natureza. E por causa deste veneno que é o pecado, nossa tendência é produzir frutos venenosos para nós mesmos e para o nosso próximo.
No entanto, a Bíblia diz que Deus não tem prazer na condenação do perverso, mas em que ele se converta do seu caminho e, assim, tenha vida. Arrependimento, de fato, não é mudança de vida. Mas o arrependimento leva à mudança de vida.
Essa distinção é importante, pelo menos, por dois motivos. Primeiro: Muita gente exige uma mudança radical na vida de alguém outro sem levar em conta que mudança exige vontade, dedicação e tempo. Mudanças não acontecem da noite para o dia. E quando acontecem deixam sequelas.
Além disso, o que muita gente esquece é que ninguém tem o poder para mudar outra pessoa. O que você pode fazer é conversar, advertir, aconselhar, instruir, mostrar exemplos e alertas sobre as consequências, mas a mudança precisa partir do outro. Além disso, normalmente quando você exige muito que a pessoa mude alguma atitude, sempre reclamando da mesma coisa e batendo na mesma tecla, aí é que ela se fecha e não muda mesmo.
Por isso muito cuidado para dizer: – Você diz que está arrependido, por que não muda? Ou então: – Se você estivesse mesmo arrependido já teria feito diferente. Devemos julgar e acusar menos e ajudar mais, estimular as pessoas em suas mudanças sempre lembrando a elas que é assim mesmo, que é difícil, que leva tempo, mas que vale a pena. Afinal, ninguém precisa mudar nada. A não ser, é claro, que isso esteja fazendo mal para si mesma, para o seu próximo ou dando um mau testemunho cristão.
E segundo: Sim, o arrependimento leva à mudança de vida. Então se a pessoa não tem vontade de corrigir os seus erros, não se esforça por isso e, mesmo com o tempo, não muda nada, aí sim já é até de se questionar se ali alguma vez já houve arrependimento.
Porque dizer que está arrependido é fácil. Talvez a gente até possa pensar que está arrependido por causa de um sentimento momentâneo de tristeza. São coisas diferentes. Arrependimento, pelo menos o arrependimento que a Bíblia ensina, é mudança de mentalidade. É enxergar as coisas com outros olhos, ter uma concepção diferente do mundo, de si mesmo, de Deus e, com uma mudança tão radical como essa, naturalmente se dá início também uma mudança de atitudes.
Essa é a razão porque Deus, por meio de João Batista e de tantos outros, encheu a Bíblia de passagem que falam de uma vida nova. Aquele que se diz arrependido, por mais que se diga cristão, se permanece sempre nos seus pecados e não se dedica em fazer a vontade de Deus, na verdade nunca se arrependeu e nem deveria se dizer cristão.
Muitos dos que ouviam João Batista alegavam que eram descendentes de Abraão e, só por isso, já se sentiam seguros diante de Deus, como se não precisassem mais corrigir os seus pecados. Será que, muitas vezes, não tentamos esconder ou ignorar nossos pecados por trás de algumas boas atitudes como quem varre a sujeira para debaixo de um tapete bonito?
Deus não quer preparar só o nosso exterior. Ele quer preparar nosso coração para que Jesus possa entrar, viver e agir. A coisa é séria. Só há dois lugares para ir depois desta vida: O céu e o inferno. Para onde nós estamos caminhando?
As pessoas que entenderam a seriedade da coisa, que levaram a sério a pregação de João, ficaram preocupadas e foram perguntar a João que frutos elas deveriam produzir a partir do arrependimento. E nós percebemos que João não pede nada mais do que corrigir os pecados mais frequentes e que cada um se dedique na sua vocação.
À multidão, de uma forma geral, ele pediu que cada um olhasse com compaixão para a necessidade do seu próximo. Aos publicanos, que tinham fama de cobrar o imposto maior do que deveriam, João disse que não cobrassem mais do que o estipulado. E aos soldados, que ganhavam tão mal quanto um trabalhador brasileiro e por isso torciam a justiça em troca de um dinheiro extra, João diz que agissem corretamente e que se contentassem com o seu salário.
Sim, corrigir os pecados não é uma opção, é uma necessidade. Onde quer que haja verdadeiro arrependimento e fé, ali também devem seguir as boas obras de uma vida cristã procurando em tudo servir a Deus, o Senhor.
Se esta é a fé que há em seu coração, a esta altura você também deve estar se perguntando: – “Mestre, que havemos, pois, de fazer”? Só que esta é uma resposta que ninguém pode dar. Se João deu uma resposta diferente para cada pessoa, por que esperaríamos que ele desse uma só resposta para todos nós?
É necessário que cada um individualmente pare e tenha uma conversa bem sincera com o nosso Pai celestial: Onde eu estou falhando? Tenho reservado tempo e atenção à minha família? Tenho auxiliado meus irmãos no trabalho da igreja? Tenho tido interesse em conhecer melhor a vontade de Deus? Tenho procurado observar todos os seus mandamentos? Tenho ajudado aqueles que precisam de ajuda quando tive oportunidade? Tenho me preocupado em dar bom exemplo às pessoas e anunciar o nome de Cristo?
Essas também são apenas algumas questões gerais que valem para todos. Mas é importante que cada um, em sua oração, examine sua consciência e atitudes e busque o auxílio do Espírito Santo para que possa cada vez mais viver a fé.
Então, o que vai ser diferente? Que diferença esta palavra de Deus vai fazer em nossas vidas? Vamos leva-la a sério e, de fato, nos prepararmos para o dia do juízo em uma vida digna de arrependimento, fé e boas ações ou vamos fazer de conta que podemos ignorar a palavra de Deus e fazer tudo como der vontade?
Lembremos a mensagem de João: O machado está posto à árvore. O Dia vem. E a árvore que não produz frutos será arrancada e lançada ao fogo. Só aquela que se alimenta de Cristo e do Espírito Santo e, por isso, naturalmente produz os bons frutos da vida cristã, esta vai fazer parte do grande jardim celestial que Deus tem preparado para todos os que o amam.
Lembremos também que mesmo quando Deus fala duro, é isso que ele quer. Deus quer a nossa salvação. Ele não quer permitir que o pecado e as tentações nos afastem do caminho, que é Cristo. Mas que, andando constantemente neste caminho, não nos desviemos dele e, assim, alcancemos a vida eterna mediante a fé no salvador Jesus Cristo.
Por isso, que ninguém empaque na hora da mudança. Decidiu que precisa mudar alguma coisa? Assuma, siga em frente e lute por esta mudança. Que assim como aguardamos o natal com enfeites na igreja e em casa também, que também nossas vidas sejam enfeitadas pelo Espírito Santo enquanto aguardamos o advento do nosso salvador. Amém.

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