Igreja
Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr.
Edenilson Gass
Sl 80.1-7;
Mq 5.2-5a; Hb 10.5-10; Lc 1.39-45 – 4º
dom. no Advento C 2015
Felizes os que creem
v. 45: “Bem-aventurada a que creu, porque serão
cumpridas as palavras que lhe foram ditas da parte do Senhor”.
Você, por acaso, se deu conta, quando levantou
hoje de manhã, que faltam só cinco dias para o Natal? Chega até a dar um
friozinho na barriga, não é? – Nossa! Já está aí! Essa semana vai passar
voando.
Sempre que nós aguardamos alguém ou alguma coisa
que é importante para nós é normal dar uma certa ansiedade. Há poucos dias, por
exemplo, tivemos o nosso programa de Natal aqui na igreja. E tanto para quem
apresenta como para quem assiste, a expectativa é a mesma: Como será que vai
ser?
E é essa expectativa para o Natal que o texto de
hoje acaba criando em nós. A própria situação daquelas duas mulheres já era uma
expectativa. As duas, grávidas, aguardavam o nascimento dos seus filhos.
Isabel, já de seis meses de João, e Maria que recém tinha recebido a notícia.
Bem, o que este pequeno relato de duas grávidas
tem a nos ensinar para a nossa vida cristã? Na verdade, muita coisa. Ou, pelo
menos, o suficiente para que não tenhamos tempo de chamar a atenção para cada
ensinamento que o texto traz. Vamos, por isso, recapitular a história e só refletir
sobre alguns pontos.
Alguns dias depois de ter recebido a notícia do
anjo de que seria a mãe do salvador, Maria vai se encontrar com Isabel. E Lucas
nos diz que, assim que Maria saudou Isabel, João estremeceu no seu ventre. Não
no sentido negativo de medo, mas no positivo de alegria. Mas o que vem a ser
esse “estremeceu no ventre”?
Em primeiro lugar é a prova de que a fé não
depende de nós. Fé não é algo que nós escolhemos ter ou não, mas é o maior
presente que o Espírito Santo nos dá. Maria não tinha nada de especial em si
mesma e com certeza não foi por causa dela que João pulou de alegria ainda no
ventre da mãe, e sim por causa de Jesus.
Para a nossa razão, claro que isso tudo pode parecer
um absurdo. Desde quando crianças que ainda nem nasceram pensam ou têm
consciência das coisas que acontecem à sua volta? Se João se balançou todo
naquele momento, isso não passa de pura coincidência.
Primeiro: Fé não é uma coisa que depende muito da
nossa sanidade ou inteligência. Fé e saúde são duas coisas bem diferentes e uma
não precisa da outra para existir. Além disso, se alguém argumentar que criança
não pode ter fé porque não tem consciência das coisas, vejamos o seguinte: De
fato, uma criança pequena não percebe e depois nem se lembra do que aconteceu
nos primeiros anos. Mas quantos exemplos a gente tem de pessoas com fobias ou
traumas por causa de coisas que aconteceram nos primeiros anos de vida ou até
mesmo durante o período intrauterino? Ela pode não ter consciência das coisas,
mas ela tem vida. E onde há vida, ali Deus pode operar a fé.
Segundo: Se fosse coincidência que João estremeceu
bem na hora da saudação de Maria, Lucas não teria perdido tempo escrevendo
isso. Tudo bem que Lucas sempre foi muito detalhista, mas aqui não tem nada de
coincidência. Lembremos que tudo o que os autores bíblicos escreveram foi pela
inspiração do Espírito Santo.
Além disso, o texto imediatamente segue dizendo
que Isabel foi tomada pelo Espírito Santo. Não tem jeito. Não tem como tirar o
Espírito Santo desse episódio. O estremecimento de João no ventre foi, sim,
resultado da fé em Jesus.
Assim também precisa acontecer com a gente. A fé
em Jesus traz alegria porque é a certeza da nossa eterna salvação. A certeza de
que, apesar da nossa indignidade, ainda assim Deus quer nos salvar mediante os
méritos de Cristo. Que, apesar dos nossos muitos pecados, Deus foi
misericordioso para conosco e não nos deixou entregues à condenação.
Como poderíamos agora viver tristes e angustiados
pelas aflições que o mundo e o pecado trazem, se temos do próprio Deus a
promessa de salvação? Uma esperança que vai muito além do que vemos ou vivemos.
Assim como João, ainda no ventre de Isabel,
estremeceu de alegria pela chegada de Jesus, assim também Deus quer nos ver
pulando de alegria, vivendo a fé cristã com familiares, amigos e até
desconhecidos porque aquele a quem o povo de Israel tanto esperava, agora já
veio. E veio para trazer salvação.
Não deixemos que as dificuldades e sofrimentos que
nos sobrevém neste mundo nos tirem a alegria da fé. Mas oremos para que Deus
sempre nos socorra na aflição e nos fortaleça o desejo de viver a fé. Como fez
Davi que orou assim: Torna a dar-me a alegria da tua salvação e mantém em mim
um espírito voluntário.
E também tem um outro ponto que também vale a pena
olhar com mais calma, que é lá no versículo 45. Isabel, tendo também recebido o
Espírito Santo, reconheceu a sua indignidade, reconheceu Jesus como salvador e
disse a Maria: “Bem-aventurada a que creu, porque serão cumpridas as palavras
que lhe foram ditas da parte do Senhor”.
Sabemos que Jesus, em certa ocasião, disse que a
fé tem o poder até mesmo para transportar montes. De fato, a fé tem um poder
que vai além da nossa compreensão. Mas será que neste texto Isabel estaria
dizendo que Deus só cumpre as suas promessas dependendo da fé que nós temos?
Talvez a primeira impressão seja essa. Só que
nesse caso muitos cairiam em grande desespero pensando que certas orações não
estão sendo atendidas por falta de fé. Como se Deus atender nossas orações
dependesse completamente de nós e do tamanho da nossa fé. Isto não é bíblico!
Por isso vamos ter bem claro que Deus não depende
de nós, nós é que dependemos de Deus. Ele não age só se nós cremos ou não
cremos. Se nossa fé está firme. Se nossa confiança está lá nas alturas. Deus
age porque ele é bom e a sua bondade dura para sempre.
Para criar o mundo, Deus não precisou de conselhos
de ninguém e não dependeu que alguém cresse que ele tinha o poder para criar
tudo isso. Quando nós lemos em 2Co 5 que, em Cristo, Deus reconciliou o mundo
consigo, é porque, de fato, ele se reconciliou com toda a humanidade. A
salvação é para todos. Ninguém está excluído da possibilidade de salvação. Mas
só aqueles que creem recebem o benefício desta obra salvadora.
Deus cumpre as suas promessas independentemente se
cremos ou não. A salvação prometida veio, em Jesus, para todo o mundo. Porém
apenas aqueles que, assim como Isabel, reconhecem que Jesus é o salvador e nele
creem é que recebem os benefícios desta salvação.
Sim, recebem, não receberão, porque a salvação
começa agora. Se cremos em Jesus, então já somos salvos, já somos novas
criaturas restauradas pelo Espírito Santo e já vivemos agora a alegria da vida
eterna. E, enquanto vivemos esta nova vida por fé, aguardamos a consumação de
tudo isso no Dia do juízo de Cristo.
Vivemos nessa expectativa, aguardando ansiosamente
pela chegada do salvador. Ficamos tentando imaginar como será que vai ser o
céu. A Bíblia só diz que é o lugar perfeito, mas nós nem conseguimos imaginar o
que é perfeito. De qualquer forma, uma coisa é certa: Deus sempre cumpre as
suas promessas. Ele também prometeu a salvação a todo aquele que crê. E é por
isso que podemos nos alegrar desde já, sabendo que, na fé em Jesus, nós vamos
para o céu. Amém.
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