Igreja
Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr.
Edenilson Gass
Sl 85;
Sf 3.14-20; Fp 4.4-7; Lc 7.18-28 – 3º
dom. no Advento C 2015
Apontando para Cristo
v.
22a: “Então, Jesus lhes respondeu: Ide e anunciai a João o que vistes e
ouvistes”.
Uma
brincadeira comum entre as crianças é aquela chamada de “siga o mestre”. Para
quem não conhece, a brincadeira acontece da seguinte forma: Quem é designado
mestre vai na frente puxando uma fila e tudo o que o mestre faz os outros devem
fazer também. Se ele olhar para a direita, todos olham para a direita; se olhar
para esquerda, todos olham para a esquerda. O objetivo é simplesmente fazer o
que o mestre faz.
De
certa forma essa brincadeira é sugerida no texto do evangelho com a diferença
de que não é uma brincadeira e que não vale só para as crianças.
Quem
sugere isso é João Batista, sobre o qual lemos semana passada a respeito da sua
pregação no deserto. Já neste momento, João se encontra preso e os seus
discípulos é que o mantinham informado a respeito da fama de Jesus que cada vez
se espalhava mais.
Tanto
é que a nossa perícope começa dizendo que “todas estas cousas”, ou seja, a
respeito de Jesus, “foram referidas a João pelos seus discípulos”. E aí vai
acontecer algo que, à primeira lida, pode até soar estranho. João envia dois
discípulos a Jesus com a seguinte pergunta: “És tu aquele que viria ou
aguardaremos outro”?
A
primeira impressão que dá é que aquele mesmo João que pregou o arrependimento
para preparar o caminho entre os corações e o Cristo, que, ao ver Jesus, disse
aos seus discípulos “eis o Cordeiro de Deus”, que não hesitou em apontar a
hipocrisia dos fariseus, agora, porque estava preso, começou a questionar até
mesmo se Jesus era o Messias.
Seria
uma interpretação bastante consoladora, afinal, se até João teve dúvidas, então
Deus também vai perdoar as nossas dúvidas. Mas parece que não é isso,
especialmente porque o próprio Jesus, na continuação do texto, vai elogiar a
João dizendo que ele não era como um caniço agitado pelo vento, ou seja, uma
pessoa inconstante, com uma pregação inconstante, mas um legítimo profeta de
Deus.
Mas
então por que João mandou os discípulos fazerem aquela pergunta? Ao que tudo
indica João estava simplesmente criando uma oportunidade de fazer os seus
discípulos se encontrarem com Jesus.
A
gente sabe que lá em Jo 1, quando ele aponta o Cordeiro de Deus, alguns dos
seus discípulos o deixaram e foram seguir a Jesus, mas outros não. Talvez
porque ainda não tivessem certeza de que Jesus era o Cristo. A pergunta que
João manda fazer não é a pergunta dele próprio, é a pergunta que incomodava os
discípulos.
Então,
o que a gente percebe com isso é que João Batista sempre procurava diversas
maneiras de fazer a mesma coisa: Levar as pessoas a Jesus. De uma ou de outra
forma, João estava sempre procurando dizer: É a ele que vocês devem seguir. São
os seus passos que vocês devem imitar porque ele é o nosso Mestre.
E
como já foi dito semana passada, a mensagem de João continua valendo para cada
um de nós: Siga o mestre. Abrace esta causa de dedicar a sua vida a seguir o
salvador Jesus Cristo. Ele é o salvador. E só ele. Portanto, como seus
discípulos, cabe a nós seguirmos os seus passos.
Mas
sobre isso nós vamos falar mais depois. Agora voltemos ao texto. Sendo fiéis a
João, os dois discípulos imediatamente vão até Jesus e lhe repetem exatamente
as mesmas palavras que o seu mestre João tinha usado: “És tu aquele que viria
ou aguardaremos outro”?
E
aí nós lemos assim: “Então, Jesus lhes respondeu...” Tudo bem, de fato Jesus disse
alguma coisa. Mas também poderia ser assim: “E Jesus, tendo respondido, disse”.
Mas como assim “tendo respondido”? Quando Jesus tinha respondido à pergunta?
Com as suas ações.
A
resposta de Jesus não veio por meio de palavras, e sim por meio de ações. Os
milagres e as curas que Jesus realizou bem diante dos discípulos de João como
provas do seu poder divino foram a resposta à pergunta sobre o seu messianismo.
Se a resposta foi satisfatória aos discípulos, isso não sabemos. O texto só diz
que eles foram embora. Agora, se voltaram só para se despedir de João ou se
aquela foi a sua despedida de Jesus não dá para adivinhar.
O
mais importante, de qualquer forma, é aplicar o texto bíblico à nossa vida a
fim de sermos orientados, advertidos e consolados por ela. Assim como aqueles
discípulos e tantos outros como o próprio Pedro, nós também passamos por
momentos de dúvidas. Também temos perguntas a fazer e, muitas vezes, nos
encontramos sem respostas satisfatórias.
Mas
será que, em muitas destas vezes, diante das incertezas e dificuldades que a
vida traz, não ouvimos a resposta de Deus porque não abrimos nossos olhos para
ver o que ele tem feito por nós?
Todas
as respostas que precisamos podem ser encontradas na Bíblia. Mas, além disso,
temos também as respostas de Deus nas próprias dificuldades e, especialmente,
nas inúmeras bênçãos que ele derrama sobre nós.
As
respostas de Deus não são só “da boca para fora”. As respostas de Deus são
concretas. Ele age em nossas vidas constantemente. É dele que vem tudo o que
precisamos para o sustento do corpo e da alma. E, acima de tudo, é dele que vem
a nossa salvação.
Que
resposta mais concreta você pode querer do amor de Deus do que o fato de ele entregar
o seu próprio Filho por nós? O Messias não veio só para ser mais um mestre, mas
para dar a vida pelos seus discípulos. É da cruz do salvador Jesus que vem
todas as respostas ao sofrimento humano. Pois foi naquela cruz que Deus
demonstrou o tamanho do seu amor.
Nós,
os que cremos especialmente, somos o alvo deste amor de Deus. Foi por nós que
ele se entregou; em nosso lugar. E é por isso que a ordem de Jesus aos
discípulos de João é ordem também para nós que somos os seus próprios
discípulos: Vão e anunciem o que vocês viram e ouviram.
Quando
Pedro e João foram proibidos pelos líderes religiosos de anunciar o nome de
Cristo, eles responderam: Nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos
e ouvimos. Assim também nós não podemos deixar de falar das respostas concretas
que Deus realiza em nossas vidas.
Este
texto realmente fala muito sobre o “siga o Mestre” da vida cristã. Podemos
aprender várias maneiras de como ser um seguidor do mestre Jesus, seguindo o exemplo
de João: falando de Jesus, apontando para Jesus, levando as pessoas a Jesus,
criando oportunidades de colocar as pessoas em contato com Jesus. A diferença é
que não precisamos imitá-lo em sua morte de cruz, porque isso ele fez em nosso
lugar.
E o
Advento é um período bastante oportuno para refletir sobre isso. Somos enviados
a anunciar o Evangelho porque assim como, da primeira vez, Jesus veio para
salvar, ele virá novamente, mas para julgar. E que naquele dia, ninguém possa
olhar para a gente e dizer: Você sabia e não me disse.
Por
isso vamos acatar a ordem de Jesus para que, naquele dia, tenhamos a grande
alegria de ver entrar na glória aqueles a quem anunciamos o Evangelho.
Quem
segue o mestre Jesus nesta vida pode ter a certeza de que também o seguirá
quando ele entrar pelas portas do céu. Essa é a nossa grande alegria, a nossa
grande esperança e a nossa grande mensagem. Com Jesus nós vamos para o céu.
Amém.
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