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sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Mensagem 16º dom. após Pentecostes B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 116.1-9; Is 50.4-10; Tg 3.1-12; Mc 9.14-29 – 16º dom. após Pentecostes B 2015
Em Jesus podemos confiar plenamente
v. 22b-23: “Mas, se tu podes alguma cousa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. Ao que lhe respondeu Jesus: Se podes! Tudo é possível ao que crê”.
Quem que seja realmente cristão nunca sentiu altos e baixos na sua fé? Se não todos nós, provavelmente a maioria já deve ter passado por esta experiência: Num dia nossa fé está lá em cima; sentimo-nos seguros e confiantes para o que der e vier; de uma ou de outra forma o que queremos é servir a Deus. Noutro dia, nossa fé está lá em baixo; qualquer problema nos deixa extremamente preocupados e nosso ânimo para servir a Deus já não é mais o mesmo.
O evangelho de hoje mostra bem essa realidade. Aqui, podemos até perceber que essa oscilação da fé pode acontecer mesmo em questão de minutos.
Vamos ao texto: o fato histórico é mais uma cura. Desta vez de uma criança possuída por um espírito maligno que a impedia de ouvir e falar além de convulsionar a criança de tal maneira que parecia que ela ia rasgar. Jogava ela no fogo ou na água, fazia com que rilhasse os dentes. E isso tudo não uma, nem duas, mas várias vezes desde os seus primeiros anos de vida.
Dá para imaginar o desespero daquele pai? Vendo o próprio filho numa situação como essa não sei quantas vezes e não podendo fazer nada por ele.
E esse desespero aparece tão logo Jesus chega, vê os seus discípulos discutindo com os escribas, e pergunta: O que vocês estão discutindo com eles? Antes de os escribas dizerem alguma coisa ou antes mesmo dos próprios apóstolos falarem aquele pai toma a frente e começa a explicar a situação. Ele precisa ser visto por Jesus. Ele não vê a hora de Jesus fazer alguma coisa pelo seu filho.
E é aí que a gente começa a perceber o sobe-desce da gangorra da fé. Primeiro ele diz: “trouxe-te o meu filho”. Era a Jesus que ele buscava. (fé lá em cima) Mas como Jesus não estava, quem sabe os seus representantes podiam resolver o problema. E ele apela para os apóstolos (fé lá em baixo). Mas agora Jesus está aí. Ele sim vai fazer alguma coisa. (fé lá em cima) Só que depois de algumas palavras duras de Jesus, ele já não tem a mesma certeza (e a fé vai lá para baixo de novo).
Será que não é assim que fazemos ou, pelo menos, somos tentados a fazer? Em vista dos problemas que nos atingem, no nosso desespero, buscamos a Jesus. Mas se por acaso ele “não estiver presente” começamos a buscar auxílio em outros lugares, coisas ou pessoas?
Na nossa mania de querer as coisas sempre do nosso jeito e no nosso tempo, se Deus não tomar logo uma atitude em nosso favor, já começamos a pensar que ele não está nem aí e passamos a buscar ajuda em qualquer coisa que esteja mais próxima.
Pois que este texto nos sirva de lição: Quanto mais aquele homem se afastava de Jesus, nos vales da sua fé, tanto maior era o seu desespero. E isso é visível no texto. Ninguém está inventando nada. É só ler o texto com atenção que dá até para visualizar aquele pai desesperado e agora, ainda por cima, decepcionado.
Por isso nos obstáculos da vida, sejam eles quais forem, precisamos confiar em Jesus e continuar confiando. Precisamos diariamente colocar diante de Deus aquilo que nos aflige, que nos desespera e buscar nele sempre de novo a força e a sabedoria para seguir em frente.
De nada vai adiantar buscar a solução dos nossos problemas em outro lugar. Recorremos ao conselho de amigos. Não que seja errado. Mas é preciso sempre estar ciente de que pessoas são falhas. E seus conselhos podem até mesmo ser contrários à vontade de Deus. Ou então buscamos socorro em nós mesmos. E essa é uma das nossas grandes tentações: Pensar que estamos sozinhos e lutar sozinhos.
No entanto, Deus está sempre presente. Ele também envia os seus anjos para nos proteger. E como se não fosse mais do que o suficiente, ainda nos dá família, pessoas de confiança e uma grande família, que é a igreja, com as quais podemos compartilhar o que nos pesa no coração e, assim, levando as cargas uns dos outros, sentirmos o alívio da presença e da ajuda de Deus.
Aliás, percebam aqui a atitude incomum de Jesus quando o pai do menino disse que os apóstolos não conseguiram realizar o exorcismo: Jesus fala duro com eles. – Gente incrédula, até quando eu vou ter que aguentar vocês?
O que os apóstolos conseguiram foi uma coisa difícil de conseguir com Jesus: acabar com a sua paciência. E o que tira a paciência de Jesus? A nossa falta de fé; a nossa desconfiança; a nossa teimosia em tentar resolver nossos problemas sozinhos.
Deus está aí a todo momento dizendo: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”. E nós perdemos a chance de sermos aliviados tentando resolver tudo sozinhos.
Foi por isso que os apóstolos levaram aquela bronca. Eles tentaram expulsar o espírito imundo por suas próprias forças em vez de pedir o auxílio de Deus. Como a gente sabe isso? É só olhar para o final do episódio quando eles chegam em casa e perguntam para Jesus porque não conseguiram. E Jesus simplesmente responde: Vocês nem mesmo fizeram oração.
É só assim que podemos entender quando Tiago diz “resisti ao diabo e ele fugirá de vós”. Resisti na fé. Na confiança de que Deus é maior e que Deus tem poder para nos livrar do pecado, das tentações e do poder do diabo. Não é de nós que o diabo foge. Não é a nós que ele obedece. Mas àquele que, pela fé, habita em nós.
Além disso, a gente pode perceber – e isso é uma coisa bem interessante – que Jesus não prenuncia nenhum castigo, nenhuma ameaça como consequência da falta de fé. Não colocar diante de Deus em oração aquilo que nos desespera nem buscar orientação na sua Palavra já é o nosso castigo. Porque perdemos a chance de enfrentar com Deus aquilo que estamos enfrentando sozinhos.
De onde mais pode vir tanto desespero, ansiedade e preocupação senão da nossa falta de fé? Da nossa confiança tão frágil e vacilante no cuidado de Deus?
Não que essas coisas não aconteçam com o cristão, mas elas não podem tomar conta. Para quem está em Cristo o sofrimento não tem o poder de comandar a sua vida. Porque a fé verdadeira, a fé que se agarra em Jesus sabe muito bem que mesmo na dor e no sofrimento, Deus está presente como um pai que ao ver o filho sofrer, sofre junto e faz o que estiver ao seu alcance por ele.
Por isso quando o menino estava rolando no chão, espumando e se contorcendo, e Jesus continua a conversar com o pai, nada disso significa que Jesus era indiferente ao sofrimento do pai ou do filho, mas ele queria mostrar que, antes de qualquer coisa, a fé precisava estar no lugar certo. O mais importante para Jesus não é o tamanho da fé, mas a qualidade desta fé. E a única qualidade certa é confiar em Jesus e só nele como o nosso Deus justo e bom de quem devemos sempre esperar o melhor.
E é isso que nos traz conforto diante da constante oscilação da nossa fé: Saber que Deus não olha o tamanho ou a força da fé, mas para onde ela se direciona. A importância de fortalecer a fé mediante oração, leitura bíblica e Santa Ceia é para que não vacilemos nem percamos o alvo da fé que é Jesus.
A sua fé oscila? Não se preocupe, isso é normal. O que não pode oscilar é o cuidado com esta fé; o seu constante fortalecimento pelos meios que Deus nos deu para isso e a constante prática desta fé no nosso dia-a-dia. Para que tanta preocupação, estresse, ansiedade? Isso tudo pode resolver alguma coisa? Não. Mas Jesus nos convida a nos refugiarmos nele confiantes de que ele sempre está do nosso lado e que, se estamos com Jesus, então não falta mais nada. Na alegria ou na dificuldade, confiemos sempre em Jesus e busquemos a ele, porque nele nós podemos confiar. Amém.

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