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domingo, 3 de agosto de 2014

Mensagem 8º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 136.1-9,23-26; Is 55.1-5; Rm 9.1-13; Mt 14.13-21 – 8º dom. após Pentecostes A 2014
Deus multiplica a sua graça
v. 19: “E, tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a relva, tomando os cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoou. Depois, tendo partido os pães, deu-os aos discípulos, e estes, às multidões”.
“Tudo o que é bom dura pouco” é o que diz o ditado popular. “Tudo que é bom dura pouco” é o que dizem os namorados que se veem só uma vez por mês, a família que vai passear no feriado ou mesmo nas férias. Também nessa correria do dia-a-dia quando tantas vezes mal conseguimos cumprir com nossas obrigações. Nessas e em outras situações gostaríamos de ter a capacidade de multiplicar as horas do dia. Mas não tem jeito. São vinte e quatro horas e o jeito é aprender a aproveitar bem esse tempo que não volta mais.
E por falar em multiplicar, no texto de hoje Jesus multiplica. Não as horas do dia, e sim pães e peixes. Mas a grande questão é: Foi só isso que Jesus multiplicou? Ou então: É só isso que Jesus multiplica?
Tudo começa depois da notícia da morte de João Batista, quando Jesus sai de Nazaré e vai para Betsaida, já que em Nazaré muitos não creram na sua palavra. No entanto, os evangelistas contam que também uma grande multidão queria estar com Jesus. Tudo bem, alguns por curiosidade, outros querendo curar os seus doentes. Mas, no fundo, aquelas pessoas sentiam que estava faltando alguma coisa nas suas vidas. E algo dizia que em Jesus elas iam encontrar isso que estava faltando.
A pressa daquelas pessoas em estar com Jesus era tanta que, enquanto Jesus atravessava de barco o mar da Galileia, elas deram a volta e chegaram antes de Jesus. Por isso quando Jesus vê aquelas pessoas, buscando ajuda, buscando socorro por alguma coisa que nem elas sabiam direito, ele se compadece.
Marcos lembra que Jesus olhou para aquelas pessoas como ovelhas que não têm pastor. Como pessoas que estavam perdidas, desorientadas, sem saber para onde ir, sem saber o que fazer. E, por mais que Jesus tivesse se retirado para ficar sozinho com os discípulos, o que ele sente por aquelas pessoas faz ele mudar os seus planos e colocar o desejo delas em primeiro lugar. Jesus sai do barco e realiza muitas curas.
Esse também é o olhar de Jesus para todos nós quando nos sentimos perdidos, desorientados, ansiosos, em busca de algo que nem sabemos exatamente o que é. Jesus olha com compaixão, ele vem ao nosso encontro e atende às nossas necessidades.
E tem coisa mais comum nessa vida do que isso? Momentos de dor, de angústia, de sofrimento. Problemas no casamento, problemas na família, problemas no trabalho. Situações que nos levam a um estado onde realmente não sabemos mais o que fazer. A cada dia aumenta mais a ansiedade, o medo, o desespero e, finalmente, chegamos ao ponto de perguntar: Deus, onde estás?
Jamais esqueçamos que é nesses momentos que Deus está bem do nosso lado. Se tem uma coisa que obriga Deus a agir é a sua misericórdia. E Deus não suporta o sofrimento daqueles que o amam. Ele tem compaixão. Ele sente a nossa dor. E ele sempre ajuda.
Assim como Jesus olhou para aquelas pessoas é como ele nos olha também na nossa angústia, no nosso sofrimento, no nosso desespero. Por isso nós podemos sempre confiar com todas as forças que em qualquer situação, por mais difícil e dolorosa que seja, Deus está cuidando de nós.
E a benignidade de Jesus não deixa ele simplesmente curar os doentes, mas ele vai além e chega a fazer aquilo que a multidão nem esperava. Quando o dia começa a declinar, os discípulos vão avisar Jesus que não haveria comida para toda aquela gente. André verifica o estoque e vê que eles só tinham cinco pães e dois peixes; Filipe também faz as contas e diz que com aqueles duzentos denários não ia dar para comprar nada.
E essa atitude dos discípulos reflete a nossa atitude diante de algumas situações. Por mais que os discípulos quisessem ajudar, porque eles se preocuparam com aquelas pessoas, não fizeram nada mais do que colocar empecilhos para que elas ficassem ali. – Jesus, despede toda essa gente porque não vai dar. Não tem comida, não tem dinheiro.
Exatamente como nós, muitas vezes, fazemos também. Pode até ser que, em nosso coração, queiramos ajudar, mas não fazemos nada mais do que ressaltar os empecilhos. – Não, isso não vai dar certo. Não vamos conseguir. Vai faltar isso, vai faltar aquilo. Além do mais, eu não sei fazer isso.
E de tanto procurar e encontrar desculpas deixamos de fazer o que devia ser feito. É aquele jovem que não cursa o vestibular porque não tem autoconfiança e já diz séculos antes que não vai passar. Aquele casal que quer abrir um negócio próprio, mas não abre pelo medo de que pode não dar certo. É aquele membro que não participa das atividades da igreja porque acha que não tem capacidade para ser útil em alguma coisa.
Por isso precisamos lembrar do que disse o apóstolo Paulo com toda a clareza: “A nossa suficiência vem de Deus”. Por isso nós podemos estudar, podemos trabalhar e correr atrás daquilo que desejamos porque, em oração, confiamos que Deus vai encaminhar as coisas da melhor maneira.
Jesus não se deixou vencer pelas desculpas que os discípulos deram. Ele pegou aqueles cinco pães e os dois peixes, deu graças a Deus pelo alimento, coisa que em tantos lares cristãos já se perdeu, e, por meio de um milagre, alimenta toda aquela multidão e ainda sobra comida. Cinco mil homens, fora mulheres e crianças, nós podemos calcular tranquilamente umas dez mil pessoas.
E se Jesus fez tudo isso apesar da desconfiança dos discípulos, porque nós ainda vivemos com toda essa ansiedade e preocupação? Não confiamos que Jesus tem todo o poder e que ele pode e vai nos ajudar em toda e qualquer situação?
De fato, assim como os discípulos, nossa fé também é fraca e muitas vezes desconfiamos do cuidado de Deus. Mas que bom que não é disso que depende a ajuda de Jesus, e sim da sua misericórdia, da sua compaixão.
E isso Jesus tem de sobra. É isso o que mais multiplica: a sua misericórdia. Quando, na nossa vida, os problemas se multiplicam, Deus também multiplica a sua graça. Na nossa angústia, no nosso medo, Deus multiplica a sua compaixão.
Por isso não precisamos temer. Jesus já tomou sobre si toda a nossa dor, porque “pelas suas pisaduras fomos sarados”. Em vez de temer, o que cabe a nós é agradecer pelas tantas bênçãos que Deus multiplica a cada novo dia. A exemplo de Jesus, agradecer pelo alimento, mas também pela família, pela roupa, pela casa, por mais um dia e, acima de tudo, pela salvação.
“Tudo o que é bom dura pouco”. Será mesmo? O cristão pode dizer com toda a certeza e alegria: Nem tudo o que é bom dura pouco. Muitas das bênçãos que Deus derrama sobre nós tem um proveito passageiro: nos sustentar por mais um dia, por mais uma semana. Nos alegrar com coisas pequenas e corriqueiras. Mas a sua maior bênção é a vida eterna com ele no céu. Isso não tem fim e é ali que está a razão da nossa alegria e da nossa gratidão. Amém.

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