Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl
136.1-9,23-26; Is 55.1-5; Rm 9.1-13; Mt
14.13-21 – 8º dom. após Pentecostes A 2014
Deus multiplica a sua graça
v.
19: “E, tendo mandado que a multidão se assentasse sobre a relva, tomando os
cinco pães e os dois peixes, erguendo os olhos ao céu, os abençoou. Depois,
tendo partido os pães, deu-os aos discípulos, e estes, às multidões”.
“Tudo
o que é bom dura pouco” é o que diz o ditado popular. “Tudo que é bom dura
pouco” é o que dizem os namorados que se veem só uma vez por mês, a família que
vai passear no feriado ou mesmo nas férias. Também nessa correria do dia-a-dia
quando tantas vezes mal conseguimos cumprir com nossas obrigações. Nessas e em
outras situações gostaríamos de ter a capacidade de multiplicar as horas do
dia. Mas não tem jeito. São vinte e quatro horas e o jeito é aprender a
aproveitar bem esse tempo que não volta mais.
E por
falar em multiplicar, no texto de hoje Jesus multiplica. Não as horas do dia, e
sim pães e peixes. Mas a grande questão é: Foi só isso que Jesus multiplicou?
Ou então: É só isso que Jesus multiplica?
Tudo
começa depois da notícia da morte de João Batista, quando Jesus sai de Nazaré e
vai para Betsaida, já que em Nazaré muitos não creram na sua palavra. No
entanto, os evangelistas contam que também uma grande multidão queria estar com
Jesus. Tudo bem, alguns por curiosidade, outros querendo curar os seus doentes.
Mas, no fundo, aquelas pessoas sentiam que estava faltando alguma coisa nas
suas vidas. E algo dizia que em Jesus elas iam encontrar isso que estava
faltando.
A
pressa daquelas pessoas em estar com Jesus era tanta que, enquanto Jesus
atravessava de barco o mar da Galileia, elas deram a volta e chegaram antes de
Jesus. Por isso quando Jesus vê aquelas pessoas, buscando ajuda, buscando
socorro por alguma coisa que nem elas sabiam direito, ele se compadece.
Marcos
lembra que Jesus olhou para aquelas pessoas como ovelhas que não têm pastor.
Como pessoas que estavam perdidas, desorientadas, sem saber para onde ir, sem
saber o que fazer. E, por mais que Jesus tivesse se retirado para ficar sozinho
com os discípulos, o que ele sente por aquelas pessoas faz ele mudar os seus
planos e colocar o desejo delas em primeiro lugar. Jesus sai do barco e realiza
muitas curas.
Esse
também é o olhar de Jesus para todos nós quando nos sentimos perdidos,
desorientados, ansiosos, em busca de algo que nem sabemos exatamente o que é.
Jesus olha com compaixão, ele vem ao nosso encontro e atende às nossas
necessidades.
E tem
coisa mais comum nessa vida do que isso? Momentos de dor, de angústia, de
sofrimento. Problemas no casamento, problemas na família, problemas no
trabalho. Situações que nos levam a um estado onde realmente não sabemos mais o
que fazer. A cada dia aumenta mais a ansiedade, o medo, o desespero e,
finalmente, chegamos ao ponto de perguntar: Deus, onde estás?
Jamais
esqueçamos que é nesses momentos que Deus está bem do nosso lado. Se tem uma
coisa que obriga Deus a agir é a sua misericórdia. E Deus não suporta o
sofrimento daqueles que o amam. Ele tem compaixão. Ele sente a nossa dor. E ele
sempre ajuda.
Assim
como Jesus olhou para aquelas pessoas é como ele nos olha também na nossa
angústia, no nosso sofrimento, no nosso desespero. Por isso nós podemos sempre
confiar com todas as forças que em qualquer situação, por mais difícil e
dolorosa que seja, Deus está cuidando de nós.
E a
benignidade de Jesus não deixa ele simplesmente curar os doentes, mas ele vai
além e chega a fazer aquilo que a multidão nem esperava. Quando o dia começa a
declinar, os discípulos vão avisar Jesus que não haveria comida para toda
aquela gente. André verifica o estoque e vê que eles só tinham cinco pães e
dois peixes; Filipe também faz as contas e diz que com aqueles duzentos
denários não ia dar para comprar nada.
E
essa atitude dos discípulos reflete a nossa atitude diante de algumas
situações. Por mais que os discípulos quisessem ajudar, porque eles se
preocuparam com aquelas pessoas, não fizeram nada mais do que colocar
empecilhos para que elas ficassem ali. – Jesus, despede toda essa gente porque
não vai dar. Não tem comida, não tem dinheiro.
Exatamente
como nós, muitas vezes, fazemos também. Pode até ser que, em nosso coração,
queiramos ajudar, mas não fazemos nada mais do que ressaltar os empecilhos. –
Não, isso não vai dar certo. Não vamos conseguir. Vai faltar isso, vai faltar
aquilo. Além do mais, eu não sei fazer isso.
E de
tanto procurar e encontrar desculpas deixamos de fazer o que devia ser feito. É
aquele jovem que não cursa o vestibular porque não tem autoconfiança e já diz
séculos antes que não vai passar. Aquele casal que quer abrir um negócio
próprio, mas não abre pelo medo de que pode não dar certo. É aquele membro que
não participa das atividades da igreja porque acha que não tem capacidade para
ser útil em alguma coisa.
Por
isso precisamos lembrar do que disse o apóstolo Paulo com toda a clareza: “A
nossa suficiência vem de Deus”. Por isso nós podemos estudar, podemos trabalhar
e correr atrás daquilo que desejamos porque, em oração, confiamos que Deus vai
encaminhar as coisas da melhor maneira.
Jesus
não se deixou vencer pelas desculpas que os discípulos deram. Ele pegou aqueles
cinco pães e os dois peixes, deu graças a Deus pelo alimento, coisa que em
tantos lares cristãos já se perdeu, e, por meio de um milagre, alimenta toda
aquela multidão e ainda sobra comida. Cinco mil homens, fora mulheres e
crianças, nós podemos calcular tranquilamente umas dez mil pessoas.
E se
Jesus fez tudo isso apesar da desconfiança dos discípulos, porque nós ainda vivemos
com toda essa ansiedade e preocupação? Não confiamos que Jesus tem todo o poder
e que ele pode e vai nos ajudar em toda e qualquer situação?
De
fato, assim como os discípulos, nossa fé também é fraca e muitas vezes
desconfiamos do cuidado de Deus. Mas que bom que não é disso que depende a
ajuda de Jesus, e sim da sua misericórdia, da sua compaixão.
E
isso Jesus tem de sobra. É isso o que mais multiplica: a sua misericórdia.
Quando, na nossa vida, os problemas se multiplicam, Deus também multiplica a
sua graça. Na nossa angústia, no nosso medo, Deus multiplica a sua compaixão.
Por
isso não precisamos temer. Jesus já tomou sobre si toda a nossa dor, porque “pelas
suas pisaduras fomos sarados”. Em vez de temer, o que cabe a nós é agradecer
pelas tantas bênçãos que Deus multiplica a cada novo dia. A exemplo de Jesus,
agradecer pelo alimento, mas também pela família, pela roupa, pela casa, por
mais um dia e, acima de tudo, pela salvação.
“Tudo
o que é bom dura pouco”. Será mesmo? O cristão pode dizer com toda a certeza e
alegria: Nem tudo o que é bom dura pouco. Muitas das bênçãos que Deus derrama
sobre nós tem um proveito passageiro: nos sustentar por mais um dia, por mais
uma semana. Nos alegrar com coisas pequenas e corriqueiras. Mas a sua maior
bênção é a vida eterna com ele no céu. Isso não tem fim e é ali que está a
razão da nossa alegria e da nossa gratidão. Amém.
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