Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl
18.1-16; Jó 38.4-18; Rm 10.5-17; Mt
14.22-33 – 9º dom. após Pentecostes A 2014
Jesus nos socorre na dúvida e no medo
vv.
30-31: “Reparando, porém, na força do vento, teve medo; e, começando a
submergir, gritou: Salva-me, Senhor! E, prontamente, Jesus, estendendo a mão,
tomou-o e lhe disse: Homem de pequena fé, por que duvidaste?”
As
dúvidas nos acompanham ao longo de toda a vida. É muito comum ficar na dúvida.
Mudando um pouco o ditado, nós podemos até dizer que “duvidar é humano”. Às
vezes, são dúvidas pequenas e fáceis de serem solucionadas: O que vamos fazer
para o almoço? O que vou vestir hoje para o culto? E outras vezes são dúvidas
grandes e difíceis de serem solucionadas: Será que vale a pena comprar esse
carro? Não vamos mesmo ter mais filhos? A propósito, quantas vezes pais têm
dúvidas sobre que decisões tomar a respeito de seus filhos?
O
apóstolo Pedro também duvidou quando andava por sobre o mar. E Jesus o
repreendeu por isso: “Homem de pequena fé, por que duvidaste?” A sorte de Pedro
é que o mesmo Jesus que o repreendeu também estava ali pronto para socorrê-lo.
E assim ele fez.
Talvez
seja importante notar que o texto de hoje é a sequência direta do texto da
semana passada. Isso é importante porque nos mostra pelo menos duas coisas.
Primeiro, porque se Jesus ia de qualquer forma despedir aquela multidão, ele
não precisava ter realizado a multiplicação dos pães. Ele o fez com o intuito
de mostrar às pessoas a sua divindade. O que, com certeza, ficou mais claro
para quem conhecia as Escrituras Sagradas. Afinal, o profeta Eliseu já tinha
feito isso no Antigo Testamento.
E
segundo, mostra que Jesus realmente só parou ali por amor àquela multidão.
Porque logo depois de despedir as pessoas, ele vai fazer aquilo que queria ter
feito bem antes: ficar sozinho e orar.
Jesus
nos dá dois grandes exemplos com essas situações: Levar a sério as necessidades
das pessoas e ajuda-las quando possível; e que mesmo em meio à correria e os
imprevistos, sempre há tempo para orar e falar com Deus. Valeria a pena
refletir sobre isso, mas não dá para falar de tudo de uma vez só. Então vamos
adiante.
Antes
de subir no monte para orar, Jesus, com todo um plano esquematizado, manda os
discípulos para o meio do mar. O texto dá a entender que eles não queriam. O
que é compreensível, afinal, já era tarde da noite, senão madrugada. Mas Jesus
insistiu até que eles foram.
Algum
tempo depois Jesus vai ao encontro dos discípulos, em pleno mar, só que de uma
forma totalmente inesperada. Jesus vai caminhando por sobre as águas.
Interessante que, voltando mais uma vez ao Antigo Testamento, quando Jó fala,
no capítulo 9, ele diz que só Deus pode andar sobre as águas. Portanto, aqui,
quando Jesus faz isso, é uma mensagem clara de que ali, diante daqueles homens,
estava a revelação do próprio Deus.
Mas
não foi assim que os discípulos entenderam. Se eles conheciam ou não a história
de Jó, a questão é que já passava das três horas da manhã. E depois de um dia
inteiro com Jesus e a noite inteira lutando contra as ondas naquela tempestade
era bem mais fácil pensar que Jesus era um fantasma.
Naquela
situação, com medo, os discípulos começam a gritar. Mas Jesus não os repreende
por isso, ele simplesmente diz com voz calma e paciente: “Tende bom ânimo! Sou
eu. Não temais!”
Assim
também nas tempestades da vida, quando a escuridão das dificuldades nos
envolvem e as ondas de sofrimento nos assolam, ficamos com medo. Gritamos por
socorro. O que é natural quando não conseguimos encontrar a saída. É natural
ter dúvidas. É natural ter medo.
Tem
gente que acha que sentir medo é pecado. Porque se Deus está sempre presente,
então não podemos ter medo de nada. Mas isso é bobagem. Jesus não repreende o
medo. Ele não disse: “Por que tiveste medo?” Pelo contrário, é justamente
quando sentimos medo e gritamos por socorro que Jesus também vem ao nosso
encontro e, com sua palavra, nos consola: Calma, sou eu!
É
verdade que Jesus diz “não temais!”. Porém não ter medo não é uma consequência
da nossa força de vontade ou tamanho da fé. Não ter medo é consequência da
palavra de Jesus que alcança o mais íntimo do nosso coração e cria em nós uma
confiança tal que o medo, pelo menos, diminui.
E
vejam se não é assim que tantas vezes acontece: Quando estamos com dúvidas, com
medo, enfrentando uma tempestade e, então, lemos um trecho bíblico e parece que
tem um peso saindo de cima de nós? É a palavra de Jesus que continua
confortando corações que sofrem com a dúvida e com o medo.
Aquelas
poucas palavras de Jesus tocaram de tal maneira os discípulos que Pedro se
enche de coragem e faz até uma proposta com Jesus: Se é você mesmo, então eu
também quero andar sobre as águas. E Jesus diz: Então venha.
Em
princípio, tudo ia bem, mas logo a natureza humana mostra a sua fraqueza, a sua
falta de fé. É só bater um vento mais forte que Pedro perde a confiança e
começa a afundar.
É
exatamente por isso que tantas vezes nós também afundamos: Não pelo medo, mas
pela desconfiança. Quando o vento bate um pouco mais forte do que estamos
acostumados, já ficamos desestabilizados e perdemos a confiança de que Jesus
tem o poder para nos manter de pé.
As
tempestades da vida são tudo aquilo que, de alguma maneira nos aflige: A enfermidade,
o sofrimento, o luto, a perseguição. É difícil fazer uma lista porque cada um enfrenta
as suas próprias tempestades.
Por
isso é preciso que você, individualmente, reflita sobre a sua tempestade. Pare
e pense naquilo ou naquelas coisas que mais lhe causam angústia e sofrimento. E
agora lembre-se: Jesus não vai te abandonar. Ele sempre está contigo, bem do
teu lado. E mesmo que vieres a vacilar e começares a afundar, Jesus vai te
tomar pela mão e te encaminhar em segurança de volta para o barco.
Jesus
não nos socorre dependendo do tamanho ou força da nossa fé. Claro que é bom
fortalecer a fé lendo a Palavra de Deus porque assim compreendemos melhor as
tempestades da vida e podemos viver mais felizes. Pais que fazem buscam
orientação na Palavra e na oração não precisam temer sobre suas decisões,
porque já entregaram a Deus o cuidado dos seus filhos. Jesus nos socorre pela
mesma razão porque socorreu aquela multidão: porque ele nos ama. E justamente
por não depender de nós o socorro de Jesus é que podemos sempre confiar que
ele, por seu infinito amor, vai estar sempre pronto a atender às nossas
necessidades.
É por
esse amor que ele nos estende a mão. O melhor, de qualquer forma, é não tentar
andar sozinho nas tempestades da vida, mas estar sempre de mãos dadas
com Jesus. Se estamos sozinhos, podemos até dar alguns passos, mas não vamos
muito longe. Mas se estamos com Jesus, que venham as ondas, os ventos e a
escuridão. Se estamos com Jesus, sempre estaremos seguros.
As
dúvidas nos acompanham ao longo de toda a vida. É comum ter dúvidas. Também é
comum ter medo. Mas com Jesus não precisamos duvidar nem temer. Porque nas mais
diversas tempestades da vida Jesus sempre vem nos socorrer. Amém.
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