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domingo, 17 de agosto de 2014

Mensagem 10º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 67; Is 56.1,6-8; Rm 11.13-15,28-32; Mt 15.21-28 – 10º dom. após Pentecostes A 2014
Deus nos congrega à sua misericórdia
v. 22a: “E eis que uma mulher cananeia, que daquelas regiões viera, clamava: Tenha misericórdia de mim, Senhor Filho de Davi!”
Você já teve um pedido negado? É chato, não é? Muitas vezes, alguma coisa que a gente queria muito, mas ter aquilo não depende de nós, precisamos pedir para alguém outro. E esse pedido pode ser negado. Com certeza, se pensarmos mais sobre isso vamos lembrar de algumas situações da nossa infância quando vivíamos pedindo coisas aos nossos pais. E tinha vezes que o não era não; outras vezes, se você insistisse um pouco, pode ser que até conseguia alguma coisa.
Algo semelhante é o que acontece aqui. Uma mulher cananeia, daquelas regiões de Tiro e Sidom, cidades que costeavam o Mar Mediterrâneo mais ao sul, veio ao encontro de Jesus para pedir uma coisa que ela não podia fazer. Mas ela tinha plena certeza de que Jesus podia.
Esse texto é bastante lembrado pelo exemplo de fé e de persistência daquela mulher. Apesar da indiferença com que Jesus a trata, ela não desiste de pedir que ele a ajude.
Só que olhando assim, uma pergunta fica sem resposta: Qual é a relação desse texto com os outros textos deste 10º domingo após Pentecostes?
Se a gente recapitular, vamos ver que no salmo 67, o salmista pede pela bênção de Deus. Aí até pode ter uma certa semelhança. Mas em Isaías nós lemos que Deus traz a salvação a todos os povos e pela fé congrega pessoas à sua Igreja. Romanos segue nessa mesma linha: Por natureza, nós estamos perdidos; mas Deus vem e nos leva para perto dele.
Pra gente entender melhor, vale a pena lembrar uma característica muito forte dos fenícios, onde aquela mulher se inclui: Eles não adoravam ao Deus verdadeiro, eles adoravam a vários deuses e o principal deles era Baal. Ou seja, a última coisa que se esperaria de um fenício era recorrer a Jesus em busca de socorro.
Portanto, o importante nesse texto não é a mulher, como nós costumamos pensar, mas o que Deus está fazendo com ela. Antes de ser um exemplo de fé, aquela mulher é um exemplo de que Deus cumpre as suas promessas e que ele, pelo seu Espírito Santo, reúne e congrega para si pessoas de todos os cantos do mundo.
De certa forma esse é um texto missionário. Porque, como sempre, Jesus não vai para uma cidade porque decidiu no par ou ímpar. E nesse caso ele foi para Tiro sabendo que lá essa mulher o ia encontrar. Em outras palavras, antes da mulher ir até Jesus, ele já tinha ido ao encontro dela.
O mesmo Jesus espera de nós, como seus discípulos, seguidores: Que por onde andarmos aproveitemos as oportunidades de testemunhar dele, seja em palavra, seja em ação. E não fazer como os apóstolos queriam: Ih, manda essa mulher embora. Afinal, é mais cômodo não se preocupar com a necessidade ou o sofrimento das pessoas. Não é o que Jesus faz. Ele ignora os discípulos e começa a falar com a mulher.
Deus, que quer trazer essas pessoas para junto de si, coloca essas oportunidades em nossa vida. E, muitas vezes, deixamos passar. Agimos como os discípulos e não como Jesus. Mas é o exemplo de Jesus que nós precisamos seguir.
Passar adiante o Informativo do mês passado para que outra pessoa também possa ler a mensagem. Citar um versículo bíblico para alguém que está um pouco abatido. Viver uma vida correta, de acordo com os mandamentos de Deus. Testemunhar nem sempre é tão difícil. Muitas vezes, basta querer e aproveitar as oportunidades.
Um exemplo bastante prático disso é o que lemos em Atos: Que os apóstolos simplesmente faziam o seu trabalho e Deus ia dia após dia acrescentando aqueles que iam sendo salvos.
Nós não podemos criar a fé em ninguém – nem em nós mesmos. Podemos até constranger alguém para participar da igreja. Mas isso não significa muita coisa. Já naqueles que Deus congrega ele cria a fé verdadeira. E é essa fé que se reflete na mulher cananeia. E por essa fé ela pode e quer ir ao encontro de Jesus.
Com sua filha possuída por um demônio, aquela mãe, sem poder fazer nada, em um desespero total, já chega a Jesus pedindo por misericórdia. E a reação de Jesus é, no mínimo, contrária ao que se esperava dele. Jesus parece indiferente. De começo não fala nada. É quando os discípulos pedem que Jesus mande aquela mulher embora.
No entanto, aproveitando o desprezo dos discípulos, Jesus mostra que ele não está indiferente, embora diga algo não muito consolador: “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”. É como se ele dissesse: Você não é israelita; você não é do povo de Deus. Portanto, não posso fazer nada por você.
Bom, não é bem o que ela queria ouvir, mas já é uma resposta. Então, com toda a humildade, ela se prostra diante de Jesus e tenta mais uma vez: “Senhor, socorre-me!”.
Nesse momento Jesus vai ainda mais longe e diz que “não é bom tomar o pão dos filhos e lança-lo aos cachorrinhos”. Aqui Jesus encarna um perfeito judeu. Os judeus, como uma forma de desprezo a quem não era israelita, costumavam chamar os gentios de cães. E Jesus não poupa essa palavra aqui. Se ele estava falando com tom de ironia ou não a gente não sabe, o fato é que, de qualquer forma, essas não são palavras fáceis de ouvir.
Mas é interessante notar que, apesar das palavras, Jesus não encerra o assunto. Ele quer que ela continue insistindo. O que nos mostra que, no fundo, Jesus está dizendo mais sim do que não.
E é aí que mais uma vez a mulher insiste, talvez em sua última tentativa: “Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos”.
Nas três situações, embora com palavras diferentes, essa mulher só pede por uma coisa: pela misericórdia de Jesus. Ela pede por misericórdia porque reconhece que, se dependesse dela, ela não receberia nada de Jesus. Mas ela confia na misericórdia de Jesus e confia que, por essa misericórdia, Jesus poderia atender ao seu pedido.
E se tem uma coisa que Deus atende é oração de mãe. Não são poucos os exemplos bíblicos e na história que comprovam isso. É o caso de Ana, em 1Samuel, que não podia ter filhos. E, derramando lágrimas no templo, orou com toda a confiança. E Deus a concedeu não um, mas vários filhos. Sendo que o primeiro, o seu primogênito, foi Samuel, que veio a se tornar um grande profeta de Deus.
Também no século 4º, o que hoje é conhecido como o grande teólogo Agostinho, chamado até de santo Agostinho, na sua juventude era um devasso. Só se envolvia com farra e prostitutas. Sua mãe, católica, sem conseguir fazer nada, se colocava de joelhos e orava todos os dias por aquele que veio a ser um grande cristão.
O que essas mães e tantas outras pessoas, cujas orações foram atendidas, tinham em comum? A fé humilde e sincera de reconhecer que não mereciam nada de Deus. Mas, com persistência, confiaram na misericórdia de Deus. Fé essa que Deus quer gerar em nossos corações.
Porque se isso está escrito é para mostrar até que ponto Deus pode fortalecer a nossa fé. Até ao ponto de que, quando oramos, e Deus parece indiferente, ainda assim continuamos orando com toda a confiança. E, persistentemente, continuar pedindo.
Com certeza, também temos pedidos negados por Jesus. Foram negados até agora por razões que Deus sabe muito bem por que. Mas quem conhece daqui para frente? Por isso, continuemos confiando na sua misericórdia. Amém.

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