Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Jo 7.37-39 – Domingo de Pentecostes A 2014
O Espírito
anuncia a água da vida
Hoje é dia de
Pentecostes. Por isso esse, sem dúvida, é um dia especial. A gente sabe que o
Pentecostes é uma das três festas mais importantes da Igreja Cristã.
O evento que marca o
Pentecostes é o que nós lemos em Atos: A descida do Espírito Santo sobre os apóstolos,
como Jesus tinha prometido, que faz com que eles comecem a anunciar a palavra
de Deus a todos que ali estavam. Gentes de todas as regiões, com suas
diferentes línguas, ouviram falar das grandes obras de Deus.
Com isso, na leitura
do Evangelho já é de se esperar que nós tenhamos a promessa de Jesus de que ele
enviaria o Espírito Santo. Mas não é o que acontece. Pelo contrário, João
escreve que ainda não era a hora de isso acontecer. Por quê?
A gente precisa, como
em qualquer coisa da vida, começar do começo. E com um texto tão curtinho, nós
temos a oportunidade de refletir com mais calma sobre esses versículos.
Jesus estava em uma
festa. Na Festa dos Tabernáculos. Uma festa muito importante para os judeus. E
no último dia das comemorações, diz o versículo 37, Jesus se levantou e disse
assim: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba”.
Aqui a gente precisa
lembrar o que se comemorava na Festa dos Tabernáculos: era a saída do povo de
Israel do Egito. Eles estavam atravessando o deserto e habitavam em tendas. E,
nessa situação, precisavam confiar totalmente que Deus iria providenciar tudo o
que eles precisassem. E Deus assim fez.
Então os judeus
agradeciam pelo cuidado de Deus, pelo alimento recebido e também pela água. E
Jesus, aqui, aproveitando essa situação, oferece conforto a todos quantos
sofrem de sede espiritual.
A todos que não estão
tranquilos em sua relação com Deus. A todos os que sentem o pesar dos seus
pecados. A todos que não conseguem sentir a paz de Deus em seus corações. A
todos esses Jesus convida a irem até ele e, assim, saciarem essa sede
espiritual. E esse convite se estende a todos nós.
Quando estamos
cansados e sobrecarregados, Jesus diz: “Vinde a mim”. Quando, assim como o
salmista no Sl 42, dizemos: “Tenho sede de ti, o Deus vivo”, Jesus diz: “Venha
a mim e beba”.
Automaticamente também
lembramos de João 4, quando Jesus se encontra com a mulher samaritana e se
apresenta como a água da vida. Ele diz: “Quem beber desta água tornará a ter
sede; aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede”.
E, claro, no contexto
da Festa dos Tabernáculos, não tem como não lembrar daquela situação tão famosa
onde o povo de Israel, no deserto, começou a passar sede e Deus fez com que do
interior de uma rocha saísse água. E com essa água, Deus saciou a sede do seu
povo.
Assim também em Jesus,
a nossa rocha firme, nós temos a água que nos sacia. Na nossa dor física, na
nossa dor emocional, na nossa dor espiritual, Jesus continua sempre de novo
lançando o convite: “Vinde a mim... e eu vos aliviarei”.
E Jesus vai mais
longe. Ele não só promete o alívio, mas também diz que esse alívio, esse
refrigério da alma vai se espalhar e vai inundar o coração de outras pessoas.
Ele diz assim: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão
rios de água viva”.
A água que Jesus dá
não é, por assim dizer, só para amenizar o calor, mas é água de tomar um baita
de um banho. Jesus dá dessa água em abundância. É para sobrar mesmo. Deus não é
econômico nas suas bênçãos. Por vezes, nós é que somos maus mordomos do corpo,
da alma, dos bens, do dinheiro, do Evangelho. E aí pode parece que Deus não dá o suficiente. Mas Deus sempre dá em abundância.
Essa água que Jesus
dá, quando bebemos, ficamos plenamente saciados. E mesmo depois de saciados,
ainda há tanta água que só o que nos resta fazer é dar dessa água a quem também
precisa.
Somos maus mordomos do
Evangelho quando não queremos dar dessa água a ninguém. Quando preferimos
guardar toda essa água, como quem pensa: “Vai que um dia falta”. E, assim,
deixamos morrer de sede tantas e tantas pessoas que precisam dessa água que só
Jesus pode dar.
Jesus não é uma água
parada, é uma água corrente, uma água viva. E isso nos faz pensar em Ez 47,
naquela visão do profeta Ezequiel quando começou a sair água do templo, e essa
água cada vez se espalhava mais, crescia mais até que virou um grande rio e que
se estendeu até o mar Morto.
Onde até então não
havia nem sinal de vida, porque não era possível que houvesse vida, agora é
onde mais há vida. A água que sai da presença de Deus é aquela que vai levando
a vida por onde quer que passe.
É como os jovens dizem
naquele cântico: Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus. E esse rio
tem um nome: Jesus. Esse é o rio que flui de dentro de todos aqueles que creem
em Jesus como seu salvador.
Por fim, João diz que
Jesus disse tudo isso se referindo ao Espírito Santo que seria enviado sobre
todos os que nele creem. Quem crê em Jesus também tem o Espírito Santo. Quem
crê em Jesus realiza as obras do Espírito Santo. Vive uma vida santificada de
testemunho e amor ao próximo.
Talvez o mais correto
não seria dizer que os apóstolos anunciaram a palavra de Deus quando o Espírito
Santo desceu sobre eles naquele Pentecostes. Mas que o Espírito Santo anunciou
a palavra de Deus através dos apóstolos.
A mensagem que nós,
como cristãos, anunciamos ao mundo não é uma mensagem nossa. Não é uma mensagem
que vem de nós. Esse rio não flui do nosso coração, mas do Espírito Santo que
habita naqueles que creem em Jesus e faz de todos os crentes um canal por onde
passa o rio que leva a vida.
Essa é a missão do
Espírito Santo. É por essa e nenhuma outra razão que Jesus prometeu e enviou o
santo Espírito de Deus: Para testemunhar que Jesus é a água da vida e que só
nele as pessoas podem encontrar tranquilidade, perdão e a paz com Deus.
E agora nós podemos voltar
à pergunta lá do início: por que aquela ainda não era a hora do Espírito Santo
ser enviado? João responde: “Porque Jesus não havia sido ainda glorificado”.
Sempre que ouvimos
falar em “glória”, “glorificar”, “glorificado” imaginamos algo de grande
esplendor. Uma coisa que brilha tanto quanto Jesus na transfiguração. Mas
aquela é a glória celestial. Antes, Jesus tinha de ser glorificado na sua
vergonha. É na morte e consequente ressurreição de Jesus que nós vemos a glória
de Deus.
O que o Espírito Santo
faz, através da Igreja, é fazer as pessoas buscarem a glória de Deus na cruz.
Porque é só na cruz que elas podem encontrar o conforto da salvação. E, na
ressurreição de Jesus, o conforto da vida eterna.
O que Deus Espírito
Santo fez naquele Pentecostes, descendo sobre os apóstolos e anunciando por
suas bocas as obras de Deus é o que ele continua fazendo através de nós. Em nós
não há mensagem alguma que mereça ser anunciada. Mas somos instrumentos de Deus
para anunciar a sua mensagem. Que privilégio!
E lembremos que nas
mais diferentes situações da vida podemos sempre beber da água da vida, que é o
próprio salvador Jesus e contar com a presença e a orientação do Espírito Santo
que em nós habita. Amém.
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