Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl
119.153-160; Jr 28.1-9; Rm 7.1-13; Mt
10.34-42 – 3º dom. após Pentecostes A 2014
Divididos ou
escolhidos?
v. 34: “Não penseis
que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada”.
É muito triste, mas
acontece muito. Onde quer que vamos nós a encontramos. Em todas as esferas da
vida, do conhecimento, da religiosidade, lá está ela. Estamos falando da
palavra “divisão”. Afinal, qualquer coisa pode ser motivo para divisão: o time
de futebol, o ponto de vista divergente em relação a algum assunto e, muitas
vezes, o conceito de religião, fé e salvação.
É nesse último ponto
que Jesus toca no texto indicado para este 3º domingo após Pentecostes. E Jesus
também fala em divisão. O que mais surpreende é que Jesus não dá ênfase na luta
pela união. Jesus enfatiza o fato de que sempre haverá divisões; que estas
fazem parte da vida e que, quem está unido com ele, possivelmente irá sofrer
com divisões.
O capítulo 10, sem
dúvida, é um dos capítulos mais impactantes de Mateus. Jesus havia escolhido
seus doze discípulos e começa a instruí-los: eles iriam anunciar a vinda do
reino de Deus, fazer curas, expelir demônios. Mas nem tudo seria às mil
maravilhas.
Também haveria
dificuldades. Eles seriam odiados, perseguidos, desprezados e talvez até
mortos. Aliás, esse foi o texto da semana passada. E o texto de hoje é a
continuação, onde Jesus deixa bem claro: “Não penseis que vim trazer paz à
terra; não vim trazer paz, mas espada”.
Aqui, com certeza,
“espada” não significa “justiça” como em outros lugares. Tudo bem, a gente até
poderia dizer “não vim trazer paz, mas justiça”, pois a justiça de Deus é algo
totalmente diferente do que o ser humano entende por justiça. E, naturalmente,
essa justiça traria (e traz) discórdia.
No entanto, parece
mais apropriado entender “espada” como “divisão”. O próprio contexto mostra
isso. Por exemplo pelo versículo que segue: “Pois vim causar divisão entre o
homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra”.
Mas que divisão é essa
que Jesus traz? Em que sentido Jesus vem trazer a espada? Com certeza Jesus não
é nenhum radical que vem querendo causar toda sorte de divisões entre as
pessoas pregando novos ideais, novos valores ou alguma coisa, assim,
revolucionária. Muito pelo contrário, Jesus não traz a espada como se essa
fosse a sua vontade. A sua vontade é sempre trazer a paz e, de forma especial,
a paz de Deus e a paz com Deus.
Mas só tem essa paz
aquele que crê em Jesus como seu único Senhor e salvador. Infelizmente viver
essa paz, viver essa fé no salvador nem sempre é fácil. Sempre haverá aqueles
que não creem em Cristo e que vão perseguir, zombar e desprezar os cristãos.
E ninguém está livre
disso. Nem mesmo dentro da sua própria casa. Problemas familiares sempre são um
peso enorme, seja qual for a razão do problema. Como é ruim quando há discórdia
na família. É o tipo de coisa que corrói a todos por dentro. Todos se machucam.
E, muitas vezes, por bobagem.
Só que quando a
discórdia é por causa da fé, aí a coisa fica difícil mesmo. Porque fé não é
coisa que se possa chegar a um bom senso, a um meio termo. Não existe síntese
da fé, onde cada um pode ceder um pouco e chegar a um consenso. Fé é coisa
séria. E fé não se discute. Também não se pode obrigar alguém a chegar à fé.
Quando Jesus diz que
“os inimigos do homem serão os da sua própria casa” está lembrando essa triste
realidade de tantas e tantas famílias. Ou o pai é um cristão fiel, temente a
Deus, que quer ajudar nas tarefas da igreja, mas a esposa não é e passa a ser
uma pedra no sapato, que não deixa ele ir em frente. Ou a mulher tem uma fé
cristã fervorosa e quer ajudar, participar nas responsabilidades da igreja, mas
o marido não tem essa fé e só puxa para trás.
Assim também várias
podem ser as razões que criam discórdia, que tiram a paz mesmo no lugar que
mais amamos: a nossa casa.
Infelizmente, nessas
situações não há muito o que fazer. Se aquele que é cristão ceder ao que o
outro pensa e deixar até mesmo de participar dos cultos, como tantas vezes acontece,
estará abandonando a fé cristã. Jesus disse de forma bem clara: “Quem ama seu
pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua
filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e vem
após mim não é digno de mim”.
Para o cristão, ter
discórdias na família por causa da fé é uma cruz, e das grandes. Porém a cruz
precisa ser tomada. Não pode ser evitada ou negada. Precisamos seguir Jesus em
qualquer situação, não importa o que aconteça, não importa o que digam, mesmo
que quem esteja dizendo algo contra seja alguém da nossa própria família.
Podemos e até devemos amar essas pessoas, mas a Cristo acima de tudo.
Por isso aqui Jesus
fala da vida. Quem busca nele a vida, quem tem nele a vida encontrou a vida verdadeira,
que é a vida eterna. Por outro lado, quem busca os interesses da sua própria
vida terrena em primeiro lugar, rejeita a Cristo e não recebe a vida eterna.
Porém, como cristãos,
em tudo somos bem-aventurados. Pois no nosso seguir Jesus, no nosso tomar da
cruz, no nosso participar da vida da igreja, quando não aprovam essas atitudes
e nos desprezam por isso, não é a nós que estão rejeitando, mas ao próprio
Cristo.
Por outro lado, na
atitude mais simples de bondade, como dar a alguém um copo de água fria, o
cristão sabe que o próprio Cristo aprova esta atitude e se alegra como se
estivéssemos fazendo a maior de todas as boas obras.
Não é preciso grandes
habilidades, conhecimento, oratória nem nada que chame a atenção para nós ou
que nos faça parecer capazes de servir no reino de Deus. Basta manter o coração
aberto e fazer aquilo que o Espírito Santo nos move a fazer. Seja nos momentos
ou nas atitudes mais simples do dia-a-dia. Um copo de água, um bom dia, um
obrigado, um “posso ajudar?”.
E é aí que está a
nossa alegria. A alegria do cristão em poder servir a Deus em tudo aquilo que
faz, até nas coisas mais pequenas e mais simples. Seja com as pessoas da nossa
casa ou não.
E para dar
continuidade às suas obras é que Deus continua escolhendo pessoas, chamando à
fé e fortalecendo a nossa fé. Para que, através de nós, mesmo em meio a
dificuldades e divisões, o seu amor seja levado ao mundo.
Talvez o mais correto
não seja dizer que Jesus nos dividiu dos demais, que não creem, mas que Jesus
nos escolheu. A divisão é coisa que vem do pecado humano que rejeita a Cristo e
faz luta contra os que nele creem. Mas Cristo nos escolheu. Escolheu-nos para
anunciarmos a sua paz e o seu amor, a única coisa que pode unir perfeitamente
os casamentos abalados, as amizades rompidas e, acima de tudo, o nosso
relacionamento com o nosso Deus e Pai.
Sim, a divisão está
por todo lugar. Por isso queremos que também a Palavra de Deus esteja em todo
lugar. Pois só a maravilhosa mensagem do grande amor de Deus pela humanidade
pode reconstruir e unir novamente qualquer divisão. Amém.
A summary…
v. 34: “Think not that I am come
to send peace on earth: I came not to send peace, but a sword”.
This is very sad, but it happens. Wherever we go, we find it. In all
spheres of life, knowledge, and even religion, there it is. We are talking
about division. After all, anything can be a reason for division: the soccer
team, the divergent point of view about a subject and, lots of times, the concept
of religion, faith and salvation.
It is about this last point that Jesus speaks in the text to this 3rd
Sunday after Pentecost. Jesus speaks of division too. What is striking is that
his emphasis is not to fight for union, but in the fact that always will exist
division; this is part of this life and that who is united with him, possibly
will suffer with divisions.
But, what division is it? What sword does Jesus came send? The division
and sword Christians always can suffer are persecution, mockery and contempt.
No one is free of it, even within the family. And this is a very large cross.
But our joy is the salvation and never can be compared with it. No one
division, sword, suffering or cross can be compared with the hope of the
eternal heavenly life and joy. We were not exactly divided by Jesus, but chosen
by him to enjoy the union with him and the Father almighty. And let us remember
that the Word of God is the only one who can rebuild and unite any division
again. Amen.
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