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domingo, 29 de junho de 2014

Mensagem 3º dom. após Pentecostes



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 119.153-160; Jr 28.1-9; Rm 7.1-13; Mt 10.34-42 – 3º dom. após Pentecostes A 2014
Divididos ou escolhidos?
v. 34: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada”.
É muito triste, mas acontece muito. Onde quer que vamos nós a encontramos. Em todas as esferas da vida, do conhecimento, da religiosidade, lá está ela. Estamos falando da palavra “divisão”. Afinal, qualquer coisa pode ser motivo para divisão: o time de futebol, o ponto de vista divergente em relação a algum assunto e, muitas vezes, o conceito de religião, fé e salvação.
É nesse último ponto que Jesus toca no texto indicado para este 3º domingo após Pentecostes. E Jesus também fala em divisão. O que mais surpreende é que Jesus não dá ênfase na luta pela união. Jesus enfatiza o fato de que sempre haverá divisões; que estas fazem parte da vida e que, quem está unido com ele, possivelmente irá sofrer com divisões.
O capítulo 10, sem dúvida, é um dos capítulos mais impactantes de Mateus. Jesus havia escolhido seus doze discípulos e começa a instruí-los: eles iriam anunciar a vinda do reino de Deus, fazer curas, expelir demônios. Mas nem tudo seria às mil maravilhas.
Também haveria dificuldades. Eles seriam odiados, perseguidos, desprezados e talvez até mortos. Aliás, esse foi o texto da semana passada. E o texto de hoje é a continuação, onde Jesus deixa bem claro: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada”.
Aqui, com certeza, “espada” não significa “justiça” como em outros lugares. Tudo bem, a gente até poderia dizer “não vim trazer paz, mas justiça”, pois a justiça de Deus é algo totalmente diferente do que o ser humano entende por justiça. E, naturalmente, essa justiça traria (e traz) discórdia.
No entanto, parece mais apropriado entender “espada” como “divisão”. O próprio contexto mostra isso. Por exemplo pelo versículo que segue: “Pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra”.
Mas que divisão é essa que Jesus traz? Em que sentido Jesus vem trazer a espada? Com certeza Jesus não é nenhum radical que vem querendo causar toda sorte de divisões entre as pessoas pregando novos ideais, novos valores ou alguma coisa, assim, revolucionária. Muito pelo contrário, Jesus não traz a espada como se essa fosse a sua vontade. A sua vontade é sempre trazer a paz e, de forma especial, a paz de Deus e a paz com Deus.
Mas só tem essa paz aquele que crê em Jesus como seu único Senhor e salvador. Infelizmente viver essa paz, viver essa fé no salvador nem sempre é fácil. Sempre haverá aqueles que não creem em Cristo e que vão perseguir, zombar e desprezar os cristãos.
E ninguém está livre disso. Nem mesmo dentro da sua própria casa. Problemas familiares sempre são um peso enorme, seja qual for a razão do problema. Como é ruim quando há discórdia na família. É o tipo de coisa que corrói a todos por dentro. Todos se machucam. E, muitas vezes, por bobagem.
Só que quando a discórdia é por causa da fé, aí a coisa fica difícil mesmo. Porque fé não é coisa que se possa chegar a um bom senso, a um meio termo. Não existe síntese da fé, onde cada um pode ceder um pouco e chegar a um consenso. Fé é coisa séria. E fé não se discute. Também não se pode obrigar alguém a chegar à fé.
Quando Jesus diz que “os inimigos do homem serão os da sua própria casa” está lembrando essa triste realidade de tantas e tantas famílias. Ou o pai é um cristão fiel, temente a Deus, que quer ajudar nas tarefas da igreja, mas a esposa não é e passa a ser uma pedra no sapato, que não deixa ele ir em frente. Ou a mulher tem uma fé cristã fervorosa e quer ajudar, participar nas responsabilidades da igreja, mas o marido não tem essa fé e só puxa para trás.
Assim também várias podem ser as razões que criam discórdia, que tiram a paz mesmo no lugar que mais amamos: a nossa casa.
Infelizmente, nessas situações não há muito o que fazer. Se aquele que é cristão ceder ao que o outro pensa e deixar até mesmo de participar dos cultos, como tantas vezes acontece, estará abandonando a fé cristã. Jesus disse de forma bem clara: “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim”.
Para o cristão, ter discórdias na família por causa da fé é uma cruz, e das grandes. Porém a cruz precisa ser tomada. Não pode ser evitada ou negada. Precisamos seguir Jesus em qualquer situação, não importa o que aconteça, não importa o que digam, mesmo que quem esteja dizendo algo contra seja alguém da nossa própria família. Podemos e até devemos amar essas pessoas, mas a Cristo acima de tudo.
Por isso aqui Jesus fala da vida. Quem busca nele a vida, quem tem nele a vida encontrou a vida verdadeira, que é a vida eterna. Por outro lado, quem busca os interesses da sua própria vida terrena em primeiro lugar, rejeita a Cristo e não recebe a vida eterna.
Porém, como cristãos, em tudo somos bem-aventurados. Pois no nosso seguir Jesus, no nosso tomar da cruz, no nosso participar da vida da igreja, quando não aprovam essas atitudes e nos desprezam por isso, não é a nós que estão rejeitando, mas ao próprio Cristo.
Por outro lado, na atitude mais simples de bondade, como dar a alguém um copo de água fria, o cristão sabe que o próprio Cristo aprova esta atitude e se alegra como se estivéssemos fazendo a maior de todas as boas obras.
Não é preciso grandes habilidades, conhecimento, oratória nem nada que chame a atenção para nós ou que nos faça parecer capazes de servir no reino de Deus. Basta manter o coração aberto e fazer aquilo que o Espírito Santo nos move a fazer. Seja nos momentos ou nas atitudes mais simples do dia-a-dia. Um copo de água, um bom dia, um obrigado, um “posso ajudar?”.
E é aí que está a nossa alegria. A alegria do cristão em poder servir a Deus em tudo aquilo que faz, até nas coisas mais pequenas e mais simples. Seja com as pessoas da nossa casa ou não.
E para dar continuidade às suas obras é que Deus continua escolhendo pessoas, chamando à fé e fortalecendo a nossa fé. Para que, através de nós, mesmo em meio a dificuldades e divisões, o seu amor seja levado ao mundo.
Talvez o mais correto não seja dizer que Jesus nos dividiu dos demais, que não creem, mas que Jesus nos escolheu. A divisão é coisa que vem do pecado humano que rejeita a Cristo e faz luta contra os que nele creem. Mas Cristo nos escolheu. Escolheu-nos para anunciarmos a sua paz e o seu amor, a única coisa que pode unir perfeitamente os casamentos abalados, as amizades rompidas e, acima de tudo, o nosso relacionamento com o nosso Deus e Pai.
Sim, a divisão está por todo lugar. Por isso queremos que também a Palavra de Deus esteja em todo lugar. Pois só a maravilhosa mensagem do grande amor de Deus pela humanidade pode reconstruir e unir novamente qualquer divisão. Amém.


A summary…
v. 34: “Think not that I am come to send peace on earth: I came not to send peace, but a sword”.
This is very sad, but it happens. Wherever we go, we find it. In all spheres of life, knowledge, and even religion, there it is. We are talking about division. After all, anything can be a reason for division: the soccer team, the divergent point of view about a subject and, lots of times, the concept of religion, faith and salvation.
It is about this last point that Jesus speaks in the text to this 3rd Sunday after Pentecost. Jesus speaks of division too. What is striking is that his emphasis is not to fight for union, but in the fact that always will exist division; this is part of this life and that who is united with him, possibly will suffer with divisions.
But, what division is it? What sword does Jesus came send? The division and sword Christians always can suffer are persecution, mockery and contempt. No one is free of it, even within the family. And this is a very large cross.
But our joy is the salvation and never can be compared with it. No one division, sword, suffering or cross can be compared with the hope of the eternal heavenly life and joy. We were not exactly divided by Jesus, but chosen by him to enjoy the union with him and the Father almighty. And let us remember that the Word of God is the only one who can rebuild and unite any division again. Amen.

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