Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 130;
Gn 3.8-15; 2Co 4.13-5.1; Mc 3.20-35 – 2º
dom. após Pentecostes B 2015
Vivendo na família
como filhos de Deus
v. 35: “Portanto,
qualquer que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe”.
Quando Deus criou Adão
e Eva, a instituição mais importante deste mundo estava sendo criada: a
família. Todos nós conhecemos o relato em que Deus disse que não seria bom se o
homem vivesse sozinho, assim como não seria para a mulher se ela tivesse sido
criada primeiro. Deus conhece muito bem a necessidade que o ser humano tem de
viver acompanhado. E com certeza o próximo mais próximo que alguém tem são os
membros da sua família: marido ou esposa e depois os filhos.
No entanto, o texto de
Gênesis que lemos hoje mostra que triste rumo Adão e Eva tomaram. Não fizeram a
vontade de Deus e isso trouxe o pecado ao mundo que deturpou completamente
aquela visão bonita do casamento e da família, além de afetar diretamente as
atitudes das pessoas. O resultado nós vemos a todo instante: mau uso da
sexualidade, filhos não planejados, brigas, agressões, divórcios. Isso só para
não estender muito a lista.
O evangelho de hoje
tem uma maneira particular de falar sobre a família. De certa forma, Jesus nos
dá um conceito novo de família. Mas até chegar lá, temos um caminho a
percorrer. O texto parece ter três momentos e vai ajudar muito passar por todos
eles: Primeiro as curas de Jesus, depois a crítica dos escribas e a resposta de
Jesus e, por fim, o que ele fala sobre família.
Se a gente der uma
lida rápida no que antecede o texto de hoje, vamos ver que Jesus vinha
realizando muitas curas em muitos lugares. E é claro que poderes assim sempre
são bem-vindos, especialmente ao enfermo, ao aleijado, ao paralítico. E a fama
de Jesus se espalhou rapidamente. Finalmente, Jesus queria ir para casa
descansar e comer alguma coisa. Mas, com aquela multidão em busca dos seus
milagres, nem isso ele estava conseguindo.
Quem dera se toda
aquela multidão estivesse ali simplesmente por Jesus. Para ver Jesus, para
estar com Jesus, para aprender com Jesus. Mas infelizmente a verdade é que,
apesar de todos estarem em volta dele, Jesus estava em segundo plano neste cenário.
O que vinha em primeiro lugar para aquelas pessoas eram os seus próprios
interesses.
E, como é facilmente
perceptível, certas coisas nunca mudam. Quantos hoje em dia também vivem
afastados de Deus mesmo que se digam cristãos? Não se interessam em conhecer a
vontade de Deus, não trabalham pelo reino de Deus. Só buscam a Deus em tempos
de necessidade. Ou seja, tanto numa quanto noutra situação, tanto quando não
buscam a Deus ou quando buscam, na verdade nunca buscam. Porque o que buscam,
na verdade, é sempre atender aos seus próprios interesses.
Essas pessoas, assim
como Adão e Eva quando desobedeceram, não fazem a vontade de Deus que é buscar
a Jesus, seguir Jesus e aprender com Jesus acima de qualquer outra coisa. E a
partir desta vida com Deus colocar em prática os seus mandamentos.
Nesse momento, então,
os escribas começam a acusar Jesus de estar possuído pelo demônio como se daí
viesse o poder para as curas que ele realizava. Claro que isso não faz nenhum
sentido. Jesus mesmo diz assim: Olha, se fosse assim, satanás estaria voltado
contra si mesmo. É isso que vocês estão dizendo?
E chama a nossa
atenção que Jesus usa um exemplo familiar para exemplificar isso. Ele diz: “Se
uma casa estiver dividida contra si mesma, tal casa não poderá subsistir”.
Como é triste ver um
mundo de lares divididos. Lares divididos por brigas, por ofensas, separações.
Ou mesmo quando a família não tem esse tipo de problema, mas também não tem
tempo para ficar com o outro. Ou ainda, não separam este tempo. É incrível como
as pessoas conseguem fazer tanta coisa, mas não reservam tempo para as pessoas
que mais amam.
Por que os casais não
desligam aquela maldita televisão e vão tomar um chimarrão ou tereré na área de
casa? Conversar sobre a vida, compartilhar alegrias e dificuldades. E os nossos
jovens por que não largam aquela porcaria de celular e vão perguntar o pai ou a
mãe precisam de alguma coisa? Nós não queremos fazer a vontade de Deus? Os
mandamentos a gente já conhece. Agora é só colocar em prática, e é preciso começar
dentro de casa. Porque quem não respeita e ajuda os próprios familiares não tem
o direito de se dizer cristão.
Quantas vezes também
(e isso é uma coisa que a gente precisa estar sempre atento) a pessoa está com
problemas no trabalho ou na vida social ou consigo mesma e acaba descontando na
sua família? Só porque eu estou de mal com a vida a minha família precisa
sofrer junto comigo? Além disso, compartilhar o sofrimento pode até ajudar.
Sair brigando com todo mundo com certeza não ajuda em nada.
E aqui chegamos ao
final do texto. Marcos escreveu que, naquele momento, enquanto Jesus falava, a
família de Jesus chegou lá e pediram que o chamassem. E Jesus mais uma vez nos
surpreende com a resposta.
Ele olha as pessoas
que estavam ali com ele – que já não era aquela primeira multidão – e diz
assim: Essas pessoas que estão aqui não buscando curas, ou em razão dos seus
próprios interesses, das suas próprias necessidades, mas simplesmente por minha
causa, porque querem estar comigo e aprender comigo, esses são a minha família.
Duas coisas
importantes aqui antes que alguém entenda mal. Primeiro: Jesus não está
desprezando a sua família. Ele nunca faz isso. Lembremos que mesmo quando
estava pendurado na cruz ele se preocupou mais com a sua mãe do que consigo
mesmo. Aqui, Jesus simplesmente aproveita aquela situação para transmitir um
ensinamento muito importante: que aqueles que fazem a vontade de Deus são da
família de Deus.
O que Jesus está
dizendo é: eu tenho uma outra família composta por aqueles que fazem a vontade
de Deus. Aquelas pessoas estavam lá apesar dos conflitos, apesar de tudo o que
estavam dizendo de Jesus.
Assim também nós
podemos e de fato temos conflitos em nossa vida. Por vezes, dentro da nossa
família. Talvez pessoas que não nos acompanham na nossa caminhada cristã, que
não fazem questão de fazer a vontade de Deus. Pode ser que muitos dos nossos
familiares neste momento estejam em casa. Alguns por motivos que justificam,
outros não. E esses são momentos em que é preciso muita coragem e determinação
para dizer: - então você fica, mas eu vou, porque eu sei o que Deus espera de
mim.
E segundo: isso não
significa que Jesus não se preocupa com as nossas necessidades. Vejam as tantas
curas e milagres que ele realizou. Como ele sempre queria ajudar as pessoas
especialmente ensinando a elas sobre o reino de Deus. Porque ele sabia que mais
importante ainda do que a cura física é a cura espiritual. É a nossa salvação.
Assim também nós
podemos sempre ter certeza de que Jesus conhece o que aflige o nosso coração.
Ele sabe das nossas necessidades. E ele cuida de nós porque nós somos a sua
família.
E muitas vezes Jesus
quer fazer isso por nosso intermédio. De modo que cabe a nós também, como
irmãos na fé, vivermos em união e ajudarmos uns aos outros nas suas
necessidades. Não só materiais, mas também espirituais.
Assim como Jesus disse
à Maria e João que estavam no pé da cruz “eis aí teu filho; eis aí tua mãe”,
assim ele também nos convida a olharmos o nosso próximo como irmãos, filhos ou
pais que precisam de nós. Mais do que isso, como pessoas que Deus colocou ao
nosso redor por nenhuma outra razão do que essa: para que cuidemos uns dos
outros.
Adão e Eva estragaram
tudo, mas Deus consertou enviando Jesus. E Jesus quer vir morar em nossos lares
por meio da sua Palavra, da oração e de vida cristã para que, onde o nosso
pecado tenta estragar tudo, Jesus plante o amor em lugar da indiferença, o
altruísmo em lugar do egoísmo, a benignidade em lugar do orgulho.
Deus sabe o quanto o
pecado atrapalha nossos relacionamentos. Mas também sabe o quanto essas pessoas
são importantes para nós. Jesus quer que tenhamos uma família feliz e cristã. E
só Jesus pode tornar nossos lares felizes mesmo em meio às dificuldades. Só ele
pode formar uma família cristã onde todos juntos buscam o reino de Deus em
primeiro lugar. Por isso, se você busca o bem da sua família, siga a Jesus e
faça a vontade de Deus. Essa é a melhor coisa que podemos fazer pela nossa
igreja e pela nossa família. Amém.
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