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sexta-feira, 22 de maio de 2015

Mensagem Pentecostes B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 139.1-16; Ez 37.1-14; At 2.1-21; Jo 15.26-27;16.4b-15 – Pentecostes B 2015
O Espírito Santo convence da verdade
v. 8: “Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo”.
Vivemos em um mundo relativista. Tudo é relativo, inclusive a verdade. O que você entende por verdade pode ser bem diferente do que eu entendo, mas mesmo assim a gente pode conviver numa boa. Ou, quem sabe, podemos até misturar as nossas verdades e chegar a um consenso, afinal, tudo é relativo, tudo é duvidoso, ninguém pode ter certeza daquilo que crê.
Por isso chama a atenção no texto do evangelho de hoje que Jesus chama o Espírito Santo de Espírito da verdade. E já que ele é o Espírito da verdade, ele viria (e vem) para anunciar a verdade. Só que não é uma verdade, é a verdade.
No versículo lido há pouco, Jesus diz assim: “Quando ele vier, convencerá o mundo...”. Quando é que você precisa convencer alguém de alguma coisa? Normalmente quando a pessoa tem uma ideia errada sobre aquilo. E esse é o sentido aqui. O Espírito Santo vem para mostrar que o mundo tem uma ideia errada sobre as coisas de Deus.
E o erro consiste basicamente em três conceitos: No conceito de pecado, justiça e juízo. E esses são conceitos básicos para a fé cristã. Se não tivermos clareza sobre essas coisas provavelmente estaremos caminhando em uma direção que não é nada segura. Então vamos lá!
Em primeiro lugar, o Espírito da verdade nos convence do pecado. As pessoas são muito criativas e conseguem criar inúmeros conceitos sobre o que é pecado. Seja como for, o conceito mais geral é aquele que se refere às nossas atitudes. A grande maioria das pessoas entende que sempre que alguém quebra uma lei de Deus ela está cometendo pecado.
Então, pecadores são aqueles que cometem pecados. O assassino, o infiel, o ladrão, o mentiroso. Esses são pecadores. Os outros têm lá seus pecadinhos, mas esses nem contam. O importante é que todo mundo tem condições de escolher se quer ser uma pessoa boa ou uma pessoa má. E quando Deus vier para o acerto de contas, é claro que ele vai levar em conta o número de pecados e o número de boas ações. Certo? Tudo errado.
Quebrar os mandamentos de Deus é pecado e todo aquele que se diz cristão deveria fazer de tudo para guardar esses mandamentos. Infelizmente, o que a gente vê é que muita gente nem mesmo conhece os mandamentos. Mesmo assim essa é uma visão muito superficial do pecado. Pecado não é só aquilo que nós fazemos, pecado é o que nós somos.
Quando o pecado entrou no mundo, ele passou a fazer parte da natureza humana. Todo ser humano, sem exceção, é completamente pecador porque o pecado faz parte dele. Nossa natureza é totalmente corrupta. Não existe nada de bom dentro de nós. É só maldade, pecado e ódio a Deus e ao próximo.
E por causa disso, tudo o que nós fazemos é pecado. Não só as coisas ruins e maldosas, mas também as nossas boas obras. Por melhor que seja a aparência das coisas que fazemos, elas estão contaminadas de pecado. Pense, por exemplo, num daqueles pratos de encher os olhos, e se eu disser que esse prato está envenenado. O veneno não aparece, a aparência é boa, mas não serve para nada.
Esse é o conceito de pecado que levou o grande teólogo Martinho Lutero a dizer que não passava de um saco de vermes. Esse é o conceito que levou o grande apóstolo Paulo a se considerar o pior dos pecadores. E essa é a nossa realidade, uma realidade que nós não conseguimos perceber por nós mesmos, dependemos da ação do Espírito Santo.
E é importante notar também que Jesus aqui relaciona o pecado com o fato das pessoas não crerem nele. Em última análise o grande pecado é a incredulidade. A fé em Jesus é o fator decisivo na nossa relação com Deus. Se não cremos, não importa o quanto nos esforcemos, não vamos ser aceitos por Deus. Mas se cremos, também não importa o quanto nos esforcemos porque continuamos a ser o mesmo saco de vermes de sempre. Só que com uma grande diferença: Agora Deus gosta deste saco de vermes.
E isso nos leva ao que vem em segundo lugar: o Espírito da verdade nos convence da justiça. Aqui a pergunta é: o que é justo quando o assunto é salvação? Será que é justo que alguém que viveu uma vida toda em pecado e só chegou à fé no final da vida seja salvo? Bem, se você pensa que alguns anos de vida piedosa não podem compensar uma vida inteira de maldades, então você também precisa dizer que Jesus cometeu uma grande injustiça quando salvou o malfeitor que estava ao seu lado na cruz.
O que acontece é que o nosso conceito de justiça funciona na forma de retribuição. Nunca é justo ganhar alguma coisa de graça, a não ser que seja um presente. Caso contrário, se você quer alguma coisa precisa fazer por merecer. Não é de se espantar que quando se trata de salvação, a pergunta é sempre igual à do jovem rico que foi falar com Jesus: Mestre, o que eu preciso fazer para ser salvo?
E é aí que o Espírito Santo entra em cena para nos convencer de que o nosso conceito de justiça está errado porque a justiça de Deus é bem diferente. Quando Deus encontra o ser humano caído em pecado, ele não passa a mão na nossa cabeça e diz “não tem problema”. Tem problema sim! E um problema grave. Tão grave que alguém vai ter que pagar por isso.
Só que a loucura da decisão de Deus é que ele escolhe a si mesmo para pagar pelo nosso pecado. Por amor a nós, Deus abre mão do que tem de mais precioso e envia o seu Filho unigênito para sofrer e morrer o sofrimento e a morte que nós merecemos para o perdão dos nossos pecados. E a todos os que creem nisso de todo o coração, Deus concede o seu perdão, aceita como seus filhos e dá de presente a salvação.
Cristo é a nossa justiça diante de Deus de modo que não há pecado mais grave do que negar a graça de Deus em Cristo. E fazemos isso quando não confiamos que a Paixão e morte de Jesus por nós já pagou toda a nossa dívida e queremos realizar ou inventar coisas que nós podemos fazer para merecer a vida eterna. Ou, pelo menos, para ajudar na nossa salvação como se o que Jesus fez não fosse o suficiente.
Somos completamente dependentes da ação do Espírito Santo para podermos crer em uma coisa assim que, do ponto de vista humano, não faz nenhum sentido. Não é à toa que frequentemente você encontra pessoas que cresceram dentro da igreja, estudaram as doutrinas bíblicas, dizem crer em Jesus, mas quando a gente pergunta “por que você tem certeza da salvação?” a resposta normalmente é: porque eu não faço mal para ninguém, porque eu procuro ser uma pessoa boa e por aí vai. Realmente, sem o Espírito Santo, nunca poderíamos entender as coisas de Deus.
E em terceiro lugar, o Espírito da verdade nos convence do juízo. Quando a gente ouve esta palavra, imediatamente a gente pensa no juízo final. Mas aqui Jesus está falando de um juízo que já aconteceu. Ele diz: “porque o príncipe deste mundo já está julgado”. E é claro que Jesus está do diabo.
Quando Jesus ressuscita dos mortos, ele acaba de uma vez por todas com o poder do diabo. O diabo não tem mais poder sobre aqueles que creem em Jesus. E se o diabo não tem mais poder sobre nós, então o pecado também não tem e aqui se cumpre o que o apóstolo Paulo escreve aos romanos que não há mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus.
E agora, livres desses poderes somos livres para servir ao nosso salvador Jesus Cristo com alegria e gratidão em nosso coração. – Mas espera aí pastor, você acabou de dizer que eu preciso fazer nada! Sim, eu disse que você não precisa fazer nada, não que você não vai fazer nada.
Para a nossa salvação, o que precisava ser feito Jesus já fez. E ele fez tudo de forma tão perfeita que a nós basta simplesmente crer no perdão que ele conquistou por nós. Mas o fato de que um dia nós seremos julgados, o fato de Deus ter nos ensinado a sua vontade na Bíblia, o fato de que Deus tem propósitos para nós cristãos, tudo isso mostra que a fé em Jesus não pode ficar ociosa. Além do mais, quão ingratos e egoístas nós seríamos se não quiséssemos servir àquele que morreu por nós e nos deu gratuitamente a salvação. De modo que onde habita o Espírito Santo, ali a fé não fica de braços cruzados.
Vivemos num mundo relativista onde a verdade é constantemente questionada. O que fazer? O caminho parece ser este: Nas coisas deste mundo, nas opiniões sobre política, futebol, administração se o outro quiser pensar diferente não tem problema. Nós mesmos podemos estar constantemente aprendendo uns com os outros ou misturando as “verdades”. Mas quando se trata da nossa salvação só existe uma verdade que é aquela revelada pelo Espírito Santo ao nosso coração que Jesus é o único e suficiente salvador. Desta verdade nós podemos ter certeza. Que o Espírito Santo nos mantenha nesta verdade. Amém.
Oração:

Onipotente Deus, Pai misericordioso, que criaste a tudo e a todos de forma tão maravilhosa. O teu povo canta louvores a ti. Louvores que brotam de corações agradecidos pela salvação que vem de ti. Enviaste teu Filho ao mundo para fazer o que nós não poderíamos fazer. Nele, trouxeste salvação a todos os que creem no perdão dos pecados. Envia teu santo Espírito sobre a tua Igreja na terra para que cada cristão alcance o pleno conhecimento do teu amor e misericórdia e sinta desejo e alegria de servir ao salvador Jesus Cristo em casa, na igreja e na sociedade. Que cada um, conforme a sua vocação e dons graciosamente recebidos, possa se colocar ao dispor daquele que por todos nós morreu e ressuscitou. Assim, que o teu nome seja honrado, engrandecido e proclamado sob a reta orientação do Espírito da verdade. Em nome daquele que é a nossa justiça diante de ti, Jesus Cristo, nosso amado salvador. Amém.

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