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quarta-feira, 17 de junho de 2015

Mensagem 4º dom. após Pentecostes B 2015

Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 124; Jó 38.1-11; 2Co 6.1-13; Mc 4.35-41 – 4º dom. após Pentecostes B 2015
Confiança nas tempestades da vida
v. 39: “E ele, despertando, repreendeu o vento e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou, e fez-se grande bonança”.
A situação dos discípulos não era nada fácil. Já tarde da noite tiveram de subir no barco e adentraram no mar. De repente foram acometidos por uma tempestade tão forte que até eles, homens experientes, muitos pescadores, ficaram com medo porque não sabiam mais o que fazer. Enquanto isso, Jesus dormia como uma criança como se nada estivesse acontecendo.
Na nossa vida também enfrentamos muitas tempestades. Tempestades essas que nós costumamos chamar por outros nomes como enfermidade, violência, luto, sofrimento, desespero, medo e por aí vai.
O interessante neste texto de Marcos é que aquela experiência dos discípulos no mar reflete muito bem a nossa experiência com as tempestades que enfrentamos. Em primeiro lugar por causa da tempestade. Conforme vimos, ela simplesmente se levanta. Ou seja, ela não avisa que está chegando.
Por vezes, as tempestades mandam alguns sinais indicando que se aproximam. Nuvens escuras, o vento que sopra em determinada direção indicam que algo está por vir. Assim também muitas vezes nós recebemos “sinais” indicando que alguma tempestade se aproxima. E, normalmente, nesses casos, a atitude que tomamos a partir destes sinais pode determinar se aquela tempestade vai mesmo vir ou não.
Estes sinais acontecem de várias maneiras. Podem ser as palavras do pai dizendo ao filho que se dedique nos estudos; pode ser uma advertência médica; ou, por que não, um daqueles versículos bíblicos de lei ou orientação para a vida cristã. Nesses casos, podemos evitar algumas tempestades, desde que tenhamos coragem e força de vontade para tomar a decisão certa.
Porém outras vezes, como foi no caso dos discípulos, a tempestade não liga nem manda recado, ela simplesmente aparece. Não dá tempo de se preparar nem de tomar um outro rumo. Quando este é o caso, o jeito é enfrentar a tempestade.
Assim também muitas vezes nós somos surpreendidos pelas tempestades da vida. Num momento tudo vai bem, cada um com suas responsabilidades, trabalhando, estudando. Porém, uma notícia ao telefone, um descuido no trânsito e, em questão de segundos, tudo pode mudar.
Por que Deus permite essas coisas? Será que fulano de tal merecia passar pelo que está passando? Essas são perguntas que a gente ouve quase todo dia. Como se Deus, o Criador de todas as coisas (aliás, o nosso Criador) tivesse que dar justificativas sobre as decisões que ele toma.
Mas essa é a atitude comum do ser humano. Quando os discípulos acordaram Jesus por causa da tempestade, a primeira coisa que eles disseram foi: “Mestre, não te importa que pereçamos?” Os discípulos confiavam em Jesus... até aquela hora. Quando a tempestade chegou, a confiança foi embora.
É exatamente como nós costumamos fazer também. Quando tudo vai bem, não temos dúvidas do cuidado e da proteção de Deus. Mas quando a dificuldade bate à porta, será que mantemos essa mesma confiança ou começamos a questionar se Deus se importa com o nosso sofrimento?
Pelo menos a tempestade fez os discípulos recorrerem a Jesus. Quando viram que, por sua própria força, experiência ou capacidade não iriam conseguir controlar a situação, eles lembraram que talvez Jesus pudesse fazer alguma coisa.
Muitas vezes as tempestades que enfrentamos também nos servem para lembrar da nossa fragilidade e do quanto somos dependentes de Deus. Muitos são os que se acham poderosos e autossuficientes. Vivem como se estivessem até mesmo acima da vida e da morte. De vez em quando Deus manda alguns sinais de advertência. Mas, infelizmente, para a maioria parece que o barco precisa afundar primeiro. Quando, então, não há mais onde se agarrar, finalmente lembram de Jesus.
Por que Deus permite? Com certeza não é porque ele não se importa, mas porque ele precisa. E, na sua infinita sabedoria, toma decisões e providências para nos lembrar que não somos os donos do mundo. Que, na verdade, mal conseguimos cuidar da nossa própria vida.
E tudo isso Deus faz em amor por nós. Porque a luta diária de Deus é nos manter perto dele; é nos manter no caminho certo para que, ao final desta jornada, cheguemos ao porto seguro nos céus.
E para nos manter neste caminho e nos dar a salvação Deus faz tudo o que for necessário. É pelo desejo da nossa salvação que Deus move céus e terra e converge todas as coisas numa direção tal que nos mantenha na fé e na salvação.
E aí se cumpre o que o apóstolo Paulo escreveu aos romanos, que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus. E “todas as coisas” significa que também as tempestades e o sofrimento humano são instrumentos de Deus para o bem maior que é a vida eterna com ele nos céus.
É realmente uma pena que nem sempre conseguimos lembrar disso quando enfrentamos as intempéries da vida. Nem os discípulos que estavam com Jesus ali do lado conseguiram ter a fé que deveriam.
Que bom que Jesus não se limita a agir dependendo do tamanho ou força da nossa fé. Quando ele acorda, a primeira coisa que faz é acalmar a tempestade. Depois ele pergunta: Por que vocês não creram?
Não que a fé iria evitar a tempestade ou iria fazer com que ela parasse. Mas com certeza teria evitado grande parte de um sofrimento desnecessário. Porque se a confiança na proteção de Deus tivesse sido maior que o medo de naufragar, então mesmo que naufragassem, eles saberiam que estavam nas mãos de Deus.
Mas Jesus não só repreende a nossa falta de fé. Ele também nos ensina a atitude correta diante das dificuldades. Mas espera aí, Jesus estava dormindo! Exatamente. Dormir significa confiar que o Pai celeste cuida de nós. Claro que esse “dormir” não é largar os remos e deixar o barco à deriva. Não vamos deixar de lutar como se Deus fosse fazer tudo sem a nossa participação.
Esse “dormir” significa confiar que Deus luta pelo nosso bem e pela nossa salvação. De modo que, quer o tempo esteja limpo ou fechado, quer esteja caindo uma tempestade ou mesmo que o barco vire, não importa porque Deus é o capitão e nós entregamos a nossa vida em suas mãos porque nele nós podemos confiar.
Ser discípulo não significa que nesta viagem não haverá tempestades. É melhor do que isso. Significa que mesmo nas tempestades Jesus está no nosso barco. E é por isso que podemos seguir em frente confiantes. Porque mesmo que a tempestade não cesse nesta vida, temos a certeza de uma grande bonança nos céus onde, então, estaremos só com Jesus – sem tempestade. Amém.

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