Igreja
Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr.
Edenilson Gass
Sl 47; At 1.1-11; Ef 1.15-23; Lc 24.44-53 – Ascensão do Senhor 2015
O grande Rei ascende aos céus
v. 51: “Aconteceu que,
enquanto os abençoava, ia-se retirando deles, sendo elevado para o céu”.
Depois de um ano
letivo, seja na escola ou na faculdade, nada como um período de férias. Ainda
mais em nível superior porque, para muitos, é um período onde se trabalha de
dia, vai à faculdade à noite e estuda de madrugada. Mas não há dúvidas de que
vale a pena. E para quem se esforça as férias vem como um merecido descanso.
Os alunos de Jesus
parecem estar entrando de férias depois de três anos consecutivos de aulas
teóricas e práticas com o seu grande mestre. Mas agora Jesus está se despedindo
deles. Mesmo assim, será que isso significa férias?
Na última
quinta-feira, dez dias antes do Pentecostes, foi o dia da Ascensão e é isso que
nós estamos comemorando hoje. É uma pena, mas a Ascensão é uma daquelas festas
que várias vezes passa despercebida pelos cristãos.
Isso, talvez, em
grande parte porque não se entende exatamente qual é o significado da Ascensão.
E é por isso que você ouve falar em despedida, como se esse fosse o único
significado; outros simplesmente fazem de conta que a ascensão de Jesus não tem
importância e já pulam direto para o Pentecostes, dizendo que Ascensão já é o
envio para anunciar o Evangelho.
É verdade que não
podemos tirar a Ascensão do seu contexto que são os cinquenta dias entre a
Páscoa e o Pentecostes. Existe um relação muito importante entre os três: Na
Páscoa Jesus mostrou a sua vitória sobre a morte; a subida de Jesus aos céus
reforça mais uma vez o fato de que a sua obra em favor da humanidade foi
totalmente completada; e a descida do Espírito Santo era decisiva para que a
mensagem da Páscoa, da Ascensão, enfim, que toda a mensagem do Evangelho fosse
anunciada.
Isso nos dá uma visão
mais geral da Ascensão e agora podemos observá-la mais de perto. Quando Jesus é
elevado aos céus bem diante dos discípulos é porque ele tinha concluído
totalmente a sua tarefa aqui no mundo. Lembremos que esses quarenta dias em que
Jesus ficou no mundo depois da sua ressurreição também tinham um propósito e
esse propósito era aparecer a muitas pessoas que seriam testemunhas da sua
ressurreição.
Tendo feito isso,
Jesus ascende aos céus. O que Jesus faz não é nada mais do que voltar ao seu
lugar de direito. Ele veio de lá ao mundo com um propósito, e esse propósito
agora estava cumprido.
O que Jesus faz aqui é
aquilo que nós professamos todos os domingos que ele subiu aos céus e está
sentado à direita de Deus Pai. Jesus volta a fazer o uso completo do seu poder.
Ele subiu de volta aos céus para de lá reinar, governar e dominar sobre tudo e
sobre todos – e notem bem: não só sobre os cristãos.
Como lemos hoje no
texto de Efésios, ele está acima de todos os domínios e poderes. E não há nada
que aconteça neste mundo sem a providência ou a permissão de Jesus. Lembrando
um versículo bíblico: Nem um só fio de cabelo cai da nossa cabeça se não for da
vontade de Deus.
E é exatamente aí que
começam os problemas. Porque o nosso grande mal, o nosso pior pecado é quando
não confiamos na providência e no cuidado de Deus. Mesmo sabendo que ele é o
Deus Todo-poderoso, Criador dos céus e da terra, ainda assim queremos nós ter
nas mãos as rédeas da nossa vida.
Queremos decidir,
providenciar, suprir, guardar, crescer como se tudo dependesse da nossa
dedicação e do nosso trabalho. Vivemos ansiosos, agitados de um lado para o
outro, sempre preocupados com o dia de amanhã e esse dia pode nem chegar.
E aí você vê um monte
de gente que, enquanto houver força e dinheiro, vive com toda a confiança,
inclusive brincando de ser o autor da própria vida. Mas quando isso vai embora,
quando o dinheiro acaba e a saúde se esvai, o medo e o desespero tomam conta.
Planejar, administrar
e até mesmo ter um certo nível de preocupação com a vida demonstra
responsabilidade. E isso é importante. Mas também é importante estar ciente do
que diz o livro de Provérbios: o homem até pode fazer os seus planos, mas Deus
é quem dá a última palavra.
E a última palavra de
Deus sempre é a melhor. Porque Deus não só tem todo o poder como também conhece
todas as coisas. Ele sabe do que nós precisamos. E a fé verdadeira é quando
confiamos que, em Jesus, Deus está continuamente lutando pelo nosso bem e pela
nossa salvação mesmo quando tudo aquilo que nós vemos ou enfrentamos diz o
contrário.
É a única fé que traz
conforto àquele que sofre. A única certeza que nos faz seguir em frente com
alegria e confiança porque sabemos que o Rei do mundo está a nosso favor.
Aquele por meio de quem todas as coisas foram feitas é o nosso pastor,
advogado, salvador e rei.
Será que pode ter
coisa melhor do que ser súdito deste rei? Ter um rei significa estar sob a
proteção de alguém. E nessa vida de tantos inimigos que nos trazem a dúvida e o
sofrimento, nós temos que saber que tem alguém que nos defende, que nos
protege. Sim, Jesus subiu aos céus para mostrar que tudo isso é verdade, mas a
sua promessa continua válida: Eis que estarei convosco todos os dias.
A questão que fica é:
Por que ainda temos que enfrentar as dificuldades desta vida se Jesus já fez
tudo pela nossa salvação e nós cremos nisso? Porque nós somos suas testemunhas.
E estamos aí para anunciar e viver o Evangelho.
Nós podemos lembrar aqui
o tão conhecido episódio da transfiguração de Jesus em que Jesus manifesta a
sua glória e Pedro, sentindo aquele gostinho do céu, já queria armar tendas e
ficar por lá mesmo. Mas o que Jesus disse? Não. E por que não? Porque ainda há
muito trabalho a ser feito.
Jesus veio ao mundo
por nós pecadores e só subiu aos céus quando estava com a missão cumprida.
Assim também nós subiremos aos céus para estar com Jesus, mas só partiremos
quando nossa missão estiver cumprida. Alguns vão antes, outros depois, mas o
importante é que, se aqui seguimos o caminho da fé, depois vamos estar no reino
de Jesus.
Então, será que os
discípulos entraram em férias na ascensão de Jesus? Talvez uns dez dias, não
mais do que isso. Porque quando o Espírito Santo vem habitar em nós, nem a
gente faz questão de muita folga no reino de Deus. Mas isso já é assunto para o
domingo que vem.
O que precisamos
lembrar é que a Ascensão é uma festa tão importante quanto a Páscoa e o Pentecostes.
É a despedida de Jesus? Ele subiu para preparar um lugar para nós? Tudo isso é
bíblico e é verdade. Mas a grande mensagem é de que Jesus, o Deus
Todo-poderoso, é Rei sobre todas as coisas. E, de forma especial, ele é o nosso
Rei a quem nós servimos e onde nos refugiamos diante dos inimigos.
A Ascensão não pode
passar despercebida por nós cristãos. Porque é quando lembramos da
grandiosidade, da majestade e da soberania do nosso Senhor e salvador Jesus
Cristo que, assim como foi assunto ao céu, virá a julgar os vivos e os mortos,
cujo reino não terá fim. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário