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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Mensagem 2º dom. após Epifania B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 139.1-10; 1Sm 3.1-10; 1Co 6.12-20; Jo 1.43-51 – 2º dom. após Epifania B 2015
Segue-me: o convite de Jesus
v. 43: “No dia imediato, resolveu Jesus partir para a Galileia e encontrou a Filipe, a quem disse: Segue-me”.
Você já percebeu como nós gostamos de convites? Estamos volta e meia convidando alguém para alguma coisa: para uma celebração de aniversário, um almoço; para um culto ou estudo bíblico; para uma palestra, uma reunião. E por aí segue uma lista nem um pouco pequena de convites que nós frequentemente entregamos ou recebemos.
Mas, com tantos convites e oportunidades, é simplesmente impossível atender a todos. Acabamos filtrando os convites e atendemos só aos que nos são mais importantes.
Jesus começa o texto de hoje com um convite. O texto vai direto ao assunto: No dia seguinte, Jesus foi para a Galileia e encontrou a Filipe, a quem disse: Segue-me.
Ah, como seria bom se houvessem mais “Filipes de Betsaida” na Igreja Cristã. Um simples convite de Jesus (“segue-me”) e ele imediatamente começa a trabalhar pelo reino de Deus. Com certeza Filipe não precisava ficar sendo lembrado que sábado tinha culto na sinagoga. Provavelmente ele era quem lembrava os outros.
E Filipe também entendeu o propósito do chamado de Jesus – que não era só para ir à sinagoga. Ele entendeu que Jesus o chamou não para dentro de mais um grupinho fechado onde, quem quiser fazer parte do grupo, que nos procure. Mas para que ele também chamasse a outros para seguir Jesus. E a isso nós chamamos discipulado.
É o que Jesus fez com cada um de nós. Já desde o batismo Jesus nos chama para segui-lo. Faz de nós seus discípulos. E, como discípulos, procuramos priorizar sempre o convite de Jesus, tanto para o seguir como para o anunciar.
É uma pena que, nesse ponto, nós luteranos não temos ido muito bem. Cada vez parece menor o número de pessoas envolvidas nas atividades da sua congregação, no testemunho diário. Enfim, vivemos um discipulado... assim... de meia-tigela.
É triste pensar que nós encontramos tempo para tanta coisa, porém quando se trata de vir à igreja o dia fica tão curto que não dá tempo. Quando o convite à Fórmula 1 começa a competir com o culto e o futebol com o estudo bíblico é hora de refletir sobre o nosso discipulado.
E o testemunho? É incrível como a gente não tem medo nem vergonha de convidar alguém para ir à nossa casa ou a algum lugar na cidade, mas para vir ao culto a gente treme que nem vara verde.
Alguém poderia dizer: Não são cristãos verdadeiros. No entanto, por mais que a gente saiba que em qualquer igreja cristã neste mundo também participam falsos cristãos, o motivo – ou os motivos – para um testemunho pouco significativo na igreja luterana parecem ser outros: Tornamos esse tipo de discipulado quase como uma cultura nossa. Não temos costume de divulgar a nossa igreja e o Evangelho.
A gente reclama dos Testemunhas de Jeová que batem à nossa porta logo no sábado de manhã para falar um monte de coisas que a gente não concorda. Mas uma coisa não podemos negar: Eles estão anunciando a Jesus.
Quando lemos o Novo Testamento, também reclamamos dos judeus que se consideravam o povo de Deus e não faziam nenhuma questão de que mais pessoas participassem desse povo. O livro de Atos até registra um episódio onde os judeus ficaram com inveja quando viram os gentios indo à sinagoga. Não gostamos da atitude deles, no entanto, agimos da mesma maneira.
Precisamos sempre olhar de novo para a Palavra do nosso Deus para, assim, lembrar do que ele espera de nós como discípulos de Jesus. Jesus nos convida para o seguir e o anunciar. Como fez o Filipe de Betsaida.
Logo depois que ele recebeu o convite de Jesus, “segue-me”, ele encontrou Natanael e, sem perder tempo, com toda a alegria disse que conheceu o salvador: É “Jesus, o Nazareno, filho de José”.
Só que Natanael, diferente do Filipe, era um cara mais difícil. Em princípio, ele duvida. Como natural de Caná e bom judeu, também conhecia as Escrituras. E, no seu conhecimento, sabia muito bem que o Messias devia vir de Belém. E ainda por cima, Caná era cidade vizinha de Nazaré. Então Natanael conhecia o povo de lá e sabia que o pessoal de Nazaré não era lá muito fiel às leis de Deus.
Por fim, ele lança a pergunta: Por acaso em Nazaré tem alguém que presta? Muitos de nós, talvez iríamos ficar um tanto intrigados com Natanael. – Puxa vida, você não acredita em mim? Se eu estou dizendo que eu encontrei o salvador é porque eu encontrei o salvador! Mas não, a atitude de Filipe é impressionante. Ele só diz assim: “Vem e vê”.
O dever cristão no seu discipulado não é ficar discutindo com as pessoas como quem quer convencer por argumento ou querendo obriga-las a seguir Jesus. O dever cristão no seu discipulado é dizer que nós conhecemos o salvador. É dizer às pessoas: “Vem e vê”. Algumas virão, outras não. Mas neste ponto, já não podemos fazer mais nada.
Agora voltemos de novo a Natanael. A atitude de Natanael reflete bem certinho aquela mentalidade judaica do grupinho fechado que olha os de fora de cima para baixo. Natanael se compara com as pessoas de Nazaré e percebe que a sua vida, moral e religiosa, é melhor do que a deles. E, imediatamente, conclui que elas não merecem fazer parte da Igreja de Deus.
É o tipo de atitude que não podemos ter. Como já falamos há duas semanas, no culto de Epifania: Não cabe a nós escolher a quem vamos testemunhar. Porque a obra de Cristo não foi por alguns, mas por todos.
E depois de levarmos as pessoas a Jesus, deixemos que o restante ele faz. Quando Natanael, todo desconfiado, vai chegando perto de Jesus, Jesus de longe já diz assim: Olhem só, finalmente um verdadeiro judeu! Um homem bom, um homem honesto!
E, como Natanael concorda com tudo isso, ele pergunta: Mas espera aí, de onde tu me conheces? E Jesus, dando uma prova da sua divindade, diz que já tinha visto Natanael debaixo da figueira antes mesmo do Filipe ter chegado lá. Finalmente, Natanael também reconhece em Jesus o Messias.
O que nós podemos entender desse texto é que tudo tem início no convite de Jesus: “Segue-me”. Pelo seu convite ele nos traz à fé e por esta fé faz de toda a nossa vida um “segue-me”. Não que queiramos que as pessoas nos sigam, mas nós dizemos: Segue-me porque eu vou te mostrar o salvador.
Como fez João Batista, um dia antes desse episódio, que estava com dois dos seus discípulos e, quando Jesus passou, ele disse: Eis o Cordeiro de Deus! Não é a mim que vocês devem seguir, é a ele. Um daqueles discípulos era André, que chamou o seu irmão Pedro. Filipe chamou a Natanael. E assim, de convite em convite, Deus vai agregando pessoas à sua Igreja.
Convites são coisas tão comuns na nossa vida. Tanto que não podemos atender a todos os convites. Sempre que aceitamos um convite, estamos recusando outro. Mas não há dúvida de que os convites de Jesus sempre são os melhores. Porque os convites do mundo sempre são para coisas passageiras, quando não pecaminosas. Porém os convites de Jesus nos levam para a eternidade. Que, enquanto estivermos aqui no mundo, possamos entregar muitos convites. E, acima de tudo, atender ao chamado de Jesus: “Segue-me”. Amém.

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