Igreja
Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr.
Edenilson Gass
Sl 139.1-10; 1Sm 3.1-10; 1Co
6.12-20; Jo 1.43-51 – 2º dom. após
Epifania B 2015
Segue-me: o convite de Jesus
v. 43: “No dia imediato, resolveu Jesus partir para a
Galileia e encontrou a Filipe, a quem disse: Segue-me”.
Você já percebeu como nós gostamos de convites? Estamos
volta e meia convidando alguém para alguma coisa: para uma celebração de
aniversário, um almoço; para um culto ou estudo bíblico; para uma palestra, uma
reunião. E por aí segue uma lista nem um pouco pequena de convites que nós
frequentemente entregamos ou recebemos.
Mas, com tantos convites e oportunidades, é simplesmente
impossível atender a todos. Acabamos filtrando os convites e atendemos só aos
que nos são mais importantes.
Jesus começa o texto de hoje com um convite. O texto vai
direto ao assunto: No dia seguinte, Jesus foi para a Galileia e encontrou a
Filipe, a quem disse: Segue-me.
Ah, como seria bom se houvessem mais “Filipes de Betsaida”
na Igreja Cristã. Um simples convite de Jesus (“segue-me”) e ele imediatamente
começa a trabalhar pelo reino de Deus. Com certeza Filipe não precisava ficar
sendo lembrado que sábado tinha culto na sinagoga. Provavelmente ele era quem
lembrava os outros.
E Filipe também entendeu o propósito do chamado de Jesus –
que não era só para ir à sinagoga. Ele entendeu que Jesus o chamou não para
dentro de mais um grupinho fechado onde, quem quiser fazer parte do grupo, que
nos procure. Mas para que ele também chamasse a outros para seguir Jesus. E a
isso nós chamamos discipulado.
É o que Jesus fez com cada um de nós. Já desde o batismo
Jesus nos chama para segui-lo. Faz de nós seus discípulos. E, como discípulos, procuramos
priorizar sempre o convite de Jesus, tanto para o seguir como para o anunciar.
É uma pena que, nesse ponto, nós luteranos não temos ido
muito bem. Cada vez parece menor o número de pessoas envolvidas nas atividades
da sua congregação, no testemunho diário. Enfim, vivemos um discipulado... assim...
de meia-tigela.
É triste pensar que nós encontramos tempo para tanta
coisa, porém quando se trata de vir à igreja o dia fica tão curto que não dá
tempo. Quando o convite à Fórmula 1 começa a competir com o culto e o futebol
com o estudo bíblico é hora de refletir sobre o nosso discipulado.
E o testemunho? É incrível como a gente não tem medo nem
vergonha de convidar alguém para ir à nossa casa ou a algum lugar na cidade, mas
para vir ao culto a gente treme que nem vara verde.
Alguém poderia dizer: Não são cristãos verdadeiros. No
entanto, por mais que a gente saiba que em qualquer igreja cristã neste mundo
também participam falsos cristãos, o motivo – ou os motivos – para um
testemunho pouco significativo na igreja luterana parecem ser outros: Tornamos
esse tipo de discipulado quase como uma cultura nossa. Não temos costume de
divulgar a nossa igreja e o Evangelho.
A gente reclama dos Testemunhas de Jeová que batem à nossa
porta logo no sábado de manhã para falar um monte de coisas que a gente não
concorda. Mas uma coisa não podemos negar: Eles estão anunciando a Jesus.
Quando lemos o Novo Testamento, também reclamamos dos judeus
que se consideravam o povo de Deus e não faziam nenhuma questão de que mais pessoas
participassem desse povo. O livro de Atos até registra um episódio onde os
judeus ficaram com inveja quando viram os gentios indo à sinagoga. Não gostamos
da atitude deles, no entanto, agimos da mesma maneira.
Precisamos sempre olhar de novo para a Palavra do nosso
Deus para, assim, lembrar do que ele espera de nós como discípulos de Jesus.
Jesus nos convida para o seguir e o anunciar. Como fez o Filipe de Betsaida.
Logo depois que ele recebeu o convite de Jesus,
“segue-me”, ele encontrou Natanael e, sem perder tempo, com toda a alegria
disse que conheceu o salvador: É “Jesus, o Nazareno, filho de José”.
Só que Natanael, diferente do Filipe, era um cara mais
difícil. Em princípio, ele duvida. Como natural de Caná e bom judeu, também
conhecia as Escrituras. E, no seu conhecimento, sabia muito bem que o Messias
devia vir de Belém. E ainda por cima, Caná era cidade vizinha de Nazaré. Então
Natanael conhecia o povo de lá e sabia que o pessoal de Nazaré não era lá muito
fiel às leis de Deus.
Por fim, ele lança a pergunta: Por acaso em Nazaré tem
alguém que presta? Muitos de nós, talvez iríamos ficar um tanto intrigados com
Natanael. – Puxa vida, você não acredita em mim? Se eu estou dizendo que eu
encontrei o salvador é porque eu encontrei o salvador! Mas não, a atitude de
Filipe é impressionante. Ele só diz assim: “Vem e vê”.
O dever cristão no seu discipulado não é ficar discutindo
com as pessoas como quem quer convencer por argumento ou querendo obriga-las a
seguir Jesus. O dever cristão no seu discipulado é dizer que nós conhecemos o
salvador. É dizer às pessoas: “Vem e vê”. Algumas virão, outras não. Mas neste
ponto, já não podemos fazer mais nada.
Agora voltemos de novo a Natanael. A atitude de Natanael
reflete bem certinho aquela mentalidade judaica do grupinho fechado que olha os
de fora de cima para baixo. Natanael se compara com as pessoas de Nazaré e
percebe que a sua vida, moral e religiosa, é melhor do que a deles. E,
imediatamente, conclui que elas não merecem fazer parte da Igreja de Deus.
É o tipo de atitude que não podemos ter. Como já falamos
há duas semanas, no culto de Epifania: Não cabe a nós escolher a quem vamos
testemunhar. Porque a obra de Cristo não foi por alguns, mas por todos.
E depois de levarmos as pessoas a Jesus, deixemos que o
restante ele faz. Quando Natanael, todo desconfiado, vai chegando perto de
Jesus, Jesus de longe já diz assim: Olhem só, finalmente um verdadeiro judeu!
Um homem bom, um homem honesto!
E, como Natanael concorda com tudo isso, ele pergunta: Mas
espera aí, de onde tu me conheces? E Jesus, dando uma prova da sua divindade,
diz que já tinha visto Natanael debaixo da figueira antes mesmo do Filipe ter
chegado lá. Finalmente, Natanael também reconhece em Jesus o Messias.
O que nós podemos entender desse texto é que tudo tem início
no convite de Jesus: “Segue-me”. Pelo seu convite ele nos traz à fé e por esta
fé faz de toda a nossa vida um “segue-me”. Não que queiramos que as pessoas nos
sigam, mas nós dizemos: Segue-me porque eu vou te mostrar o salvador.
Como fez João Batista, um dia antes desse episódio, que
estava com dois dos seus discípulos e, quando Jesus passou, ele disse: Eis o
Cordeiro de Deus! Não é a mim que vocês devem seguir, é a ele. Um daqueles
discípulos era André, que chamou o seu irmão Pedro. Filipe chamou a Natanael. E
assim, de convite em convite, Deus vai agregando pessoas à sua Igreja.
Convites são coisas tão comuns na nossa vida. Tanto que
não podemos atender a todos os convites. Sempre que aceitamos um convite,
estamos recusando outro. Mas não há dúvida de que os convites de Jesus sempre
são os melhores. Porque os convites do mundo sempre são para coisas
passageiras, quando não pecaminosas. Porém os convites de Jesus nos levam para
a eternidade. Que, enquanto estivermos aqui no mundo, possamos entregar muitos
convites. E, acima de tudo, atender ao chamado de Jesus: “Segue-me”. Amém.
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