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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Mensagem 3º dom. após Epifania B 2015



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 62; Jn 3.1-5,10; 1Co 7.29-35; Mc 1.14-20 – 3º dom. após Epifania B 2015
A nossa vocação
v. 17: “Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens”.
Qual é a sua vocação? Entre os assuntos que a humanidade mais gosta de abordar, talvez a vocação seja um deles, especialmente no âmbito acadêmico. Várias universidades até fornecem cursos ou, pelo menos, algumas aulas visando ajudar o futuro aluno a descobrir a sua vocação.
A partir daí nós já podemos perceber que muitos relacionam vocação com trabalho. Vocação é trabalhar no que se gosta. Já outros são indiferentes a essa questão. Para esse grupo, a tal da vocação é coisa que não faz nenhum sentido.
O que a Bíblia diz sobre isso? Será que o texto de hoje pode nos ensinar alguma coisa a respeito da vocação?
Independente do que cada um de nós entende por isso, para entendermos o que a Bíblia diz sobre vocação precisamos primeiro recapitular alguns fatos. A Bíblia deixa claro que, por nós mesmos, não temos a mínima capacidade de ir a Deus e de servi-lo. “Todos pecaram e carecem da glória de Deus”.
Deus, por meio da sua Palavra e dos santos sacramentos, muda essa realidade quando vem a nós e nos dá a fé e agora renova diariamente a nossa vida pelo seu perdão e pela ação contínua do seu Espírito Santo. E essa renovação acontece de tal maneira que já não vivemos mais para o pecado ou para nós mesmos, mas para Deus.
Portanto, de acordo com a Palavra de Deus, vocação é isso: Viver uma vida agradável a Deus. A vocação do cristão, independente da sua idade, personalidade, grau acadêmico, profissão, situação financeira, classe social, enfim, em detrimento de todas essas coisas, é essa: Crer em Jesus, seguir o seu exemplo e os seus ensinamentos.
Evidentemente que nós, que nascemos pecadores, não nascemos prontos para exercer uma vocação tão sublime como essa. Somos chamados a viver essa vocação no nosso batismo. No entanto, o batismo é só o começo de um processo que dura a vida toda. O milagre que Deus faz no batismo é o de nos trazer para dentro da sua Igreja. Não é um milagre que nos deixa completamente preparados para exercer um discipulado perfeito.
Não é à toa que Jesus diz que para fazer de alguém seu discípulo é preciso batizar e ensinar. E foi o que ele fez com aqueles que chamou. Foram três anos de aulas teóricas e práticas. E com certeza se Jesus tivesse ficado mais com eles teria continuado ensinando. E os discípulos, com certeza, depois continuaram aprendendo pelo estudo das Escrituras e pelas experiências do dia-a-dia.
E com a gente não tem por que ser diferente. Se ainda estamos vivos, isso significa que ainda estamos nesse processo de aprendizado e aperfeiçoamento. Aprendizado porque o próprio Jesus nos recomendou estudar as Escrituras; e aperfeiçoamento porque de nada adianta conhecer a vontade de Deus se não a colocarmos em prática.
De nada adianta saber que Deus espera que nós nos amemos uns aos outros e nem mesmo orarmos uns pelos outros. No entanto, isso tudo faz parte de um processo que é o que nós chamamos “santificação”. Ninguém é santo e nem vai ser. Mas, como disse o apóstolo Paulo, se estou caminhando rumo à perfeição e santidade dos céus, nada mais correto do que me esforçar por uma vida santificada. Um viver de acordo com a vontade do nosso Deus. E essa vontade nós só conhecemos pela sua Palavra.
Jesus ensinou a Palavra de Deus aos seus discípulos tanto falando como vivendo. E qual era o propósito de Jesus? Que os discípulos pudessem fazer o mesmo depois. Que eles também anunciassem a Palavra de Deus às pessoas tanto falando como vivendo.
Interessante que quando Jesus, no texto que nós lemos hoje, chama os irmãos André e Pedro, que eram pescadores, ele diz que faria deles “pescadores de homens”. Assim também, com certeza Jesus chamou o publicano Mateus não para coletar impostos das pessoas e esvaziar os seus bolsos, mas para coletar um pouco das suas angústias e aliviar o peso dos seus corações.
E hoje podemos dizer que Jesus continua fazendo o mesmo. Ele chama o empresário para administrar os negócios de Deus; chama o mecânico para consertar o relacionamento das pessoas com Deus; chama o médico para anunciar a cura do nosso pecado, que é o amor de Deus pela humanidade.
Quanta gente sente desejo de servir a Deus, mas se sente incapaz porque não tem isso ou aquilo, porque não tem esse dom, aquela habilidade? Deus não precisa de nós diferentes, mas exatamente da maneira como ele nos criou.
Será que tinha gente mais simples na Palestina do que aqueles pescadores? E Jesus, pelo ensino e pelo exemplo, fez deles o que eles vieram a ser.
Talvez dizer que Deus precisa de nós pode ser mal compreendido. Então, vamos dizer isso de outra forma: Deus quer nos usar como seus instrumentos para realizar a sua missão e as suas obras aqui no mundo.
Deus quer nos usar com o nosso andar esquisito, com o nosso sotaque, com as nossas limitações porque ele nos fez assim. É claro que quando percebemos que alguma coisa em nós pode estar atrapalhando o anúncio do Evangelho, vamos orar e tentar mudar isso.
E aí temos o grande consolo de Deus quando falamos em viver a nossa vocação: É Deus quem nos aperfeiçoa. Jonas também se sentia incapaz. Tentou fugir da sua responsabilidade. E hoje nós lemos que grande obra Deus realizou por meio dele, salvando uma cidade inteira.
Por isso não precisamos fugir daquilo que Deus espera de nós como se não tivéssemos capacidade para isso. De fato, nós não temos essa capacidade, mas a “nossa suficiência vem de Deus”.
Não precisamos esperar que um peixe nos engula e nos vomite diante do nosso dever. Aliás, é melhor não esperar. Podemos viver a nossa vocação de anunciar o Evangelho com firmeza e alegria porque Deus está com a gente. O que Deus disse a Josué ele também diz a nós: Não temas, porque eu estou contigo.
Por isso a nossa vocação é exercida quando abraçamos a causa de anunciar o Evangelho. E fazemos isso fazendo bem aquilo para o que fomos chamados. Aprendemos isso na Tábua dos deveres (no Catecismo). O que Deus espera de mim como pai ou mãe, filho ou filha, patrão ou empregado, pastor ou membro da congregação?
Ali vivemos nossa vocação. Ali fazemos o que Deus espera de nós. Sendo bons pais que se dedicam ao ensino e bom exemplo aos filhos. Sendo filhos que cumprem o quarto mandamento, honrando, amando e obedecendo aos pais. Sendo um patrão atencioso, um emprego honesto. De modo que, naquilo que fazemos, lá onde vivemos e convivemos, o amor de Deus seja refletido nas nossas palavras e ações.
Nenhum cristão precisa fazer um curso ou um teste vocacional para saber o que Deus espera dele. Se alguém perguntar “qual é a sua vocação”, nós podemos dizer sem medo de errar: Viver a vida que Deus me deu, com aquilo que ele me deu, do jeito que ele me fez para anunciar a sua Palavra em palavras e ações. E eu tenho plena certeza de que tudo isso vem de Deus que deseja a minha salvação e de todas as pessoas. Amém.

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