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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Mensagem Batismo do Senhor B 2015

Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 29; Gn 1.1-5; Rm 6.1-11; Mc 1.4-11 – Batismo do Senhor B 2015
Jesus assume o nosso lugar
v. 9: “Naqueles dias, veio Jesus de Nazaré da Galileia e por João foi batizado no rio Jordão”.
Você já ficou surpreso com a presença de alguém em algum lugar? Aquela situação quando a gente olha e diz assim: Nossa, você por aqui! Garanto que todos já tiveram uma experiência como essa. Uma grande surpresa seria, por exemplo, uma fila de mendigos aguardando para receber uma refeição e no meio deles se encontrasse um milionário.
Algo muito semelhante é o que nós encontramos no começo do evangelho de Marcos: Uma multidão de pecadores aguardando para receber o batismo de João a fim de serem perdoados dos seus pecados. E no meio daquela multidão de mendigos aparece o milionário: Jesus. O próprio Filho de Deus, santo, sem pecado algum, sem nada do que se arrepender e ele chega até João e pede para ser batizado.
Nós até podemos imaginar a cena, mas, a princípio, pode ser que não entendamos. O que quer dizer essa atitude de Jesus? Se aquele era um batismo de arrependimento para perdão dos pecados – e era mesmo – por que Jesus fez questão de ser batizado? O que isso significa para nós?
No Antigo Testamento, como lei cerimonial, eram comuns os banhos os lavagens de purificação quando a pessoa se encontrava imunda por algum pecado ou alguma outra razão cerimonial.
Com João Batista, provavelmente, se dá início uma outra maneira de purificação: pelo batismo como nós o conhecemos hoje. Então, se antes era comum muitas lavagens purificadoras, agora, pelo batismo que Jesus ordenou, uma só lavagem é necessária. Tanto é que Paulo escreveu: Uma só fé, um só batismo.
Seja como for, tanto nas lavagens de purificação como no batismo de João, o propósito de Deus sempre foi o mesmo: Garantir às pessoas que os seus pecados foram lavados. Para que elas pudessem, na lembrança do seu batismo, renovar a confiança de que também o seu coração foi limpo pelo perdão de Deus. Como diz o salmista: Lava-me, e ficarei mais alvo que a neve.
Ok, isso tudo diz muito sobre o nosso batismo, mas não diz nada a respeito do batismo de Jesus. Afinal, como já sabemos, purificação espiritual e perdão de Deus é coisa que ele não precisava. Por que, então, Jesus foi batizado?
O batismo de Jesus marca o início do seu ministério. É quando ele oficialmente começa a divulgar a mensagem do reino de Deus e preparar discípulos para também anunciar esta mensagem. Portanto, esse também é o momento em que Jesus se coloca no nosso lugar para realizar a obra da salvação em nosso favor.
É ali que Jesus assume a nossa condição de pecadores. Ele faz isso quando toma sobre si os pecados da humanidade e os carrega sozinho até a cruz. Porque Jesus assumiu o nosso lugar, ele também sofreu a ira de Deus que nós merecemos por nenhuma outra razão senão esta: Para que a ira de Deus se desviasse de nós e nós, então, pudéssemos ser vistos e aceitos por Deus como seu povo santo e fiel.
Jesus não foi exatamente um milionário em meio a mendigos. Muito mais do que isso, ele tomou sobre si a nossa miséria e nos enriqueceu com a sua justiça e santidade. Enquanto aquelas pessoas recebiam perdão com o seu batismo, Jesus recebia pecados. É como se aquela água, usada para lavar os pecados da multidão fosse toda derramada de volta, mas não sobre as pessoas, e sim sobre Jesus.
A razão porque Jesus foi batizado de forma alguma era porque ele precisava de alguma coisa. Mas porque nós precisávamos de um salvador. Todo ser humano precisa de alguém que derrame sobre si os seus pecados e viva uma vida em perfeita santidade diante de Deus, pagando o seu pecado com o próprio sangue.
Nenhum ser humano é capaz de fazer isso, mas Jesus o fez por toda a humanidade. Por isso ninguém mais precisa seguir essa ou aquela lei, fazer isso ou aquilo, realizar esse ou aquele tipo de sacrifício para alcançar a salvação. Só há um sacrifício e obra que é aceito por Deus: a vida, obra, morte e ressurreição do seu Filho Jesus Cristo. E isso ele o fez não para si mesmo, mas por nós, em nosso lugar, a nosso favor.
Todo aquele que crê verdadeiramente nisso tem exatamente o que o batismo vem trazer: o perdão de Deus e a fé que leva para o céu. Esta não é uma simples fé em Deus, é não duvidar de modo algum que a obra de Cristo foi tão perfeita e completa que nada mais é necessário senão crer em Jesus como nosso único e suficiente salvador.
Tudo bem – alguém pode questionar – mas se agora não estamos mais debaixo da Lei e sim da graça de Deus, então não precisamos mais levar em conta os mandamentos de Deus? Pois é justamente o contrário!
O texto de Romanos que nós lemos hoje diz que, pelo batismo, nós morremos para o pecado e ressurgimos para uma nova vida em Cristo Jesus. E nessa nova vida que Deus nos dá no batismo o Espírito Santo trava uma guerra contra o pecado e nos move com todas as forças a fazer a vontade de Deus.
Por isso todo cristão se encontra nessa nova vida. E porque somos guiados pelo próprio Espírito Santo, cumprir os mandamentos de Deus e fazer a sua vontade não é um peso, não é ruim, mas um privilégio, uma alegria. Pelo batismo e pela fé incorporamos as palavras do Sl 119: Eu amo a Lei do Senhor, nela medito e me entristeço por aqueles que não a cumprem.
E é isso que nós chamamos “batismo na vida diária”. Ou seja, vivemos um diário e constante arrependimento, onde afogamos o velho homem, o pecado, aquilo que nos afasta de Deus, e tornamos a ressurgir, pelo perdão de Deus, um novo homem, alguém cujo prazer é fazer a vontade de Deus.
Assim como o batismo de Jesus marcou o início da sua caminhada, assim também, para a maioria de nós, o batismo marca o início da nossa caminhada. E assim como foi a jornada de Jesus, a nossa também não é fácil. A cada novo dia surgem velhas ou novas tentações que deixam o velho homem todo assanhado para sair nadando de novo.
São momentos onde não podemos fraquejar e deixar que o pecado da nossa natureza fale mais alto. Mas também não é hora de bancar o herói e tentar mostrar que somos fortes. Pelo contrário, é hora de dobrar os joelhos e pedir que novamente o Espírito Santo nos dê forças para enfrentar mais uma situação.
É hora de olhar para trás, para o batismo, e lembrar que lá fomos feitos filhos de Deus e, portanto, cabe a nós viver como filhos de Deus. E como disse Lutero, o batismo é um barco que nunca afunda. Nós, às vezes, pulamos fora desse barco. No entanto, quem continua dentro vai estar sempre seguro.
Que grande maravilha é olhar para o nosso batismo e poder enxergar ali, num ato tão simples, Deus agindo para garantir o perdão dos nossos pecados, uma nova vida pelo Espírito Santo e a certeza da vida eterna. Mais confortador ainda só pode ser olhar para o batismo de Jesus e lembrar que tudo o que era necessário para a nossa salvação, ele o fez por amor a nós.
Se temos que nos surpreender com o lugar onde alguém está, é com a gente mesmo. E dizer: Nossa, eu estou no reino de Deus! Não fiz nada para estar aqui, mas Jesus fez por mim tudo o que era necessário. No seu batismo, os céus se abriram e Deus o chamou de Filho amado. No nosso batismo, Deus também abre os céus para nos receber como seus filhos amados. E nessa fé batismal, um dia os céus também vão se abrir para que lá nós possamos entrar e estar com Jesus. Amém.

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