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sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Mensagem Último dom. do Ano da Igreja A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 95.1-7a; Ez 34.11-16,20-24; 2Pe 3.3-13; Mt 25.31-46 – Último dom. do Ano da Igreja A 2014
Benditos e salvos pela fé
v. 34: “Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”.
Você é uma pessoa detalhista? Aquela pessoa que, na escola, não entregava um trabalho antes de revisar cada seção, cada ponto? Aquela pessoa que, quando limpa a casa, primeiro vira a casa de ponta cabeça para depois colocar tudo no lugar? Ou então que leva duas horas para se arrumar antes de sair de casa?
Ser uma pessoa perfeccionista tem lá suas vantagens. Mas também tem o seu lado negativo. Parece que o maior problema das pessoas com esse tipo de personalidade é que elas podem se estressar muito facilmente quando não tem tempo suficiente para fazer tudo como gostariam. Ou então elas podem se frustrar muito facilmente quando veem que as outras pessoas não tem o mesmo grau de cuidado com aquilo que fazem.
Mas, como já foi dito, é claro que ser detalhista também traz os seus benefícios. No texto de hoje, por exemplo, nós precisamos prestar a atenção a alguns detalhes se queremos entender bem o que Jesus quer dizer. Por isso, seja você alguém detalhista ou não, neste momento nós vamos refletir justamente sobre esses detalhes.
Na verdade, no caso deste texto e de tantas outras passagens bíblicas, se a gente simplesmente passar correndo por cima, pode ser que a gente entenda exatamente o contrário do que o texto quer dizer.
É muito fácil, num texto como este, acontecer o seguinte: A pessoa está lá em casa fazendo a sua leitura bíblica. E aí ela percebe que Jesus começa a falar do dia em que ele vai voltar, que ele vai separar as pessoas em dois grupos, vai elogiar os que estarão à sua direita pelo que fizeram e vai condenar aqueles que agiram de forma diferente.
Nessa leitura rápida, provavelmente a sua conclusão vai ser mais ou menos assim: Os que fizerem muitas coisas boas serão salvos e os que não fizeram serão condenados.
Mas será que é isso que Jesus está dizendo? O primeiro problema dessa interpretação é que ela se choca diretamente contra outros textos claros que dizem bem o contrário. Romanos 3.28, por exemplo: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, independentemente das obras da lei”.
Por isso vamos diminuir a velocidade da nossa reflexão e prestar a atenção a alguns detalhes do texto. Detalhes esses que nada mais são do que palavras.
Jesus começa dizendo de como será a sua vinda. Não será como da primeira vez: em humildade, numa manjedoura, mas com toda a glória e o poder que ele tem. Portanto, um dia glorioso, um dia em que veremos os anjos de Deus.
Todos, sem exceção, vivos e mortos, serão reunidos diante dele como as pessoas se se encontram diante do juiz no tribunal. E, no seu julgamento, ele vai separar a todos em dois grupos, como o pastor separa os cabritos das ovelhas. “E porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos, à esquerda”.
Essa imagem – que envolve pastor e ovelhas – é comum na Bíblia. Na passagem de Ezequiel 34 nós lemos que Deus mesmo é quem busca as suas ovelhas e as reúne fazendo de todas um só rebanho com um só pastor.
Depois, em Jo 10, o próprio Jesus diz ser o Bom Pastor e que as suas ovelhas são aqueles que, ao ouvirem a sua voz, o seguem. Em momento algum a Bíblia diz que aquelas pessoas que praticam muitas e muitas boas obras são as que se tornam ovelhas de Jesus. Assim como ela também não diz que os cabritos (ou, os descrentes) são pessoas devassas que fazem tudo errado, que só vivem em pecado.
Claro que Jesus também diz assim: Aquele que me ama, guarda os meus mandamentos. Mas isso é uma consequência. Como ovelhas do pastor Jesus nós queremos seguir os seus passos, guardar os seus mandamentos. Queremos andar no caminho seguro que é sempre seguir o pastor Jesus.
Então, só isso já seria o suficiente para a gente entender que, quando Jesus fala de cabritos e ovelhas, ele não está falando de maus e bons. E sim daqueles que creram e daqueles que não creram. Os que não creram, serão rejeitados pela sua incredulidade, não pela sua vida; e os que creram, serão recebidos unicamente pela fé em Jesus.
Depois Jesus segue, no versículo 34, dizendo que ele vai chamar os seus fiéis e vai lhes dizer o seguinte: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”.
Em primeiro lugar, a palavra para “benditos” é a mesma palavra que para “abençoados”. E quem é mais abençoado do que aquele que recebeu a fé no salvador Jesus Cristo e, por esta fé, tem a salvação?
Em segundo lugar, Jesus diz que o reino em que os benditos de Deus vão entrar já está preparado desde a fundação do mundo. Isso de maneira alguma indica um “prediletismo”, um “preferencialismo”, como se Deus já houvesse decido desde antes da fundação quem seria salvo e quem seria condenado. Mas que Deus, na sua onisciência, sempre soube quem, no último Dia, vai estar à direita e quem vai estar à esquerda.
E outra coisa: vejam se essa frase não parece estar fora do contexto aqui. Porque Jesus está falando do último Dia e não da Criação do mundo. E, do nada, ele diz que o reino eterno, na verdade, já existe desde antes da fundação do mundo. Parece que Jesus faz questão de dizer isso aqui para fortalecer a nossa fé na salvação. Porque se hoje cremos em Jesus como nosso único e suficiente salvador é porque fazemos parte daquele povo, eleito na sabedoria de Deus desde antes da fundação do mundo para, no último Dia, sermos recebidos na glória eterna.
Agora, vamos lá para o versículo 37 onde os fiéis respondem ao Rei Jesus: “Então, perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber?” E por aí vai.
Em primeiro lugar, as boas obras na vida do cristão – as boas obras que nada mais são do que cuidar das pessoas: dar água, comida, hospedagem e assim por diante – são coisas tão naturais na vida do cristão que, no último Dia, eles vão perguntar a Jesus: Nossa, mas quando foi que nós fizemos tudo isso? É como Lutero escreveu: O cristão não pergunta se há boas obras para fazer, mas, antes que pergunte, já as fez.
Em segundo lugar, percebam que Jesus chama os fiéis de “justos”. E quem são os justos na Bíblia? São aqueles que praticam boas obras? Os fariseus ofertavam no templo com sacolas e nem por isso Jesus os chamou de justos.
Mais uma vez, como quando a gente falou das ovelhas, justo diante de Deus é aquele que está unido com o único Justo e esse é Jesus Cristo. Justo é aquele que, pela fé, toma posse da justiça de Cristo. E por estar unido com Cristo é que Deus o vê como justo e aceita tanto a ele como as suas obras.
Bem, detalhes. Nós poderíamos entrar em mais alguns detalhes, mas daí a coisa iria muito longe. O que podemos concluir é o seguinte: Nas coisas da vida, a gente não precisa perder os cabelos por causa de pouca coisa. Embora, prestar a atenção nos detalhes também possa ser muito útil. Portanto, fiquemos com o equilíbrio. Tentemos perceber quando é necessário ser detalhista e quando não é. E, quando o assunto é salvação, fiquemos sempre com a opção da fé no salvador Jesus Cristo. Porque, quando o assunto é salvação, a fé é o detalhe que faz toda a diferença. Amém.

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