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sábado, 19 de julho de 2014

Mensagem 6º dom. após Pentecostes A 2014



Igreja Evangélica Luterana Cristo – Juína
Pr. Edenilson Gass
Sl 119.57-64; Is 44.6-8; Rm 8.18-27; Mt 13.24-30,36-43 – 6º dom. após Pentecostes A 2014
Deus conhece quem somos
v. 30: “Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas o trigo, recolhei-o no meu celeiro”.
Todo início de ano (pelo menos era assim), o Seminário Concórdia distribui um pequeno livreto chamado “quem é quem”. Nesse livreto tem uma foto 3X4 e o nome de todos os alunos, professores e funcionários do Seminário para que todos possam saber quem é quem. Já pensaram se Deus tivesse um livreto desses? Como seria? Ou quem sabe ele já tenha?
O texto do evangelho para este 6º domingo após Pentecostes conta a parábola do joio. Ou, como normalmente se diz: “do joio e do trigo”. Uma das parábolas mais conhecidas, lembradas e contadas na Igreja e também fora. Tanto é que volta e meia se ouve alguém dizer “é preciso separar o joio do trigo”.
Assim como no Seminário Concórdia, essa parábola também tem muitos “personagens”. Um “quem é quem” seria, no mínimo, interessante. E Jesus faz isso. A partir do versículo 36 Jesus faz um quem é quem da parábola quando diz exatamente o que cada coisa ou pessoa significa.
E a partir disso nós podemos pensar em algumas coisas. Em primeiro lugar, quando olhamos para essa parábola e também ao nosso redor, fica claro que o que Jesus diz aqui retrata exatamente a realidade que nos cerca. Temos o campo, o trigo e o joio.
O campo que é o mundo onde vivemos, cujo Senhor é Deus; o trigo que é o que brota de boa semente lançada pelo próprio Jesus, ou seja, a Igreja Cristã; e o joio que é o que brota de semente ruim lançada pelo próprio satanás.
O joio e o trigo, descrentes e cristãos convivem juntos em um mesmo campo. E, por vezes, mal dá para perceber a diferença entre um e outro a não ser, é claro, quando a igreja se reúne no templo e, assim, dá testemunho público da sua fé cristã.
Assim é com o joio e o trigo, embora não sejam a mesma coisa, têm uma certa semelhança. E vocês sabem que essa semelhança pode até ser perigosa. Porque se por descuido ou pressa o agricultor arrancar um pouquinho de joio, desse inço, e processar junto com o trigo já vai comprometer toda a qualidade do produto final. É mais ou menos o que Jesus diz sobre tomar cuidado com o fermento dos fariseus.
Portanto, é de extrema importância que a gente reconheça que existe o joio e o trigo e que cada um seja aquilo para o que foi designado. Se fomos chamados para ser boa semente, sejamos boa semente. Vivamos como trigo e não como joio. Em outras palavras, sejamos úteis com os nossos dons, com o nosso viver, conforme a nossa vocação. Porque o joio, afinal de contas, só serve para atrapalhar.
E de que maneira o joio atrapalha? Bom, assim como todo inço ou mato indesejável o maior problema do joio é que ele acaba por impedir o crescimento do trigo. Primeiro porque rouba os seus nutrientes por estar ali tão perto e depois não deixa que o trigo se espalhe pelo campo. Afinal, o joio já está ocupando uma grande parte.
É isso o que o mundo procura fazer com a Igreja. Primeiro rouba nossos nutrientes quando lança diante de nós inúmeros atrativos que nos fazem descuidar do nosso próprio crescimento espiritual. Tanto no conhecimento da Palavra de Deus, como na fé e na comunhão.
E também rejeita e repreende quando a Igreja anuncia a mensagem da salvação em Jesus. E, como não bastasse, ainda divulga a cada dia novas doutrinas, novos pensamentos, filosofias que desviam as pessoas e acabam transformando até trigo em joio. E, dessa maneira, impedem o crescimento, a expansão da Igreja de Cristo.
O que fazer diante dessa realidade? Nada de mais! Continuar a ser trigo. Viver como trigo. Buscar força em Deus, confiar em Deus e continuar espalhando a mensagem de Cristo. Nada além do que nós já procuramos fazer.
Até porque não há mais o que nós possamos fazer. Não cabe a nós a conversão das pessoas. Não cabe a nós transformar corações. Transformar joio em trigo. Nós fazemos o que está ao nosso alcance, com a ajuda de Deus. E Deus faz aquilo que só ele pode fazer: espalhar o trigo e faze-lo crescer.
Também tem um outro ponto importante aqui. Pela maneira como Jesus conta a parábola, ele dá a entender que mesmo dentro da Igreja não é só trigo que é semeado. Mas também ali o inimigo planta o seu joio.
E se já é difícil diferenciar o joio do trigo no campo aberto, aqui dentro fica mais difícil ainda. Porque no campo aberto, muito joio não tem vergonha de dizer que é joio nem de viver como tal. Já na Igreja, o inimigo é mais cauteloso.
Quem é o joio na Igreja? O joio na Igreja são os hipócritas. Exteriormente extremamente semelhantes ao trigo, mas por dentro são completamente diferentes. Não existe ali uma fé sincera nem boas intenções. Muitas vezes, são pessoas que participam das atividades da igreja, assumem cargos, ajudam com ofertas e trabalho. Mas, ao mesmo tempo, destroem a igreja com fofocas, intrigas, discussões, partidarismos e por aí vai.
Por causa do que fazem publicamente parecem estar ajudando e até ganham a confiança das pessoas. Mas por baixo dos panos as coisas são bem diferentes. E por essas pessoas, o diabo consegue atrapalhar o crescimento da Igreja dentro da própria Igreja.
O que fazer diante dessa realidade não é diferente do que fazemos lá fora: Anunciamos a Palavra de Deus e oramos para que essa Palavra alcance o coração dessas pessoas e as faça perceber o mal que estão fazendo e, então, mudarem suas atitudes.
Não temos o direito nem a capacidade de separar o joio do trigo. Afinal, no fundo somos todos joio por causa da nossa natureza pecaminosa. Se podemos agora ser e viver como trigo é porque a Palavra de Deus já alcançou o nosso coração e nos transformou, fez de nós uma nova criatura que agora procura em tudo viver segundo a vontade de Deus.
Mas cuidado aqui! De maneira alguma podemos descuidar da fé como se agora estivéssemos no controle da situação. Vale a pena lembrar o que Martinho Lutero disse: “O seguinte também é um ponto que é destacado na parábola que temos diante de nós, a saber, que o diabo se apossa dos corações que não prestam atenção à Palavra, e, assim, dia após dia, são mais distanciados dela, e permitem que o diabo os guie e dirija, segundo bem lhe aprouver, a tudo o que é pecado e vergonha”.
E assim como precisamos nos entregar aos cuidados de Deus, reconhecendo nossas fraquezas, também precisamos confiar nele como aquele que cuida da sua seara. Deus pode até permitir que o joio cresça junto para que ele também tenha a oportunidade de vir a ser trigo.
Porém, mesmo que isso não aconteça, mesmo que o joio e o trigo estejam tão próximos e sejam tão semelhantes, Deus sabe exatamente quem é joio e quem é trigo. Sim, Deus também tem o seu “quem é quem”. E isso significa que ninguém vai ser arrancado e lançado no lugar errado. O joio vai para onde merece; o trigo para onde não merece. Pois não merecemos nada, é Deus quem nos dá gratuitamente a salvação.
Nosso conforto também vem das últimas palavras de Jesus aqui. Chegará o dia em que o joio e o trigo serão completamente separados. O descrente e o hipócrita serão lançados na fornalha. Mas nós, que pela fé somos trigo, seremos recolhidos para junto do Senhor da seara.
O hipócrita deve temer aquele dia e se arrepender. O cristão, porém, não precisa ter medo porque confia que Deus sabe muito bem quem é joio e quem é trigo. E naquele dia também nós vamos ver quem é quem diante de Deus. Amém.

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